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Determinação do padrão alimentar
anormal em atletas de ginástica rítmica

   
*Prof. Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/RS).
Centro de Psicologia do Esporte.
(Brasil)
 
 
Márcio Geller Marques*
marciogmarques@yahoo.com.br  
Márcio Floriano Gudolle  
Alexandre Machado Lehnen
amlehnen@terra.com.br  
Natanael Lopes | Benno Becker Júnior
 

 

 

 

 
Resumo
     O ambiente esportivo pode ser um meio de pressões socioculturais motivadas pelo ideal de um corpo atlético juntamente com resultados do próprio esporte. A união desses fatores pode desencadear transtornos alimentares como, anorexia e bulimia nervosa, transtorno de comer compulsivamente, entre outros. O padrão alimentar por sua vez, pode ser uma medição que aponta a possibilidade ou não de se desenvolver os transtornos alimentares. Esta investigação tem como objetivo determinar a presença do comportamento sugestivos de Padrão de Alimentação Anormal (PAA) em atletas de Ginástica Rítmica de um clube de Porto Alegre. Para isso, foi aplicado inventário EAT-26 e Índice de Massa Corporal (IMC) em 21 atletas do sexo feminino, com faixa etária entre 7 e 21 anos. Como resultado obteve-se a ocorrência de 33,33% de positividade do Padrão de Alimentação Anormal dentro do grupo estudado. Houve uma incidência maior nas categorias com idade de 9 e 10 anos e 15 anos ou mais. Com base nos resultados, sugere-se um conjunto de medidas preventivas capazes de afastar ao máximo o padrão alimentar anormal, conseqüentemente, afastando a possibilidade do desenvolvimento de transtornos alimentares nas atletas do grupo.
    Unitermos: Padrão alimentar anormal. EAT-26. Ginástica Rítmica.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 113 - Octubre de 2007

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Introdução

    Comportamento alterado no padrão alimentar é considerado um forte preditor de transtornos do comportamento alimentar (TCAs), que compreendem principalmente a anorexia e bulimia nervosa, bem como, o transtorno de comer compulsivamente. Mulheres jovens, por serem os maiores alvos das pressões da sociedade sobre padrões estéticos, compõem um forte grupo de instalações de TCA (Ballone, 2003).

    Atletas além de sofrer as pressões sociais, sofrem também pressões de resultados, oriundos de dirigentes, patrocinadores, familiares, amigos, etc. Portanto, é fácil concluir que atletas do sexo feminino formam talvez o grupo de risco mais eminente quando se trata de transtornos do comportamento alimentar (Marshall & Harber, 1996).

    A ginástica rítmica é um esporte exclusivamente feminino, conceituada como a busca do belo, uma explosão de talento e criatividade, em que a expressão corporal e o virtuosismo técnico se desenvolvem juntos, formando um conjunto harmonioso de movimento e ritmo (Laffranchi, 2001). Para tanto, é preciso aliar corpos graciosos com força e explosão.

    Portanto, determinar o padrão alimentar em um grupo de risco como a ginástica rítmica, pode ser um importante indício para se diagnosticar precocemente algum tipo de transtorno alimentar. Essa medida preventiva pode além de proporcionar uma melhora em termos de saúde, pode também prover uma melhorar no desempenho atlético.


Objetivo

    O objetivo desse estudo foi determinar a existência ou não do padrão alimentar anormal (PAA) em atletas de ginástica rítmica de um clube de Porto Alegre.


Fundamentação teórica

    A psicopatologia dos transtornos alimentares tem sua expressão conflitiva no ato de comer, mais precisamente em um desequilíbrio na ingesta de alimentos, que pode ser tanto excessiva e compulsivamente, como o seu oposto, a restrição alimentar severa, denominada de "aversão" aos alimentos e ao ato de comer em si (Cordás & Neves, 1999). Os transtornos alimentares mais comuns podem ser citados como anorexia e bulimia nervosa e o transtorno de comer compulsivamente (Associação Americana de Psiquiatria, 1995).

    A anorexia nervosa é caracterizada por uma extrema restrição energética auto-imposta tendo como objetivo a perda excessiva de peso (Lewellyn-Jones & Abrahan, 1984; Ruud & Grandjean, 1996). Os sintomas mais comuns deste distúrbio incluem na manutenção do peso corporal inferior a 85% do que é considerado adequado para estatura e idade, intenso medo de engordar, percepção alterada da imagem corporal, distúrbios menstruais, desmineralização óssea, perda de massa muscular e gordura corporal, irregularidades digestivas, arritmias cardíacas, desidratação, intolerância ao frio (mãos e pés), cabelos finos e fracos, entre outras (Katch & McArdle, 1996). Deve-se ressaltar que uma restrição energética severa acarreta, incondicionalmente, em uma diminuição na taxa metabólica basal e prejuízos nas funções músculo-esquelética, cardiovascular, endócrina, termorregulatória e outras (American College of Sports Medicine, 1997).

    A bulimia nervosa está relacionada a uma ingestão descontrolada e compulsiva geralmente seguida por uma purgação. Os métodos de purgação freqüentemente encontrados, os quais estão relacionados a um comportamento patológico de controle de peso incluem: indução a vômitos, abuso no uso de laxantes, diuréticos e moderadores de apetite e prática de exercícios físicos intensos (Ruud & Grandjean, 1996). As principais conseqüências da bulimia nervosa são: perda de fluidos e eletrólitos durante a purgação podendo levar à desidratação, desequilíbrio ácido-básico e eletrolítico e arritmias cardíacas (American College of Sports Medicine, 1997).

    O transtorno do comer compulsivo na literatura presente ainda não é considerado uma categoria diagnóstica. Está consignado como um transtorno alimentar sem outra especificação. A literatura encontrada na CID-10 (OMS, 1993) se refere a hiperfagia, que tem como conseqüência o acúmulo excessivo de gordura no organismo. Porém, pode estar associado com um efeito contrário à anorexia e bulimia nervosa.

    A determinação de um padrão alimentar, pode ajudar no diagnóstico do risco associado a desenvolver transtornos alimentares como os citados anteriormente. O Padrão Alimentar Normal (PAN) ocorre quando a ingesta for suficiente e equilibrada dos nutrientes necessários para uma homeostase orgânica satisfatória. Ao contrário, Padrão Alimentar Anormal (PAA) trata-se de um conjunto de práticas alimentares que em função de atitudes comportamentais e idéias inadequadas a respeito da ingestão de alimentos, não fornecem subsídios necessários ao equilíbrio nutricional. Contrariam os hábitos culturais adotados pelo grupo no qual o indivíduo está inserido e desconsideram o prazer normalmente associado ao ato de comer (Barros, 1998). Da mesma forma, existe um risco maior das pessoas que possuem PAA evoluírem para um transtorno alimentar, principalmente os citados anteriormente.

    O padrão alimentar em termos gerais sofre um constante processo de metamorfose na cultura mundial. As regras sociais, principalmente estéticas, regem o padrão alimentar da sociedade em questão. Como as atletas fazem parte da sociedade, elas não ficam imunes às mudanças do padrão alimentar.

    De fato, principalmente pelo desconhecimento em relação às especificidades que a prática esportiva impõe e em busca dos padrões estéticos impostos pela sociedade, algumas atletas comprometem a própria saúde e esforçam-se para alcançarem ou manterem uma meta inadequada de peso corpóreo, com um percentual de gordura corporal tão baixo quanto possível (Williams, 1989).

    A ginástica rítmica por sua vez, é um esporte exclusivamente feminino, exige confluência de explosão, criatividade, conjunto harmonioso de movimento e ritmo, aliado a corpos graciosos e torneados. Fica evidente que atletas de ginástica rítmica constituem em uma preocupação constante em harmonizar os elementos essenciais para o sucesso das apresentações, principalmente de ordem nutricional.

    Em geral, as atletas são acometidas por uma síndrome denominada "Tríade de atletas femininas" (Putukian, 1994; American College of Sports Medicine, 1997). Consiste em um desequilíbrio nutricional causado principalmente por desordens alimentares, amenorréia e osteoporose (Putukian, 1994; American College of Sports Medicine, 1997; McArdle et al.,1999). Os componentes da tríade estão inter-relacionados em etiologia, patogênese e uma série de conseqüências que incluem deficiência de ferro, anemia, irregularidades menstruais, desmineralização óssea e injúrias músculo-esqueléticas (Benson et al., 1985; Putukian, 1994; Sundgot-Borgen, 1994; American College of Sports Medicine, 1997; McArdle et al., 1999). A gênese destes distúrbios ainda é controversa, porém supõe-se que esteja relacionada ao baixo consumo energético, intenso treinamento físico, baixo percentual de gordura corpórea, alteração do perfil endócrino, ansiedade e estresse emocional (Committe on Sports Medicine, 1989).

    Atletas femininas que praticam exercícios físicos intensos e apresentam alterações no comportamento alimentar, além de correrem o risco de desenvolverem deficiência de ferro, com ou sem anemia, comumente apresentam irregularidades menstruais caracterizadas por oligomenorréia e amenorréia (Arena, 1995). Atletas jovens com amenorréia podem apresentar uma massa óssea menor do que as que sempre mantiveram ciclos de menstruação normal, menor até mesmo do que muitas mulheres na pós-menopausa, e conseqüentemente, maior risco de osteoporose.

    Outras conseqüências clínicas observadas em atletas amenorréicas estão relacionadas à saúde reprodutiva e ao risco aumentado de doenças cardiovasculares. A redução na fase lútea é comum entre as atletas e a incidência de infertilidade é elevada. A prática de atividade física regular e a concentração plasmática de estradiol estão envolvidos na prevenção de coronariopatias, principalmente através do efeito benéfico sobre as lipoproteínas plasmáticas (HDL colesterol). Um estado hipoestrogênico crônico pode afetar negativamente os lipídios plasmáticos anulando os efeitos benéficos do exercício físico sobre os mesmos.


Materiais e métodos

    Foi aplicado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tanto para a diretora como para treinadora do clube, além das atletas maiores de 12 anos. Para as atletas menores de 12, o TCLE foi entregue aos seus responsáveis, por essa faixa etária possuir autonomia reduzida.

    Estudo caracterizado como descritivo, de corte transversal, pois apresenta somente uma avaliação para cada atleta ao longo do eixo do delineamento.

    A amostra foi composta por 21 atletas de ginástica rítmica do sexo feminino, com faixa etária entre 7 e 21 anos, todas pertencentes a um clube de Porto Alegre/RS. As faixas etárias são categorizadas, segundo a Federação Gaúcha de Ginástica Rítmica, da seguinte forma: mini-mirim entre 7 e 8 anos; infantil B entre 9 e 10 anos; infantil A entre 11 e 12 anos; juvenil entre 13 e 14 anos; 15 anos ou mais é considerada categoria adulta.

    Os instrumentos utilizados para avaliação foram: Eating Attitudes Test 26 (EAT-26) e o Índice de Massa Corporal (IMC). EAT-26 (Garner & Garfinkel, 1979; Barros, 1998) é um dos inventários mais utilizados atualmente na realização de pesquisas clínicas e epidemiológicas. A versão atualmente publicada possui 26 perguntas elaboradas especificamente para o levantamento de dados epidemiológicos sobre padrão alimentar anormal (Cordás & Neves, 1999).

    IMC considera que, ao ser o peso uma medida de volume, se o denominador for elevado a mais de uma dimensão, diminui a influência da estatura, que perde a potência na valorização diagnóstica. Os valores de comparação são considerados internacionalmente e foram recomendados pelo National Institutes of Health Consensus Development Conference Statement (1985), conforme Tabela 1. Através do cruzamento das informações do EAT-26 com o diagnóstico do IMC, pode-se inferir qual a direção do desvio de padrão alimentar anormal.

    A aplicação do Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26) foi realizada durante o mês de outubro/2005, abrangendo os turnos de treino das atletas. Estiveram presentes, psicólogo de esporte (quem aplicou o teste), alunos do centro de pesquisa em psicologia do esporte da instituição organizadora da pesquisa e a treinadora do clube. Antes da realização do teste foi reforçada a necessidade de se obter veracidade e sinceridade nas respostas, assim como o preenchimento de todos os dados para posterior levantamento. Também foi enfatizado sobre o sigilo e privacidade das informações do questionário. O tempo para responder o questionário foi livre. A média do grupo ficou em torno de 10 minutos. Após responderem e entregarem o inventário foi mensurada a altura e o peso para o cálculo do IMC.

    A análise dos dados foi feita quantitativamente, primeiro usando estatística descritiva de freqüência para os dados do EAT-26. Posteriormente, foi utilizada análise Q-Quadrática para estimar relação de dependência entre os resultados EAT-26 com categoria e ICM.


Resultados

    O levantamento dos dados do EAT-26 evidencia que, da a amostra total (n=21), 14 atletas obtiveram resultados negativos e 7 resultados positivos. Portanto, houve um índice de positividade de 33,33% e negatividade 66,67 (conforme Tabela 2).

    Na Tabela 3, pode-se observar a distribuição da média das questões do inventário dentro das faixas etárias. A categoria com maior escore foi a adulto, correspondendo 22,60 ± 9,5 pontos.

    Por outro lado, não foi evidenciada relação significativa de dependência entre o resultado do inventário e a faixa etária, conforme Tabela 4.

    O IMC da amostra estudada apresentou maior freqüência na faixa de peso magro, com 71,43%. Se comparado com os escores do inventário, a média mais alta do EAT-26 foi dentro das atletas com IMC categorizado como normal, conforme Tabela 5.

    Como se pode observar, o escore médio mais alto foi obtido pelas atletas com o peso normal. Por outro lado, não houve relação de dependência entre EAT-26 e os resultados do IMC, conforme Tabela 6.


Discussão

    Em estudo epidemiológico (Deter, Herzog & Manz, 1994) que acompanhou com 103 pacientes anoréxicas durante 12 anos, foi problematizado se as mesmas voltariam ao gozo de sua saúde psicológica após terem sido diagnosticadas clinicamente com anorexia nervosa. Em um caso de consulta, levando-se em conta todas as descobertas relevantes, 40,1% das pacientes mostraram-se saudáveis, 30,4% considerou-se como ainda apresentando distúrbios psíquicos severos, e 29,4% foram classificadas como desoladas. Tendo em vista estes resultados, existe uma mera impressão de estarem psicologicamente saudáveis, mas o prognóstico em longo prazo não tem se mostrado consistente.

    Nunes (1994), pesquisou adolescentes de classe social média e baixa, na faixa etária dos 11 aos 19 anos, estudantes de uma Escola Pública de Porto Alegre, utilizando o EAT-26 com escore > 21, de um total de 486 questionários válidos, encontrou positividade de 11,6% da população, citando "A correlação do EAT positivo com baixo peso (IMC 19) nos levou a 2,47% da amostra, sendo este grupo de maior risco para desenvolver distúrbios de conduta alimentar. Tais achados estão de acordo com a literatura".

    Dados obtidos em pesquisas (Grange, 1994; O'Connor et. al., 1996), demonstram uma prevalência de transtornos alimentares entre atletas do sexo feminino em 42% para esportes estéticos (ginástica artística, GRD, patinação e etc.), 24% em esportes de endurance (corridas de fundo, triathlon e etc.), 17% em esportes técnicos e 16% em esportes com bola (vôlei, handebol, basquete e etc).

    No presente trabalho, o padrão de alimentação anormal (PAA) medido pelo EAT-26 foi de 33,33%. Comparando com os resultados das pesquisas citadas pode-se inferir que existe uma tendência à instalação de padrão alimentar anormal, aumentando o risco de transtornos alimentares compulsivos, mas não caracterizando no momento, um processo psicopatológico no grupo estudado.

    Os dados estatísticos do EAT-26 constatados por idade, na faixa etária dos 15 anos ou mais, foram à média de 22,60%, sendo que Barros (1998) chegou a uma pontuação média de 10,38%, para faixa etária semelhante. Uma preocupação constante de atletas que se destacam pelo baixo peso é a possibilidade de indução ao vômito após episódios de compulsão alimentar. Essa indução pode apresentar diminuição na concentração do potássio sérico, que é o principal cátion responsável pela contração muscular. A fraqueza muscular característica de tais atletas pode estar relacionada à hipocalemia (Kopp-Woodroffe et al., 1999). A indução à vômitos também pode resultar em problemas físicos crônicos, incluindo: distúrbios gastrintestinais, aumento da glândula parótida, erosão e perda do esmalte dentário, desidratação, entre outros (Katch & McArdle, 1996; American College of Sports, 1997).

    Para as atletas que já tiveram a menarca, uma constante preocupação e enfatizado pelos escores do EAT-26 é o estresse psicológico e fisiológico induzido pela competição e pelo treinamento físico intenso. Esse quadro pode aumentar a produção de andrógenos adrenais e modificar o clearance metabólico de estrógenos, exercendo um papel importante na etiologia da amenorréia (Arena, 1995; Dook, 1997). Os principais hormônios envolvidos são: hormônio luteinizante, estradiol, prolactina, endorfina, prostaglandinas, dopamina, epinefrina, norepinefrina e cortisol (Putukian, 1994). Assegurando essa preocupação, Marques (2003) preconiza que a verdadeira competição é aquela que proporciona bem-estar físico (fisiológico) e psicológico. Se algum desses dois aspectos é afetado, a competição não está sendo orientada corretamente. Portanto, uma atenção deve ser dada para essas atletas no sentido de verificar se o estresse sofrido por elas está influenciando nos episódios de padrão alimentar anormal e assegurar o benefício da competição em si para essas atletas.

    A pontuação do EAT-26 por IMC não caracterizou correlação significativa na qual o sujeito se enquadra, corroborando com os resultados aferidos por Barros (1998). Muito embora foi constatado um percentual significativo de resultados abaixo do peso no IMC (15 do total de 21 atletas). Uma preocupação contundente com essas atletas de baixo peso é um episódio chamado de "anorexia atlética". Os critérios para seu diagnóstico incluem: perda de peso, atraso na puberdade, disfunção menstrual, queixas gastrintestinais, ausência de doença ou desordem afetiva que pudesse explicar a redução de peso, falsa imagem corporal, excessivo medo de ganhar peso, restrição alimentar, vômitos auto-induzidos, uso de laxantes, diuréticos e exercícios físicos compulsivos (Sundgot-Borgen, 1994).


Conclusões e recomendações

    A pesquisa se destacou por apresentar subsídios para avaliação de possíveis transtornos alimentares compulsivos. As conseqüências desse quadro são inúmeras e se agravam em relação à faixa etária. A pesquisa serviu, além dos dados normativos, como alerta para que a comissão técnica, dirigentes, pais e responsáveis se unam em prol da saúde no esporte.

    Embora os dados da pesquisa sejam consoantes com os da literatura, existe a preocupação sobre o aspecto maturacional e psicológico em relação das ocorrências de PAA na população estudada. A principal preocupação são os distúrbios os quais transferem proporções sobre a carga amenorrética, pois causam inúmeros desequilíbrios fisiológicos, afetando inclusive o desempenho da atleta.

    Recomenda-se outros estudos com populações de atletas de modalidades diferentes e até mesmo em indivíduos não atletas. Desta forma, pode-se ter maiores subsídios para a intervenção correta. O cruzamento do instrumento EAT-26 com avaliações mais específicas, como percentual de gordura, somatotipo, entre outras, poderá determinar uma maior precisão sobre a definição do perfil dos indivíduos passíveis de padrão alimentar anormal.


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revista digital · Año 12 · N° 113 | Buenos Aires, Octubre 2007  
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