Fatores de adesão e permanência à prática da ginástica laboral em uma empresa pública de Porto Alegre |
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Universidade Luterana do Brasil/Canoas. (Brasil) |
Jussara Mesquita da Costa Marisa Mendes Götze marisagotze@yahoo.com |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 117 - Febrero de 2008 |
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Introdução
As pessoas, hoje em dia, estão cada vez mais em busca de um estilo de vida mais ativo e saudável. Os fatores que podem influenciar essa busca a prática regular de exercícios físicos têm sido valorizada por inúmeros motivos, tal como os desgastes físico e mental decorrente do estresse das grandes cidades. Encontrando, assim, no exercício físico regular uma válvula de escape para minimizar os efeitos maléficos da vida moderna, conforme (TAHARA & SILVA, 2003).
Segundo Lima (2003), os exercícios físicos são formas de descarregar tensões e de carregar alegria, sendo um forte aliado do organismo físico. Contudo há uma melhora na auto-imagem, uma vez que esta está diretamente ligada à auto-estima e ao reconhecimento pessoal.
Grandjean (1998) só vem a reforçar que o contato social e a proximidade com os colegas são eficazes na prevenção contra a monotonia, agindo, desse modo, contra o isolamento social, e incentivando a busca pelo o exercício físico.
Nessa ótica de reflexão, o estudo teve o objetivo de verificar os principais fatores motivacionais que levam os funcionários públicos a aderirem e a permanecerem nas aulas de ginástica laboral.
Repensando na história da ginástica laboral, esta não é uma atividade recente, tendo seus primeiro registros em 1925 na Polônia, sendo difundida para os outros paises após a Segunda Guerra Mundial. No Japão é praticada desde 1928 onde até hoje mais de um terço dos trabalhadores japoneses se exercitam no pátio de suas fábricas (MENDES & LEITE, 2004).
Mesmo não sendo uma atividade recente como vimos anteriormente, chegou ao Rio Grande do Sul no início da década de 1970, e assim mesmo para muitas empresas gaúchas é uma novidade tanto para os empresários como para os funcionários, e até hoje não tem conhecimento de seus inúmeros benefícios.
A ginástica laboral pode ser um forte aliado na luta contra as doenças ocupacionais geradas pela LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), sendo muitas vezes os fatores responsáveis pelo elevado número de absenteísmo. Levando-se em consideração que um dos fatores que pode contribuir para a melhora do bem-estar do individuo é a disposição, que as pessoas demonstram quando começam a praticar um exercício físico regular.
Em virtude de todas essas evidências relacionadas com a prática de exercícios buscou-se realizar esta investigação que tem como problema: Quais os motivos que levam os funcionários de uma empresa pública de Porto Alegre a aderirem e a permanecerem nas aulas de ginástica laboral?
MetodologiaEste estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva que teve por finalidade investigar os fatores que levam a adesão e a permanência às aulas de ginástica laboral.
A amostra foi composta por 100 funcionários, na faixa etária de 17 a 69 anos, sendo 58% do sexo feminino e 42% do sexo masculino, os quais foram participantes do programa de ginástica laboral.
Para coleta de dados foi utilizado como instrumento um questionário com perguntas abertas e fechadas, adaptado de (MENDES & LEITE, 2004) e realizada validação interna de conteúdo.
Foram realizados contatos com a chefia da empresa da cidade de Porto Alegre para verificar a possibilidade de ser aplicar questionários aos funcionários dos setores administrativos. Posterior a autorização foi aplicado o questionário.
Então foi explicado a finalidade da pesquisa para os funcionários, sendo utilizadas três manhãs para o preenchimento dos 100 questionários pois eram funcionários de departamentos diferentes, onde a pesquisadora ficava aguardando o preenchimento do termo livre e esclarecido e o questionário de duas páginas.
Os dados foram processados e submetidos à análise, utilizou-se para tal a estatística descritiva, para identificar os motivos que levam os funcionários a aderirem e a permanecerem no programa de ginástica laboral utilizou-se o banco de dados que foi estruturado e digitado no Excel e posteriormente analisado no software SPSS - versão 10.0. A análise estatística constituiu de técnicas, tais como medidas de tendência central, medidas de variabilidade e tabelas de freqüência simples e cruzadas.
Discussão dos resultados e conclusãoO resultado da TABELA 1 em relação aos sexos, apresentou 58% da amostra do sexo feminino e 42% do masculino. Essa diferença entre os sexos deu-se devido ao maior número de indivíduos desse estudo serem praticantes do programa de ginástica laboral, atividade com maior adesão no gênero feminino nesta empresa pública de Porto Alegre, sendo que a maior parte do setor administrativo é composto por mulheres.
A TABELA 2 refere-se ao nível de escolaridade da amostra, verificando-se que o sexo feminino tem um percentual de 43% para 71% do sexo masculino em formação superior completa, 17% para 12% dos homens em ensino superior incompleto, 36% para 12% no ensino médio, e 3% para 2% com somente ensino fundamental completo. Levando-se em consideração que a amostra de porcentagem do sexo masculino era menor que a feminina, por isso a desvantagem do número percentual do sexo feminino em escolaridade.
A TABELA 3 refere-se ao cargo ocupado na empresa, sendo relevante o serviço de escritório com 84% do total da amostra.
A TABELA 4 que distingüiu a faixa etária dos indivíduos apresentou os seguintes dados: no sexo feminino idade mínima de 17 anos, máximo 69 anos e média de idade de 43,1 anos e no masculino idade mínima de 18 anos, máximo de 64 anos, média de idade de 43,6 e do total da amostra idade mínima de 17 anos, máximo de 69 anos.
O resultado da TABELA 5 em relação ao motivo que fez as mulheres aderirem ao programa de ginástica laboral foi à saúde com 69% das respostas, já para os homens, além da saúde com 50% das respostas, o segundo motivo foi o gosto pelo exercício físico com 31%,sendo que para as mulheres o segundo motivo para sua adesão é a integração com os colegas com 24%.
Conforme Rodim e Planta, (1989) citado por Cãnete (2001), referem que as pessoas que praticam atividades físicas mesmo que seja de 10 minutos, três vezes por semana, que é o caso da ginástica laboral, discutido nesse trabalho, essas pessoas passam a perceber a importância de cuidarem da sua saúde como o controle de peso e a qualidade da alimentação, estimulando o praticante desse programa não só nos aspectos físicos, como também dimensões que podem ser físico, mental e espiritual. Assim, justificando o maior números de respostas para ambos os sexos, o que leva as pessoas a aderirem ao programa de ginástica laboral é a saúde como o principal fator.
Segundo Cãnete, (2001), quando essa atividade é bem orientada e planejada leva a um bom condicionamento físico, saúde e qualidade de vida, e ainda acrescenta que o exercício físico regular é responsável pela liberação de endorfina, agindo no alívio da dor.
Figueiredo e Mont' Alvão (2005), explicam que as pessoas que passam a praticar exercícios regulares passam a ter um maior cuidado com o seu corpo, refletindo diretamente na sua saúde física e mental, englobando o trabalho, a família, e o lazer, enfim, tudo que cerca as pessoas no seu dia-a-dia.
Em pesquisas mencionadas pelas autoras citadas acima na UFSC constataram que a ginástica laboral praticada três vezes, por semana quinze minutos, tiveram muitos benefícios na saúde e com o bem-estar, mostrando-se capaz de implantar mudanças no seu estilo de vida diário, sendo que 100% dos trabalhadores fizeram relação com o aumento do bem-estar diário e a melhora no relacionamento interpessoal.
O resultado da TABELA 6 se refere ao porquê da permanência nas aulas de ginástica laboral, para as mulheres a resposta é a integração com 72%, e o segundo motivo é a saúde com 62%, em terceiro é o gosto pelo exercício físico com 24%, para os homens é a saúde 48% e em segundo é a integração com 45% das respostas sendo o gosto pelo o exercício físico com 7%, sendo que a disposição para o trabalho 17%,que em relação às mulheres foi de 10%.
Para complementar, a integração é o grande fator responsável pela permanência, principalmente entre as mulheres, no programa de ginástica laboral que vai ao encontro com o que diz (GRANDJEAN,1998) que o contato social só vem a contribuir contra a monotonia e o isolamento social.
O resultado da TABELA 8 refere-se a quais os motivos que levaram a aderir a um programa de exercício físico fora do ambiente de trabalho. Para as mulheres o principal motivo foi o gosto pelo exercício físico com 68% das respostas, já para os homens o principal motivo é a saúde, aqui eles perceberam a importância e os benefícios de uma atividade física regular. Sendo que as mulheres a partir do momento que iniciaram um programa de exercícios regulares pegaram o gosto pelo exercício e permaneceram.
Segundo Tahara e Silva (2003), só vêm a reforçar que as pessoas no geral estão aderindo a um programa regular de exercícios físicos em busca de um estilo de vida mais ativo e saudável, reforçando as respostas masculinas, os quais foram influenciados diretamente pelos fatores extrínsecos de extrema importância como família, amigos, a busca e a permanência por um estilo fisicamente ativo.
Conforme Figueiredo e Monet' Alva (2005), a ginástica pode sim alterar o estilo de vida dos praticantes, o que vai além de melhorar a consciência corporal, motivo pelo qual muitos passaram a levar essas atividades feitas na empresa para casa, assim passando a alongar-se mais.
Conclusões e recomendaçõesOs dados coletados demonstraram os principais fatores motivacionais que levaram os funcionários a aderirem e a permanecerem à prática da ginástica laboral em uma empresa pública de Porto Alegre.
Em relação à amostra investigada, 58% pertencem ao sexo feminino e 42% ao gênero masculino. Com média de idade para ambos de 43 anos, tendo como participantes funcionários do setor administrativo, sendo as suas exigências laborais, serviço de escritório.
Quanto aos motivos que fazem as mulheres a aderir ao programa, foram saúde com 69% e integração com 24%, para os homens, saúde com 50% e gosto pelo exercício físico com 31%.
Já a permanência das mulheres, foi à integração com os colegas com 72%, seguido de saúde com 62%. Em relação aos homens foi saúde com 48% e acrescentou, também, integração com os colegas com 45% para permanecer no programa.
Os motivos pelos quais tanto mulheres quanto homens aderiram aos exercícios físicos regulares fora do ambiente de trabalho, foram o gosto pelo exercício físico com 68% e com 24% a saúde referente às mulheres. Os homens foi saúde com 47% e com percentuais iguais, foram o gosto pelo exercício físico e a disposição para o trabalho com 18% das respostas. Sendo que desse percentual de adesão fora do ambiente de trabalho refere-se a um índice de 33% para o feminino e 40% para o masculino, o percentual restante justificou já praticar algum tipo de exercício regular antes de aderir ao programa e que a ginástica foi um fator a mais para a permanência e uma parte não significativa revelou estar se reorganizando para retornar, justificando-se pela falta de tempo.
Assim, só vem a reforçar que a ginástica laboral pode contribuir para a prática regular de um exercício físico, podendo não ter sido o principal fator, mas foi um fator interveniente para adesão.
Recomenda-se novas pesquisas nessa área em virtude dos resultados interpretativos obtidos ao longo da realização da pesquisa em relação à adesão ao exercício físico regular fora do ambiente de trabalho após a adesão ao programa de ginástica laboral.
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