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Introdução

    Sabe-se que a busca por um espaço no cenário futebolístico brasileiro é muito concorrida. Para que uma criança possa ter acesso a uma escola esportiva formadora de atletas profissionais, ela necessita primeiramente apresentar potencial satisfatório para que profissionais especializados na área de treinamento esportivo possam detectá-lo e posteriormente investir em seu desenvolvimento atlético. Em âmbito mundial, atualmente o futebol brasileiro é o maior formador de atletas profissionais, onde se podem encontrar muitos clubes que apresentam como características, a detecção de atletas e a seleção de crianças e jovens com potencial. Para que se possa desenvolver um atleta de alto nível esportivo, este precisa iniciar um processo somático que apresenta seu início tão importante quanto o fim. O período de iniciação do esporte deve ser considerado fundamental para o desenvolvimento do atleta, para que ele possa evoluir de forma integral e progressiva. Sendo assim, a abordagem do treinador na infância é fator preponderante no somatório de vivências e aprendizados do atleta até o momento que ele chegue ao período profissional. A otimização desse processo de treinamento é intrinsecamente relacionada com a utilização de exercícios adequados e a correta orientação e interferência do profissional responsável por este processo.

    De acordo com estudos de Ulbrich (1974) apud Weineck (2003), aproximadamente 6% dos indivíduos em uma escala relacional, apresentam performances acima da média e podem ser considerados talentos esportivos. Para que se possa desenvolver um talento é preciso procurá-lo, buscar indivíduo que tenha pré-disposição para determinada atividade. O reconhecimento do talento esportivo somente poderá ser feito através da aplicação deste em modelo sistemático de treinamento, para que possa ser observado seu desempenho na modalidade. "...O incentivo ao talento é composto por um conjunto de procedimentos que visam o desenvolvimento específico em uma modalidade esportiva e sobretudo o desenvolvimento das aptidões de atletas talentosos..."(Röthig, 1966).

    O processo de treinabilidade ao qual o atleta submete-se, dependendo da modalidade pode completar o período de 6 a 10 anos ininterruptos até que se chegue em um perfil de alta performance desportiva. Imbuídos neste processo, existem diversos fatores influenciadores e determinantes no condicionamento atlético do indivíduo. Conforme Hahn (1988), podem-se descrever como fatores determinantes neste processo: requisitos antropométricos, características físicas específicas de cada modalidade, requisitos técnico-táticos, capacidade de aprendizagem, prontidão para o desempenho, capacidades cognitivas, além de fatores afetivos e sociais. Tendo em vista que, de forma íntegra, estes fatores necessitam estar em constante desenvolvimento, evitando a estabilização e conseqüente desenvolvimento heterogênio da condicionalidade esportiva do atleta (Bee, 2003).

    O estudo de desenvolvimento humano caracteriza-se nos últimos anos, como alvo de inúmeras pesquisas no âmbito das ciências do esporte, dada a considerável influência nos processos de iniciação á determinadas modalidades esportivas. A evolução física pode ser classificada através de diferentes métodos, considerando-se como um dos primeiros, o modelo de classificação por idade cronológica, através do qual, define-se superficialmente o progresso orgânico do individuo através da data de nascimento, verificando o dia, mês e ano o qual o individuo é nato. De acordo com estudos desenvolvidos por Gallahue (2005), pode-se constatar que nos primeiros anos de vida, o desenvolvimento é altamente preciso, e que no decorrer dos anos, por volta dos 11 aos 15 anos, torna-se mais abrangente a relação entre o período de vida e a faixa etária estimada. De acordo com o autor, isto é caracterizado por não ser o desenvolvimento humano, dependente direto da idade cronológica, somente sendo utilizada esta verificação, como estimativa do nível de desenvolvimento biológico do individuo.

    Desta forma, a simples verificação da idade cronológica como base para a constatação do grau de desenvolvimento físico do individuo não pode ser considerada um meio eficaz de definição, do ponto de vista biológico. Assim, ressalta-se a utilização de métodos mais precisos para uma especificação mais exata da idade biológica, através da constatação morfológica. Um dos métodos que por muito tempo foi freqüentemente utilizado na área da saúde e também nas ciências do esporte, é a comparação de dados antropométricos, como massa corporal e estatura, com padrões normativos para cada faixa etária. No entanto, a utilização absoluta destes padrões, mesmo que sejam específicos para a população a qual se faz o exercício comparativo, não vem sendo recomendada por diversos autores, segundo menciona Weineck (2003), devido à teoria das alterações seculares, onde se constata o aumento progressivo de aspectos morfológicos ao longo das gerações de uma mesma população. Sendo assim, métodos como a constatação de idade dental, onde se determina o mapeamento progressivo da dentição; e a graduação da maturação sexual, onde se determina o nível de variação das características de amadurecimento sexual na puberdade, são mais freqüentemente utilizados. Neste método, a escala de Tanner (1962) é considerada a mais precisa em analises de nível do desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias, e conceituado como padrão universal para este fim (Gallahue, 2005).

    A maturação biológica, segundo Tanner (1977), refere-se a modificações qualitativas que caracterizam o individuo á capacidades funcionais, através de consistente progressão biológica e emocional, sendo considerada, do ponto de vista morfológico, como pré-determinada geneticamente, resistindo a influências externas. O processo de amadurecimento sexual é marcado pelo período da adolescência, caracterizado por modificações estruturais e orgânicas. Estas alterações podem ser facilmente observadas por um aumento acelerado da estatura e conseqüente aumento do peso corporal. O inicio deste processo, assim como a duração e intensidade são estreitamente ligadas a fatores genéticos. O potencial de crescimento do individuo é definido através do genótipo, no entanto o fenótipo, é considerado um aspecto condicionante neste processo. Devido à relação significativa entre o genótipo e influências ambientais, são observadas variações no processo de aumento da estatura do individuo, desta forma pode-se observar o fenômeno de surto de crescimento, o qual ocorre no inicio da adolescência (Malina e Bouchard, 2002). O aumento de peso corporal pode ser considerado como conseqüência ao aumento de estatura e massa muscular, apresentando tendência em acompanhar as curvas relativas de crescimento. No entanto, o fator fenótipo, neste caso, pode influenciar diretamente no aumento de massa adiposa, como conseqüência de um quadro desregulado de fatores nutricionais e hormonais, desconfigurando o quadro normal de desenvolvimento morfológico.

Metodologia aplicada no estudo

    Esta investigação caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho descritivo, a qual objetivou-se traçar o perfil de atletas iniciantes de futebol do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, relacionando o período de nascimento com dados referentes à maturação biológica e antropometria.

    A investigação apresentou uma população caracterizada por atletas iniciantes de futebol, do sexo masculino, oriundos da Escolinha de Futebol do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, localizada no município de Porto Alegre-RS. O estudo foi desenvolvido na observação de dados referentes á três categorias seguintes: Sub-12 (Composta por 19 atletas nascidos no ano de 1993), Sub-13 (Composta por 25 atletas nascidos no ano de 1992) e Sub-14 (Composta por 22 atletas nascidos no ano de 1991), totalizando 66 atletas participantes de um programa de iniciação desportiva de cunho competitivo, levando-se em consideração que os dados analisados foram coletados no ano de 2005.

Apresentação dos resultados

    A caracterização dos atletas iniciantes de futebol é inicialmente apresentada através das comparações de semestre de nascimento para cada categoria onde se constata que, analisando a amostra (Gráfico 1) pode-se observar um número maior de atletas nascidos no primeiro semestre. Na categoria de atletas nascidos em 1991 (91), constatou-se que, de 22 atletas pertencentes à amostra da categoria, 20 deles são nascidos no primeiro semestre e somente 2 no segundo semestre, expondo um percentual de 90,9% dos atletas com nascimento no primeiro semestre. Na categoria de atletas nascidos em 1992 (92), pode-se observar também uma proporção maior de atletas nascidos no primeiro semestre, onde 19 deles são nascidos no primeiro semestre e apenas 6 com nascimento no segundo semestre, constatando-se um percentual de 76,0% dos atletas nascidos no primeiro semestre. Este quadro relacional repete-se também na categoria dos atletas nascidos em 1993 (93) onde 17 dos 19 atletas, traduzidos em 89,4% da categoria, são nascidos no primeiro semestre e 2 deles são nascidos no segundo semestre. Constata-se esta mesma tendência na análise geral das três categorias onde 85,0% representam o percentual de atletas nascidos no primeiro semestre e 15% de atletas com nascimento no segundo semestre (Gráfico 2).

    Observou-se também que 53,0% em geral dos atletas participantes das três categorias, são nascidos nos primeiros três meses do respectivo ano da categoria e o restante, 47% apresentaram-se com nascimento nos demais meses do ano.

    Em linhas gerais, estes dados podem significar que, por motivos de maturação biológica, existe uma tendência maior em processos de seleção de potenciais atléticos, na escolha de indivíduos que apresentem primeiro, parâmetros de desenvolvimento maturacional. Teoricamente, indivíduos nascidos nos primeiros meses do ano apresentam vantagens no sentido de parâmetros antropométricos e morfológicos, com relação á indivíduos nascidos nos últimos meses do ano. Obviamente, não se pode comparar de forma absoluta esta relação, tendo em vista que, o desenvolvimento da maturação biológica não necessariamente segue a cronologia etária em todos os indivíduos.

    Analisando o gráfico de distribuição de nascimentos por mês (Gráfico 3), nas três categorias em geral, constatou-se que em um total de 66 atletas, 15 são nascidos no mês de janeiro, onde, 7 atletas pertencem á 91, 3 á 92 e 5 á 93. No mês de fevereiro observou-se o número de 11 atletas nascidos, sendo 4 da 91, 2 da 92 e 5 da 93. No mês de março, de um total de 9 atletas, 2 pertencem a 91, 6 a 92 e 1 a 93. No mês de abril, de um total de 6 atletas, 2 pertencem a 91, 2 a 92 e 2 a 93. No mês de maio, de um total de 10 atletas, 3 pertencem a 91, 5 a 92 e 2 a 93. No mês de junho, de um total de 5 atletas, 2 pertencem a 91, 1 a 92 e 2 a 93. No mês de julho, de um total de 2 atletas, 1 pertence a 91, e 1 a 93. No mês de agosto, de um total de 2 atletas, os 2 pertencem a 92. No mês de setembro, de um total de 2 atletas, 1 pertence a 92, e 1 a 93. No mês de outubro, o único atleta nascido pertence a 92. No mês de novembro, de um total de 2 atletas, 1 pertence a 91, e 1 a 92. No mês de dezembro, o único atleta nascido pertence a 92.

    Pode-se observar que diferenças estatisticamente significativas são encontradas na distribuição de atletas nascidos entre o primeiro e o segundo semestre do ano e pode-se observar que, nas categorias competitivas analisadas, participam muitos mais atletas nascidos no primeiro semestre, do que no segundo semestre de cada ano.

    Analisando variáveis antropométricas nas três categorias (Gráfico 4), observam-se os valores de peso médio da categoria, estatura média da categoria, percentual de gordura corporal médio da categoria e percentual muscular médio da categoria.

    Na 91, constatou-se 61,1 kg de peso médio do grupo, 172,3 cm de estatura média do grupo, 10,7% de gordura corporal do grupo e 46,7% de percentual muscular do grupo. Na 92, constatou-se 56,4 kg de peso médio do grupo, 166,3 cm de estatura média do grupo, 11,8% de gordura corporal do grupo e 46,1% de percentual muscular do grupo. Na 93, constatou-se 46,3 kg de peso médio do grupo, 154,5 cm de estatura média do grupo, 12,5% de gordura corporal do grupo e 44,8% de percentual muscular do grupo. Na média geral das três categorias constatou-se 54,6 kg de peso médio do grupo, 164,3 cm de estatura média do grupo, 11,6% de gordura corporal do grupo e 45,8% de percentual muscular do grupo.

    Nas variáveis analisadas, observa-se que, quanto maior a idade cronológica da categoria, maiores são as médias de estatura, peso corporal e percentual de massa muscular. Relação encontrada inversamente á análise de percentual de gordura corporal, onde constata-se que, quanto maior a idade cronológica, menos o percentual de gordura corporal encontrado. Estas tendências são evidenciadas também em estudos de detecção de atletas, por autores como Gallahue (2005).

    Na correlação de peso corporal, distribuída de forma geral entre atletas nascidos no primeiro e segundo semestre de cada ano (Gráfico 5), pode-se constatar que existe pouca significância nos valores encontrados. Na 91, observa-se 60,7kg de peso médio dos atletas de primeiro semestre e 65,2kg para atletas de segundo semestre. Na 92, observou-se 56,2kg como peso médio para atletas de primeiro semestre e 57,1kg para atletas de segundo semestre. Na 93, constatou-se a média de peso dos atletas de primeiro semestre mais baixa que os atletas nascidos no segundo semestre, em uma comparação respectiva de 45,1kg e 56,4kg. Observando-se a média das 3 categorias, analisa-se o valor de 54,0kg, para atletas do primeiro semestre e 59,5kg para atletas de segundo semestre.

    O gráfico apresentado acima, evidencia a relação de peso corporal das 3 categorias, para atletas nascidos no primeiro e segundo semestres do ano. Observa-se desta forma, que nas 3 categorias, a média de peso corporal dos atletas nascidos no segundo semestre é maior que a média de peso corporal do atletas nascidos no primeiro.

    Na correlação de estatura, distribuída de forma geral entre atletas nascidos no primeiro e segundo semestre de cada ano (Gráfico 6), pode-se constatar, assim como no gráfico apresentado anteriormente, a repetição de uma mesma tendência, em que os valores de segundo semestre são superiores aos de primeiro semestre. Na 91, observa-se 171,2cm de estatura média dos atletas de primeiro semestre e 175,9cm para atletas de segundo semestre. Na 92, observou-se 165,8cm, como estatura média para atletas nascidos no primeiro semestre e 167,7cm para atletas nascidos no segundo semestre. Na 93, constatou-se a média de estatura dos atletas de primeiro semestre em 153,5cm e 163,2cm para atletas de segundo semestre. Observando-se a média das 3 categorias, encontra-se portanto, o valor de 163,5cm para atletas do primeiro semestre e 168,9cm para atletas de segundo semestre.

    Na correlação de percentual médio de gordura corporal, distribuída de forma geral entre atletas nascidos no primeiro e segundo semestre de cada ano (Gráfico 7), pode-se constatar, na categoria 91, o valor de 10,6% de percentual de gordura médio dos atletas de primeiro semestre e 10,8% para atletas de segundo semestre. Na 92, observou-se 11,9% como percentual de gordura médio para atletas nascidos no primeiro semestre e 11,8% para atletas nascidos no segundo semestre. Na 93, constatou-se a média de percentual de gordura dos atletas de primeiro semestre em 12,1% e 15,9% para atletas de segundo semestre. Observando-se a média das 3 categorias, com o valor de 11,5% para atletas do primeiro semestre e 12,8% para atletas de segundo semestre, onde somente na categoria 92 os índices de atletas do primeiro semestre são superiores, diferenciando-se dos dados obtidos na análise das categorias 91 e 93, os quais repetem a tendência dos gráficos 6 e 7, apresentados anteriormente.

    Na correlação de percentual muscular médio, distribuída de forma geral entre atletas nascidos no primeiro e segundo semestre de cada ano (Gráfico 8), pode-se constatar, na categoria 91, o valor de 46,6% de percentual muscular médio dos atletas de primeiro semestre e 46,8% para atletas de segundo semestre. Na 92, observou-se 46,2% como percentual muscular médio para atletas nascidos no primeiro semestre e 45,8% para atletas nascidos no segundo semestre. Na 93, constatou-se a média de percentual de gordura dos atletas de primeiro semestre em 45,1% e 42,2% para atletas de segundo semestre. Observando-se a média das 3 categorias, com o valor de 45,9% para atletas do primeiro semestre e 44,9% para atletas de segundo semestre.

    Nas categorias 93 e 92, a média de percentual de massa muscular apresenta-se maior em atletas nascidos no primeiro semestre, sendo na categoria 93, esta relação de diferença bastante significativa. Esta relação inverte-se quando observamos a categoria 91, onde se encontram os dados obtidos em atletas do segundo semestre superiores em média, aos atletas nascidos no primeiro semestre, mesmo que esta diferença apresente-se muito sutil.

    Na análise comparativa entre atletas de primeiro e segundo semestres (Gráfico 9), no que diz respeito à quantificação de atletas que se encontravam em determinado grau de maturação biológica, através da escala de Tanner, constatou-se que, entre os atletas da categoria 91, de um total de 20 atletas nascidos no primeiro semestre, 10 deles apresentam-se no nível 3, e outros 10 atletas apresentam-se distribuídos nos demais níveis maturacionais, observando-se um percentual de 50% dos atletas de primeiro semestre da categoria 91 no meio da puberdade. Os 2 atletas da categoria 91, nascidos no segundo semestre do ano, pertencem aos níveis maturacionais 2, e 3 para 4; constatando-se um dos atletas no início da puberdade e outro no estágio de passagem do meio para o fim da puberdade.

    Observando-se a categoria 92, pode-se perceber que dos 26 atletas analisados, 19 pertencem ao grupo de atletas nascidos no primeiro semestre, e destes, 10 apresentam nível de maturação 2, 4 apresentam nível 3, e os demais apresentam-se em outros níveis. Os atletas 92 de segundo semestre estão totalizados em 6, sendo que, destes, 4 apresentam-se no meio do processo de puberdade e 2 apresentam-se no início da puberdade. Na categoria 93, de um total de 17 atletas nascidos no primeiro semestre, 8 apresentam-se como pré-púberes, com nível 1 de maturação, outros 5 apresentaram maturação em nível 2, caracterizando o início da puberdade, do restante, um dos atletas apresenta-se no nível 1 para 2, iniciando o processo de puberdade e outros 3 no nível 3, caracterizando-se no meio da puberdade. Dos 2 atletas da categoria 93 que enquadram-se no grupo de nascidos no segundo semestre, um apresenta-se no nível 2 para 3 e outro no nível 3, caracterizando atletas do início para o meio da puberdade e no meio da puberdade. De 2 atletas da categoria 93 que enquadram-se no grupo de nascidos no segundo semestre, um apresenta-se no nível 2 para 3 e outro no nível 3, caracterizando atletas do início para o meio da puberdade.

Considerações finais

• A análise morfológica de maturação do indivíduo segundo o processo de puberdade, é conveniente no sentido de apontar elementos válidos e confiáveis que orientem o treinador para uma correta análise na montagem de um plano de treinamento para atletas iniciantes na pubescência, que na maioria das vezes encontra-se em grupos heterogêneos, no que diz respeito á níveis maturacionais.
  
  

• Os atletas das 3 categorias que são nascidos no primeiro semestre caracterizam-se de uma forma geral, por estarem adiantados biologicamente, com relação a seus colegas de categoria nascidos no segundo semestre. A permanência de atletas de primeiro semestre em grupos de alto padrão competitivo, pode ser justificada pelo fato de apresentarem as manifestações referentes á maturação biológica primeiro que atletas nascidos nos últimos meses do ano, considerados para fins de divisão de categoria, em mesma idade cronológica, porém, em idade biológica diferenciada. Pode-se considerar desta forma, que atletas classificados com nível mais alto de maturação e/ou maturação acelerada, constituem condições físicas favoráveis para o rendimento esportivo.
  
  

• O fato de os valores antropométricos de atletas do segundo semestre serem maiores que os valores de atletas de primeiro semestre, pode-se explicar através de relações estatísticas, tendo em vista que são poucos atletas que representam a faixa estatística, onde atletas com medidas acima da média elevam significativamente a média geral dos atletas nascidos no primeiro semestre de cada categoria.
  
  

• Atletas de segundo semestre que permanecem participando em equipes competitivas de alto padrão de formação atlética, podem destacar-se dentro de sua categoria por apresentarem virtudes técnicas, relativamente superiores aos demais, haja vista que, constatou-se que, dos atletas analisados, a maioria dos que eram considerados talentosos, em todas as categorias, pertencia ao grupo de atletas nascidos no segundo semestre. Outra hipótese que pode ser observada na análise de permanência de atletas de segundo semestre em equipes competitivas seria a apresentação de nível maturacional elevado, mesmo com a tendência em apresentarem nível maturacional menor que os atletas de primeiro semestre.

    Desta forma, mesmo com a afirmação de certos conceitos referentes ao perfil físico-biológico de atletas iniciantes de futebol, surgem ainda questões que necessitam de maiores investigações para que se tenham dados mais concretos para que se trace o perfil específico nesta modalidade. Onde estão os atletas talentosos, que provavelmente atingirão seu nível maturacional de forma tardia? Será que esta tendência segue-se até o profissional? Será que as posições e funções de jogo mais concorridas (meias e atacantes) nesta etapa de iniciação desportiva tem alguma relação com a tendência de atletas com maturação iniciada mais cedo serem beneficiados?

    Sabe-se que é de utilização geral em instituições controladoras de programas de iniciação esportiva, que se conceitue a idade cronológica como ponto de partida para a organização de categorias de competição. A idade cronológica diz respeito ao tempo transcorrido desde o nascimento até um determinado momento, ou seja, a duração temporal de inter-relação entre o organismo e meio ambiente, expressado em anos, meses e dias. No entanto, a idade cronológica utilizada como critério uniforme não expressa informação sobre o alcance das variações reais e individuais do organismo de cada atleta. Considera-se que o grau de desenvolvimento maturacional do indivíduo nem sempre coincide com sua idade cronológica. Corre-se o risco então de se superestimar as condições físicas de um atleta iniciante cujo desenvolvimento biológico esta acelerado, ou subestimar atletas com maturação tardia, do ponto de vista de rendimento esportivo.

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