Características fisiológicas de atletas elite de nado sincronizado juniores e seniores Physiological characteristics of the elite synchronized swimmers juniors and seniors |
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*Laboratório de Fisiologia do Exercício, Setor de Ergoespirometria. **Centro de Promoção da Saúde - Petrobras / UFRJ. Universidade Federal do Rio de Janeiro. (Brasil) |
Prof. Dra. Fátima Palha de Oliveira* | Prof. Talita Adão Perini* Prof. Glauber Lameira de Oliveira* | Prof. Patrícia dos Santos Vigário** Prof. Renata Silva Vieira** | Prof Juliana Ornellas* palha@ufrj.br |
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Artigo apresentado no 10º Congresso de Ciência do Desporto e da Educação Física dos Paises de Língua Portuguesa.
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 112 - Septiembre de 2007 |
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Introdução
O conhecimento dos limites de fadiga do atleta é essencial para o acompanhamento desses atletas, na medida em que possibilita intervenções no programa de treinamento, de modo a adequá-lo aos limites fisiológicos de cada um. A partir de medidas de limiar ventilatório e de potência (anaeróbia e aeróbia) obtém-se importantes informações sobre a resposta fisiológica ao esforço que retrata a capacidade de tolerância ao esforço dos indivíduos. Assim, a análise periódica desses índices fornece parâmetros de grande valia para o controle do treinamento individualizado e das adaptações longitudinais, fornecendo bases sólidas para a construção de novas rotinas.
No nado sincronizado, as atletas precisam demonstrar excelente nível técnico e executar os fundamentos do desporto com propulsão, de forma explosiva e ao mesmo tempo flexível e com ritmo. Os movimentos da coreografia são realizados, ora com o corpo o mais acima possível da linha da superfície da água ou, em muitas situações, com a face submersa, em apnéia. Durante a execução das figuras elas devem manter a expressão corporal interpretando a coreografia. Associado a estes fatores as atletas enfrentam as dificuldades impostas pelas características físicas do meio liquido, como a resistência dinâmica (drag force), densidade entre outras. Dependendo do tipo de rotina (técnica ou livre) do tipo de apresentação (solo, dueto ou equipe), da categoria e idade das atletas a duração da apresentação pode ser de dois a cinco minutos.
De um modo geral, as coreografias são compostas por uma grande variação de movimentos rápidos e vigorosos, sugerindo a forte interferência do sistema anaeróbio de produção de energia. Essa dependência foi constada (YAMAMURA et al, 2000) pela tendência de aumento da concentração de lactato sangüíneo durante a execução de rotina técnica e livre. Foi constatado uma maior concentração de lactato no período final das rotinas de nado sincronizado, o que caracteriza este período como o de maior dependência da glicólise anaeróbia. No período inicial até o meio das rotinas, a produção de energia é proporcionada principalmente pelos sistemas anaeróbio aláctico e aeróbio. Foi verificado ainda que o desempenho das atletas de nado sincronizado correlaciona-se significantemente com aspectos funcionais sendo a capacidade aeróbia, a flexibilidade e resistência muscular de particular importância para essas atletas (YAMAMURA et al, 1999).
O propósito desta investigação foi estabelecer uma comparação da composição corporal, da resposta ventilatória ao estresse físico e da potência anaeróbia de atletas de elite de nado sincronizado das categorias juniores e seniores.
Materiais e métodosAs avaliações foram realizadas no Setor de Ergoespirometria do Laboratório de Fisiologia do Exercício da Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (SE-LABOFISE-EEFD-UFRJ).
AmostraParticiparam do estudo todas as 16 nadadoras (17 ± 1,4 ano) da seleção brasileira de nado sincronizado/2004 no início da temporada de treinamento (mês de janeiro) e oito voluntárias saudáveis não-atletas (21 ± 3,0 anos) que compuseram o grupo controle. As atletas foram analisadas considerando a categoria em que competiram no último evento que participaram: sênior (n= nove) e júnior (n= sete). As atletas foram orientadas a não treinar no dia anterior ao teste, fazer a última refeição até três horas antes do teste e a não fazer uso de cafeína.
Composição corporalA rotina de avaliações foi iniciada pelas medidas antropométricas (NORTON & OLDS, 2000) para estimativa da composição corporal, sendo realizadas as seguintes medidas: espessura de dobra cutânea (peito, tríceps, bíceps, subescapular, suprailíaca, abdominal, média axilar, coxa e perna - CESCORF, 0,1mm); perímetros corporais (braço relaxado, braço contraído, cintura, abdômen, quadril, coxa e perna - fita metálica flexível - CARDIOMED, 1cm); diâmetros ósseos (biestilíode, biepicondiliano de úmero e biepicondiliano de fêmur - paquímetro, 1mm); estatura (estadiômetro, 1mm) e massa corporal total (MCT - balança eletrônica, 50g). Todos os avaliadores foram submetidos a um treinamento prévio para padronização da tomada de medidas antropométricas, evitando erros decorrentes da técnica (NORTON & OLDS, 2000; PERINI et al., 2005).
A partir das medidas realizadas, foram calculados diversos parâmetros, sendo considerados na presente análise: o percentual de gordura corporal (%G) obtido a partir da estimativa da densidade corporal (WITHERS et al.,1987; SIRI, 1956) e o somatório de nove dobras cutâneas ().
Capacidade funcionalO teste de esforço foi feito em esteira (ECAFIX), com protocolo de Bruce. Foi adotada a escala de Borg, para medida subjetiva do esforço. O teste era interrompido na presença de sintomas que impedissem sua continuidade (fadiga) e/ou representassem risco o avaliado.
O período de exercício foi precedido de um período de adaptação e preparação da atleta aos equipamentos e seguido de cinco minutos de recuperação ativa (cinco km/h) monitorada.
A medida do fluxo foi feita com pneumotacógrafo (Pt, MEDGRAFIC, médio) acoplado ao transdutor de pressão diferencial, próximo a este é conectado o capilar do analisador de gases para coleta de amostra de gases respirados. A atleta, cujo nariz é vedado por um clipe, é conectada ao sistema para aquisição de dados ventilatórios por um bocal. Os sinais de fluxo e concentrações gasosas foram amostrados (computador Pentium III) a uma taxa de 1000 Hz. As concentrações ciclo a ciclo dos gases foram amostradas pelo sistema de diagnóstico cardiorespiratório da MEDGRAFIC, modelo VO2000. A vazão respiratória, os sinais eletrocardiográficos (ECG - ECAFIX) foram processados em computador pessoal, em tempo real.
A pressão arterial (PA) foi medida na condição de repouso, a cada três minuto do período de exercício e na recuperação (1º, 3º e 5º minutos).
Para efeito de determinação dos resultados das varáveis representativos do fim do exercício (pico) foram computados os valores médios dos últimos três ciclos respiratórios referentes à carga máxima alcançada no exercício. Foram analisadas as seguintes varáveis ventilatórias: ventilação minuto (VE , l.min-1 - BTPS), consumo de oxigênio (VO2pico, l.min-1 - STPD), produção de gás carbônico (VCO2pico, l.min-1 - STPD), razão de trocas gasosas (R=VCO2pico / VO2pico ) e limiar anaeróbio ventilatório (LA, l.min-1 - STPD) .
A identificação do LA foi feita pelo método não invasivo a partir da análise do equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2) e de gás carbônico (VE/VCO2) como descrito previamente (BEAVER, 1986; DICKTEIN et al., 1990) .
O analisador de gases foi calibrado diariamente, antes do início dos testes, com bala de calibração (AGA - padrão primário) com concentrações: 12,1% de O2, 5,0% de CO2 e 83,0% de N2.
Potência anaeróbiaA potência anaeróbia aláctica e láctica e a taxa de fadiga foram determinados pelo teste de Wingate (Bar-Or, 1987) realizado em um cicloergômetro mecânico (MONARK). Este teste antecedeu o teste ergoespirométrico havendo um intervalo de pelo menos 60 minutos entre eles. Para computar o total de revolução do pedal e calcular a potência a cada cinco segundos foi acoplado no cicloergômetro um sensor ótico sendo este gerenciado por um programa de aquisição, elaborado no Labview 6.0 (National Instrumensts, EUA).
A determinação da carga foi estabelecida por 0,075 Kp.kg-1 de massa corporal conforme previsto no protocolo do teste de Wingate. O teste foi antecedido por um período de aquecimento de dois minutos e seguido de um período de recuperação de três minutos ativo com carga de 50 watts. A partir dos resultados individuais foram calculados os parâmetros: potência anaeróbia aláctica por meio do pico de potência absoluta (ou máxima, watts) e relativa à massa corporal (watts.kg1) e a potência láctica ou média (watts). O percentual de declínio de potência (%) ou taxa de fadiga, foi obtido a partir da diferença entre a maior potência e a menor potência alcançada pela atleta nos 30 s de teste. A carga da bicicleta foi aferida antes do início do teste.
Os cálculos dos parâmetros, a estatística descritiva dos dados e a comparação (ANOVA - One-Way) das variáveis entre os grupos foram realizados empregando o programa "Statistica" para Windows (6.0, 2004), seguidos do teste Post- hoc Tukey, adotando-se o nível de significância de p< 0,05.
Aspectos éticosTodos os participantes deste estudo estavam cientes e de acordo com o termo de consentimento informado, no qual constavam os procedimentos a serem adotados e a autorização dos voluntários para exploração dos resultados encontrados em estudos científicos. O anonimato e a privacidade dos participantes foram resguardados no estudo, que foi aprovado pelo comitê de ética local.
ResultadosComposição corporal
As características físicas dos participantes do estudo estão apresentadas na Tabela 1 e estão expressas pela média e pelo desvio padrão dos três grupos considerados na análise (sênior, júnior e não-atletas). Constata-se que o grupo de atletas é mais jovem e mais alto do que as voluntárias não-atletas. Não foi verificada diferença significativa entre os grupos para a massa corporal total (MCT), mas a análise fracionada dessa massa pela estimativa da composição corporal permitiu a constatação de menores valores de (p=0,03) e conseqüentemente, uma menor quantidade de gordura corporal (%G) (p=0,05) das atletas seniores em relação às não-atletas. O grupo de atletas juniores não apresentou diferença estatística para essas variáveis em relação às não-atletas, mas os valores médios apresentados são mais baixos (Tabela 1).
Capacidade funcionalA análise do desempenho cardiorespiratório em função da categoria desportiva que as atletas competem (juniores e seniores) não evidenciou diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Mas, quando os resultados das atletas foram comparados com os resultados do grupo de jovens não-atletas, as diferenças foram evidentes em quase todas as variáveis analisadas (Tabela 2).
Potência anaeróbiaOs dois grupos de atletas não apresentaram diferenças estatísticas para potência anaeróbia (de pico) mas a potência anaeróbia média das atletas seniores foi significativamente mais elevada (p=0,04) em relação as juniores e as jovens não-atletas (Tabela 3). As atletas seniores alcançaram valores médios mais elevados para potência anaeróbia de pico sem, contudo, apresentar evidência estatística de diferença com o grupo de não-atletas.
DiscussãoComposição corporal
Estudos longitudinais comparativos considerando atletas e não-atletas adolescentes revelaram valores similares para medidas de estatura e MCT (LAING, 2002; PARIZKOVÁ, 1973). Na amostra considerada nesta investigação, as atletas apresentam estatura superior ao das jovens não-atletas, mas a MCT não diferiu estatisticamente apesar de serem mais jovens (Tabela 1). A análise da expressão qualitativa da MCT tornou as diferenças entre os dois grupos mais evidentes. As atletas apresentam %G gorduras mais baixos, justificando-se a semelhança da MCT dos dois grupos pela maior massa magra das atletas (MCT-massa de gordura). O , que expressa a soma de nove espessuras de camadas de gordura subcutâneas em diferentes pontos anatômicos (mm), apresentou resultado significativamente menor (p=0,03) para as atletas seniores (Tabela 1) em relação ao grupo de não-atletas. A menor quantidade de gordura subcutânea encontrada nesse grupo é decorrente da resposta adaptada do metabolismo lipídeo na produção energética que a rotina de treinamento com sobrecarga aeróbia induz em atletas. Essa adaptação causa forte impacto na composição corporal determinando e %G significativamente mais baixo para atletas.
Capacidade funcional e resposta hemodinâmicaApesar da capacidade máxima de trabalho das atletas ser superior ao do grupo de não-atletas, os parâmetros hemodinâmicos (PA e Fc) destas não diferiram das não atletas no fim (pico) do exercício. Esse resultado evidencia que, para um nível mais elevado de trabalho físico, as atletas tiveram uma menor sobrecarga do sistema cardiovascular.
O nado sincronizado é uma modalidade desportiva que, durante a competição, apresenta maior dependência do sistema anaeróbio de produção de energia, mas como o treinamento técnico das coreografias demanda longas sessões de treinamento é necessário para suportá-lo, o bom desenvolvimento do sistema aeróbio de produção de energia. O VO2pico é um índice que retrata a resposta integrada dos vários sistemas envolvidos na tarefa de fornecer oxigênio aos músculos em exercício (ÄSTRAND et al., 1986) para produção aeróbia de energia.
As atletas das categorias juniores e seniores, apesar de terem tempo de treinamento significativamente diferente (Tabela 1), apresentaram semelhança nos resultados dos parâmetros ventilatórios analisados (Tabela 2). O nível de consumo de oxigênio relativo (VO2pico/massa corporal) que as atletas alcançaram no teste ergoespirométrico é compatível com o esperado para atletas desta modalidade desportiva disponível na literatura, estando acima dos resultados obtidos pelas voluntárias não-atletas (39,61 l.kg-1.min-1) e dos padrões esperados para a população (não-atleta) de mesma faixa etária e sexo (40,00 l.kg-1.min-1). Segundo alguns estudos disponíveis na literatura específicos dessa modalidade desportiva, observa-se que as atletas nacionais apresentaram VO2pico semelhante aos da seleção canadense de 1999 (júnior=48,1 ml.kg-1.min-1; sênior=49,3 ml.kg-1.min-1) e da equipe japonesa de 1995 (sênior=51,6 ml.kg-1.min-1) (YAMAMURA et al., 2000; YAMAMURA et al.,1999). Ressalta-se aqui que o resultado médio mascara a excelente resposta alcançada por uma das atletas seniores (19 anos), para consumo de oxigênio relativo de (63,20 ml.kg-1.min-1) e limiar anaeróbio (3,42 l.min-1).
Apesar dos bons resultados encontrados de potência aeróbia, é importante considerar que as atletas analisadas encontram-se em fase de desenvolvimento físico (16,71 ± 1,4 ano) e ainda não atingiram a fase adulta quando a maior capacidade de consumo de oxigênio é alcançada (ÄSTRAND et al., 1986). Desta forma, acredita-se ser fundamental a valorização da estimulação aeróbia destas atletas durante os ciclos de treinamento físico, de modo a permitir o contínuo desenvolvimento do potencial aeróbio, prevendo melhores desempenhos futuros. Em termos imediatos, a ênfase no componente aeróbio vai permitir uma melhor resposta dessas jovens atletas às demandas energéticas de treinamento permitindo uma recuperação mais eficaz entre as múltiplas repetições das séries durante as sessões de treinamento técnico. Segundo McRae et tal. (1992) (MACRAE, 1992) níveis elevados de consumo de oxigênio promovem recuperação mais rápida dos depósitos de fosfagênios e da remoção do lactato no repouso ou períodos de atividades de baixa intensidade.
Limiar anaeróbioDurante exercícios de alta intensidade como o realizado pelas atletas nesta investigação, o fornecimento de oxigênio aos músculos ativos torna-se insuficiente em relação à demanda. A oferta adequada de energia ocorre pelo aumento na atividade da glicólise anaeróbia que é acompanhada do aumento na produção de lactato (subproduto da glicólise) no músculo em atividade. Esta alteração metabólica interfere no equilíbrio entre a produção e a remoção do lactato sangüíneo e permite a identificação do limiar anaeróbio (LA). O CO2 produzido pelo tamponamento do lactato é eliminado pelos pulmões juntamente com o CO2 metabólico, provocando desta forma, um aumento na taxa de eliminação de CO2 pelas vias aéreas. O teste ergoespirométrico permite a identificação de modificações ventilatórias durante o exercício e a identificação do LA ventilatório (WASSERMAN et al.,1987; WASSERMAN et al.,1990) .
As atletas analisadas alcançaram o LA em níveis mais elevados de consumo de oxigênio (sênior p=0,006 e júnior p=0,06) em relação ao grupo de não-atletas (Tabela 2) . Essa é uma resposta decorrente da melhor capacidade de tamponamento de lactato sangüíneo e da melhor tolerância à acidez metabólica das atletas estimuladas pelo treinamento físico. A comparação das duas categorias (juniores e seniores) evidenciou LA semelhantes, o que pode ser, em parte, devido ao trabalho integrado de treinamento físico que as duas equipes vêm fazendo. A presença de homogeneidade entre os resultados cardiovasculares das atletas seniores e juniores é vista como positiva, pois favorece a programação das próximas etapas do treinamento físico e permite mais opções às técnicas para a montagem e diversificação das coreografias, sem prejuízo do sincronismo entre as atletas.
O fato das duas equipes alcançarem o LA em elevados percentuais do VO2pico (seniores: LA a 96,4% e juniores: LA a 96,3% do VO2pico) demonstra uma boa capacidade funcional, o que expressa que a atleta está preparada para realizar atividades intensas por períodos mais prolongados (SILVA, 1999).
Resposta hemodinâmicaA resposta hemodinâmica durante a recuperação (Fc e PA diastólica) apresentou-se mais eficiente para as atletas seniores que, cinco minutos após a interrupção do teste ergoespirométrico, apresentavam valores significativamente mais baixos do que as jovens não-atletas. Este parâmetro é de grande valia na prática do desporto em questão, pois permite intervenção individualizada do tempo de recuperação dos dois grupos. A capacidade de recuperação rápida da resposta hemodinâmica ao exercício retrata a melhor eficiência dos sistemas simpático e para simpático.
Essa capacidade de rápida restauração do organismo às condições basais é de elevada importância no nado sincronizado visto que, durante a apresentação de uma rotina, ocorre uma variação da freqüência cardíaca e naturalmente de intensidade que varia entre moderada e intensa (PAZIKAS et al., 2005).
Potência anaeróbiaO teste de Wingate fornece a potência anaeróbia de pico que indica a velocidade máxima com que o sistema ATP-PC produz ATP (adenosina trifosfato), a potência média que retrata a capacidade de produção energética pelos sistemas ATP-PC juntamente com o glicolítico e o percentual de declínio da potência de pico (índice de fadiga).
As atletas seniores distinguem-se das atletas juniores no parâmetro de potência média (p=0,04) (Tabela 3). Já que não houve diferença entre os dois grupos de atletas para potência de pico (potência atáctica) pode-se inferir que as atletas seniores apresentam uma melhor resposta glicolítica em relação às atletas da categoria juniores, o que se acredita ser decorrente do maior tempo de treinamento que este grupo acumula (Tabela 1).
Jacobs (1982) (JACOBS et al., 1982) demonstrou, mediante biopsias musculares, durante o teste de Wingate que há um decréscimo nas concentrações de substratos energéticos (ATP, CP, glicogênio) e aumento nas concentrações de lactato muscular obtendo com isso evidências mais diretas da característica anaeróbia da modalidade desportiva.
Foi observado ainda, que os grupos analisados apresentaram declínio da potência de pico semelhante (sem diferenças estatísticamente significantes), ressalta-se contudo o menor valor médio alcançado pelo grupo de atletas juniores, que indica uma menor perda de potência em 30 segundos de teste.
ConclusõesO estudo constatou o nível de condicionamento de atletas de elite de nado sincronizado das categorias juniores e seniores. Foi verificada uma resposta homogênea entre as duas categorias neste estágio do treinamento em que foram realizadas as medidas.
A resposta cardiopulmonar e da potência anaeróbia de nadadoras juniores e seniores de Nado Sincronizado foi quantificada fornecendo parâmetros comparativos para outras equipes nacionais. Na medida em que esta é uma modalidade desportiva pouco explorada na literatura científica, a contribuição do presente estudo torna-se efetiva, pois fornece padrões nacionais de uma equipe de elite, que servirão para que outras equipes possam realizar comparações.
Agradecimentos:CBDA, FAPERJ, FUJB.
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revista
digital · Año 12
· N° 112 | Buenos Aires,
Septiembre 2007 |