Os clubes de elite do futebol do Rio de Janeiro frente à vitória de um clube popular no campeonato carioca de 1923: a crise entre o amadorismo e profissionalismo |
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*Prof. Dr. do Departamento de Ed. Física. Universidade Federal de Viçosa. **Prof. Dr. do Programa de Pós-Graduação em Ed. Física - UGF. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. (Brasil) |
José Geraldo do Carmo Salles* jgsalles@ufv.br Antonio Jorge Soares** ajsoares@globo.com |
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Argumentos da tese de doutorado: Entre a Paixão e o interesse - O amadorismo e o profissionalismo no futebol brasileiro. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 114 - Noviembre de 2007 |
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Introdução
O amadorismo em crise. A vitória do Clube de Regatas Vasco da Gama no campeonato estadual de 1923
"O pior era que Fausto não podia dizer nada. Para todos os efeitos era um amador, um empregado do comércio, vivendo de seu emprego, não jogando futebol por dinheiro e sim por amor ao clube. Tudo ao contrário: ele jogava futebol por dinheiro e não por amor ao clube". (Rodrigues Filho, 1964, p.191)1
A década de 20 do século passado foi marcada pelos embates acerca da modificação estrutural do futebol na cidade do Rio de Janeiro. Estava em jogo a manutenção do esporte como princípio da distinção social para uma classe de privilegiados, ou a abertura do espaço para a integração de distintas camadas sociais. Neste período, dirigentes, jogadores, torcedores e imprensa posicionavam-se com argumentos individuais, defendendo-os com veemência acerca da moralidade esportiva que se pretendiam para a capital federal. Entre os vários fatos que marcaram a década no futebol, destacamos três: 1) a vitória do Clube de Regatas Vasco da Gama no Campeonato estadual de 1923 promovido pela METRO2, que desencadeou uma reviravolta entre os principais clubes; 2) a ruptura dos grandes clubes3 com a METRO criando uma nossa entidade, a AMEA4; e 3) a adoção das leis de inscrição e de estágio fomentadas pela AMEA, apoiadas por alguns dirigentes e parte da imprensa carioca, que ansiavam pela retomada da moralidade esportiva, considerada comprometida e corrompida pela falta de controle dos clubes sobre a feição amadora dos jogadores.
Neste momento, apresentaremos uma narrativa acerca da vitória do Vasco da Gama no campeonato estadual de 1923, onde enfatizamos o discurso que coloca em xeque a intenção entre fomentar um esporte vinculado ao ethos amador e a crescente tensão que o conduzia ao ethos profissional.
Os dois primeiros episódios citados (A vitória do Clube de Regatas Vasco da Gama em 1923 e a cisão na METRO e A fundação da AMEA - A busca do controle planejada pelos grandes clubes) se inter-relacionam, sendo o segundo conseqüência do primeiro. A vitória do Vasco pareceu-nos ter sido um dos pivôs das transformações que aconteceriam na administração do futebol carioca, quando a METRO perdeu em parte o seu prestígio e surgiu a AMEA, fundada pelos principais clubes que queriam retomar o poder no esporte carioca.
Observamos que o discurso do ideal amador se encontrava fragilizado naquele momento, devido principalmente aos mecanismos adotados pelos clubes na composição de suas equipes. Os clubes buscavam reforçar seus times com os jogadores de destaques, quer estes despontassem em divisões de base dos clubes de elite, quer estes fossem oriundos dos clubes do subúrbio. Essa busca de reforço provocava uma inquietude nas discussões jornalísticas, quando acreditavam que esta estratégia colocava em jogo o espaço destinado ao lazer e a distinção social da elite carioca. Para os conservadores a composição das equipes com jogadores de diferentes camadas sociais era uma ameaça aos clubes, aos cidadãos de boa índole e também ao esporte, bem como poderia produzir um efeito perverso ao que se esperava - que era a melhoria do esporte. Observa-se que para condenar esta composição das equipes com indivíduos de classes populares, utilizavam os mesmo argumentos apontados por Albert Hirschman (1992)5 sobre a retórica utilizada no embate das transformações sociais.
Os dirigentes conservadores acreditavam que os jogadores pertencentes às camadas populares, apesar de suas habilidades futebolísticas, não tinham o refinamento necessário para serem considerados sportmen.
Neste momento, não estaremos preocupados com o desfecho dos episódios relatados; apenas os trataremos como suporte para alicerçar os argumentos acerca da tensão entre as concepções amadoras e o 'profissionalismo mascarado'. As discussões ora apresentadas têm como propósito marcar as narrativas que emergiam por força de uma eminente e explosiva necessidade de mudança do rumo esportivo carioca e ditaria futuramente todas as mudanças no cenário esportivo brasileiro, em função de o Rio ser um centro irradiador de idéias, modos e modas na época.
A vitória do Clube de Regatas Vasco da Gama em 1923 e a cisão na METRONo ano de 1922, o Clube de Regatas Vasco da Gama venceu o campeonato estadual da segunda divisão, adquirindo pelo feito inédito o direito de participação no campeonato oficial da primeira divisão do Rio de Janeiro no ano de 1923. Composta por jogadores populares, a equipe do Vasco, conforme relatara Mário Rodrigues Filho, "seguia a boa tradição portuguesa da mistura" (Rodrigues Filho, 1964, p.119), formando um grupo sem barreiras étnicas e sociais, onde se faziam presentes pretos, mulatos e brancos6.
Esta equipe vascaína veio provocar um assombro na elite do futebol carioca, ao conquistar também o campeonato carioca da primeira divisão, suplantando os clubes de tradição na época. Este período da história do futebol carioca tornou-se bastante fecundo na época e na historiografia do futebol brasileiro nos últimos anos7. Como poderia um clube de origem popular, fora dos padrões estabelecidos pela instituição que organizava o futebol do estado, a METRO, se tornar vencedor do campeonato, cujos propósitos eram servir de divertimento e lazer para uma elite formada por homens de 'bom berço'? Alguma coisa estava errada, algo deveria ser feito, não se podia conceber esta invasão das classes populares, pois como conceber que indivíduos semi-analfabetos, sem status social, começassem a participar do estilo de vida da elite esportiva carioca? Desta forma, o que pesava para os 'nobres cavalheiros' da elite carioca era ver que seu esporte, um dos espaços de distinção social, estava sendo apropriado por indivíduos de comportamentos sociais questionáveis.
Soares (1998), ao estudar aquele período da história do futebol carioca e do clube Vasco da Gama8, aponta-nos algumas pistas inquietantes sobre a tensão que dominava no seio do futebol. Soares alerta que, embora os eixos das análises exploradas sobre aquele período do futebol carioca estejam centrados principalmente sobre as tensões raciais, outros conflitos em torno da ética do amadorismo pareciam apenas englobariam as questões raciais. Parecia estar em jogo o conflito entre a elites e populares, que conseqüentemente colocava em oposição, brancos e negros, times de subúrbio e time da cidade, amadorismo e profissionalismo (p.3), embora o tema que englobaria essas tensões seria o último.
A vitória do Vasco no campeonato de 1923, além de outras lutas internas na instituição, teria levado os 'grandes clubes' a romperem com a METRO. O argumento presente na historiografia, questionado por Soares9, é que a saída dos grandes clubes da METRO foi motivada pelo racismo da elite carioca. Segundo Soares, a tensão entre o amadorismo e profissionalismo talvez pudesse ser mais abrangente para se explicarem os motivos da crise ocorrida na METRO. Quanto à composição da equipe Vascaína naquela época, Soares nos deixa uma pergunta: "o Vasco teria aberto as portas para pretos e mulatos seguindo a boa tradição da mistura", conforme ressaltou Rodrigues Filho "ou pela lógica do mercado?" (p.55) Poderíamos imaginar que a competência esportiva era cobiçada por todos os clubes, torcedores e dirigentes, e que a inclusão de indivíduos de classes populares foi a alternativa encontrada pelo Vasco para se ter uma equipe vitoriosa; uma equipe que aproveitasse o que havia disponível e apresentasse competência sem discriminar ou impor barreira ou exclusão. Para as outras equipes, este critério adotado pelo Vasco comprometia a instituição que 'tentava' manter um esporte compromissado com os valores de distinção social. O problema teria sido que esta estratégia adotada pelo Vasco se tornou explícita, todavia, a história registra que, naquele período, os clubes de elite também utilizavam essa estratégia de forma mais dissimulada.
Seguiremos essas pistas argumentativas para discutir a tensão entre o ethos amador e o ethos profissional, mas não estaremos discutindo a questão racial, como foi o foco principal de Soares.
A tensão provocada pela vitória do Vasco foi apontada pelos cronistas da época, e mesmo os das décadas seguintes, que utilizaram os argumentos da vitória vascaína para fundamentarem suas crônicas. O maior expoente dentre eles teria sido Mário Filho10. Sobre a vitória do Vasco ele colocou que foi uma verdadeira revolução no futebol brasileiro. Vejamos como Rodrigues Filho descreve a situação:
"Desaparecera a vantagem de ser de boa família, de ser estudante, de ser branco. O rapaz de boa família, o estudante, o branco, tinha de competir, em igualdade de condições, com o pé-rapado, quase analfabeto, o mulato e o preto para ver quem jogava melhor.
Era uma verdadeira revolução que se operava no futebol brasileiro. Restava saber qual seria a reação dos grandes clubes". (Rodrigues Filho, 1964, p.73)Rodrigues Filho aponta, em seu comentário, que uma tensão provocada pela vitória vascaína estava por vir e a invasão de jogadores populares seria um desconforto para os jogadores de boa família, representados pelos 'grandes clubes'. Rodrigues Filho insinuava que tal situação provocaria uma reação.
Os principais clubes (América, Botafogo, Flamengo e Fluminense) exigiram mudanças no estatuto da METRO. Reivindicavam alguns critérios para a participação dos clubes e seus respectivos jogadores na liga. Os grandes clubes, igualados aos pequenos na engenharia de poder da instituição, protestavam contra a administração populista que a instituição vinha adotando (Soares, 2001). A proposta tinha como objetivo reforçar o poder decisório dos 'grandes clubes' em relação aos demais. Pesava também sobre a instituição a efetiva falta de controle sobre a condição amadora dos jogadores, devido à política adotada pelo presidente Sr. Agrícola Bethem.
O jornal Correio da Manhã divulgou as exigências propostas pelos clubes: 1) formar um conselho deliberativo; 2) adotar o sistema de eliminatória olímpica na definição dos clubes, visando à participação do campeonato da primeira divisão; e 3) fixar em cinco anos o prazo para reforma e construções das instalações apropriadas ao futebol e demais esportes (Correio da Manhã, 13 de fev/1924, p.4). O mesmo jornal dias depois esclareceu que a proposta não foi bem vista pelos demais clubes - os pequenos clubes -, que rapidamente se mostraram contrários às exigências, pois desta forma ficariam sujeitos às decisões dos 'grandes clubes' (Correio da Manhã, 15 de fev/1924, p.5).
Os 'pequenos clubes' não admitiram as cotas de poder diferenciadas, sugeridas pelos 'grandes clubes', bem como não admitiam a eliminatória olímpica, uma vez que estava fora dos planos de muitos destes clubes o envolvimento com outras modalidades que não o futebol. Naquele momento, os times pequenos, unindo suas forças, conseguiram neutralizar qualquer tentativa de mudança desfavorável, em razão de terem mais votos disponíveis do que os clubes refinados. Este fato foi um dos agravantes na composição de força dentro da METRO, visto que os principais clubes queriam ter privilégios diferenciados, tomando para eles o controle da instituição e estabelecendo os rumos do futebol. A vitória do Vasco abriu um precedente que, segundo os 'grandes clubes', poderia comprometer o local de prestígio que ocupavam. Vejamos mais um indício da tese da ameaça desenvolvida por Hirschman (1992). Ao reivindicarem mais poder, os clubes baseavam-se nas estruturas que já apresentavam em relação aos demais. Julgavam merecedores de mais poder de decisão, pois apresentavam as melhores instalações esportivas e ainda se envolviam com outras modalidades que atendiam ao apelo da formação de uma cultura esportiva brasileira mais ampla. Portanto, suas reivindicações ajustavam-se à tentativa de manter o poder decisório e não admitiam ter votos igualitários com os demais clubes. Soares (1998) aponta que as reivindicações dos principais clubes seguiam "a lógica da sociedade brasileira que vivia sob um regime republicano, mas o espírito oligárquico era ainda a forte marca." (p.258)
O jornal O Paiz (14 de fev/1924), criticou o teor das reformas propostas pelos 'grandes clubes', julgando que estes passariam a ter o poder quase que supremo, e os demais clubes ficariam sujeitos ao sabor das decisões ´dos grandes`. A formação de um novo conselho deliberativo tinha como proposta assegurar a maioria de votos a favor dos clubes reformadores: América, Botafogo, Flamengo e Fluminense11 (Correio da Manhã, 13 de fev/1924). Entre as propostas de reforma, propunham também a implantação de um diretor que seria responsável pelo controle do perfil social e econômico dos jogadores. Este diretor teria amplos poderes para realizar sindicâncias sobre os jogadores inscritos pelas equipes, objetivando estabelecer um controle rígido sobre as condições de amadorismo dos mesmos. A presença de jogadores remunerados no Vasco teria sido uma das argumentações dos clubes reformadores quanto à necessidade de controle sobre o perfil dos jogadores. Inclusive a sindicância teria sido um dos motivos de descontentamento do clube português que não via o amadorismo como algo essencial.
O articulista do jornal O Paiz, apesar de criticar as reformas, julgava que seria salutar o controle sobre a condição amadora dos jogadores e a sindicância seria uma boa medida (O Paiz, 16 de fev/1924, p.7). Todavia, o mesmo colunista, dias depois, alfinetava os clubes reformadores, acusando-os de ignorar o fato de que em seus clubes também havia jogadores que apresentavam uma condição amadora sob suspeita (O Paiz, 20 de fev/1924, p.7).
O jornal Correio da Manhã (22 de fev./1924) trouxe uma matéria que apoiava a causa dos reformadores, entretanto mostrava-se preocupado que tais medidas poderiam afetar a condição financeira da METRO. Nota-se que novamente a idéia da ameaça e/ou do efeito perverso (Hirschman, 1992) aparecem nas argumentações do Correio da Manhã. Apesar de retomarem o controle do futebol carioca, corria-se o risco de ter as finanças comprometidas. Mário Rodrigues, apoiando a causa dos 'grandes clubes', sinalizava que esta proposta viria restaurar a moral esportiva carioca:
"Os grandes ora afastados da Liga estão senhores de muitíssimos outros elementos de sucesso. Eles também podem vencer, não porque sejam apenas grandes e ricos, mas porque, principalmente, abraçaram uma causa veladamente simpática, como seja essa restauração moral do nosso nível sportivo. O football, ultimamente, no Rio, desceu muito no apreço de toda gente, e uma prova eloqüente dessa afirmação está no fato de que, via de regra, os clubes cuidavam mais da bilheteria do que propriamente da cultura sportiva.
Este detalhe vinha sendo observado e não podia mesmo deixar de sê-lo, porque cada ano que passava, se notava ao lado do desprezo pela sorte sportiva o interesse pela sorte financeira.
Do choque desses dois interesses tão distintos, nasceu um mal estar oculto que pouco a pouco se foi avolumando no espírito de quem observava as coisas de um ponto de vista elevado". (Correio da Manhã, 22 de fev/1924, p.5)Mário Rodrigues aponta o interesse financeiro como fator de deterioração da estrutura esportiva carioca. Destaca que a ´causa simpática` dos grandes era a restauração da moral do esporte carioca, referindo-se à recuperação da ética do amadorismo. Observemos que neste momento Mário Rodrigues se colocava como um dos defensores do espírito amador. Tempos depois, seu filho Mário Rodrigues Filho utilizaria a empresa da família para conclamar a adoção do regime profissional.
Os 'grandes clubes' reivindicavam para si os privilégios de jogos em dias especiais, garantindo a bilheteria mais gorda, o que também parece estar de olho mais no interesse financeiro do que na cultura esportiva. O que significa esse resgate da moral?
Diante da impossibilidade de acordo entre os interesses dos 'pequenos clubes' e dos 'grandes clubes', a solução foi a saída desses da METRO. Estavam insatisfeitos com a condição de igualdade imposta pelo regimento. A saída foi criar uma associação que respeitasse os seus direitos e privilégios e obedecesse aos princípios do amadorismo, da moralidade esportiva. Nota-se que o abandono da METRO estava mais relacionado ao poder e controle que reivindicavam do que propriamente a moralização do amadorismo, que já encontrava-se fragilizado. Fundaram para esse fim a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos - AMEA, no dia 01 de março de 192412. O debate acerca da moralidade do esporte na capital federal não parou por aí, conforme apresentaremos em outra oportunidade.
Por ora, nos interessa marcar o teor dos embates originados pela vitória do Vasco da Gama em 1923. Um clube do subúrbio, formado por imigrantes português e classes populares que através da vitória e do apelo popular que passará a despertar, reivindicava o direito de ser grande, trazendo a tona uma tensão acerca do domínio do futebol carioca.
Notas
Rodrigues Filho, M. (1964). O negro no futebol brasileiro. 2ª ed. Rio de Janeiro. Civilização bras. editora.
Liga Metropolitana dos Desportos Terrestres.
Segundo Soares, "a designação de 'grandes clubes', que perdura até os nossos dias, refere-se aos clubes que possuem tradições de vitórias no campo esportivo - principalmente no futebol -, instalações apropriadas para a prática de esportes e um grande número de afiliados e torcedores". Soares, Antonio J. (2001). Racismo no futebol do Rio de Janeiro nos anos 20: uma história de identidade. In: Helal, R; Soares, A. J. & Lovisolo, H. A invenção do país do futebol - mídia, raça e idolatria. Rio de Janeiro. Mauad. Nota nº 4, p.121.
Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.
Hirschman, ao analisar algumas transformações sociais marcantes na história recente da humanidade em torno da cidadania, propõe três teses para argumentar acerca das tensões provocadas por algumas destas transformações: da perversidade, da futilidade, e da ameaça. Seus pressupostos são de que estas teses são utilizadas na retórica dos conservadores e reacionários e também dos chamados liberais e progressistas. Tais teses, em geral, são utilizadas no balizamento das argumentações, mas não necessariamente as três seriam utilizadas em todas as retóricas.
Observe que esta imagem do português como assimilador de culturas estava fortemente marcada no pensamento de Gilberto Freyre.
Murad, M. (1994) Corpo, Magia e Alienação - o negro no futebol brasileiro: por uma interpretação sociológica do corpo como representação social. In: Pesquisa de Campo. n. 0. Rio de Janeiro. UERJ/Departamento Cultural/SR, 3 (71-78); Murad, M. (1998) Futebol e violência no Brasil. In: Pesquisa de campo. N.3/4. Rio de Janeiro. UERJ/Departamento Cultural/SR-3, (89-103); Caldas W. (1990) O pontapé inicial do futebol brasileiro. São Paulo. Ibrasa; Leite Lopes, J. (1994); Gordon Jr. C. (1995). História social dos negros no futebol brasileiro. In: Pesquisa de Campo. n.2 Rio de Janeiro. UERJ/Departamento Cultural/SR-3, (71-90); Gordon Jr. C. (1996) "Eu já fui preto e sei o que é isso", História social dos negros no futebol brasileiro: segundo tempo. In: Pesquisa de Campo. n.3/4 Rio de Janeiro. UERJ/Departamento Cultural/SR-3, (65-78); Santos, J R. (1981) História política do futebol brasileiro. São Paulo. Brasiliense; Aquino, R. S. L. (2002) em Futebol - uma paixão nacional. Rio de Janeiro. Zahar Ed., entre outros.
Soares, A. J. G. (1998). Futebol, Raça e Nacionalidade no Brasil: releitura da história oficial. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-graduação em Educação Física, Universidade Gama Filho.
Segundo Soares, a referência básica, na maioria dos estudos, tem o livro 'O Negro no Futebol Brasileiro', de Mário Rodrigues Filho, cuja primeira edição foi publicada em 1947 e a segunda, acrescida de dois capítulos, em 1964. Esta última edição foi a mais consultada, pelo fácil acesso, e tornou-se um 'manancial inesgotável' de dados para os pesquisadores que estudam a história do futebol brasileiro, principalmente a partir da década de 80. Ele coloca que o livro de Mario Filho se tornou um bloqueio para as pesquisas empíricas (p.6). Soares coloca que a hipótese do seu estudo é demonstrar que a maior parte das atuais narrativas acadêmicas sobre futebol, ao nutrirem-se acriticamente dos dados do livro de Mario Filho, acaba tragada pela força mítica, da narrativa do autor. (p.10)
Mario Filho foi um jornalista que esteve presente nos principais embates acerca da estruturação do futebol brasileiro na época, inclusive com um idealizador de uma sociedade brasileira higienista, acreditando no poder do esporte para esta função, criando argumentos e difundindo-os, fazendo florescer o orgulho da raça nacional. Para disseminar suas idéias, utilizou dos seus prestígios e do seu jornal.
O novo conselho deliberativo seria composto por nove membros, onde cinco seriam representantes dos pequenos clubes, além de um representante de cada um dos clubes reformadores. Todavia, os representantes dos pequenos estariam a cargo dos quatro clubes reformadores, onde eles escolheriam os membros que lhe interessassem. (Correio da Manhã, 15 de fev/1924, p.5)
A fundação da nova entidade teria ocorrido no dia 29 de fevereiro, mas como se tratava de um ano bissexto, optaram por estabelecer o dia 1º de março de 1923 como o dia oficial de implantação.
Referencias bibliográficas
Hirschman, Albert. A retórica da intransigência: perversidade, futilidade e ameaça. São Paulo. Companhia das letras. 1992
Rodrigues Filho, Mário. O negro no futebol brasileiro. (2ª ed). Rio de Janeiro. Civilização brasileira editora. 1964.
Salles, José G. do C. Entre a Paixão e o interesse - O amadorismo e o profissionalismo no futebol brasileiro. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho - Rio de Janeiro. 478p. 2004
Soares, Antonio J. G. Racismo no futebol do Rio de Janeiro nos anos 20: uma história de identidade. In: Helal, R; Soares, A. J. & Lovisolo, H. A invenção do país do futebol - mídia, raça e idolatria. Rio de Janeiro. Mauad. Nota nº 4, p.121. 101-122p. 2001.
Soares, Antonio J G. Futebol, Raça e Nacionalidade no Brasil: releitura da história oficial. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro. 1998.
Periódicos
Jornal Correio da Manhã, fev/1924.
Jornal O Paiz, Fev/1924.
revista
digital · Año 12
· N° 114 | Buenos Aires,
Noviembre 2007 |