efdeportes.com
Os sentimentos satisfação e insatisfação
dos professores de Educação Física
Los sentimientos satisfacción e insatisfacción de los profesores de Educación Física

   
*Licenciado em EF pelo Centro de EF e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM). Especialista em EF Escolar CEFD/UFSM. Mestrando em Educação
pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) do Centro de Educação (CE) da UFSM.
**Doutor em Educação e em Ciência do Movimento Humano PPGE/CE/UFSM.
Professor Adjunto do Departamento de Metodologia do Ensino CE/UFSM.
(Brasil)
 
 
Marcio Salles da Silva*
marciosalless@yahoo.com.br  
Hugo Norberto Krug**
hnkrug@bol.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     Objetivamos identificar os motivos dos sentimentos satisfação (bem-estar) e insatisfação (mal-estar) dos professores de Educação Física na prática escolar, nas escolas municipais, estaduais e particulares, das cidades de Caçapava do Sul, Júlio de Castilhos, Santa Maria, São Sepé e Tupanciretã, localizadas na região central do Estado do Rio Grande do Sul (Brasil). A metodologia deste estudo foi de cunho qualitativo caracterizando-se por ser do tipo descritiva e análise de conteúdo. Participaram 66 professores de Educação Física do ensino fundamental das redes municipal, estadual e particular, das referidas cidades. As informações coletadas foram: questionário contendo questões abertas e a análise das respostas. Concluímos que, os sentimentos de satisfação estão ligados a afetividade e ao aprendizado do aluno juntamente com o sentimento de permanência na profissão, e a insatisfação dos professores estão, geralmente, ligadas à desvalorização da profissão, falta de condições de trabalho, ou seja, materiais e físicas, e, aos baixos salários, predominantemente nas escolas públicas, com alguns casos relacionados a um sentimento de abandono da profissão.
    Unitermos: Bem-estar docente. Mal-estar docente. Educação Física.
 
Abstract
     Buscamos identificar los motivos de los sentimientos satisfacción (bienestar) e insatisfacción (malestar) de los profesores de Educación Física en la práctica escolar, en las escuelas municipales, estatales y privadas, de la ciudad de Caçapava do Sul, Júlio de Castilhos, Santa Maria, São Sepé y Tupanciretã, localizadas en la región central de Estado de Rio Grande do Sul (Brasil). La metodología de este estudio fue bajo el modelo cuantitativo caracterizándose por ser de tipo descriptiva y de análisis de contenido. Participaron 66 profesores de Educación Física de enseñanza primaria de las redes municipales, estatales y privadas, de las referidas ciudades. Las informaciones recolectadas fueron: cuestionarios conteniendo preguntas abiertas y análisis de las respuestas. Concluimos que, los sentimientos de satisfacción están relacionados a la afectividad y al aprendizaje del alumno juntamente con el sentimiento de permanencia en la profesión, y la insatisfacción de los profesores está relacionada a la desvalorización de la profesión, falta de condiciones de trabajo, ya sea, materiales o físicas, y, a los bajos salarios, predominantemente en las escuelas públicas, en algunos casos relacionados a un sentimiento de abandono de la profesión.
    Keywords: Bienestar docente. Mal-estar docente. Educación Física.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 115 - Diciembre de 2007

1 / 1

Introdução

O ponto de partida da investigação

    Segundo Esteves (1999) e Mattos (1994) a docência é uma das profissões que mais causa desgastes psicológico, emocional e físico. Este trabalho que poderia ser uma fonte de realização pessoal e profissional torna-se penoso, frustrante e todas as situações novas que poderiam servir como uma motivação, passam a ser uma ameaça temida e, portanto, evitadas.

    Assim, o professor cada vez mais tem se ressentido em seu cotidiano profissional, pois sentimentos de desilusão, de desencantamento com a profissão são freqüentemente relatados evidenciando o quanto esta profissão está vulnerável ao mal-estar docente.

    Mattos (1994) afirma que há uma predominância de circunstâncias desfavoráveis na execução de tarefas pedagógicas dos professores de Educação Física, forçando-os a uma reorganização e improvisação no trabalho prescrito, tornando-lhes o trabalho real totalmente descaracterizado em relação às expectativas e a tarefa prescrita. Essa distorção no conteúdo de suas atividades pedagógicas não lhes permitem vivenciar este trabalho como significativo o que gera um processo de permanente insatisfação e com raros momentos gratificantes. Essa situação desfavorável os induz a sentimentos de indignidade, inutilidade e culpa, bem como a outros que seguramente, trazem conseqüências preocupantes.

    Desta forma, este quadro descrito, tem como conseqüência um profissional da educação, ou especificamente da Educação Física, cada vez mais propenso ao processo de mal-estar docente, pois inúmeras são as fontes geradoras desta situação.

    Portanto, a partir dessas premissas discriminadas originou-se a seguinte questão problemática, norteadora da investigação: - Quais são os motivos dos sentimentos de satisfação e de insatisfação dos professores de Educação Física emergidos de sua prática profissional cotidiana na escola?

    Assim esta investigação teve como objetivo resgatar os motivos dos sentimentos de satisfação (bem-estar) e insatisfação (mal-estar) dos professores de Educação Física na região central do Estado do Rio Grande do Sul, das cidades de Caçapava do Sul, Júlio de Castilhos, São Sepé, Santa Maria e Tupanciretã, emergidos de sua prática profissional na escola.

    Justificou-se esta investigação, acreditando-se que a mesma possa servir de embasamento para oferecer subsídios para modificações no contexto educacional, particularmente na compreensão do fenômeno do mal-estar docente, auxiliando na melhoria da qualidade de vida pessoal e profissional dos professores envolvidos, procurando ir em busca de um ambiente de trabalho mais agradável e prazeroso.


A metodologia da investigação

    Este estudo qualitativo caracterizou-se por ser uma pesquisa do tipo descritiva e análise de conteúdo. A população constituiu-se pelos professores de Educação Física de 90 escolas de ensino fundamental das redes de ensino municipal (41), estadual (28) e particular (21), das cidades de Caçapava do Sul, São Sepé, Santa Maria, Júlio de Castilhos e Tupanciretã na região central do Estado do Rio Grande do Sul. Desta forma, os participantes deste estudo foram 66 professores de Educação Física do ensino fundamental das redes municipal (24), estadual (25) e particular (17), da região central do Estado do Rio Grande do Sul (Brasil). A escolha dos participantes se deu de forma espontânea onde a disponibilidade dos professores foi o fator determinante. Para a coleta de informações foi um questionário contendo questões abertas e a análise das respostas foi realizada através da análise de conteúdo (TRIVIÑOS, 1987).


Os achados da investigação: a interpretação dos significados

Os sentimentos de satisfação dos professores

    Primeiro sentimento de satisfação: a afetividade com os alunos

    Esta questão foi relacionada sobre o sentimento de satisfação dos professores de Educação Física com a docência na escola, encontrou-se à afetividade com os alunos.

    Analisamos que próximo à metade dos professores estudados, a descreveram, sendo uma grande parcela descrita nas cidades de Santa Maria e Tupanciretã, na metade dos professores de Júlio de Castilhos e São Sepé, e, parte dos de Caçapava do Sul.

    Segundo Cunha (1996) a aula é um lugar de interação entre pessoas e, portanto, um momento único de troca de influências. Assim, a relação professor-aluno no sistema formal é parte da educação.


    Segundo sentimento de satisfação: o aprendizado do aluno

    Outra resposta identificada nos relatos dos professores de Educação Física foi o aprendizado do aluno, lhes proporcionava um sentimento de satisfação com a docência na escola.

    Analisamos que parte dos professores estudados, a descreveram, com a maioria das descrições na cidade de Caçapava do Sul, a metade dos professores de Júlio de Castilhos e São Sepé, e, com uma menor incidência em Santa Maria.

    Segundo Siedentop (1983) o ensino deve ser concebido com direção ao processo de aprendizagem e para isso o ensino deve encontrar maneiras de ajudar os alunos a aprenderem a se desenvolverem através de experiências que os levem a crescer em destreza, entendimento e atitudes.


    Terceiro sentimento de satisfação: o convívio na escola

    Nos relatos dos professores de Educação Física ocorreu o convívio na escola, que lhes proporcionava um sentimento de satisfação com a docência na escola.

    Analisamos que, parte dos professores estudados a relataram, citado apenas nas descrições da cidade de Santa Maria.

    Guevara Valdes et al. (1997: 30) diz que "as pessoas que tem boas relações no ambiente de trabalho tem poucas possibilidades de sofrerem stress ocupacional".


    Quarto sentimento de satisfação: a competição

    Outra resposta identificada nos relatos dos professores de Educação Física, a competição, lhes proporcionava um sentimento de satisfação com a docência na escola.

    Analisamos que, parte dos professores estudados a relataram, citado apenas nas descrições da cidade de Santa Maria.

    Rochefort (1996) diz que na escola o esporte sofre influência do esporte de rendimento, competitivo, sendo esta influência perigosa e problemática.


    Quinto sentimento de satisfação: o conteúdo esportivo da Educação Física

    Houve também, como sentimento de satisfação da docência nas escolas dos professores, o conteúdo esportivo da Educação Física.

    Analisamos que, parte dos professores estudados a descreveram, citado apenas nas descrições da cidade de Santa Maria.

    Segundo Vilas Boas et al. (1988) o esporte como conteúdo faz com que a maioria das pessoas sintam prazer pela sua prática. Isto também acontece com o professor porque ele também é ou foi um praticante.


    Sexto sentimento de satisfação: a liberdade

    Tendo como sexto sentimento de satisfação com a docência escolar encontrado, a liberdade, foi identificado nos depoimentos dos professores de Educação Física.

    Analisamos que, parte dos professores estudados a descreveram, citado apenas nas descrições da cidade de Santa Maria.

    Segundo Krug (2001) cada professor de Educação Física na escola faz o que pode dentro das condições materiais e físicas objetivas que dispõe e faz o que quer dentro da ampla faixa de liberdade relativa que possui.

    O fazer o que pode está vinculado a pouca ou nenhuma orientação pedagógica que os professores recebem da escola. Além disso, o Estado não oferece aos professores um trabalho de acompanhamento pedagógico. Desta forma, os professores buscam soluções para os seus problemas do dia-a-dia de aula, recorrendo, de maneira geral, nas suas experiências vicárias, ou, em poucos casos, aos colegas mais experientes.

    O fazer o que quer está relacionado em grande parte com a desconsideração teórica e prática que existe quanto a sa.s trabalhos. Os professores colocaram que quando chegam orientações do Estado RS da própria escola estas não consideram as suas necessidades. Desta forma, os professores disseram que, nestes casos, adaptam a orientação as suas práticas, ou as esquecem O exemplo são os PCNs.

    Dentro da liberdade relativa, os professores fazem da aula o que querem fazer. Cada um programa os conteúdos que mais gosta, planeja as estratégias didáticas que melhor conhece e que não levem grande quantidade de tempo para a sua preparação, mesmo que nem sempre sejam as mais adequadas ao grupo de alunos.


Os sentimentos de insatisfação dos professores

    Primeiro sentimento de insatisfação: a desvalorização da Educação Física

    Facilmente podemos desvelar nas descrições dos professores que a desvalorização da Educação Física é um sentimento de insatisfação que ocorre com a docência na escola.

    Analisamos que, a maioria dos professores estudados a descreveram, sendo uma grande parcela descrita na cidade de Santa Maria, metade das descrições em São Sepé, e, parte dos de Tupanciretã e Caçapava do Sul.

    Ribeiro (1995) destaca o crescente desprestígio da Educação Física perante a sociedade. Gatti (1997) ainda salienta que a profissão de professor é uma área que tem se tornado menos atrativa, pelas condições de formação, de trabalho e salariais.


    Segundo sentimento de insatisfação: falta de condições materiais

    Notamos que a falta de condições material e física, formam mais um sentimento de insatisfação dos professores de Educação Física com a docência na escola.

    Analisamos que, a maioria dos professores estudados a descreveram, com a maioria das descrições da cidade de Caçapava do Sul, metade das descrições em São Sepé e com uma menor incidência em Júlio de Castilhos e Santa Maria.

    Segundo Giesta (1996) o sentimento de insatisfação do professor com os fatores externos à sua ação pedagógica, tais como falta de condições materiais e físicas, gera falta de entusiasmo pelo trabalho, o que contribui no aprofundamento de uma crise de identidade profissional. Farias et al. (2001) destacam que um dos fatores que interferem negativamente na prática pedagógica dos professores de Educação Física é a falta de materiais disponíveis para a realização das atividades.


    Terceiro sentimento de insatisfação: baixo salário

    Outro sentimento facilmente identificado nos depoimentos dos professores de Educação Física foi de que "os baixos salários" lhes proporcionava um sentimento de insatisfação com a docência na escola.

    Analisamos que, dos professores estudados parte a descreveram, que foi descrito pela maioria dos professores da cidade de Júlio de Castilhos, e, também evidenciado nas descrições dos docentes nas cidades de Caçapava do Sul e Santa Maria.

    Segundo Feil (1995) a manifestação de descontentamento salarial do professor provoca um sentimento de mal-estar profissional determinando um fechamento à mudança e às possibilidades de inovações gerando a alienação e a frustração, o que logicamente interfere na qualidade do ensino.


    Quarto sentimento de insatisfação: nada

    Notamos que no depoimento de alguns professores de Educação Física foi de que "nada" os fazem ter um sentimento de insatisfação com a docência na escola.

    Analisamos que, dos professores estudados parte a descreveram, que foi descrito pela maioria dos professores da cidade de Santa Maria.

    Para Marques (2000: 55-56) ao assumir o exercício autônomo da profissão, o profissional não interrompe seu período de formação, antes o retorna em novas bases, em desafios outros e em nível de mais estreita vinculação entre prática e teoria.


    Quinto sentimento de insatisfação: competitividade que o sistema exige

    Notamos que a competitividade que o sistema exige, foi mais um sentimento de insatisfação dos professores de Educação Física com a docência na escola.

    Analisamos que, a parte dos professores estudados a descreveram, com descrições na cidade de Tupanciretã.

    "A profissão, em sua qualidade de esfera cultural de valores, exige que o potencial cognitivo-instrumental desenvolvido pelas ciências específicas passe efetivamente à prática comunicativa cotidiana dos profissionais entre si e com os interlocutores de seus serviços, respeitadas as pretensões de validez prático-morais e prático-estéticas" (MARQUES, 2000: 50).


    Sexto sentimento de insatisfação: dificuldade de alguns alunos

    Tendo como sexto sentimento de insatisfação com a docência escolar encontrado, a dificuldade de alguns alunos, foi identificado nos depoimentos dos professores de Educação Física.

    Analisamos que, parte dos professores estudados a descreveram, citado apenas nas descrições da cidade de Júlio de Castilhos.

    Freire (apud MOLINA NETO, 1989: 32) diz que "o homem é um ser social. Para se chegar a isto, no entanto, deve-se levar em conta o tempo de maturação biológica, as coordenações espaço-temporais, a formação da imagem corporal, o desenvolvimento do pensamento, dos sentimentos e muitas outras atividades que não podemos esperar de crianças pequenas".


    Sétimo sentimento de insatisfação: a indisciplina dos alunos

    Outro sentimento de insatisfação dos professores com a docência na escola facilmente identificada foi a "indisciplina dos alunos".

    Analisamos que, parte dos professores estudados a descreveram, que foi descrito por parte dos professores da cidade de Santa Maria.

    Segundo Aquino (1996) há muito tempo os distúrbios disciplinares deixaram de ser um evento esporádico e particular no cotidiano das escolas brasileiras para se tomarem, talvez, um dos maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais. Também, está claro que, a maioria dos educadores não sabe como interpretar e administrar o ato indisciplinado.


    Oitavo sentimento de insatisfação: falta de espaços físicos

    Outro sentimento de insatisfação dos professores de Educação Física com a docência na escola foi a falta de espaços físicos disponíveis para o desenvolvimento das aulas.

    Analisamos que, parte dos professores estudados a descreveram, que foi descrito por parte dos professores das cidades de Júlio de Castilhos e Santa Maria.

    Segundo Farias et al. (2001) vários estudos realizados em escolas indicam que existe uma falta de locais, principalmente nas públicas, para as aulas de Educação Física.


    Nono sentimento de insatisfação: o conflito com os colegas

    Notamos que "as brigas com os colegas professores" é um sentimento muito importante de insatisfação dos professores na docência na escola.

    Analisamos que, parte dos professores estudados a descreveram, que foi descrito por parte dos professores na cidade de Santa Maria.

    Leite (apud PATTO, 1983) destaca que o professor está inserido em um sistema complexo de relações humanas. Abraham (1987) comenta que o meio em que o professor está inserido, pode haver dificuldades de trocas de informações, de relacionamentos amistosos, que trazem muitos conflitos e contradições para todos que estão incutidos neste ambiente.


O tema da investigação desvelado: quando entendemos os sentimentos de satisfação e insatisfação, dos professores

    Após o desvelamento das descrições dos professores são visíveis os problemas relacionados aos sentimentos de satisfação e insatisfação dos docentes e esta temática pede espaço na comunidade acadêmica para ser discutida.

    O que mais chama à atenção é que os sentimentos de satisfação dos professores com a docência na escola são, em sua maioria, ligadas as boas relações interpessoais com as pessoas da instituição escolar, predominantemente em relação a afetividade e o aprendizado com os alunos, o que leva ao entendimento de que a escola é um local adequado para o desenvolvimento destas referidas relações. Entretanto, contraditoriamente, temos os sentimentos de insatisfação dos professores com a docência na escola, evidenciado na corrente desvalorização da profissão, que são ligadas ao descaso dos órgãos públicos evidenciadas nas precárias condições de trabalho, materiais e físicas, juntamente com as relações interpessoais, mas consideradas ruins, predominantemente com os alunos, mas também com os colegas professores. Mas aí, centra-se a questão principal: afinal, a escola é um local de boas ou más relações interpessoais? Para acontecer o aprendizado não é necessário um clima positivo entre professores e alunos e conseqüentemente entre os professores? A literatura especializada em educação diz que "sim". Então, o que está acontecendo com a escola e seus professores?

    Talvez o que determine, e é o que nos leva a entender, que a questão(ões) principal(is) que levam a estas essências de sentimentos de satisfação ou insatisfação dos professores com a docência são os condicionantes sociais que atuam sobre a escola. Estes condicionantes podem ser externos como também internos à unidade escolar. Estão ligados às políticas ideológicas, educacionais, econômicas e culturais entre outras.

    Para que se modifique esta situação, para não depender só dos governantes, é necessário operar no íntimo das pessoas visando uma conscientização para a superação dos sentimentos de insatisfação dos professores pela docência detectadas nesta investigação que são prejudiciais às pessoas nestas condições.

    Consideramos que o professor precisa se sentir, antes de mais nada, como uma pessoa que faz parte da sociedade, que pode ter alguma limitação, como qualquer profissional, mas que também possui potencial e capacidade para desenvolver atividades que propiciem prazer e satisfação.

    Lobos (1978) coloca que a insatisfação com alguma coisa no ambiente de trabalho pode levar a um moral baixo e ao absenteísmo.

    Segundo Machado e Costa (2003) o mal-estar docente é um fenômeno que atinge os professores de diferentes países, desgastando a sua imagem e diminuindo o seu prestígio social.

    Consideramos, apoiados em Xavier (1996), que é preciso estabelecer-se nas escolas um clima de colaboração, que seja oposto ao individualismo e ao companheirismo artificial, combatendo a existência de professores competitivos. Com uma postura colaborativa refletindo e investigando em equipe os problemas que dizem respeito aos docentes, em seus próprios contextos, teremos uma melhoria no clima de trabalho, produzindo-se um ambiente de apoio, coesão, intercâmbio e comunicação, onde os professores reconstruam suas idéias e capacidades pedagógicas, revisando e questionando sua realidade e suas práticas, projetando e desenvolvendo esquemas alternativos e melhores para o processo ensino-aprendizagem dos alunos.

    Assim, esta investigação não teve a pretensão de solucionar os problemas do docente e sim contribuir para que estes tomem consciência da realidade que os cercam e tentem compreendê-la mudando as estratégias de trabalho e enfrentando os desafios da profissão. E, que motivados construam e desenvolvam com entusiasmo os seus projetos, para que sintam orgulho de seu trabalho e encontrem a realização profissional.


Referências bibliográficas

  • ABRAHAN, A. El mundo interior de los ensinãntes. Barcelona: Gedisa, 1987.

  • AQUINO, J.R.G. Apresentação. In: AQUINO, J.R.G. (Org.). Indisciplina na escola: alternativas técnicas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.

  • CUNHA, M.I. A relação professor-aluno. In: VEIGA, I.P. de A. (Coord.). Repensando a Didática. 11 e., Campinas: Papirus, 1996.

  • ESTEVE., J.M. O mal-estar docente - a sala de aula e a saúde dos professores. Bauru: EDUSC, 1999.

  • FARIAS, G.O. et al. Formação e desenvolvimento profissional dos professores de Educação Física. In: SHIGUNOV, V.; SHIGUNOV NETO, A. (Org.). A formação profissional e a prática pedagógica: ênfase nos professores de Educação Física. Londrina: O Autor, 2001.

  • FEIL, I.T.S. A formação docente nas séries iniciais do primeiro grau: repensando a relação entre a construção do conhecimento por parte do professor e o modo como ensina. Santa Maria: UFSM, 1995. Dissertação.

  • GATTI, B. A formação de professores e carreira: problemas e movimentos de renovação. Campinas: Autores Associados, 1997.

  • GIESTA, N.C. Tomada de decisões pedagógicas no cotidiano escolar. In: VIII ENDIPE. Anais - Volume I..., Florianópolis: UFSC/UDESC, 1996.

  • GUEVARA VALDES, J.J. et al. Reflexiones sobre el estrés. Santa Maria: O autor, 1997.

  • KRUG, H.N. A construção do conhecimento prático do professor de Educação Física: um estudo de caso etnográfico. Santa Maria: UFSM, 2001. Tese

  • LOBOS, J.A. Comportamento organizacional: leituras selecionadas. São Paulo: Atlas, 1978.

  • MACHADO, S.R.; COSTA, F.T.L. da . Mal-estar docente no ensino médio: contribuições para o desenvolvimento e realização profissional. In: VII Seminário Internacional de Educação no Mercosul. Anais..., Cruz Alta, 2003.

  • MARQUES, M. O. A formação do profissional de educação. Ijuí: Unijuí, 2000.

  • MATTOS, M.G. de. Vida no trabalho e sofrimento mental do professor de Educação Física da escola municipal: implicações em seu desempenho e na vida profissional. São Paulo: USP, 1994. Tese.

  • MOLINA NETO, V. A prática do esporte nas escolas de 1° e 2° graus. 2 ed. Porto Alegre: UFRGS, 1996.

  • PATTO, M.H.S. Introdução à Psicologia escolar. São Paulo: T.A. Queirós, 1983.

  • RIBEIRO, M.L.S. A formação política do professor de 1° e 2° graus. 4 e., Campinas: Autores Associados, 1995.

  • ROCHEFORT, R.S. Desporto na escola: competição ou cooperação? In: PEREIRA, F.M.; RIGO, L.C. (Org.). Educação Física, esporte e escola. Pelotas: UFPEL, 1996.

  • SIEDENTOP, D. Developing teaching skills Physical Education. 2 e., Ohio: Mayfield Publish Company, 1983.

  • VILAS BOAS, A. et al. Perspectivas y problemas de la función docente. Madrid: Notigraf, 1988.

  • XAVIER, B.M. O desenvolvimento profissional através das trocas de experiências. In: CANFIELD, M. de S. (Org.). Isto é Educação Física! Santa Maria: JtC Editor, 1996.

  • TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Google
Web EFDeportes.com

revista digital · Año 12 · N° 115 | Buenos Aires, Diciembre 2007  
© 1997-2007 Derechos reservados