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Magia x ciência: psicologia do esporte.
Uma proposta de trabalho com base na ciência

   
Psicóloga - Universidade Católica de Goiás. UCG Goiânia.
Especialista em Psicologia do Esporte.
Faculdade de Educação Física da UnB.
 
 
Vanessa Borges Braga
vanessaesporte@hotmail.com
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     O presente texto visa apresentar uma reflexão sobre a Psicologia do Esporte como ciência, que cada vez mais vem apresentando metodologia e técnicas bem definidas, com eficácia comprovada cientificamente.
     Neste intuito o texto apresenta um histórico do desenvolvimento da Psicologia do Esporte no mundo e no Brasil e apresenta a Psicologia do Esporte com base na Análise do Comportamento como um dos exemplos de intervenção científica da Psicologia do Esporte.
    Unitermos: Magia. Ciência. Psicologia do Esporte. Esporte de alto rendimento. Análise do comportamento.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 111 - Agosto de 2007

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Introdução

    Embora alguns dirigentes esportivos brasileiros, treinadores e atletas, apresentam uma concepção equivocada sobre a Psicologia do Esporte, acreditando que o psicólogo esportivo, desenvolve um trabalho que pode ser efetuado através de um passe de mágica, possível de ser realizado na véspera da competição, com práticas e dinâmicas inapropriadas, tais como fazer os atletas andarem sobre brasa, e desenvolvida apenas com pessoas com problemas psicológicos, a Psicologia do Esporte é uma ciência.

    Tais concepções baseiam-se, entre outros aspectos, no fato de alguns profissionais que se intitulam Preparadores Psicológicos estarem realizando trabalhos questionáveis quanto as suas fundamentações. Somando-se a este fato deve-se considerar ainda a pouca difusão da Psicologia do Esporte como uma "ciência que estuda os fatores psicológicos associados com a performance no esporte, exercício e outras atividades físicas" (Américan Psychological Association. Divisão 47). Esses fatores reforçam a idéia de que a Psicologia do Esporte não é mais do que uma simples mágica, arte de entreter uma audiência criando ilusões que confundem e surpreendem, geralmente por darem a impressão de que algo impossível aconteceu, totalmente dispensável ao ambiente esportivo.

    No entanto como ciência, ou seja, conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico, a Psicologia do Esporte, em seu desenvolvimento apresenta um processo contínuo de aperfeiçoamento, não tão milenar, como as histórias de bruxaria da Idade Média ou mesmo das ciências renomadas e consolidadas como a matemática, a biologia, a química e a física.

    Essa ciência possui sua gênese no final do século XIX e início do século XIX quando Norman Triplett, entusiasta do ciclismo, psicólogo da Universidade de Indiana, trabalhou com ciclistas no intuito de pesquisar e entender por que razão os ciclistas pedalavam mais rapidamente quando corriam em grupos ou em pares do que quando pedalavam sozinhos.

    Em suas pesquisas com o ciclismo Triplett, estudou variáveis como o tempo de reação, a aprendizagem de habilidades esportivas, além de efetuar algumas discussões sobre a personalidade e características do desenvolvimento do atleta. Contudo seus estudos não foram utilizados no ambiente esportivo e caracterizados como área específica de conhecimento. Fato que veio à acontecer no período de 1921 à 1938, com Coleman Griffith, considerado o Pai da Psicologia do Esporte nos Estados Unidos, devido a elaboração de dois livros, "Psicologia de Técnicos" ( 1926) e "Psicologia de Atletas" (1928), além de ter fundado o primeiro laboratório de Psicologia do Esporte na Universidade de Illinoi em 1925.

    Segundo Weinberg e Gould (2001), o grande responsável pelo desenvolvimento científico da Psicologia do Esporte, foi Franklin Henry da Universidade da Califórnia, pois além de dedicar sua vida profissional ao estudo profundo dos aspectos psicológicos da aquisição de habilidades esportivas e motoras, formou professores de educação física ativos que posteriormente se tornaram professores universitários e iniciaram programas de pesquisa sistemáticos.

    Com o estabelecimento da educação física como uma disciplina acadêmica, em meados de 1960, a Psicologia do Esporte se tornou um componente separado de dentro dessa disciplina, sendo que os psicólogos do Esporte deste período estudavam a maneira como, a ansiedade, auto-estima e personalidade, influenciam o desempenho de habilidades esportivas e motoras e a maneira como a participação em esportes e na educação física influência o desenvolvimento psicológico .

    Ainda no período de 1966 à 1977, os consultores em Psicologia do Esporte aplicada iniciaram trabalhos com atletas e times, sendo Bruce Ogilvie, da Universidade do Estado de São José, um dos primeiros profissionais a trabalhar nesta área. Ainda neste período, segundo Weinberg e Gould (2001), as primeiras sociedades de Psicologia do Esporte Norte Americanas foram estabelecidas e em 1967 é realizada a primeira conferência anual da North American Socity for the Psychologyc of Sport and Physical Activity (NASPSPA).

    Outros profissionais contribuíram e contribuem para o desenvolvimento dessa ciência, que teve um grande impulso com as disputas, do poder, de armamentos bélicos e tecnologia de ponta, no período da Guerra Fria entre os EUA antiga URSS, pois as pesquisas desenvolvidas, neste período, incluíam a psicologia que desenvolveu técnicas de relaxamento, concentração, trabalhos com yoga entre outros aspectos, para serem trabalhadas com os astronautas e soldados e que posteriormente foram utilizadas no treinamento de atletas, afim de melhorar o seu desempenho, uma vez os "resultados adquiridos em Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais era utilizados como um importante instrumento de comparação do poderio e realizações entre os blocos capitalistas e comunistas, servindo como um indicador das relações internacionais ao longo de quase 50 anos" (Ribeiro, 2000 in. Rúbio, 2000: 21) .

    Ao longo dos últimos 50 anos a antiga União Soviética acolheu e desenvolveu a Psicologia do Esporte. "Artigos acadêmicos publicados por Puni e Rudik na década de 20 coincidem com o desenvolvimento dos Institutos para Cultura Física de Moscou e Lenigrado, sendo este fato considerado o marco do início da Psicologia do Esporte na então União Soviética" (Rúbio, 2000: 21).

    Nos anos 50, em função do desenvolvimento do programa espacial soviético, cientistas investigaram a possibilidade do uso da Yoga no controle de processos psicofisiológicos, tais estudos posteriormente foram aproveitados no treinamento de atletas tornando-se um importante conjunto de procedimentos da Psicologia do Esporte, procedimentos estes que englobavam o treinamento de auto-regulação usados no controle voluntário de funções corporais, tais como tensão muscular, batimento cardíaco, temperatura dentre outros.

    Nos últimos anos os pesquisadores Russos dedicam maior atenção a "compreensão da motivação competitiva e o enfrentamento efetivo da ansiedade competitiva e pré-competitiva" (Kantor & Ryzonkin 1993, apud Rúbio 2000: 22), sendo que a investigação científica da Psicologia esportiva, no chamado bloco Soviético, estão quase sempre associados à maximização do rendimento .

    Apesar da grande contribuição Russa para o Desenvolvimento da Psicologia do esporte e dos estudos e trabalhos Russos nesse campo serem extremamente valorizados no que se refere ao diagnóstico e investigação dos atletas, os Russos apresentam pouco interesse em desenvolver e criar técnicas de intervenção na preparação superior do atleta. (Barreto, 2003).

    Se por um lado os Russos negligenciaram na criação de técnicas de intervenção na preparação psicológica de atletas de alto rendimento, Cuba, fortemente influenciada pelos estudos e pesquisas da antiga União Soviética e também sobre a influência de autores americanos e europeus, no campo da Psicologia do Esporte desenvolveu e ultrapassou os estudos Russos no tocante aos instrumentos técnico-psicológicos de modificação do comportamento do atleta, nos treinamento e competições esportivas. (Barreto, 2003).

    Saindo da influência dos estudos e conhecimento sobre a Psicologia Esportiva do bloco socialista, mas ainda sobre influência dos métodos experimentais norte-americanos, o Japão, que possui a Sociedade Japonesa de Psicologia do Esporte, sob a presidência do professor Iwao Matsuda, desenvolveu e desenvolve estudos em Psicologia do Esporte, com ênfase à aprendizagem motora e bases fisiológicas e neurológicas da atividade motora.

    Também sobre a influência norte Americana, segundo (Barreto, 2003), países Europeus, como a Espanha, França, Noruega e Suécia, atualmente, possuem instituições que desenvolvem inúmeros estudos na área de Psicologia do Esporte.

    Na Espanha, a Sociedade de Psicologia do Esporte, desenvolve estudo envolvendo temáticas como: tempo de reação, desenvolvimento e aprendizagem motora, problemas psicológicos das lesões, treinamento psicológico, biofeedback, dentre outros temas.

    Na França, o laboratório de Psicologia da Escola Normal Superior de Educação Física, contribui com o desenvolvimento da Psicologia do Esporte à medida que desenvolve pesquisas sobre a habilidade humana em reproduzir ritmos e sobre a base neurológica da atividade rítmica.

    A Noruega e a Suécia, por sua vez, uniram-se para formar a Sociedade de Psicologia do Esporte dos países escandinavos, responsável por desenvolver estudos e pesquisas na área de motivação e sobre a inteligência de esquiadores e nadadores superiores.

    Além da França, Espanha, Noruega e Suécia, países como a Holanda, Itália e Inglaterra também apresentam literaturas na área de Psicologia do esporte. Segundo Barreto (2003), atualmente, pode-se encontrar uma grande fonte de informações de trabalhos psicológicos na área esportiva européia e em outros países publicados pela FEPSAC- Federations Européenne de Psychologie des Sports et des Activités corporelles e European Federation of Sport Psychology. Finalmente, por todo o mundo, estudiosos da Psicologia do Esporte estão se organizando e difundindo a Psicologia do Esporte.

    No Brasil, os primeiros registros do interesse de profissionais da Psicologia pela área de Psicologia do Esporte no Brasil, datam da década de 50. O primeiro psicólogo brasileiro a atuar nessa área foi João Carvalhaes, segundo Rúbio (2000), João Carvalhaes trabalhou no São Paulo Futebol Clube por 19 anos, sendo que em 1958 trabalhou junto a equipe Campeã da Copa do Mundo além de realizar trabalhos com juizes de futebol na Federação Paulista de Futebol, além de participar de inúmeros eventos científicos e de escrever o livro "Psicologia no Futebol" em 1974.

    Posterior a João Carvalhaes, a Seleção Brasileira que disputou a Copa do Chile em 1962, contou com o trabalho de Athayde Ribeiro da Silva, autor do primeiro livro de Psicologia do Esporte do Brasil, em co-autoria com Emílio Mira, intitulado de "Futebol e Psicologia". Assim como o precursor da Psicologia do Esporte no Brasil Athayde Ribeiro, também participou de eventos científicos internacionais, tais como o Congresso de Fundação da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte, realizado em Roma, "com o trabalho "Observações sobre a Psicologia Aplicada ao Futebol" (Rubio, 2000: 23).

    Na década de 70, houve uma ampliação da atuação de Psicólogos no Esporte, principalmente no que se refere ao Futebol. Em 1976, Mauro Lopes de Almeida participou do trabalho desenvolvido no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa em São Paulo, estendendo a participação da Psicologia do Esporte a outras modalidades esportivas.

    Com o crescente desenvolvimento da Psicologia do Esporte a nível mundial e de Brasil, diante do número considerável de profissionais envolvidos com o desenvolvimento da Psicologia do Esporte em 1979 é fundada a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte (SOBRAPE) tendo com presidente- fundador o Psicólogo Benno Becker Júnior.

    Na década de 90 a Psicologia do Esporte brasileira passa por um período de grande expansão, aumenta-se o número de profissionais atuando na área e em busca de formação específica, a publicação de literatura em português e a busca de espaço para a atuação também é ampliada, destacando-se neste período a atuação da Psicóloga Regina Brandão junto a equipe de Voleibol masculino de 1992 e medalha de ouro nas Olimpíadas de Barcelona, além da "criação do primeiro laboratório de Psicologia do Esporte na Universidade Federal de Minas Gerais pelo Dr. Dietnar Samulsk" (Rúbio, 2000: 25), eleito em 2001 membro do Conselho Diretor da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte. Além do desenvolvimento de várias Sociedades e de laboratórios de pesquisa, na década de 90 aumenta-se o número de mestre e doutores orientados pelo Dr. Olavo Feijó na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, ocorrendo também neste período a inclusão da Psicologia do Esporte na grade curricular de alguns cursos de Psicologia.

    Portanto, de sua gênese aos dias atuais muitos profissionais contribuíram e contribuem para o desenvolvimento dessa ciência, sendo que as Ciências do Esporte: Medicina, Biomecânica, História, Sociologia, Filosofia, Pedagogia e Psicologia do Esporte, estão cada vez mais ampliando seus conhecimentos e áreas de atuação.

    Considerando os fatos históricos do desenvolvimento da Psicologia do Esporte, apresentados, a Psicologia do Esporte pode ser explicada e compreendida como uma ciência "que investiga as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas que o ser humano apresenta, antes, durante e após o exercício ou esporte, sejam estes de cunho recreativo, competitivo ou reabilitador." (BECKER, 2000).

    Neste sentindo, os profissionais que objetivam construir uma Psicologia do Esporte científica estão se empenhando em desenvolver um trabalho que auxilie os grupos esportivos em suas demandas, o que envolve compreender e desenvolver uma maneira efetiva de auxiliar um atleta ou esportistas a aprender novas habilidades, eliminar maus hábitos e aprender padrões complexos de execução, aproveitar o máximo dos treinamentos e generalizar os comportamentos para situações de competição. Assim como controlar o nervosismo e as tensões e os sentimentos que surgem antes das competições, tais como medo, raiva, ódio, inveja, egoísmo dentre outros sentimentos e comportamentos que influenciam o rendimento dos atletas.

    A Psicologia do Esporte, no que se refere a esporte de alto rendimento, visa compreender os processos envolvidos na situação esportiva e construir, em conjunto com o atleta, estratégias para melhorar seu desempenho, ou seja, sua atuação está voltada, para "preparar, psicologicamente, o atleta para a obtenção da máxima eficiência no seu rendimento, nos treinamentos e nas performances". (BARRETO, 2003).

    Após um grande percurso de estudos intensivos em vários temas da psicologia, do esporte e da atividade física, atualmente, a Psicologia do Esporte, segundo Barreto (2003), desenvolve e concentra seus estudos e pesquisas em três áreas básicas: 1) Estudos acerca do comportamento motor geral, da aprendizagem motora e desenvolvimento motor; 2) Estudos teóricos e dados de pesquisas sobre a preparação psicológica do atleta de alto rendimento e com as varias áreas psicológicas como a Psicologia do Desenvolvimento, da Educação, da Motivação, da Personalidade, da Inteligência, dos Comportamentos Emocionais, da Aprendizagem e da preparação psicológica do atleta em todas as fases do treinamento e da competição esportiva; 3) Pesquisa e estudos sobre a Psicologia Social da equipe e de esportes individuais.


Um exemplo de intervenção científica: Psicologia do Esporte com base na Análise do Comportamento

    A Psicologia do Esporte, com base na teoria Behaviorista e nas práticas da Análise do Comportamento, de acordo com (Martin, 2001), apresenta como característica a definição dos problemas em termos de comportamentos que possam ser mensurados de alguma maneira, usando modificações na mensuração comportamental do problema como melhor indicador do grau em que o problema está sendo superado, sendo que as técnicas e procedimentos de tratamento dotados, por essa abordagem, são formas de reorganizar o ambiente, variáveis físicas específicas imediatamente próximas à pessoa e que pode afetar o comportamento, de um indivíduo para ajudar o atleta a ter um desempenho que envolva todo o seu potencial.

    Segundo Pereira (2003), "o desenvolvimento da psicologia comportamental do esporte se dá a partir da utilização dos princípios psicológicos básicos aplicados ao contexto esportivo", sendo que a aplicação dos conhecimentos da psicologia comportamental ao esporte se estende à qualquer comportamento que possa ser identificado como esportivo.

    Os profissionais desta abordagem, com a utilização dos fundamentos da Psicologia da Aprendizagem e da interpretação comportamental com base no modelo de contingência tríplice procuram investigar detalhadamente os comportamentos dos processos cognitivos e emocionais dos atletas no contexto esportivo, criar procedimentos e técnicas para otimizar a relação organismo-ambiente, visando a melhoria de desempenho do atleta. Esses profissionais, através de um processo de interação com os demais profissionais esportivos e com os atletas, buscam trabalhar competências que envolvem a parte técnicas, táticas, físicas e psicológicas dos atletas, bem como na análise e compreensão dos métodos, teorias e técnicas utilizadas no treinamento esportivo. (Pereira, 2002).

    Buscando desenvolver um trabalho de forma interdisciplinar com profissionais como o Assistente Social, o Nutricionista, Médico, Fisiologista, Técnico, Preparador Físico, dentre outros profissionais, os Psicólogos Analistas do Comportamento buscam intervir nos diferentes níveis de comportamentos, por comportamento entendes-se essencialmente, como " qualquer coisa que uma pessoa diga ou faça" (Martin, 2001), ou seja, busca-se trabalhar à nível das ações, cognições e emoções. Para tanto tais profissionais visam compreender quais são as influências ambientais que o atleta sofre, ou seja, o Psicólogo Comportamental define o ambiente de forma ampla identificando os antecedentes, históricos, biológicos, físicos e sócio-culturais dos atletas, sendo que as intervenções do Psicólogo devem ser executadas nesse ambiente, uma vez que essas ações irão refletir nas ações dos atletas. (Pereira, 2002).

    Os Psicólogos Comportamentais Esportivos, segundo Pereira (2003), adotam uma metodologia de trabalho que desmistifica conceitos tradicionais, como os rótulos que descrevem processos de causa interna, tais como: motivação, medo, angustia, dentre outros. Esses psicólogos também efetuam uma interpretação comportamental dos conceitos, ou seja, os rótulos são operacionalizados e descrevem relações do organismo-ambiente através da observação dos comportamentos. Suas estratégias envolvem o estabelecimento de objetivos gerais e específicos, atuam sobre comportamentos públicos ou privados, estabelecimento do comprometimento com o treinamento, auto-verbalizações funcionais, com técnicas de condicionamento operante e respondente, tais como: relaxamento, ensaio mental, feedback, dessensibilização sistemática, controle de estímulos, governância por regras totais e parciais e etc.

    Segundo Cillo (2000), o treinamento comportamental tem por características: 1) A ênfase em uma medida detalhada e específica da "performance" atlética e o uso dessas medidas para avaliar a efetividade de técnicas específicas de treino; 2) Reconhecer a distinção entre desenvolver um novo comportamento e manter (motivar) um comportamento existente em taxas aceitáveis, e oferece procedimento para ambos; 3) Encorajar atletas à automonitoração de suas "performances" e a competir mais consigo próprio do que com os outros; 4) Encorajar técnicos a usarem procedimentos específicos de modificação do comportamento cuja efetividade tem sido demonstrada em inúmeras outras áreas; 5) Focar o comportamento do técnico, assim como o comportamento do atleta, e encorajar o técnico a continuamente monitorar e avaliar o seu próprio comportamento de treinador; 6) Sugerir que os próprios atletas devem aumentar seu envolvimento no estabelecimento de objetivos e na avaliação dos resultados obtidos.

    Os procedimentos de trabalhos desses profissionais englobam as entrevistas e intervenções, orientação individual e coletiva, o treinamento mental e de auto-verbalização, dinâmicas de grupo e Palestras, trabalha com Jornais, Biblioteca e Videoteca, estrutura de documentação, projetos para diferentes situações e com os fatores técnicos, a cultura do time, clube, com competições específicas e grau de expectativa.


Considerações finais

    Considerando, portanto, a Psicologia do Esporte uma ciência que procura identificar e compreender todos os fatores que influenciam o desempenho esportivo e a prática de atividades físicas como instrumento de socialização e manutenção da saúde, ela procura desenvolver-se de forma interdisciplinar com profissionais como o Assistente Social, o Nutricionista, o Médico, Fisiologista, técnico, preparador Físico, dentre outros profissionais, a fim de desenvolver um programa de treinamento de habilidades psicológicas que auxilie o atleta e demais pessoas do seu meio.

    Considerando também, o desenvolvimento histórico da Psicologia do Esporte, bem como o crescente número da inserção da disciplina, nas grades curriculares do curso de Psicologia, a criação de cursos de pós-graduação em Psicologia do Esporte, a criação de grupos de estudos e pesquisas na área, a aumento de bibliografia existente na área, dentre outros fatores. Pode-se constatar que:

    A Psicologia do Esporte, longe de ser um trabalho de magia, feitiçaria, adivinhação e aplicação de técnicas de dinâmicas de grupos duvidosas, é uma ciência que cada vez mais estrutura sua metodologia e apresenta técnicas bem definidas, com eficácia comprovada cientificamente. E está cada vez mais sendo respeitada por profissionais do meio esportivo que estão buscando se inteirar de suas propostas, objetivos e forma de atuação dos psicólogos esportivos.


Bibliografia

  • AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION - APA, disponível "on-line": http://www.apa.org, captado em 15.10.2002.

  • BARRETO, João Alberto. (2003). Psicologia do Esporte para Atleta de Alto Rendimento. Rio de Janeiro: Shape Ed.

  • BECKER, B. Jr.,(2000) Manual de Psicologia do Esporte e Exercício. Porto Alegre: Novaprova, p.19.

  • CILLO, E. N. P. de (2000) Análise do Comportamento Aplicada ao Esporte e à Atividade Física: A Contribuição do Behaviorismo Radical. K. Rúbio (org.), Psicologia do Esporte: Interfaces, Pesquisa e Intervenção. (pp. 87 - 99). São Paulo: Casa do Psicólogo.

  • MARTIN, Garry (2001) Consultoria em Psicologia do Esporte: Orientações e Práticas da Análise do Comportamento, Campinas: Instituto de Análise do Comportamento.

  • Pereira, A. B. (2002). Psicologia do Esporte. Caderno de resumo do X Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental. Campinas. SP.

  • Pereira, A . B. (2002). Tecnologia, Informática e Psicologia do Esporte: Ferramentas úteis para avaliação e intervenção. K. Rubio. (Org.). Psicologia: Teoria e Prática São Paulo: Casa do Psicólogo.

  • RÚBIO, Kátia. (2000). Encontros e Desencontros: Descobrindo a Psicologia do Esporte. Org. Kátia Rubio. SP: Casa do Psicólogo.

  • WEINBERG, Robert. S., GOULD, Daniel.(2001). Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2.ed. Porto Alegre: Artmed.

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revista digital · Año 12 · N° 111 | Buenos Aires, Agosto 2007  
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