Comparação entre o perfil do profissional de academia de musculação e o perfil do profissional da Educação Física escolar |
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ISEOL - Instituto Superior Orígenes Lessa. Curso de Licenciatura em Educação Física. (Brasil) |
Glauco Evangelista dos Santos Jeferson Silvestrini Vladimir Ribeiro Da Silva vlasilva@zilloren.com.br |
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Trabalho de conclusão de curso do Curso de Educação Física da Faculdade Orígenes Lessa orientado pelo professor |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 116 - Enero de 2008 |
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"Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só,
mas sonho que se sonha junto é realidade" Raul Seixas.Introdução
A primeira grande verdade na Educação Física é que grande parte dos alunos do curso de Educação Física são ou foram atletas. Uma segunda: para o estudante, a experiência como atleta pouco importa. A terceira é que o gosto pelo esporte e pelas atividades físicas faz diferença. E uma última: o curso sempre surpreende, porque mostra aos alunos que a Educação Física é uma área que usa conhecimentos científicos que vem da anatomia, fisiologia, cinésiologia entre outras e, como tal, vai além das técnicas didático-pedagógicas esportivas, abraçando os conhecimentos científicos sobre os movimentos do corpo humano.
Temos também professores que gostariam de ter seguidos outras áreas, mas por não se sentirem preparados ou não terem conseguido aprovações nos vestibulares que desejavam, acabaram optando pelo curso de Educação Física. Mesmo quando o fato de ter praticado esportes, não é o fator decisivo para o engajamento no curso de Educação Física, esse fator, secundariamente, acaba influenciando na escolha da profissão. Assim, de acordo com NÓVOA,
"... é útil questionar as regras de acesso às escolas de formação professores e de recrutamento de docentes, que são duplamente inadequado: favorecem a entrada de indivíduos que jamais pensaram ser professores e que não se realizam nesta profissão e excluem as organizações escolares e os corpos docentes deste processo, dificultando um trabalho coletivo e participativo" (1991, p.22).
Investigar a percepção que os próprios profissionais de Educação Física inseridos na escola pública tem do seu campo de atuação, é um trabalho de extrema complexidade. Isso porque o ser humano como objeto de pesquisa é concomitantemente sujeito, existindo assim, um forte envolvimento da questão valorativa.
A preocupação com os valores é tão antiga como a humanidade. Os filósofos gregos já trabalhavam com categorias axiológicas, entretanto não o faziam de forma sistematizada. Somente a partir da segunda metade do século XIX, surge uma disciplina específica, a Teoria dos Valores ou Axiologia (do grego axios, valor). "A axiologia não se ocupa dos seres, mas das relações que se estabelecem entre os seres e o sujeito que os aprecia" (ARANHA & MARTINS, 1995, p.273).
Para que exista a relação de valor é necessário que exista o sujeito que valora, "valor e valoração são vistos como fatores recíprocos, interdependentes, dialeticamente relacionados" (SILVA, 1986, p.128). O valor é aquilo que determina um maior interesse, é para o indivíduo mais valioso, e a valoração se dá em razão das necessidades pessoais ou sociais. Isto se dá a partir da vivência pessoal de cada indivíduo. De outro lado, a reação do sujeito não é exclusivamente pessoal.
O indivíduo pertence a uma época e, como ser social, se insere, sempre na rede de relações de determinada sociedade; encontra-se igualmente imerso numa dada cultura, da qual se nutre espiritualmente, e a sua apreciação das coisas ou juízos de valor se conformam com regras, critérios e valores que não inventa ou descobre pessoalmente e que têm, portanto, uma significação social (VÁSQUEZ, 1975, p.123).
Portanto, os valores nos são passados como herança de um dado sistema cultural no qual estamos inseridos, sendo que, tanto "os quadros de valores, como as civilizações e as pessoas, são mortais, têm ciclos de duração, surgimento e decadência final" (Silva, 1986, p.57).
A Educação Física Escolar, ao longo do tempo, passou por diversas alterações nas suas concepções, de acordo com os valores de cada época assim, a Educação Física escolar em determinado momento atendeu interesses do esporte de rendimento e era dada como atividade, ou seja, ir somente à quadra de esporte e fazer atividade, o movimento pelo movimento e não como uma disciplina integrada ao currículo, integrada a proposta pedagógica da escola e aos objetivos educacionais. O currículo do curso de Educação Física tinha raízes na origem da mesma no Brasil e seus reflexos nos cursos de formação profissional, que ocorriam nas faculdades, e suas formações estavam ligadas diretamente ao âmbito esportivo e não ao processo de escolarização.
A preparação profissional em Educação Física passou por mudanças profundas, propondo à área o desenvolvimento de conceitos e atitudes aos procedimentos adotados em aulas. Não se trata de ampliar os conteúdos a serem trabalhados, mas sim, refletir e entendê-los. Os diversos significados contidos nessa relação em um contexto mais amplo, buscando aproximar a Educação Física dos objetivos da educação.
Há alguns anos atrás os cursos de Licenciatura em Educação Física formavam profissionais para atuar no ensino formal e, além disso, aparentemente também davam conta de preencher as lacunas existentes na área e que não faziam parte do contexto escolar.
Com a criação do Bacharelado em algumas instituições, houve uma reformulação nos currículos dos cursos de preparação profissional em Educação Física, havendo a diferenciação e a separação entre o Licenciado, profissional que atua em escolas da rede pública ou privada voltado mais à área da educação, e o bacharel, profissional não habilitado para o trabalho com a Educação Física formal, ou seja, em escolas, podendo atuar em academias de musculação, dança, personal, clube, empresas associadas etc, voltado mais á área do desenvolvimento do corpo, visando atender, do ponto de vista profissional, às necessidades do mercado e da sociedade. Assim, de um lado os programas de formação atendem à preparação de professores ligados à Educação Física escolar, e de outros profissionais ligados a programas de atividades físicas no atendimento de diferentes necessidades da população.
Segundo essa lógica, não se concebe mais cursos de licenciado em Educação Física formar profissionais capazes somente de trabalhar habilidades motoras ou reproduzir movimentos e aulas programadas e elaboradas, uma vez que, qualquer leigo com alguma experiência motora mais ou menos desenvolvida ou praticante de uma habilidade esportiva dará conta disso.
A preocupação com a estética corporal e, principalmente, o reconhecimento pela população da importância da atividade física para a saúde e qualidade de vida, hoje são assuntos muito tratado pela mídia, que tem divulgado a evolução das aparelhagens das academias e o culto ao corpo, e isso tem levado à maior procura pelas atividades Físicas em academias de musculação tornando-as um dos locais mais populares e mais procurados para se conseguir tais objetivos.
Devido à grande promoção da mídia escrita e falada sobre o assunto saúde, as academias de musculação hoje são instituições que devem permanecer e evoluir buscando sempre corresponder as necessidades atuais e futuras da sociedade pelos relevantes serviços que oferecem, pois exercitar-se não é modismo passageiro.
A área da Educação Física não escolar está em pleno desenvolvimento e junto a ela, o espaço de atuação de graduados em Educação Física, pois o conhecimento científico é cada vez mais necessário para o exercício dessa profissão e, hoje, existe grande preocupação com a produção de conhecimentos aplicados, ou seja, direcionados para o profissional que atua no mercado de trabalho. Nesse mercado de trabalho, as academias de ginástica e musculação, representa uma significativa parcela sendo uma das principais empregadora. A proliferação das academias de ginástica e musculação é um fenômeno internacional e, devido à rapidez dessa expansão, um melhor conhecimento desse fenômeno se faz necessária para buscar seu aprimoramento.
ObjetivosDiagnosticar as diferenças ou semelhanças quanto à supervisão, normas e fiscalização que abrangem tanto a realidade do profissional de educação física na academia quanto na sua atuação como professor de Educação Física na escola.
Analisar a realidade do profissional de Educação Física que atua na academia.
Compreender o que compete e a situação do profissional de Educação Física enquanto professor nas escolas.
Comparar o perfil do profissional de Educação Física enquanto professor nas escolas.
A história da Educação FísicaNa Europa além das formas analíticas, a Educação Física apresentava a forma de calistenia que é um sistema que sofre forte influência das contribuições da área médica. Destaca-se aí o Medico Dio Lewis que propôs um sistema de ginástica para melhorar a condição física dos americanos. Evidente também no século XIX no denominado Movimento do Centro (com a forte contribuição de Ling) e com contribuições também do Movimento do Norte (destacando-se as contribuições de Bukh e Thulin). Era um sistema de exercitação que valorizava as técnicas de construção e exercitação das atividades, ritmadas, que abrangiam todas as partes do corpo humano e, cujas exercitações eram bem lineares.
Já nos Estados Unidos era obedecida a curva do esforço fisiológico e os exercícios eram progressivos - Grupo I dos braços e pernas, para, Grupo II a região postero-superior, tronco, Grupo III região posterior-inferior do tronco, Grupo IV região lateral do tronco, Grupo V equilíbrio, Grupo VI Região abdominal, Grupo VII Exercícios de sufocação como saltitos, trote curto, passos de dança, Grupo VIII Ombro e espádua (Relaxamento). As sessões iniciam e culminam com MARCHA.
A presença definida da calestenia como a conhecemos atualmente pode ser identificada nos ESTADOS UNIDOS. As escolas eram fundadas, como por exemplo, em 1828 o HARTFORD FEMALE SEMINARY em CONNECTTICUT com uma forte influência da concepção de seus fundadores. Nesta escola sua fundadora Miss Catherine E. Beecher assegurou que a "Calestenia" fosse considerada uma "matéria de ensino". Em seu livro "Psicologia e Calestenia" ela defende estas materiais na escola. Quem foi responsável principalmente pela introdução da calistenia na América Latina foram as Associações Cristãs de Moços e os Colégios Americanos. Ela sempre esteve associada a uma concepção de homem saudável, forte psicológica, mental, intelectual e moralmente. Eram exercícios que incidiam fortemente no sistema respiratório, uma vez que, eram progressões que exigiam muito do sistema cardio-vascular-respiratório.
No Brasil a Educação Física surgiu nas escolas da marinha e nas escolas militares. Durante o século XX, algumas práticas esportivas eram adotadas obrigatoriamente nas escolas da marinha e militar. Tais práticas consistiam em natação, esgrima, e equitação e indicam a existência de instrumentos ou pessoas habilitadas para o seu ensino.
No dia 10 de janeiro de 1922, o centro militar de Educação Física foi criado e oferecia outros cursos além do curso de Educação Física. Este centro formava oficiais instrutores, sargentos monitores e era ministrado por um oficial da missão Francesa auxiliado por dois oficiais brasileiros.
Além desse centro, havia na marinha a liga de esportes que era um curso de preparação em Educação Física de dois anos. A marinha brasileira mantinha certo entrosamento com a marinha dos Estados Unidos e por esse motivo, adotou como método a ser utilizado em seu curso a calistenia, um método de ginástica Europeu que tem uma forma de encarar os exercícios físicos, sistematizá-los e exercitá-los de forma a atingir todos os segmentos corporais - cabeça, tronco, membros - implicando em exercitações lineares, anguladas, com ou sem acompanhamento rítmico.
De acordo com AZEVEDO(1999 p.54), a calestenia era um método de ginástica ideal para a realização no tombadilho dos navios e nos locais de reduzido espaço. Já em 9 de outubro de 1933, foi criada a escola de Educação Física do Exército no Rio de Janeiro, que formou oficiais, sargentos e alguns civis como monitores. No estado de São Paulo, foi criada a escola de Educação Física da Força pública, em 28 de mais de 1936.
A partir da década de 30, em ambiente civil, alguns locais de graduação superior passavam a oferecer cursos de Educação Física. Em 15 de julho de 1931, sob o decreto nº 1450, o governo do Espírito Santo baixou instruções para o funcionamento do curso de Educação Física. Logo em seguida, foi criada a escola de Educação Física do Espírito Santo.
A partir disso, criou-se o curso de Emergência que era destinado aos que quisessem participar e tinha como objetivo a formação de instrutores de Educação Física da sociedade civil.
Além deste curso, existia também o curso de Emergência em Medicina Esportiva, que tinha como objetivo a formação de profissionais com conhecimento considerado teórico na Educação Física.
A realização dos cursos era feita em locais diferentes, devido as questões de gênero: Masculino e Feminino. Os cursos tinham a preocupação com o caráter didático, corporal e esportivo, conforme a afirmação abaixo:
"A organização curricular do curso continha disciplinas de cunho pedagógico, técnico - desportivo e biológico" (AZEVEDO, 1999, p. 57).
O corpo docente do curso era composto basicamente por militares, oficiais do exército e instrutores da escola do exército, principalmente a turma masculina. Durante o Estado Novo, a Educação Física foi atribuída a caráter de elemento disseminador de propaganda do regime ditatorial instrumentado. Com isso:
"Após a constituição de 1937, a criação de uma escola de Educação Física tinha importância capital, dada a responsabilidade delegada à Educação Física no Estado Novo" (AZEVEDO, 1999, p.60).
Para alguns oficiais militares, o exército deveria ter responsabilidade com a educação de seus homens, tanto em nível intelectual quanto físico.
Durante o Estado Novo, vemos algumas situações de interesse profissional. Além dos militares, os médicos, ansiosos por circunstancias favoráveis a disseminação e obtenção de conhecimentos científicos, aderem e se afirmam com a ideologia do Estado Novo para a Educação Física.
O Decreto lei Nº 1212 de 17 de abril de 1939, criou a universidade do Brasil que oferecia além dos cursos superior e normal de Educação Física, os cursos de técnica desportiva, de treinamento e massagens e de Medicina da Educação Física e Desportos. Os cursos superior e normal tinham um currículo com o objetivo de promover a formação do pedagogo para atuar na área escolar, apesar de não conter disciplinas de cunho pedagógico.
Ao adentrar na 2ª fase do período republicano, a Educação Física tornou-se obrigatória na área educacional através da Constituição de 1937, no seu artigo nº 131, mas continuou com os mesmos princípios da escola tradicional, que visava valorizar a moral, autoritária e higienista.
1930: Foi criado o Ministério Nacional de Educação Física.
1931: Introdução da Educação Física no ensino secundário como disciplina.
1932: Apareceram duas revistas especializadas em Educação Física.
1937: A Educação Física fica ligada ao Ministério da Educação.
1938: A Divisão de Educação Física organizou curso de emergência para a formação do professor, habilitando 165 professores de ambos os sexos.
1940: realizado em São Paulo, o 1º Congresso de Educação Física no Brasil.
No meio civil, em pleno Estado Novo de 1939, foram criadas a Escola Nacional de Educação Física da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro e a Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, com a Educação Física brasileira dando seus primeiros passos para a "desmilitarização". Este período é denominado de tecnicista que preponderavam as influências do estruturalismo lingüístico e a concepção de linguagem como instrumento de comunicação. A língua é vista como um código, ou seja, um conjunto de signos que se combinam segundo regras e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor. Portanto, para os estruturalistas, saber a língua é, sobretudo, dominar o código, e isso era fundamentado no modelo americano com conceitos de eficiência, eficácia e rendimento. Recebeu influências da ginástica sueca, calistenia, método francês, natural Austríaco, sistema dinamarquês e movimento desportivo Ingles.
Até os anos 60 o processo ficou limitado ao desenvolvimento das estruturas organizacionais e administrativas específicas tais como: Divisão de Educação Física e o Conselho Nacional de Desportos. Com o desenvolvimento do desporto e a intensificação das práticas corporais, houve a ampliação de 10 para 90 cursos em funcionamento entre a década de 60 e ao final de 1970, cuja formação obedecia a um currículo mínimo de 2.450 horas/aulas para a formação em licenciatura plena, implantada em 1961 pela lei nº 4024.
Segundo dados do Ministério de Educação e Cultura, existiam no Brasil em 1994, 128 cursos, em 2000, 193 faculdades e, nos últimos dados (2003), a Educação Física possuí 262 cursos de graduação, sendo estes compreendendo tanto licenciatura como bacharelado ou apenas licenciatura.
Os anos 70 foram marcados pela ditadura militar, aonde tínhamos que a Educação Física era usada, não para fins educativos, mas de propaganda do governo sendo todos os ramos e níveis de ensino voltado para os esportes de alto rendimento. Nos anos 80 a Educação Física vive uma crise existencial à procura de propósitos voltados à sociedade. No esporte de alto rendimento a mudança nas estruturas de poder e os incentivos fiscais deram origem aos patrocínios e empresas podendo contratar atletas funcionários.
Com a necessidade de ajustar-se ao mercado de trabalho de seus egressos, as instituições de ensino superior introduzem a partir de 1987, o curso de bacharelado em seus currículos, fixando no mínimo de 2.800 horas/aulas em sua grade, surgindo à designação profissional de Educação Física, ampliando sua atuação, para fornecer condições de formação geral, de aprofundamento e de áreas de conhecimento, não mais restrita ao ensino formal. Nos anos 90 a Educação Física e o esporte passam a ser visto como meio de promoção à saúde acessível a todos manifestada de três formas: educação, participação e performance.
No aspecto legal, a Educação Física finalmente é regulamentada de fato e de direito como uma profissão, de acordo com conselhos, regional e federal nos quais foram criados o CONFEF e o CREF para serem responsáveis pela fiscalização de professores fora do âmbito escolar, e com a regulamentação ocorrida pelo sancionamento da Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998 e criando os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física. Em dezembro de 1999 foi criado os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Física, de acordo com as Leis de Diretrizes Básicas da educação brasileira de 1996, esses parâmetros trouxeram muita coisa boa para a Educação Física dentro das escolas.
Assim como já era feito dentro das outras disciplinas escolares, e isto representou para a Educação Física um crescimento muito significativo frente às outras disciplinas e com o tempo acreditamos que a Educação Física continuará ganhando seu espaço e assim poderá ser muito bem representada pelos professores atuantes frente às necessidades educativas dos alunos e objetivos escolares, tornando-a integralmente real das propostas pedagógicas da escola, com seu papel definido. Ao final do ano de 2001, foi sancionada a Lei de nº 10.328, de 12 de dezembro de 2001, introduzindo a palavra "obrigatória" após a expressão "curricular" constante do & 3º do art. 26 da LDB de nº 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Regulamentação da Educação FísicaO órgão responsável pela regulamentação da Educação Física é o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF). Essa política de regulamentação foi implantada em 1º de setembro de 1998, quando aprovou-se a Lei nº 9.696 que dava condições para a criação do CONFEF. À partir da regulamentação do CONFEF, criou-se os Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs), que são os responsáveis por executar as políticas do CONFEF.
A política do CONFEF consiste em criar uma proposta solucionadora para o problema enfrentado por profissionais de Educação Física, ou seja, o mercado excludente criado pelo sistema capitalista. A regulamentação busca uma reserva de mercado que muitas vezes vai além dos espaços que a Educação Física pode atuar, além da postura fiscalizadora/repressora (registros e mensalidades) que inibem os profissionais. Atualmente temos o CONFEF atuando diretamente na regulamentação (fiscalização) da profissão. O CONFEF é um organismo regido pelo corporativismo e não pela democracia ativa/participante.
Sendo assim, a regulamentação não atende as demandas e "carências" da população, especialmente daquelas que se encontra em posição subalterna e marginalizada em relação ao acúmulo de capital. O avanço desse caos, por sua vez, apresenta-se com um quadro caótico educacional refletindo diretamente na realidade acadêmica, mostrando um significativo distanciamento entre a universidade e a paisagem sócio-econômica brasileira, e, portanto a universidade se volta à natureza restrito-excludente da formação para o mercado de trabalho/consumidor, tratando a Educação Física como "mercadoria" de consumo.
Em relação a regulamentação X Ensino (Educação Física), podemos perceber a utopia de ter um diploma, pois o mesmo não garante vaga no mercado de trabalho conquistando um status social (glória/fama/dinheiro) e portanto tendo uma melhor "qualidade de vida" diante de tantas misérias sociais.
O fato é que a esse respeito (regulamentação) é, sem dúvida, importantíssimo para nós educadores da Educação Física, mas, para ganharmos o respeito a sociedade tem que saber o que respeitar, e nós em momento algum nem se quer conseguimos comprovar importância da nossa existência. Se partirmos para uma análise antropológica da Educação Física terá a possibilidade de observar a falta de autonomia dessa área.
O profissional de Educação Física na AcademiaNormalmente, a área bio-médica tem tratado o corpo a partir de parâmetros da técnica, da racionalidade e da fragmentação, no sentido de projetar o corpo perfeito e saudável, protótipo da sociedade capitalista contemporânea (SILVA, 1999). Entretanto, faz-se necessário tratá-lo além da perspectiva de objeto. Entendê-lo como sujeito e como totalidade é um dos grandes desafios que as ciências humanas e sociais nos impõem.
O movimento e, conseqüentemente, o corpo, constituem, por excelência, a matéria-prima da Educação Física. Lidar com o ser humano implica em considerá-lo sob variados aspectos, entendê-lo como um processo constante de construção sociocultural. Em outros termos, os conteúdos da Educação Física implicam em ideologias, valores e representações histórico-culturais que devem ser cuidadosamente considerados e discutidos.
A Educação Física, embora possua interfaces com as áreas biológica e exata, tem a sua base na Educação, no ato pedagógico. Trabalha, sobretudo, em interação constante com o corpo que, por sua vez, é expressão da cultura. BRACHT (1989) argumenta que o movimento que confere especificidade à Educação Física é aquele com determinado sentido/significado, que, por sua vez, lhe é conferido pelo contexto social.
A história se repete a cada ano. Com a proximidade do verão, a prática de atividades físicas aumenta e as academias ficam lotadas. Homens e mulheres recorrem às esteiras e aparelhos de musculação para entrar em forma e exibir a silhueta mais enxuta e definida na estação mais quente do ano. São pessoas que geralmente não praticam esportes regularmente e quando chega essa época fazem exercícios demais para poder mostrar um "corpo sarado".
Nas academias, a movimentação aumenta logo no início da primavera. Muitos adiantam os passos para garantir um visual mais atraente nas areias das praias ou em clubes. A partir de setembro o pessoal vê que o clima está esquentando e já começa a procurar um lugar para se exercitar. Ao longo do verão, o número de alunos matriculados aumenta muito mais que no inverno. O público geralmente é formado por jovens, com idade entre 18 e 35 anos, porém pessoas acima dessa idade, em menor expressão, também está preocupado com a estética, e buscam resultados milagrosos em um curto espaço de tempo. Pura ilusão, as pessoas acreditam que vão perder barriga rapidamente. A maioria desses alunos quer perder peso ou ganhar músculos e não melhorar a qualidade de vida.
Cabe ao professor de musculação mostrar a realidade de que tentar entrar em forma em um ou dois meses é arriscado. Não adianta estabelecer grandes metas para serem atingidas em pouco tempo, porque o excesso de atividades pode afetar principalmente o coração e as articulações. A pessoa deve ter em mente que só pode fazer aquilo que o corpo suporta.
Outra situação que o professor de musculação tem que administrar são os jovens que tem como objetivo na academia o aumento da massa muscular e geralmente ingressam na academia neste período também. O público é geralmente de jovens que querem ficar forte rapidamente. Eles querem ganhar músculos para o Carnaval e, para isso, acreditam que precisam exagerar nos pesos, isso ira afetar todo seu corpo que estará ganhando massa muscular da forma errada, pois o corpo é como uma máquina embora não seja, e, assim, deve-se ter cuidados com ele, e um desses cuidados é fazer os exercícios com cautela, ou seja, acostumar o corpo com pesos para depois gradualmente ir aumentando-os.
Convencer os garotos a praticarem exercícios de forma correta, com resultados gradativos é trabalho árduo para os instrutores. Muitos alunos oferecem resistência para seguir as recomendações. O papel do professor de Educação Física é orientar que o efeito da musculação não é rápido e sim um trabalho que exige tempo e consciência do aluno ao executar os movimentos, sabendo assim que o está executando corretamente. Alguns querem usar anabolizantes e precisamos enfatizar que este não é o melhor caminho, pois o anabolizante estará o prejudicando fisiologicamente, ou seja, por fora estará tudo maravilhosamente bem e por dentro o mesmo estará acabando com suas defesas do organismo e assim ao parar de fazer exercícios estará voltando em uma forma pior da que se encontrava antes dos anabólicos (substancia usada para o aumento na produção hormonal).
Diante dessas situações fica claro que o professor de musculação tem sempre que estar se atualizando academicamente e procurando cursos de especializações para trabalhar com pessoas, uma tarefa muito importante e perigosa, assim se faz necessário um maior rigor na fiscalização das academias, pois existe lugares que os profissionais não são formados e com o mínimo de conhecimento para tratar com as pessoas ou alunos a sua saúde.
O profissional de Educação Física na Escola EstadualNa sociedade atual, onde a escola ocupa um papel cada vez mais fundamental no processo de desenvolvimento, os professores vivem achatamentos salariais sem precedentes e ainda tem que lutar para conseguir direitos trabalhistas já assegurados para outros setores da sociedade. O problema nos é colocado da seguinte maneira: Seus trabalhadores não estão protegidos por dispositivos da legislação do trabalho comumente aplicáveis às empresas privadas - já que se colocam em princípio como funcionários públicos e também não dispõem, em grande maioria, das garantias inerentes aos serviço público - já que muitos deles não conseguem estabelecer vínculos empregatícios duradouros com o Estado.
Diante disso como se encontra a Educação Física que vemos na maioria de nossas escolas estaduais? De um modo geral, quando se fala em aula prática de Educação Física, pensa-se logo em movimento corporal, atividades físicas (correr 12 minutos, fazer exercícios localizados, jogar futebol, queimada, etc), ministrada de forma totalmente acrítica, sem qualquer relação com nossa realidade social. Mas podemos dizer que nossa prática é somente movimento?. O direito de todos à Educação Física e, consequentemente, ao movimento corporal, torna-se secundário. Na medida em que os outros direitos, a nutrição, à educação, etc, estão apenas no papel, já que na verdade a grande maioria da população brasileira está impedida de prática-los e, portanto, de exercer a sua cidadania. São direitos reais no papel, na Constituição, mas fictícios na prática social.
Então, podemos dizer que prática não é apenas o movimento, pois em tudo o que fazemos realizamos a prática, exemplo, uma secretária quando escreve uma carta está realizando a prática de seu serviço, um professor de português que ensina seus alunos também realiza a prática pedagógica. Portanto como entender a prática da Educação Física como sendo apenas o movimento, se vimos ações como ler, escrever, falar, também são práticas? Podemos encontrar esta resposta na afirmação de Marilena Chauí (1980), quando nos diz que:
"Temos uma teoria geral para a explicação da realidade e de suas transformações que, na verdade, é a transposição involuntária para o plano das idéias de relações sociais muito determinadas. Quando o teórico elabora sua teoria, evidentemente não pensa estar realizando essa transposição, mas julga estar produzindo idéias verdadeiras que nada devem à existência histórica e social do pensador. Até pelo contrário, o pensador julga que, com essas idéias, poderá explicar a própria sociedade em que vive. Um dos traços fundamentais da ideologia consiste, justamente, em tornar as idéias como independentes da realidade histórica e social, de modo a fazer com que tais idéias expliquem aquela realidade, quando na verdade é essa realidade que torna compreensível as idéias elaboradas (p.10)"
Resumindo, o principal papel da Educação Física Escolar, incluída num contexto mais amplo, que é a Educação, é de formar cidadãos críticos, autônomos e conscientes de seus atos, visando a uma transformação social. A nova sociedade formada por esta transformação redefinirá o papel da Educação Física e da escola, como reprodutora de uma situação, mas agora reproduzindo esta nova sociedade sem classes, em que não há dominantes e dominados. Essa transformação não vista pelo Estado, pois como ele não tem condições de ter órgãos para fiscalizar, não tem como se interessar por essas transformações.
MetodologiaEssa pesquisa tem uma característica exploratória, Segundo Marconi & Lakatos (1999) um estudo exploratório se caracteriza por enfatizar a descoberta de idéias, e discernimentos. Assim, pode-se definir este estudo como descritivo - exploratório quantitativo, realizados através de dados coletados em questionário podemos quantificar suas respostas através de números apresentados em gráficos e assim descrevendo em cima das revisões bibliográfica efetuadas, pois se propõe buscar comparações dos profissionais das academias de musculação e profissionais da área escolar, suas supervisões e a preparação de seus recursos humanos, a fim de diagnosticar se existe mais fiscalização nas escolas por parte das Diretorias de Ensino ou nas academias de musculação por parte dos Conselhos (CREF e CONFEF).
Utilizaremos como instrumento de coleta de dados e informações um questionário com perguntas fechadas do tipo múltipla escolha. O instrumento deve ser validado através do parecer dos pesquisadores do presente trabalho e respectivas aplicações de uma coleta com sete professores efetivos e sete professores bacharelados de escolas estaduais e academias de musculação de Lençóis Paulista, O motivo da escolha foi porque em Lençóis Paulista só existir sete escolas estaduais com professor de Educação Física.
O município de Lençóis Paulista está localizado no interior paulista à 300 KM da capital São Paulo. O município abrange área de aproximadamente 805Km2 e está situado à uma altitude de 550m em relação ao nível do mar. Fundada em 1865, Lençóis Paulista possui, de acordo com o censo IBGE de 2.000, 55.048 habitantes e densidade demográfica de 69,96 hab/km2.
Apresentação, discussão e análise dos resultadosNo presente capítulo, discutiremos os resultados obtidos durante a aplicação do questionário, primeiro destacando o que compete ao professor de Educação Física na escola pública e o que compete ao profissional de Educação Física que trabalha em academias e, posteriormente, relacionaremos o perfil e as normas que competem à ambos os ramos de profissionais aqui discutidos.
Através da aplicação dos questionários, observamos que 50% dos entrevistados atuam nas academias e os outros 50% atuam em escolas estaduais. É válido ressaltar que, ao total, foram entrevistadas 14 pessoas. Ainda falando sobre a formação, apenas 7,2% dos entrevistados são formados em licenciatura, sendo que a maioria (92,8%) é formada em licenciatura plena, ou seja, podendo atuar tanto em escolas como fora delas, isso devido ao fato que, antes do ano de 2001 os cursos de Educação Física eram dados na forma de licenciatura plena e os alunos se formavam com a possibilidade de atuação tanto em escolas como fora delas. A partir da regulamentação os professores para atuar em escolas devem passar por cursos específicos.
Credencial para atuaçãoCom relação ao credenciamento profissional, de acordo com o gráfico 1, verificou-se que 85,71% dos professores de academia possuem carteira do CREF, documento obrigatório para que se exerça a função nas academias, e 14,29% não possuem. Já aos professores das escolas estaduais, 100% dos entrevistados não possuem carteira do CREF, uma vez que para exercer a função nas escolas só é exigido o diploma de licenciatura na hora de prestar o concurso. Assim, existe nas academias profissionais que trabalham em desacordo com a legislação, enquanto que, nas escolas isso não acontece, pois nas academias os profissionais aceitam trabalhar em qualquer condição devido ao fato de o mercado de trabalho estar saturado.
Para trabalhar em academias é muito mais simples que nas escolas estaduais, pois nas escolas o aluno precisa ter prestado o concurso para atuar como professor efetivo ou somente se inscrever com o diploma de graduação para trabalhar como ACT (Admitido em Caráter Temporário ) quando for chamado , enquanto na academia não se exige nada, eles contratam simplesmente o formado, e as vezes nem formado as pessoas são, a rotatividade de professores nas academias é maior, tornando assim uma mão de obra barata.
Formação profissionalAnalisando o gráfico 2, percebemos que o número de professores de academia formados há menos de 10 anos corresponde a 85,71% dos entrevistados e 14,29% são formados há mais de dez anos, acontecendo ao contrário nas escolas, pois 71,43% dois entrevistados são formados há mais de dez anos e 28,57% formados há menos de 10 anos, mostrando que professores de academias são na maioria recém formados por a oportunidade de trabalhar em academia é mais fácil. Podemos dizer que os professores do Estado tem mais tempo de serviço por serem concursados, e os concursos não acontecerem todos os anos, por exemplo do ano de 1992 ao ano de 1998 não ocorreu nenhum concurso, ficando seis anos sem nenhum ingresso na carreira publica. Isso é representativo quando se faz essa análise, uma vez que, os professores entrevistados são concursados e o ingresso dos mesmo ocorreu há algum tempo, o que possibilitou esses resultados.
Formação continuadaForam solicitadas no questionário algumas questões da ordem da preparação dos profissionais e o resultado mostrou que 71,43% dos professores de escola estadual fizeram algum tipo de especialização depois da faculdade e somente 28,57% não fizeram (gráfico 3), já nos entrevistados de academia 57,14% fizeram alguma especialização e 42,86% não fizeram, assim com esses dados verificamos que os professores de escolas estaduais se preparam mais para exercer sua função.
Outra comparação foi com a quantidade de especialização feita depois da faculdade e tivemos como resultado, demonstrados no gráfico 4, que 57, 14% dos professores de escola estadual não fizeram, mais de uma especialização e 42,86% fizeram mais de uma especialização depois da faculdade e com os professores de academia o resultado foi 14,29% fizeram mais de uma especialização e 85,71% fizeram uma atualização ou aperfeiçoamento depois da faculdade, assim observamos mais uma vez que o professor de escola se prepara mais, mesmo o número de professores que fizeram mais de uma especialização não ser tão grande, mas comparando com os de academias esse número foi muito significativo. Para entender o processo de formação continuada de professores de Educação Física em contexto educacional, usamos o que afirmou Perrenoud appud Ferreira e Cruz:
"ao enfatizar a prática reflexiva na formação continua do professor justifica-a devido a uma formação inicial, por vezes superficial, que pode se beneficiar da cooperação entre pares. Nessa mesma linha de pensamento ele indica como uma das competências do professor a gestão de sua formação continua, indicando a implementação de projetos de formação em conjunto com professores da unidade escolar. Em sua opinião a formação continua representa a busca de equilíbrio entre o autoritarismo das reciclagens obrigatórias e a desarticulação entre a liberdade de escolha dos professores, quanto ao seu aperfeiçoamento, e uma determinada política educacional (p. 95)".
Conhecimentos para atuaçãoEm outras questões verificou-se qual a importância que os professores tanto de escola como de academia atribuíam às formas de adquirir os conhecimentos necessários para atuar profissionalmente. A freqüência com que os professores buscam formas de atualização foi questionada e de acordo com o gráfico 5, observamos que na área escolar 57,14% dos professores buscando essa freqüência uma vez ao ano, enquanto 14,29% buscam a cada dois anos e 28,57% buscam de outras maneiras, enquanto nas academias os professores entrevistados mostraram que como nas escolas 57,14% buscam essa atualização uma vez por ano, 14,29% não acha necessário e 28,57% também buscam de outras maneiras, assim nesse item tivemos os resultados bem parecidos nos dois tipos de entrevistados.
Nos dois casos, tanto para o professor de academia quanto para o professor de escola estadual, o ideal é estar sempre se atualizando, pois atualizar-se uma vez por ano é pouco, devido à mudanças sobre assuntos relacionados à Educação Física estar sempre trazendo novas pesquisas. Em relação ao professor de academia a busca por essa atualização deveria ser maior devido ao mercado de trabalho estar saturado e a concorrência ser maior, pois para trabalhar em academias o profissional só necessita ser formado e mostrar competência.
Perguntamos também qual conhecimento eles acham fundamental para atuar cada um em sua área e os professores de escolas mostraram um resultado em que 57,14% acham fundamentais somente o conhecimento específico da área, 14,29% achou os conhecimentos da graduação e os conhecimentos complementares. Na academia 57,14% dos entrevistados acharam os conhecimentos complementares mais fundamentais e 28,57% acharam fundamental o conhecimento da graduação e somente 14,29% dos entrevistados disseram que o conhecimento específico da área é fundamental. Assim nesse item podemos observar no gráfico 6, que os professores da academia se preocupam mais que os da escola com conhecimentos complementares. Na verdade todos os conhecimentos são essenciais, pois o professor deve se preparar para atuar em todas as áreas que estão a seu alcance dentro da Educação Física e, sendo assim, não se pode deixar de dar atenção a nenhum tipo de conhecimento, onde todos são essenciais.
Supervisão profissionalÀ respeito de fiscalização em cada área distinta dos professores, perguntamos se eles tinham algum tipo de supervisão periódica de algum órgão nos seus locais de trabalho e, como resultado, tivemos que 57,14% dos professores recebem fiscalização em suas escolas, enquanto 42,86% não recebem. Nas academias 100% dos professores entrevistados recebem fiscalização, mostrando assim que as academias são mais monitoradas por algum tipo de órgão, no caso o CREF (Conselho Regional de Educação Física), pois, como as escolas estaduais seguem a legislação estadual necessitando de fiscalização periódica. Também, os números encontrados nas escolas tem de os professores entrevistados serem todos efetivos, ou seja, concursados e estes não necessitam de nenhum tipo de fiscalização por sua formação, pois para prestar o concurso tem a necessidade do professor ser formado, por isso a menos preocupação em relação a estes professores. Essa afirmação pode ser observada no gráfico 7.
Outra questão nesse raciocínio foi se nos locais onde eles trabalham existe profissionais sem habilitação mínima, ou seja, sem formação acadêmica, dado no qual estudos apresentados na revista Educação & Sociedade em Abril de 2002 pelos professores Carlos Alberto Marques e Júlio Emílio Diniz Pereira diz que existem aproximadamente 830 mil professores sem formação de nível superior atuando na educação básica brasileira (censo INEP/MEC, 1998). Podemos notar que nas escolas estaduais 14,29% dos professores disseram que na sua escola existem professores sem formação mínima, ou seja, sem um curso de graduação em Educação Física e em 85,71% dos locais, não tem ninguém que trabalha sem formação mínima, e nas academias tivemos com resultado 100% dos professores disseram que não trabalha ninguém sem formação mínima, assim podemos dizer que como existe mais fiscalização periódica nas academias menor o risco eles querem correr (gráfico 8).
Perspectiva profissionalComo podemos observar no gráfico 9, todos os entrevistados (100%) tinham planos de atuação durante o seu processo de formação profissional. Porém, de acordo com o gráfico 10, 7,14% das pessoas entrevistadas tiveram que modificar os planos de atuação traçados no período da graduação. Isso ocorreu provavelmente pois, essas pessoas estão enquadradas nos profissionais de Educação Física que trabalham nas escolas públicas atualmente, então, se sentiram mais confiantes e seguros trabalhando onde estão hoje do que atuando como profissional em academias, que foi o primeiro plano de atuação. Esse fato ocorre por inúmeros motivos, mas o principal deles é o fato de que um professor de escola pública tem estabilidade no emprego, pois este é concursado, já o de academia não.
ConclusãoO conhecimento necessário ao profissional de Educação Física tem sido constantemente transformado. As instituições de Ensino Superior devem preparar um profissional competente para sua atuação. Também devem prepará-los para buscar a atualização que necessitam para seu conhecimento. A preparação profissional deve ser um processo de constante aprendizado, pois com a possibilidade do conhecimento se tornar ultrapassado e superado, desaparece a formação profissional completa e acabada.
Os programas de preparação profissional foram planejados exclusivamente para acompanhar a prática atual, então o resultado será muito treinamento e pouca educação. Tais programas devem preparar as pessoas para as mudanças futuras, ou seja, educar. Treinamento e educação são relacionados e compatíveis, mas diferentes e um programa de preparação profissional deve conter ambos.
Diante dessas afirmações e da análise dos dados coletados verificamos que, os professores que atuam nas academias de musculação são na maioria formados a menos de dez anos, já em relação aos professores das escolas estaduais que são formados a mais de dez anos, devido nas academias não exigirem muita experiência e não oferecer ganhos muito altos, pois quanto menos tempo de formação menos experiência e menor o salário oferecido e a rotatividade de funcionário acaba sendo maior, enquanto nas escolas os professores tem que prestar concursos para atuar e quando aprovados tem uma certa estabilidade de emprego.
Outra constatação que podemos fazer é que nem todos os professores de academia possuem a carteira do CREF, que é o órgão que supervisiona as academias, enquanto as escolas todos os entrevistados trabalham de acordo com sua regulamentação, mas mesmo assim encontramos nas escolas estaduais profissionais que trabalham e não tem uma formação mínima, são professores que trabalham sem o curso de graduação em Educação Física, chamados na maioria das vezes de estagiários, já que nas academias todos entrevistados tinham formação mínima, isso devido nas academias todas terem supervisão periódica de algum órgão.
Em relação à atualização profissional, em ambos os casos, tanto professores de academia quanto professores de escolas estaduais buscam atualizações em suas formações uma vez por ano, mas quando perguntados quais conhecimentos eles acham fundamentais, enquanto a maioria dos professores de escola acha os conhecimentos específicos da área mais importantes, os professores de academia afirmam que os conhecimentos complementares são os mais importantes. Conclui-se então que como os professores de escolas na maioria têm certa estabilidade de emprego e não acham necessário se atualizarem, pois para eles a Educação Física escolar não precisa de inovações, mas os professores de academia como tratam da saúde e do corpo entendem que sempre precisam estar se atualizando, isso também porque o mercado de trabalhos para eles é mais concorrido, e como não tem concurso, a troca de professores é bem mais simples.
De acordo com as perspectivas profissionais, concluímos que mesmo os professores não estando satisfeitos em relação ao mercado de trabalho, devido aos salários baixos, anos e anos sem reposição salarial, concorrência desleal que acaba rebaixando o piso salarial, eles não mudaram suas perspectivas. Conforme resultado das pesquisas, apenas 7,14% dos entrevistados mudaram seus planos depois de formados, ou seja, 92,86% dos entrevistados atuam no que se propuseram a graduar.
Podemos dizer então que a regulamentação da profissão, por si só, não é suficiente para seu reconhecimento e valorização. É muito mais importante e necessário a competência e capacitação profissional e essa competência só será completa se estiver embasada em um corpo de conhecimentos científico e técnico que de suporte à prática do profissional de Educação Física que atua nas academias de musculação e escolas estaduais. Para conseguir esse status os educadores físicos devem ser capazes de oferecer serviços confiáveis e de qualidade e ter uma nova postura ética e profissional, que teve à transformação políticas e econômicas.
AgradecimentosPara a realização da presente pesquisa, no decorrer do tempo, necessitamos da contribuição de diversas pessoas. Abaixo, deixamos nossos sinceros agradecimentos às pessoas que de alguma forma contribuíram conosco. Agradecemos:
Ao nosso orientador Mestre Willer Soares Maffei por sua orientação durante a realização do nosso TCC;
Á nossa amiga Milena Montanholi Mileski pela ajuda que nos deu na elaboração e pesquisa;
Aos nossos pais um agradecimento especial pela confiança depositada em nós;
Aos profissionais de Educação Física que aceitaram responder nossa entrevista;
E, acima de tudo, agradecemos à Deus por iluminar nossos caminhos e nos dar saúde para conseguirmos realizar mais essa etapa de nossas vidas.
AnexoQUESTIONÁRIO
Qual sua área de atuação?
Escola
Academia
Você é formado em que?
Licenciatura
Bacharelado
Licenciatura Plena
Possui carteirinha do CREF?
Sim
Não
É formado a mais de 10 anos?
Sim
Não
Fez especialização depois da faculdade?
Sim
Não
Fez mais de uma especialização?
Sim
Não
Quando aluno da faculdade já tinha planos para atuar?
Sim
Não
Teve que mudar seus planos de atuação por ser bacharel ou licenciado?
Sim
Não
O lugar aonde você trabalha é supervisionado por algum órgão?
Sim
Não
O local que você trabalha tem algum funcionário que trabalha na área de Educação Física sem ser formado?
Sim
Não
Com qual freqüência você busca alguma forma de atualização?
Uma vez ao ano
Duas vezes ao ano
Uma vez cada dois anos
Não acha necessário
Outras: _____________
Quais os conhecimentos que você acha fundamental para sua atuação?
Conhecimentos específicos da área.
Conhecimentos da graduação
Conhecimentos complementares.
Outras: _____________
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