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Estudo da proposta de tratamento fisioterápico no diabetes com base na implementação de um programa adequado de exercícios. Estudo de série de casos

Study of the proposed physiotherapy treatment in diabetes based on implementation of a program for appropriate exercises. Study of serie of cases

 

*Fisioterapeuta, Professor e Coordenador do Curso de Fisioterapia da FAMINAS - MG

**Fisioterapeuta, Prof. de Anatomia do Curso de Medicina e Mestrando do Programa 

de Mestrado em Ciências da Reabilitação do Centro Universitário de Caratinga – MG

***Medica , Professora de Fisioterapia e Medicina de Caratinga –UNEC – MG

****Pesquisador e Professor do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação 

do Centro Universitário de Caratinga - MG

*****Estagiários da Faculdade de Fisioterapia de Caratinga –UNEC - MG

****** Médico, Professor da Faculdade de Minas – FAMINAS e Mestrando do Programa 

de Mestrado em Ciências da Reabilitação do Centro Universitário de Caratinga – MG

(Brasil)

MSc. Daniel Raul Santurio Basile*

Luiz Gustavo Soares**

Claudia da Silva Folly***

DSc. Marcus Vinícius de Mello Pinto****

Alexandre Barcelos Morais da Silveira*****

Bárbara da Silva Ribeiro*****

Daniela Alves e Silva*****

Lediana Júlia Cota*****

Esp. Daniel Almeida da Costa******

guto@funec.br / orofacial@funec.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo abrange um número de vinte e três pacientes avaliados no Centro Endocrinológico de Caratinga e encaminhados à clínica de fisioterapia da FUNEC. Foram incluídos neste estudo pacientes na faixa etária de 35 a 65 anos, Diabéticos do tipo II. Foi realizada a aplicação de um tratamento fisioterápico baseado num programa de atividades físicas objetivando se encontrar a melhora na sensibilidade à insulina e diminuição da massa corporal.      Para isso pontuou-se as atividades físicas com base em protocolo proposto por The Cooper Aerobics Center- USA e procedeu-se à medição do nível de glicose nos dias de tratamento. Os dados obtidos, embora com um reduzido número de indivíduos, permitiram concluir que o tratamento realizado promoveu uma melhora nestes pacientes.

          Unitermos: Tratamento fisioterápico. Diabetes. Programa de exercícios.

 

Abstract

         This study covers a number of twenty-three patients evaluated at the Center Endocrinologist of Caratinga and referred to the physiotherapy clinic of the FUNEC. Were included in this study patients in the age group of 35 to 65 years, type II diabetics. It held the application of a physiotherapy treatment based on a program of physical activities aiming to find improvements in sensitivity to insulin and decreased body mass. For that scored so physical activities based on protocol proposed by The Cooper Aerobics Center-USA and preceded to the measurement of the level of glucose in the days of treatment. Data obtained, but with a small number of individuals, have concluded that the treatment performed promoted an improvement in these patients.

          Keywords: Physiotherapy treatment. Diabetes. Program of exercises.

 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 117 - Febrero de 2008

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Introdução

    Os estudos de peças amputadas de membros inferiores de indivíduos diabéticos levados ao óbito realizados no início deste século, mostraram lesões nos nervos periféricos, que deram origem a diversas teorias sobre as causas dessas lesões. (WOLTMAN E WILDER, 1929)

    Embora suscitando controvérsias, a neuropatia diabética é considerada um fato, sendo o seu estudo apoiado em teorias consistentes que deixam claro sua heterogeneidade e a diversidade de síndromes que se apresentam, constituindo os mais variados quadros clínicos (FREITAS ET AL,1992)

    A execução de um programa regular de exercícios, associada à administração medicamentosa e uma dieta balanceada, mostra-se como um complemento benéfico ao tratamento de vários tipos de diabetes. Os benefícios trazidos pela fisioterapia ao paciente que se apresenta com diabetes têm-se demonstrado benéfica, tanto no combate aos sintomas como na sua prevenção. (BERGER ET AL,1992)

    Um programa de exercícios bem direcionado, acompanhado de avaliações médicas periódicas, auxiliam na manutenção da compensação do paciente, enquanto diminui drasticamente os riscos inerentes do diabetes.

    O campo para novas pesquisas a respeito dos mecanismos pêlos quais os exercícios, isolados ou combinados com outras terapias, auxiliam na determinação de maiores benefícios aos pacientes com diabetes está aberto e se mostra promissor, tendo em vista que a qualidade de vida desses pacientes já é bastante debilitada.

    Qualquer tipo de auxilio que se possa oferecer a esses pacientes será de extrema valia. Neste trabalho procurou-se apresentar uma proposta de tratamento fisioterápico no diabetes, avaliando riscos e benefícios.

    A atividade física traz importantes benefícios do ponto de vista psicológico, como também fisiológico, no controle do diabetes. Desde o início do século pesquisadores do diabetes já encontravam fortes evidências que justificassem o uso dos exercícios na reabilitação dos diabéticos. Já em 1919 haviam estudos que uma pequena sessão de exercícios poderia baixar os níveis de glicose no sangue. A partir de 1926, foram reportados que exercícios físicos poderiam aumentar os efeitos da insulina injetada na diminuição da taxa de glicose sangüínea, diminuindo, assim, a necessidade de uso de insulina em Diabetes tipo I (GRAHAM ET AL, 1993).

    Estudos recentes mostram que é possível melhorar a sensibilidade à insulina, praticando exercícios. Para que se chegue verdadeiramente a um nível ótimo de controle da glicose em longo prazo, o indivíduo deverá fazer exercícios diariamente. O estilo de vida diário dos indivíduos diabéticos é bastante restrito, pôr isso este estudo leva a ter uma atitude mais reflexiva quanto à adoção de atividades físicas e implantação de programas bem direcionados (GRAHAM ET AL, 1993).

Pacientes e métodos

    Este estudo abrangeu um número de vinte e três pacientes avaliados no Centro Endocrinológico de Caratinga pela médica responsável deste setor, e que encaminhou os pacientes para a clínica de fisioterapia da FUNEC após a realização de um exame clínico, onde se determinou a inclusão ou não dos pacientes no programa. Foram incluídos neste estudo pacientes na faixa etária de 35 a 65 anos, Diabéticos tipo II, sendo que todos passaram por uma avaliação fisioterápica, seguindo a ficha de avaliação muscular segundo Kendall et al, (1995) e avaliação de sensibilidade, segundo Bell (1995). Foi submetido aos pacientes o termo de consentimento livre e esclarecido e aprovado pelo Comitê de Ética da UNEC. Após isto foi iniciado o programa de condicionamento físico lento, progressivo e gradual.

Instrumentos utilizados

    Estetoscópio da marca BD, Esfignomanômetro da marca BD, Relógio marca Polar para medir a Freqüência Cardíaca, Glicosímetro com refil, Kit de monofilamentos para teste de sensibilidade, Cronômetro

Procedimentos

    Iniciou-se o tratamento com aferição dos dados vitais em repouso, sendo estes anotados em ficha de avaliação pré-estabelecida proposta pelo The Cooper Aerobics Center, Dallas. (GRAHAM ET AL, 1993), feito isto os pacientes iniciaram alongamento e aquecimento, posteriormente foram para a caminhada na esteira ou caminhada em área externa ou bicicleta estacionária ou terapia aquática com o tempo fixado respeitando as limitações (idade, sexo, sedentarismo, aptidão) do paciente. Finalizamos o programa com resfriamento e alongamento. Estes exercícios seguiram as orientações do Diabetes: Your Complete Exercises Guide (GRAHAM ET AL, 1993) Quanto a quantificação dos exercícios, este foi realizado com uma Freqüência de 3 ou 4 vezes semanais, com o tempo Variando de 40 a 60 minutos e com a Intensidade mínima 60 a 75% da Freqüência cardíaca (FC), Escala de Borg 12 a 13, a máxima 85% da FC Escala de Borg 15.

    O Gasto energético semanal foi de 10 a 20 calorias por quilograma do peso corporal, calculados com base no tipo de exercício realizado conforme as escalas de Di Prampero, (1986), Nelson et al (1988), Thomas, (1989), Bryce et al (1978), Hall et al (2004), Mcardle (2003). Foi utilizado um sistema de pontuação semanal com base em protocolo proposto por The Cooper Aerobics Center- USA

    Antes de se iniciar o programa foi apresentado aos pacientes os benefícios, riscos, cuidados e aprendizado do programa com base na American Diabetes Association.

    A percepção subjetiva de esforço (PSE) também foi um dado avaliado durante todo o programa de condicionamento, seguindo a Escala de Borg, (BORG, 2000) como dado importante no registro e na interrupção da atividade física (grau 5).

Resultados e discussão

    Dos vinte e três pacientes inicialmente cadastrados, apenas dezoito participaram efetivamente do programa proposto, pois os outros cinco abandonaram-no devido a intercorrências médicas.

    A duração do programa foi de aproximadamente 17 semanas e os dados levantados foram tratados de modo a poder se obter estatísticas apropriadas a uma análise coerente com os objetivos desejados.

    Os níveis individuais de glicose foram agrupados em intervalos de aproximadamente um mês, no início e no fim do programa, obtendo-se médias correspondentes a esses dois períodos que, confrontadas, mostraram a melhora ou não da sensibilidade à insulina.

    A Figura 1 mostra a relação entre a variação percentual dos níveis de glicose entre o início e o fim do tratamento associada à pontuação média do paciente obtida no programa de exercícios elaborado.

Figura 1. Relação entre o nível de glicose e a pontuação obtida nas atividades físicas

    Verificou-se que, dos nove pacientes que obtiveram uma pontuação maior ou igual a 50 pontos, seis, ou seja, 66,7% experimentaram uma acentuada melhora na resposta à insulina.

    A Figura 2 mostra, para efeito de ilustração, a evolução temporal do nível de glicose de um indivíduo que seguiu adequadamente o tratamento, participando de todas as etapas com regularidade, além de obedecer à dieta nutricional e ao tratamento medicamentoso estabelecido.

Figura 2. Caso ilustrativo da melhora da sensibilidade à insulina com o decorrer do programa.

    A variação da massa corporal com o processar do tratamento também foi avaliada, tendo os resultados resumidos nas Figura 3 e 4.

Figura 3. Pesos no início e no fim do tratamento

Figura 4. Variação da massa corporal do início ao fim do programa (Peso final – Peso inicial)

    Houve a diminuição ou no mínimo, a manutenção do peso de 14 dos 18 pacientes, correspondendo a um percentual de 77,8%.

Conclusão

    A análise dos resultados obtidos, a par do pequeno número de pacientes neste experimento, demonstrou que há uma positiva correlação entre o tratamento fisioterápico baseado em um programa de atividades físicas e a melhora na sensibilidade à insulina e a diminuição do peso, dentro de um intervalo de tempo relativamente curto. Ressalte-se que alguns dos resultados contrários ao esperado devem-se a fatores como falta de regularidade (o nível de glicose volta a subir em pouco tempo se o paciente não mantiver as atividades físicas) e ao não cumprimento de uma dieta alimentar apropriada.

    Sugere-se que estudos mais aprofundados sobre o tema sejam desenvolvidos para que se possa aproveitar ainda mais os seus benefícios, com estudos clínicos randomizados e com um maior número de pacientes.

Bibliografia

  • BELL, J.A.: Deformity and Neural Hand Screen. The Star. Dallas, January / February - 1985.

  • BERGER, et al. Diabetes and Exercises ’90 World Health Organization Simposium. Diabetes Care. 15 (11): 1675 – 1678, 1992.

  • BORG, G. Escalas de Borg para a dor e o esforço percebido. São Paulo: Ed. Manole, 2000.

  • BRYCE, GR et al. Caloric cost of walking and running. Med. Sci. Sports Exerc., v.2, n.10, p. 132-136,summer,1978.

  • DIABETES PATIENT EDUCATION SERIES. Exercises, Pennsylvania Departament of Health, 1991.

  • DI PRAMPERO, P. The energy cost of human locomotion on land and in water. Int J Sports Med 7: 55-72, 1986.

  • FREITAS, et al. Conceito, Epidemiologia, Classificação, Quadro Clinico e Eletroneuromiografia. Estudo de 210 Casos. Revista Brasileira de neurologia. (São Paulo), 28 (3), 1992.

  • GRAHAM, et al. Diabetes: Your Complete Exercises Guide. Champaign: Human Kinetics Publishers, 1993.

  • HALL, B et al. Energy expenditure of walking and running: comparison with prediction equations. Med. SciSports Exerc., v. 2, n. 6, p. 28-34, Syracuse, July, 2004.

  • KENDALL, et al. Músculos. Provas e Funções. 4a ed. São Paulo, Manole 1995.

  • McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 5ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

  • NELSON, D. J.; PELS, A. E.; GEENEN, D. L. & WHITE, T. P. Cardiac frequency and caloric cost of aerobic dancing in young women. Research Quarterly for Exercise and Sports, v.59, n.3, p.229-233, 1988.

  • THOMAS, T.R.; LONDEREE, B.R. Energy Cost during Prolonged Walking vs Jogging Exercise. Physician and Sportsmedicine, v17 n5 p93-102 May 1989.

  • WOLTMAN, H. W. AND WILDER, R. M.: Diabetes mellitus: Pathologic changes in spinal cord and peripheral nerves. Arch. Intern. Med. 44: 576-603, 1929.

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