Possibilidades do dançar em aulas de Educação Física na escola | |||
Graduada em Educação Física – Licenciatura plena – UFSM Especialista em Ciência do Movimento Humano – CEFD/UFSM Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação - CE/UFSM
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Alexandra Rosa Silva (Brasil)
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Resumo Neste estudo abordamos a dança como conhecimento que pode ser desenvolvido pedagogicamente nas aulas de Educação Física na escola. Entendemos que a escola pode oferecer outras formas de vivências corporais por meio da dança, buscando resgatar a sua historicidade e sua importância. Para conduzir esta investigação utilizamos a observação (direta) e o questionário (com questões abertas); caracterizamos como uma pesquisa de abordagem qualitativa com caráter participante. Os sujeitos foram alunos de uma turma de 4ª série do ensino fundamental de uma escola estadual do município de Santa Maria-RS.
Unitermos:
Educação Física.
Dança. Prática
pedagógica.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 117 - Febrero de 2008 |
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Dimensões da problematicidade do tema
Sabemos que a dan
ça não é uma exclusividade da Educação Física, mas os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), através do bloco de atividades rítmicas e expressivas1, abrem espaços para o trabalho com esse saber, fazendo-se necessário refletir sobre sua atuação dentro desse contexto. Nesse sentido, gostaríamos de deixar claro que compreender a dança como um conteúdo da educação física não pode levar a uma compreensão reducionista da própria dança, o que não é em nenhum momento o objetivo do trabalho. A dança é um conhecimento da humanidade que pode e deve ser estudada na escola em diferentes áreas, entre elas, a área da Educação Física.
Nesse sentido, surgiram os seguintes questionamentos: Como a dan
ça enquanto elemento da cultura de movimento pode ser vivenciado nas aulas de Educação Física?Quais as possibilidades pedagógicas do dançar na Educação Física escolar?Como os alunos percebem-se em relação a uma proposta de construção e reconstrução da cultura da dança?
Partindo destes questionamentos e orientados pela abordagem qualitativa de pesquisa em ci
ências sociais (Triviños, 1987), elaboramos os seguintes procedimentos de coleta de dados: a observação (direta), com base em Lüdke & André2 (1986) e Triviños3 (1987), para o registro utilizamos a técnica de diário de campo e igualmente trabalhamos com o questionário – com questões abertas (Negrine, 2004).
Participaram da pesquisa, 27 alunos de uma turma da 4
ª série do ensino fundamental4 (sendo 14 meninas e 13 meninos, com idades de 9 a 13 anos), de uma escola estadual da região oeste do município de Santa Maria – RS.
Certamente, a a
ção que nos motivou neste momento foi possibilitar aos alunos abertura de novos caminhos buscando ser mediadora do processo de ensino e aprendizagem, procurando fomentar novas perspectivas de sistematizar o ensino da dança, de possibilitar meios para que este conhecimento seja oportunizado ao aluno e para que ele se aproprie do concreto e seja capaz de incorporar e não apenas reproduzir, mas agir sobre o conhecimento que lhe é oferecido.
É nesse sentido que a dança se insere no universo cultural, pois expressa significado através de movimentos, representando a existência humana. No que diz respeito à Educação Física tem-se claro a necessidade de contribuir para que a sua prática atue no sentido de transformação e não de reprodução de movimentos (Soares et. al, 1999).
O que percebemos neste caminhar
Para a an
álise dos dados recorremos às ocorrências que se expressavam nas nossas aulas, buscando as regularidades subjacentes à prática pedagógica. Assim, tomamos como dados para análise os planejamentos e relatos de aula (diário de campo e as observações) e a fala dos alunos em relação às aulas vivenciadas (retiradas das avaliações diárias e do questionário).
A proposta, apresentada
à turma, previa a sistematização e avaliação do nosso trabalho em uma mostra artística (onde os alunos apresentaram suas construções coreográficas) e em um questionário, sendo ambos reconhecidos como importantes para nossa reflexão e exposição das nossas aprendizagens.
O que pudemos explicitar sobre a mostra foi a possibilidade de ver/ouvir/sentir as diferentes formas/possibilidades que os alunos sistematizaram o conhecimento apreendido, na forma corporal, ou seja, na composi
ção coreográfica apresentada, ou na forma oral, na exposição verbal do que conseguiram sintetizar sobre as aprendizagens.
A abertura de espa
ços para os alunos possibilitou a sua ação autônoma, visando a criatividade, a comunicação e a cooperação tornando assim, o aluno sujeito do seu processo de aprendizagem. Desta maneira, vimos a participação dos alunos em aula, a partir das situações em que houve o seu envolvimento consciente, momento em que compreenderam o que estavam fazendo, refletiram e atribuíram sentidos/significados às ações que se estabeleceram.
Nesse sentido, podemos relatar que no decorrer das aulas ocorreu, de certa forma, uma transforma
ção dos gestos corporais dos alunos positivamente, eles passaram a construir, criar e recriar seus próprios movimentos se desvinculando de repertórios de danças prontos e veiculados pelos meios de comunicação, sendo capazes de elaborar danças significativas.
As aulas foram orientadas para reconhecermos, ao longo das mesmas, se atingimos ou n
ão os objetivos, de forma a analisarmos os elementos que dificultaram e os que ajudaram no seu encaminhamento. Desta forma, podemos afirmar que atingimos nosso objetivo, levando o aluno a pensar na dança como um processo individual, coletivo e social em que todos são produtores de saberes e conhecimento, pois ao possibilitar ao aluno conhecer, compreender e trabalhar corporalmente as diversas concepções de dança permite que ele compreenda as relações que se estabelecem no seu contexto vivido (Marques, 2003). A partir disso, os alunos refletem sobre as danças vivenciadas, sendo capazes de estabelecer relações com o mundo vivido, passando a analisar criticamente e compreender a dança como um conhecimento historicamente construído pelo homem e pela/na sociedade em que vive.
Nesse sentido, possibilitamos ao aluno novas aprendizagens, pois eles passaram a compreender e conseguiram estabelecer diferen
ças, sentidos/significados às danças conhecidas e vivenciadas, bem como, conseguir esclarecer os significados individuais que o movimento tem nas diferentes situações e, com isso, perceber as chances da concretização de diferentes respostas para os mesmos problemas que o movimento oferece (Fiamoncini & Saraiva, 2003).
In
úmeras são as possibilidades de análise desses dados, expressos de forma oral, escrita, corporal, os quais nos possibilitam analisar a escola e seu papel na vida das crianças e dos adolescentes, a relação entre alunos-professores no âmbito escolar, as expectativas de futuro dos alunos, etc. Sabemos que as falas, os registros e as nossas aulas revelam muito mais do que podemos expor neste trabalho acadêmico, mas as nossas análises apresentam destaques que retratam o percurso de nossa intervenção na escola, frente à sua realidade cotidiana.Notas
Compreendem-se como atividades rítmicas e expressivas, as danças, os brinquedos cantados e as cantigas que pertencem à cultura corporal historicamente construída pelo homem.
Ver Lüdke & André (1986, p.30 e 31).
Ver Triviños (1987, p. 152 a 158).
Convém esclarecer que no Brasil, nem todas escolas têm professor de Educação Física trabalhando com as séries iniciais do ensino fundamental. Freqüentemente é a professora da classe que trabalha atividades de movimento com as crianças, que é o caso desta escola em que atuamos.
Referências bibliográficas
BRASIL. SECRETARIA DE EDUCA
FIAMONCINI, L; SARAIVA, M. C. Dan
L
MARQUES, I. A. Dan
MARQUES, I. A. Ensino da dan
NEGRINE, A. Instrumentos de coleta de informa
SOARES. A. et. al. Improvisa
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. SP: Atlas, 1987.
revista
digital · Año 12
· N° 117 | Buenos Aires,
Febrero 2008 |