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Futebol e basquete: adaptaçoes de regras
para o ensino-aprendizagem de alunos com
necessidades educacionais especiais

   
Universidade Federal de Santa Maria.
Rio Grande do Sul.
(Brasil)
 
 
Fernanda Panzenhagen Borges  
Ana Paula Oliveira de Andrades | Jactiane Anzanello  
Roberto Ziegler Costa | Luciana Erina Palma
fepborges@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     Objetivando desenvolver e proporcionar jogos psicomotores (futebol e basquete) e adaptar regras para o desenvolvimento dos ANEEs, participaram 23 alunos com deficiências mental e física, da Associação Colibri, de Santa Maria/RS. Realizaram-se aulas e posteriormente adaptou-se o Futebol e o Basquete no desenvolvimento dos fundamentos e regras, promovendo a participação e aprendizado dos alunos. Realizaram-se duas aulas semanais e utilizou-se o diário de campo como instrumento avaliativo. Constataram-se melhoras na realização de atividades com aspectos cognitivos e motores, em relação aos afetivos e sociais observou-se melhoras no convívio entre participantes, onde a prática dos jogos contribuiu para a socialização destes.
    Unitermos: Educação Física. Futebol e basquete adaptados. ANEEs.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 112 - Septiembre de 2007

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Introdução

    Atualmente, ainda convivemos numa sociedade que discrimina e isola pessoas que diferem do padrão de normalidade estabelecido pelas normas estéticas de padrão de beleza e rendimento, onde as pessoas devem estar enquadradas para serem aceitas.

    Esta mesma sociedade não consegue ver que todos somos diferentes, possuímos idéias e concepções de vida diferentes, história de vida que se distinguem de um ser humano para outro, que o desenvolvimento humano é diferente de pessoa para pessoa. Existem inúmeras pessoas e inúmeras diferenças, mas todas têm o direito de se integrarem, de serem aceitas e conviverem em sociedade.

    O Brasil também é um país das diferenças, podendo se constatar inúmeras raças, crenças, cultura, visão política, entre outras, podendo citar também as peculiaridades, necessidades, limitações e potencialidades de cada indivíduo. Enquadram-se nestas últimas as pessoas com necessidades educacionais especiais, ou como Pedrinelli e Verenguer sugerem pessoas que apresentam "diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas, que são representadas por crianças, adolescentes, adultos e idosos" que, além de apresentarem as deficiências identificadas como mental, visual, auditiva e física, ainda podem apresentar:

distúrbios emocionais (psicose, neurose, distúrbio de personalidade, esquizofrenia, distúrbio de comportamento da infância e da adolescência, depressão), distúrbios de desenvolvimento( autismo, síndrome de Rett, síndrome desintegrativa da infância, síndrome de Asperger), doenças crônicas (distúrbios cardiovascular e pulmonar, por exemplo, infarto do miocárdio, hipertensão, fibrose cística; distúrbio metabólico, por exemplo, insuficiência renal, diabetes, obesidade; distúrbio imunológico e hematológico, por exemplo câncer, anemia falsiforme, hemofilia, síndrome da imunodeficiência adquirida, transplante de órgão, síndrome da fadiga crônica), distúrbios de aprendizagem e múltiplas deficiências. (Pedrinelli e Verenguer,2005,p. 9-10).

    Sabe-se que as pessoas com necessidades educacionais especiais, no decorrer de seu desenvolvimento, apresentam certas dificuldades e limitações que afetam inclusive seu crescimento. A Educação Física vem, no entanto, corroborar para que sejam amenizadas ou superadas estas limitações, dificuldades e que sejam reconhecidas e estimuladas suas capacidades e potencialidades.

    Contudo, percebemos a contribuição que a Educação Física pode oferecer a estas pessoas através das atividades desenvolvimentistas, da recreação, do esporte, da dança, das atividades aquáticas, do condicionamento físico entre outras, pois é através das vivências de movimentos corporais que se processará o desenvolvimento bio-psico-fisico-social dos seres humanos em geral.

    Dentro deste quadro, o direito à prática da Educação Física estão inseridos os jogos, onde se consegue trabalhar uma gama de habilidades dos seus praticantes. Neste contexto estão inseridos os jogos psicomotores, onde leva o aluno a vivenciar toda a complexidade que os mesmos trabalham como, por exemplo, os fundamentos, deslocamentos e interação social e que ele possa buscar na prática desses uma melhora nas suas funções psicomotoras, entre elas cita-se, o esquema corporal, coordenação motora ampla e fina, coordenação óculo-manual, lateralidade, organização espacial e temporal.

    Pensando nesta contextualização, envolvendo principalmente a importância das atividades físicas para pessoas com necessidades educacionais especiais que se pensou numa proposta de trabalho específica para este grupo. Sendo assim, surgiu um trabalho de cunho extensionista, a fim de proporcionar aos alunos da Instituição Especial de Ensino, jogos psicomotores que desenvolvessem as modalidades esportivas específicas do futebol e do basquete.

    Com relação ao futebol, concorda-se com Leal (2001) quando fala que este é um jogo "que propicia altas doses de emoção e jogado dentro de delimitações de campo e regras, já estabelecidas, é jogado com os pés e por natureza é dinâmico e também propicia a formação de diversos sistemas de jogos".

    Através desta proposta de trabalho, foram também enfatizados alguns fundamentos deste jogo. Neste sentido Leal (2001), ressalta que os fundamentos do futebol são "passe de bola, domínio de bola, condução, drible, cabeceio e chute".

    Juntamente com o futebol, foi trabalhado também o basquete. Neste sentido, destaca-se que para Ferreira (1987), "o basquetebol é jogado por uma soma de habilidades que, unidas, compõem o jogo. Cada uma dessas habilidades, isoladamente, constitui uma unidade significativa".

    Sendo assim, o basquete também vem a somar para o desenvolvimento dos alunos com necessidades educacionais especiais, visando também, aprimorar ou mesmo vivenciar o jogo com ritmos diferentes, através de corridas, saltos e outros.

    Igualmente ao futebol, trabalhou-se com os fundamentos deste jogo. Desta forma, Melo (2001), ressalta que estes são "passe e recepção, passe de peito, passe por cima da cabeça, passe de ombro, passe picado, passe de gancho, drible, arremesso, arremesso com ambos os braços, arremesso de peito, arremesso acima da cabeça e arremesso com um braço".

    Neste sentido, acredita-se na importância de se desenvolver aos alunos com necessidades educacionais especiais os jogos psicomotores. Conforme Mello (1989) "Os jogos Psicomotores estão diretamente relacionados com a Psicomotricidade, onde esta abrange aspectos em abordagens para serem trabalhadas com pessoas com necessidades educacionais especiais".

    A importância de se trabalhar com os jogos psicomotores, é possibilitar a estes alunos vivenciar as sensações reais de praticar algo que proporcione trabalhar suas expectativas para o aprimoramento do repertório motor e suas experiências de vida como seres humanos em um processo ensino-aprendizagem.

    Portanto, cabe ressaltar que os jogos trabalhados nesta proposta tinham um objetivo com caráter cooperativo, mesmo desenvolvendo o jogo competitivo. Para Brotto (1997), o jogo tem uma importância muito mais cooperativa do que competitivo, "se o importante é competir o fundamental é cooperar".

    Esta proposta foi importante para que pessoas com necessidades educacionais especiais, tivessem a oportunidade de participar de jogos, pois, além de estimular os aspectos motores, cognitivos, afetivos, sociais e comunicativos, possibilitou-se melhorar a qualidade de vida e aos familiares uma nova visão das possibilidades e potencialidades, bem como, um novo contato e inserção social.

    Neste sentido, os objetivos do trabalho foram desenvolver jogos psicomotores para alunos com necessidades educacionais especiais, proporcionar a vivência do futebol adaptado, proporcionar a vivência do basquete adaptado, e implementar a adaptação de regras para o desenvolvimento do futebol e do basquete adaptados.


Metodologia

    O grupo de trabalho foi constituído por 23 alunos, com deficiência mental e física, com idades entre 17 e 49 anos da Instituição Especial de Ensino Associação Colibri da cidade de Santa Maria/ RS.

    Foram desenvolvidos jogos psicomotores buscando adaptar os alunos às atividades, materiais, e ao espaço físico onde foram realizadas as aulas para em seguida inserir os jogos adaptados.

    Os jogos adaptados tiveram como base o futebol e o basquete, porém adaptados na forma de seu desenvolvimento em suas regras visando a participação dos alunos e conseqüentemente auxiliando em seu aprendizado e desenvolvimento, buscando desenvolver as capacidades motoras tais como: coordenação motora, equilíbrio, ritmo e percepção.

    As aulas seguiam uma seqüência de alongamentos, atividades lúdicas, jogos e relaxamento onde o objetivo principal foi à realização do futebol e do basquete adaptado. Ao final realizava-se o momento de reflexão acerca dos objetivos propostos em aula.

    Em relação ao futebol adaptado, teve-se como objetivos, desenvolver os fundamentos do futebol de campo e também a prática dos alunos nesta modalidade esportiva. Dentro das atividades propostas foi buscado adaptar os fundamentos (chutes, passe, condução de bola, drible, cabeceio, velocidade e força) buscando aprimorar a motricidade geral dos alunos para a sua realidade.

    Quanto ao jogo de basquetebol adaptado objetivou-se desenvolver os fundamentos (passe de peito, passe picado, passe acima da cabeça, passe de ombro e arremessos).

    Para o desenvolvimento destas modalidades esportivas, no decorrer das aulas as regras sofreram alterações conforme as necessidades do grupo de trabalho, até chegarem as seguintes especificidades:

  • Regras do Futebol Adaptado

    1. A saída do jogo é feita pelos alunos cadeirantes (deficientes físicos) no centro do campo;

    2. Os alunos cadeirantes, após o inicio do jogo, posicionam-se na área de gol adversário e jogam com as mãos;

    3. As dimensões do campo são reduzidas à metade;

    4. O número de jogadores por equipe é de 9 (nove) alunos;

    5. Quando a bola toca nos jogadores cadeirantes ela é "isolada", ou seja, eles decidem chutar a gol ou realizar um passe para um companheiro;

    6. Tempo de jogo: 5 (cinco) minutos.


  • Regras do Basquete Adaptado

    1. A saída é feita pelos alunos cadeirantes no centro da quadra;

    2. As dimensões da quadra foram reduzidas e somente existem linhas de fundo e lateral;

    3. A linha central é imaginária;

    4. O número de jogadores por equipe é de 5 (cinco) alunos;

    5. Não existe cobrança do lance livre;

    6. Cada cesta equivale a 1(um) ponto;

    7. A cesta poderá ser realizada por qualquer aluno;

    8. A tabela é adaptada;

    9. Tempo de jogo: 5 (cinco) minutos.

    È importante destacar que essas regras foram elaboradas e colocadas em prática considerando as necessidades e possibilidades do grupo de trabalho em que se atuou. Ressalta-se que, em outras realidades, haverá a necessidade de implementar outras e/ou novas adaptações.


Discussão

    Através da utilização de uma sistemática especial para o ensino do jogo, os alunos tiveram a oportunidade de trabalhar as capacidades motoras, as habilidades para os jogos e ainda desenvolver e aperfeiçoar seus movimentos.

    Em relação aos objetivos propostos para o desenvolvimento do futebol adaptado procurou-se evidenciar as potencialidades dos alunos através de vivências motoras, possibilitando uma melhora na sua auto-estima e autoconfiança, bem como melhoras relacionadas ao condicionamento físico, como, por exemplo, a força e a velocidade.

    Quanto às regras criadas para que o Jogo de Futebol fosse desenvolvido, há que destacar algumas adaptações feitas, bem como, justificá-las quanto a sua necessidade. Inicialmente, é importante ressaltar que as regras estavam em constante adaptação durante o andamento do trabalho, pois a cada nova aula tinha-se que acrescentar uma nova regra, modificar outra, e assim por diante. Isso acontecia em função das necessidades observadas em cada aula específica.

    Para a saída da bola os alunos cadeirantes aproximavam-se do centro da quadra, "jogavam o par ou ímpar" e o vencedor desta disputa ficava com a posse de bola e dava-se então início ao jogo. Tanto esta regra quanto a regra do "isolamento" da bola (quando a mesma tocasse no aluno cadeirante ou na cadeira), foram regras discutidas e criadas em comum acordo entre alunos e professores, tendo em vista a obrigatoriedade da participação de todos os alunos no jogo e sabendo que se os alunos em cadeira de rodas não tivessem funções definidas, bem como decidir entre fazer o gol ou fazer o passe a um companheiro no momento da finalização, acabariam por ficar sem tocar à bola, ou seja, sem participação.

    Sendo assim, após o início da partida, os alunos cadeirantes posicionavam-se na área correspondente a do gol adversário, onde permaneciam esperando o toque da bola em seu corpo ou em sua cadeira de rodas para finalizar com o gol ou realizar um passe para que outro companheiro o fizesse.

    Esta regra fez-se necessária por dois motivos: o primeiro motivo está relacionado às condições físicas dos alunos cadeirantes e o segundo relaciona-se ao desgaste físico de um aluno e do auxiliar de outro. Havia um aluno com condições de rastejar-se no solo e outro que, por apresentar um comprometimento nas mãos, não podia movimentar sozinho a sua cadeira, necessitando sempre do auxílio de alguém, geralmente representado por um dos professores.

    Priorizamos estes posicionamentos no sentido de preservar o desgaste e possíveis lesões em longo prazo do aluno que rastejava, pois a locomoção dele causava impacto nas articulações dos joelhos e dos pulsos.

    Com relação ao auxiliar do aluno que necessitava da cadeira de rodas, pensou-se desta forma em preservá-lo, pois a ação de deslocar o aluno na cadeira exigia muito fisicamente do auxiliar, mesmo porque o local (piso) onde os jogos aconteciam era de gramado sintético, o que dificultava no deslocamento da cadeira deste aluno.

    As dimensões do campo foram reduzidas à metade, também no sentido de diminuir o desgaste físico dos alunos, tendo em vista a idade avançada de alguns e o sedentarismo de outros.

    Em relação ao gramado sintético, a única justificativa de ter optado trabalhar neste, encontra-se no fato de ser o que nos foi oportunizado e também porque era o ginásio geograficamente localizado mais próximo da instituição onde eram desenvolvidas as atividades dos alunos.

    Em se tratando de número de jogadores, é importante ressaltar, que este foi delimitado em (09) nove participantes, pelo fato de que todos os alunos poderiam jogar, ou seja, na maioria das aulas o número de alunos presentes enquadrava-se em cerca de 20 (vinte) alunos, então, de forma geral, pensou-se neste número de jogadores em cada equipe.

    Contudo, justificando o tempo determinado, ressalta-se que o jogo de futebol propriamente dito era praticado apenas nos vinte (20) minutos finais da aula. Sendo assim, pensou-se em cinco (05) minutos de prática, pois durante o desencadeamento da aula, eram realizadas atividades envolvendo alguns fundamentos do futebol e os minutos finais de cada aula seriam necessários para que os alunos assimilassem as regras determinadas.

    É importante destacar que as regras construídas para o futebol, foram sofrendo transformações e modificações conforme as necessidades e características do grupo de trabalho, sendo assim as regras listadas já se encontram em sua forma final considerando as peculiaridades dos alunos, porém isso não implica que as mesmas (regras) não possam ser (re) adaptadas e modificadas para outro grupo de alunos.

    Com relação ao desenvolvimento do jogo do basquete, procurou-se também evidenciar as questões motoras dos alunos, bem como instigar as questões de convívio com os colegas e professores.

    Quanto às regras do basquete adaptado, assim como no futebol, ressalta-se que as mesmas foram sofrendo modificações conforme as necessidades dos participantes, isto é, a cada aula as transformações aconteciam de acordo com as características específicas do grupo de trabalho.

    Nesta modalidade, a saída de bola também era feita pelos alunos cadeirantes ao centro da quadra, após o lançamento da bola ao alto por um dos professores.

    As dimensões da quadra, também foram adaptadas para o grupo, ou seja, foram reduzidas à metade. Na verdade, o jogo foi realizado no mesmo local onde foi desenvolvido o futebol (quadra com gramado sintético) e desta forma, precisou-se modificar as delimitações do espaço. Com relação a este item, ressalta-se que as linhas da quadra eram apenas as linhas laterais e de fundo, ou seja, não havia as demarcações centrais (estas eram imaginárias) e das linhas de três pontos, desta forma, não havia a cobrança do lance livre.

    No desenvolvimento deste jogo, a decisão para executar a cesta poderia ser feita por quaisquer dos jogadores, ao contrário do que acontecia no futebol. Neste jogo, cada cesta equivalia a um (01) ponto.

    Inicialmente, a divisão das equipes foi feita por sexo, ou seja, havia equipes femininas e masculinas e estas jogavam entre si. Esta separação aconteceu devido às necessidades do grupo, pois inicialmente o grupo feminino assimilava mais facilmente as explicações e adaptações e não necessitava de tantas informações referentes ao jogo específico quanto o grupo masculino.

    Com o decorrer do trabalho, o jogo começou a ser desenvolvido entre as equipes de sexos opostos e posteriormente, passou-se a mesclar as equipes. Do mesmo modo como aconteceu no futebol, a duração do jogo do basquetebol foi de cinco (05) minutos, e este acontecia nos minutos finas de cada aula.

    É importante destacar ainda que a tabela de basquete foi adaptada em sua totalidade, ou seja, pelo fato do jogo ser realizado num espaço onde o local (piso) era de gramado sintético, impróprio para a prática do basquete, e ainda considerando as características do grupo, foi necessária a construção de uma tabela específica. Neste sentido, organizava-se a altura das tabelas conforme o interesse.

    Foi construída uma tabela, na qual sua altura era ajustável e regulada de acordo com os alunos. Para melhor compreensão, ressalta-se que esta tabela era composta por duas partes (base e parte aérea).

    A base era composta por uma estrutura de ferro que dava sustentação à parte aérea da tabela. Era ela (base), que permitia tais ajustes relacionados à altura.

    Com relação à parte aérea, destaca-se que esta também era composta por uma estrutura de ferro e possuía a fixação de uma tabela correspondente ao material que acompanha um kit didático de basquete. Sendo assim, esta tabela adaptada se encaixava, ou seja, havia uma fusão das partes (base e parte aérea) para que atendesse as necessidades e especificidades do grupo.

    Infere-se ainda que o número de jogadores em cada equipe foi de cinco (05) participantes, da mesma forma que ocorre no basquete convencional. Esta regra não necessitou de adaptação pelo fato de que como já foi comentado, inicialmente trabalhava-se com equipes separadas por sexo e, desta forma não havia a necessidade de todos os alunos jogarem ao mesmo tempo.


Considerações finais

    Durante a realização do projeto "Jogos psicomotores para alunos com necessidades educacionais especiais", foram desenvolvidas modalidades esportivas de grande importância para o desenvolvimento bio-psico-fisico-social dos alunos, pois a prática do futebol e do basquete adaptados permitiu melhoras na parte psicomotora favorecendo o aprimoramento das capacidades físicas e motoras dos alunos, entre elas citam-se: velocidade, força, flexibilidade, resistência muscular, coordenação, equilíbrio, percepção e agilidade. Além disso, procurou-se levar os alunos a vivenciar jogos coletivos e também uma modalidade diferenciada em Educação Física, que não apenas atividades desenvolvimentistas.

    Através da prática dos jogos psicomotores, também foi possível observar melhoras significativas em relação à cooperação e respeito entre os alunos, onde se percebeu que mesmo com o desenvolvimento de jogos competitivos, não havia rivalidade entre as equipes, muito pelo contrário, todos vibravam mesmo quando os colegas da outra equipe finalizavam o gol ou a cesta e nunca se observou atrito entre os alunos. Ainda, sobre essa questão, observou-se a consideração entre os alunos em relação ao tempo de aprendizagem de cada um, bem como, o respeito das limitações individuais.

    Em relação aos aspectos afetivos e sociais, pôde-se observar que a turma demonstrou estar integrada e também apresentou melhoras no convívio entre professor/aluno e aluno/aluno. O projeto contribuiu para a socialização dos alunos e também para a construção de uma prática para todos.

    Enquanto a adaptação das regras, como mencionado anteriormente, foi necessária para que todos tivessem o mesmo direito de jogar dentro da partida, além de possibilitar o entendimento dos jogos, isto é, a delimitação do espaço, tempo, materiais, partes do corpo a serem usadas, enfim, os procedimentos essenciais para o desenvolvimento da proposta.

    Quanto à diferença de idade entre os alunos, ressalta-se que esta questão não foi empecilho para a realização dos jogos, pois apesar das diferenças, a maioria encontrava-se na fase adulta e conseguiram realizar as atividades, até porque já se desenvolvia aulas de Educação Física com estes mesmos alunos há alguns anos nesta Instituição, o que facilitou bastante o desenvolvimento desta proposta.

    Sendo assim, infere-se que esta proposta tenha contribuído também para a saúde e qualidade de vida dos alunos envolvidos por todos os aspectos mencionados, bem como por ter proporcionado a vivência nas modalidades esportivas descritas, através de uma metodologia adaptada conforme as necessidades observadas no grupo de trabalho.

    Acredita-se ainda que esta proposta deva ser continuada, em função dos resultados obtidos, bem como propor novas adaptações ou modificações nas regras no futebol e basquetebol e ainda propor a prática de esportes como, por exemplo, o voleibol e o handebol e atividades envolvendo o atletismo.


Referências bibliográficas

  • BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos: Se o importante é competir o fundamental é cooperar. Santos, SP: projeto cooperação, 1997.

  • FERREIRA, A.E.X. Basquetebol, técnicas e táticas: uma abordagem didática - pedagógica. São Paulo, SP: EPU: Editora da Universidade de SP, 1987.

  • LEAL, J.C. Futebol: arte e ofício. Rio de Janeiro: 2ª edição: Sprint, 2001.

  • MELO, R.S. de. Esportes de Quadra. Rio de Janeiro: Sprint, 2 ed., 2001.

  • MELLO, Alexandre de Moraes. Psicomotricidade, Educação Física e jogos infantis. São Paulo: IBRASA, 1989.

  • PEDRINELLI e VERENGER. Educação Física Adaptada: Introdução ao Universo das Possibilidades in: Atividade Física adaptada. Gorgatti e Costa. Barueri, SP. Editora Manole, 2005.

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