Influência da informação visual na amplitude e no deslocamento do centro de força durante o equilíbrio estático Influence of the visual information in the width and in the displacement of the center of force during the static balance |
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*Especialista em Biomecânica da Atividade Física e Mestranda em Distúrbios da Comunicação Humana. **Doutor em Engenharia de Produção e professor do Dpto. de Estatística. ***Doutor em Ciência do Movimento Humano e professor de Biomecânica. ****Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana e professora de Audiologia e Otoneurologia. Universidade Federal de Santa Maria. |
Clarissa Stefani Teixeira* Luis Felipe Dias Lopes** Carlos Bolli Mota*** Angela Garcia Rossi**** clastefani@hotmail.com (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 112 - Septiembre de 2007 |
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Introdução
Muito se estuda sobre o sistema postural. São muitos os autores que, através de seus estudos, propõem temas relacionados com a avaliação do equilíbrio visando um melhor esclarecimento sobre seu controle (HAFSTRÔM et al, 2002). Muitas são as implicações para que o indivíduo possa ter um controle sobre seu corpo. Neste sentido, o sistema visual fornece informações ao cérebro quanto à posição e movimentação de um objeto no espaço, e à posição e movimentação dos membros ao ambiente e ao resto do corpo, através dos olhos (DUARTE, 2000). Analisando os sistemas envolvidos no controle postural, a visão é o sistema sensorial que o corpo mais confia nas tarefas de manutenção da postura e de movimento. Além disso, esse sistema, dentre os sistemas sensoriais, é o mais complexo (MASSION, 1992). Talvez por isso, a influência da visão em tarefas de manutenção do equilíbrio e controle postural seja a questão mais estudada nesta área.
Na verdade, o sistema de controle postural busca manter as dimensões de um cenário visual estruturado na retina para diminuir a oscilação corporal. Quando o indivíduo oscila para frente, a referência visual que estava projetada na retina aumenta de tamanho, isto faz com que o sistema de controle postural altere a direção da oscilação para manter o quadro de referência estabelecido (PRIOLI, 2003). Assim, é possível perceber que a visão é uma das fontes sensoriais importantes para o sistema de controle postural, pois fornece informações do ambiente, da direção e velocidade dos movimentos corporais em relação ao ambiente (NASHNER, 1981). Ela também pode ser utilizada para diminuir a oscilação corporal, já que com os olhos fechados há um aumento da magnitude desta oscilação (PAULUS, STRAUBE, BRANDT, 1984). Porém, alguns autores afirmam que apesar das informações visuais serem importantes para o controle do equilíbrio, elas não são absolutamente necessárias. Segundo Shumway-Cook e Woollacott (1995), as informações visuais nem sempre são uma fonte acurada de informações para a orientação do corpo, pois, como por exemplo, ao se estar em movimento há dificuldade em distinguir o movimento de um objeto e o movimento do próprio corpo.
Assim como afirmam Freitas Junior e Barela (2003), quando a postura ereta estática é mantida sem informação visual ocorre um aumento na oscilação postural. Para Silva et al. (2002) estas oscilações podem estar relacionadas a dependência de informações visuais ou ainda a problemas no processamento de informações visuais pelo controle postural. Embora o equilíbrio seja uma atividade natural da vida diária, deve-se atentar para possíveis desequilíbrios que podem prejudicar a execução de atividades elementares do dia-a-dia. Muitos estudos estão sendo realizados com o equilíbrio (IMBIRIBA et al., 2003; BARELA, POLASTRI e GODOI, 2000; OLIVEIRA et al, 2000; RONDA et al., 2002; LÓPEZ e FERNÁNDEZ, 2004; SANZ et al., 2004; BAYAL-BERTOMEU et al., 2004; CHOU et al., 2003; LAFOND, DUARTE e PRINCE, 2004; FAQUIN, MELO e PIRES, 2005; SONZA, MACHADO e MOCHIZUKI, 2005). Alguns desses estudos enfatizam a informação visual, que segundo Hay et al (1996) ao se analisar diferentes grupos etários, os idosos apreserntam maior influência e maior dependência das informações visuais durante o controle postural. Porém, Freitas Junior e Barela (2003) afirmam que a dependência da informação visual poderia estar ocorrendo antes do período da senescência. Diante disso se buscou verificar as implicações da informação visual sobre a amplitude do deslocamento do centro de força e o deslocamento médio do centro de força nas direções ântero-posterior e médio-lateral durante o equilíbrio estático.
Materiais e métodosParticiparam deste estudo 36 sujeitos saudáveis dos gêneros feminino e masculino com média de idades de 21,47 ± 1,91 anos, peso corporal 702,96 ± 127,35 N e estatura 1,75 ± 0,09 m, sem histórico de problemas músculo-esqueléticos e sem histórico de tonturas e vertigem. Para a seleção dos sujeitos escolheu-se intencionalmente jovens que participassem de atividades regulares (3 vezes por semana) e que se dispuseram em participar do estudo. As atividades realizadas pelos sujeitos foram natação e esportes coletivos.
Para a avaliação do equilíbrio corporal foi utilizada uma plataforma de força OR6-5 AMTI (Advanced Mechanical Technologies, Inc.), ilustrada na figura 1, com freqüência de aquisição de 100 Hz.
Durante toda a coleta os participantes permaneceram descalços, em apoio bipedal e com os braços ao longo do corpo. Antes da coleta foram mensurados a estatura e o peso corporal dos sujeitos. Os dados foram coletados nas seguintes condições: olhos abertos e olhos fechados. Foi solicitado a cada participante que mantivesse uma postura ereta o mais estável possível. Em todas as condições analisadas os sujeitos mantiveram-se sobre a plataforma com os pés separados um do outro a uma distância equivalente a largura do quadril. Para isso na primeira tentativa de cada situação e para cada sujeito a plataforma foi marcada com o intuito de que, em todas as tentativas, o sujeito permanecesse na mesma posição. Na situação olhos abertos foi solicitado para cada sujeito o olhar fixo em um ponto demarcado na parede à um metro de distância na altura dos olhos de cada sujeito, conforme recomendações de Freitas e Duarte (2005). Foram coletadas seis tentativas de cada sujeito, com duração de cinco segundos para cada tentativa, sendo três para cada condição.
Foram analisados, através do centro de força, a amplitude do deslocamento do centro de força nas direções ântero posterior (COPap) e médio-lateral (COPml), deslocamento médio do centro de força na direção ântero-posterior (DMap) e na direção médio-lateral (DMml), tendo sido comparadas as médias de cada uma dessas variáveis nas condições olhos abertos e olhos fechados.
Para análise dos dados utilizou-se a estatística descritiva. A normalidade dos dados foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk. Como os dados apresentaram distribuição normal, para comparação entre as médias dos valores dos indivíduos com os olhos fechados e com os olhos abertos, utilizou-se o teste t. O com nível de significância utilizado foi de 5%.
ResultadosOs valores para a COPap, COPml, DMap e DMml durante ambas as situações estão ilustradas nas figuras 1, 2, 3 e 4.
As variáveis COPap (p=0,007) e DMap (p=0,002) apresentaram diferenças estatísticamente significativas quando comparadas nas condições olhos abertos e olhos fechados.
DiscussãoMesmo que alguns estudos especulem a importância da atividade física sobre o equilíbrio corporal (CAMPOS, 2003; AVEIRO et al, 2005, AMARAL, TEIXEIRA e MOTA, 2005), o presente estudo demonstra que mesmo em indivíduos ativos a informação visual é um sistema determinante para a manutenção do equilíbrio.
Com relação as diferenças encontradas, pode-se dizer que a direção ântero-posterior é a mais acometida na fala da informação visual (FREITAS JUNIOR e BARELA, 2003; MANN et al, 2005). Segundo Freitas Junior e Barela (2003) os valores dos deslocamentos também se mostram superiores na direção ântero-posterior. Esses resultados estão de acordo com a literatura, pois diversos autores apontam um aumento da oscilação corporal quando é retirada alguma fonte de informação sensorial (TAGUCHI e TADA 1998; ODENRICK e SANDSTEDT, 1984; SHUMWAY COOK e WOOLLACOTT, 1985; RIACH e STARKES, 1993).
Freitas Junior e Barela (2003) afirmam que as diferenças significativas na mudança do equilíbrio ocorrem após aos 60 anos. Os mesmos autores ainda colocam que a partir dos 40 anos existe uma tendência linear do aumento das oscilações posturais. Porém, o presente estudo demonstra que assim como em idosos, sujeitos na faixa etária de 20 anos também apresentam mudanças significativas na direção ântero-posterior quando a informação visual é suprimida. Outros estudos afirmam ainda que com manipulação da informação visual não se observa aumento da instabilidade postural na condição de olhos fechados (SILVA et al., 2002). Esses dados vão de encontro com os resultados aqui apresentados, pois na direção ântero-posterior tanto a amplitude do deslocamento quanto o deslocamento médio do centro de força apresentaram-se diferentes sem a presença da informação visual. O mesmo foi encontrado por Mann et al (2005) que analisaram o equilíbrio estático de acadêmicos de diferentes semestres do curso de educação física. Os autores afirmam que tanto a amplitude do deslocamento quanto o deslocamento médio do centro de força na direção ântero-posterior mostram-se com uma maior oscilação quando a informação visual não pode ser utilizada.
Mesmo que o sistema de controle postural já esteja desenvolvido em adultos, Alves e Barela (2005) afirmam que quando a informação visual é retirada tanto crianças quanto adultos apresentam aumentos no deslocamento do centro de força. Os autores ainda explicam que na condição olhos fechados, a tarefa se torna mais complexa por ser uma situação pouco comum, assim, para realizar as adaptações necessárias, o controle postural é mais exigido, levando a uma queda de performance.
Muitos estudos verificaram alterações na direção ântero-posterior (TEASDALE, STELMACHE BREUNING, 1991; COLLINS et al., 1995; ERA e HEIKKINEN, 1995; RILEY et al., 1999; MANN et al, 2005), mas as razões das diferenças estarem nessa direção não estão bem explicadas pela literatura. Alguns estudos afirmam que na direção ântero posterior se requer um maior controle, pois a manutenção do equilíbrio nesta direção depende de um número maior de graus de liberdade das articulações quando comparado à direção médio lateral.
ConclusãoConclui-se que a visão é uma informação importante mesmo para indivíduos jovens e ativos, pois sua ausência afeta significativamente a amplitude de deslocamento e o deslocamento médio na direção ântero posterior.
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