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Estudo da qualidade de vida de mulheres idosas
participantes do Programa da Universidade Aberta
à Terceira Idade na cidade de Ponta Grossa - PR

   
  1. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná.

  2. Universidade Paranaense, Toledo, Paraná.

  3. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná.

  4. Universidade Estadual de Ponta Grossa.
        (Brasil)


 
 
Fabrício Cieslak1  
Hassan Mohamed Elsangedy1 | Kleverton Krinski2  
Cosme Franklin Buzzachera1 | Daniele Cristina Vitorino1,3  
Guanis de Barros Vilela Júnior4 | Neiva Leite1
facieslak@gmail.com
 

 

 

 

 
Resumo
     O presente estudo objetiva avaliar a qualidade de vida (QV) de mulheres idosas participantes do programa Universidade Aberta à Terceira Idade da cidade de Ponta Grossa - PR. A amostra compreendeu 50 mulheres com idade entre 60 e 73 anos. Para mensuração da QV das mulheres utilizou-se o questionário WHOQOL-Bref. A análise do questionário foi realizada por intermédio dos critérios propostos pela equipe australiana do WHOQOL e a consistência interna das respostas foi avaliada através do coeficiente de fidedignidade de Alfa-Cronbach. O valor do coeficiente de Alfa-Cronbach foi de α=0,87. Os resultados obtidos foram satisfatórios para uma QV geral, sendo que os piores valores obtidos foram para o domínio ambiental. Dessa forma, pode-se inferir que a QV das mulheres idosas participantes do programa Universidade Aberta à Terceira Idade foi satisfatória, entretanto os valores encontrados para o domínio ambiental evidenciam a necessidade de investimentos em políticas públicas.
    Unitermos: Qualidade de vida. Idosas. WHOQOL-Bref.
 
Abstract
     The present study objective to evaluate the quality of life (QL) of aged women participant of the program Open University to the Elderly of the city of Ponta Grossa - PR. The sample understood 50 women with age between 60 and 73 years. The QL of the women was measured through of the WHOQOL-Bref questionnaire. The criteria proposed by the australian team of WHOQOL were use in the analysis of the questionnaire on QL and the internal consistency of the answers was analyzed through the alpha coefficient of Cronbach. The value of the coefficient of Cronbach was of α=0.87. For the QL general the results had been satisfactory, being that the worse gotten values had been for the ambient domain. Of this form, it can be inferred that the QL of aged women participant of the program Open University to the Elderly was satisfactory, however the values found for the ambient domain evidence the necessity of investments in public politics.
    Keywords: Quality of life. Elderly. WHOQOL-Bref.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 113 - Octubre de 2007

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Introdução

    O processo de envelhecimento populacional tem sido observado em inúmeros países nas últimas décadas, incluindo o Brasil (CAMARANO, 2002; IBGE, 2000), onde um crescente aumento da população idosa tem ocorrido em detrimento aos demais segmentos etários. Dessa maneira, a busca pela avaliação e compreensão das condições de vida do indivíduo idoso demonstra-se de grande importância científica e social por possibilitar a implementação de alternativas eficientes de intervenção, no intuito da promoção do bem-estar e desenvolvimento de meios para atender às suas dificuldades inerentes (VERAS, 1994; SOUSA et al., 2003), contribuindo assim para a melhora de sua qualidade de vida (QV).

    Apresentando caráter multifatorial, a QV poderia ser referida como a percepção individual sobre a sua posição num contexto cultural e de sistema de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (WHO, 1995). Uma das possíveis maneiras para a determinação desses inúmeros fatores relacionados à QV é através da utilização do instrumento World Health Organization Quality of Life (WHOQOL), o qual tem sido recentemente empregado em estudos nacionais (FLECK, et al., 2000) e internacionais (THE WHOQOL GROUP, 1995; SAXENA et al., 2001).

    Considerado um dos instrumentos mais utilizados, o WHOQOL-100 é um protocolo complexo, constituído de 100 questões referentes a 6 aspectos: espiritualidade, físico, nível de independência, psicológico, relações sociais e meio-ambiente (WHO, 1995). Entretanto, no interesse da utilização de um instrumento de menos complexo e de fácil aplicabilidade, desenvolveu-se o WHOQOL-Bref, um questionário (com a mesma essência do WHOQOL-100) contendo 26 questões circunscritas a 4 domínios citados anteriormente, sendo eles: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. O presente protocolo está tendo alta aceitação e segue sendo testado e validado em diversos países, inclusive no Brasil (FLECK et al., 2000).

    A utilização e aplicabilidade do WHOQOL-Bref visa a busca pelo conhecimento de um determinado grupo, amostra e/ou população facilitando nesse aspecto a identificação de possíveis carências referentes aos domínios avaliados.

    Desse modo, o objetivo do presente estudo foi verificar a QV de mulheres idosas participantes do programa Universidade Aberta à Terceira Idade da cidade de Ponta Grossa - PR.


Procedimentos metodológicos

    O presente estudo adotou delineamento observacional, descritivo e transversal, sendo realizado no município de Ponta Grossa - Paraná, no ano de 2006. A amostra foi composta por 50 indivíduos do sexo feminino, com idade entre 60 e 73 anos, participantes do programa Universidade Aberta à Terceira Idade. Após detalhado esclarecimento sobre os propósitos dessa investigação, procedimentos utilizados, benefícios e possíveis riscos atrelados, os participantes assinaram termo de consentimento, condicionando sua participação de modo voluntário.

    A QV das mulheres idosas foi mensurada através da utilização do questionário WHOQOL-Bref, protocolo desenvolvido pelo grupo de estudos de QV da Organização Mundial da Saúde em 1995, com validação efetuada em mais de 20 países.

    O presente instrumento é composto por 26 questões relativas aos últimos quinze dias anteriores à avaliação. Duas questões referem-se à percepção individual da qualidade de vida e as demais estão subdivididas em 4 domínios, representando cada uma das 24 facetas que compõem o instrumento original (WHOQOL-100), sendo elas: (a) Domínio I - Físico: dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades da vida cotidiana, dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho; (b) Domínio II - Psicológico: sentimentos positivos, pensar, aprender, memória e concentração, auto-estima, imagem corporal e aparência, sentimentos negativos, espiritualidade, religião e crenças pessoais; (c) Domínio III - Relações Sociais: relações pessoais, suporte (apoio) social, atividade sexual; (d) Domínio IV - Meio Ambiente: segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade, oportunidade de adquirir novas informações e habilidades, participação em, e oportunidades de recreação/lazer, ambiente físico: poluição, ruído, trânsito, clima e transporte (THE WHOQOL GROUP, 1998).

    Para o tratamento estatístico dos dados referentes à investigação da QV, adotaram-se os critérios propostos pela versão australiana do WHOQOL (THE AUSTRALIAN CENTRE FOR POSTTRAUMATIC MENTAL HEALTH, 2003). A verificação da consistência interna (ou seja, o grau pelos quais os itens dentro de um domínio são coesivos e homogêneos em conteúdo) foi obtida por intermédio do coeficiente de fidedignidade de Alfa Cronbach (α), mediante utilização do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, versão 13.0) for Windows.


Resultados e discussão

    Segundo a literatura, o tema QV é visualizado sob uma multiplicidade de olhares, seja da ciência, através de várias disciplinas, do senso comum, do ponto de vista objetivo ou subjetivo, e em abordagens individuais ou coletivas. No campo da saúde, quando interpretado no sentido ampliado, ele possui como suporte a compreensão das necessidades humanas fundamentais, materiais e espirituais, apresentando de forma relevante o seu foco no conceito de promoção da saúde. Quando visualizada com maior ênfase, a QV em saúde coloca sua centralidade na capacidade de viver sem doenças ou de superar as dificuldades dos estados ou condições de morbidade. Esse fato decorre, obedecendo ao propósito de atuação dos profissionais no âmbito em que podem influenciar diretamente, ou seja, aliviando a dor, o mal-estar e as doenças, interferindo sobre os agravos geradores de dependências e desconfortos, seja para evitá-los, como para minorar conseqüências dos mesmos ou das intervenções realizadas em seu diagnóstico e tratamento. (MINAYO et al., 2000).

    Foram obtidos através da aplicação do questionário WHOQOL-Bref os resultados referentes à QV, subdivididos conforme os critérios adotados para análise dos resultados, no seguinte formato: Domínio I - Físico, Domínio II - Psicológico, Domínio III - Relações Sociais e Domínio IV - Meio Ambiente (Tabela 1).

    O valor da consistência interna das respostas do WHOQOL-Bref foi obtido através do coeficiente de fidedignidade de Alfa Cronbach, sendo o valor de α=0,87.

    A avaliação da QV das mulheres participantes do programa da Universidade Aberta à Terceira Idade conferiu resultados satisfatórios no panorama geral, sendo que verificamos bons resultados para os domínios: físico, psicológico e relações sociais.

    Como a população da pesquisa refere-se a estudantes, podemos considerar que os resultados podem ter sido influenciados diretamente ou indiretamente pelo conhecimento de fatores relacionados a programas de promoção da saúde.

    Conforme Nahas (2003), os efeitos benéficos da atividade física a partir da meia idade e na velhice podem ser analisados na perspectiva individual, incluindo aspectos fisiológicos, psicológicos e relações sociais, onde ocorrem benefícios imediatos que proporcionam alterações durante e após a sua realização, entretanto as modificações estruturais e funcionais são verificadas em função da prática regular de atividades físicas consideradas como benefícios a médio prazo, observáveis em algumas semanas ou meses.

    Os piores valores da QV encontrados no grupo estudado referem-se ao domínio ambiental, corroborando os dados apresentados em outros estudos.

    Cieslak et al. (2006), na análise da QV dos estudantes do município de Ponta Grossa, obtiveram os menores valores para este domínio, sendo, desta forma, o principal ponto vulnerável da população estudada. Em pesquisa realizada por Gordia et al. (2006), verificou na avaliação de 65 indivíduos do sexo masculino pertencentes ao exército brasileiro uma semelhança aos resultados do estudo em questão, identificando valores inferiores para o domínio ambiental em relação aos outros domínios.


Conclusão

    Visando um conhecimento mais aprofundado referente a QV dos participantes do Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, podemos relatar que a aplicação do instrumento WHOQOL-Bref tornou-se fundamental na análise dos domínios e facetas dessa população.

    Em relação a QV geral das mulheres idosas, observa-se que os resultados apresentados foram satisfatórios, porém o domínio ambiental apresentou os piores resultados, verificando-se a necessidade de intervenções de órgãos governamentais para a obtenção de uma melhora nesta questão, de forma que, este domínio refere-se a fatores que não podem ser controlados individualmente.

    Pode-se concluir que os resultados deste estudo são de vital importância como fonte de informações sobre a QV de mulheres idosas participantes do Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, apresentando resultados positivos para uma QV geral e que evidenciam a necessidade de investimentos em políticas públicas.


Referências bibliográficas

  • CAMARANO A. A. O Envelhecimento da População Brasileira: Uma contribuição demográfica. Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada 2002; 1-97.

  • CIESLAK, F.; BARCHAKI, C. de F.; LEVANDOSKI, G.; VILELA JÚNIOR, G. de B.; ELSANGEDY, H. M.; KRINSKI, K.; CHAGAS, T. R. Avaliação do Índice de Qualidade de Vida dos Estudantes do Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA) - Ponta Grossa - PR. Anais do I Congresso Brasileiro de Metabolismo Nutrição e Exercício, 1(1): p.40, 2006.

  • FLECK, M. P. de A.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CHACHAMOVICH, E.; VIEIRA, G.; SANTOS, L.; PINZON, V. Aplicação da Versão em Português do Instrumento Abreviado de Avaliação da Qualidade de Vida "WHOQOL-Bref". Revista de Saúde Pública, 34(2): 178-83, 2000.

  • GORDIA, A. P.; QUADROS, T. M. B. de.; VILELA JÚNIOR, G. de B. Quality of Life and Physical Fitness of Individuals in the Brazilian Army. The Fiep Bulletin, 76 (Special Edition): 82-85, 2006.

  • IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Perfil dos idosos responsáveis no Brasil, 2000.

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  • THE AUSTRALIAN CENTRE FOR POSTTRAUMATIC MENTAL HEALTH. The University of Melbourne. Trauma related research, training and policy development, 2003.
    Disponível em: http://www.acpmh.unimelb.edu.au/whoqol/whoqol-bref_5.html. Acesso em: 09/06/2006.

  • THE WHOQOL Group 1995. The World Health Organization Quality of Life Assessment (WHOQOL): position paper from The World Health Organization. Social Science and Medicine. 41(10): 1403-1409, 1995.

  • THE WHOQOL Group. Development of the World Health Organization WHOQOL-Bref. Quality of Life Assesment. Psychol Med. 28: 551-558, 1998.

  • VERAS, R. P. País Jovem com Cabelos Brancos: a saúde do idoso no Brasil. Rio de Janeiro (RJ): Relume Dumará - UERJ; 1994.

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