Comparação entre os limiares de treinabilidade baseada na avaliação ergométrica convencional e na ergoespirométrica em adolescentes | |||
Centro Universitário Vila Velha - UVV. NUBAC - Núcleo de Biodinâmica das Atividades Corporais. (Brasil) |
Profa. Poliana Peixoto Brum Prof. Ms. Miguel Angelo Alves dos Santos marciomilk@uol.com.br |
|
|
|
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 110 - Julio de 2007 |
1 / 1
Introdução
Segundo Americam College of Medicine Sports (ACSM, 2003) um programa de condicionamento físico para se alcançar benefícios como a melhoria na qualidade de vida e, sobretudo, na aptidão cardiorrespiratória é necessário ter uma prescrição de exercício adequada em relação a sua intensidade, duração, freqüência e modalidade. Dentre os fatores citados, a intensidade é o que tem maior destaque nos resultados alcançados.
Desse modo, as intensidades dos exercícios aeróbios e anaeróbios podem ser prescritas baseando-se em diferentes indicadores como: a Freqüência Cardíaca Máxima Estimada (FCmáxE), Freqüência Cardíaca Máxima Medida (FCmáxM), Unidades Metabólicas (MET), Consumo Máximo de Oxigênio (VO2máx), pelo Índice de Percepção de Esforço (IPE) e pelos limiares ventilatórios: limiar anaeróbio (LA) e ponto de compensação respiratório (PCR) (ACSM, 2003; POLLOCK; WILMORE, 1993).
A Esgoespirometria computadorizada é um avanço importante para o desenvolvimento do programa de condicionamento físico, pois avalia de forma precisa a capacidade cardiorrespiratória e metabólica, através da medida direta do consumo de oxigênio máximo e da determinação dos limiares ventilatórios (limiar anaeróbio - LA e ponto de compensação respiratório - PCR). É um método com resultados fidedignos que fornece a partir desses limiares as intensidades de exercício que predominam o metabolismo aeróbio e anaeróbio, possibilitando uma prescrição individualizada e adequada da intensidade do programa de condicionamento físico. Por ser uma avaliação específica de laboratório, tem o seu custo elevado por exigir a presença de profissionais experientes e equipamentos caros, tornando-a pouco acessível. Com isso, localiza-se uma recorrência aos testes de esforço convencionais, utilizados na avaliação da capacidade funcional.
A Ergometria Convencional avalia adequadamente as respostas cardiovasculares durante o teste, no entanto, ele mensura indiretamente, por meio de equação de regressão o consumo de oxigênio máximo. Pesquisa anterior (RONDON et al, 1998) demonstra que o VO2 estimado pelo teste ergométrico tende a superestimar os valores registrados.
Pouco se sabe a respeito da relação existente entre a intensidade de exercício prescrita, de forma indireta e a intensidade estabelecida pelos limiares ventilatórios, ou seja, o quanto os limites inferiores de prescrição (60% do VO2máxE; 60% do VO2máxM; 70% da FCmáxE e 70% da FCmáxM) e os superiores (80% do VO2máxE; 80% do VO2máxM; 85% da FCmáxE e 85% da FCmáxM) propostos pelo ACSM são efetivos para representar o intensificação do metabolismo anaeróbio (LA) e o início da fase de descompensação da acidose metabólica (PCR), respectivamente.
Nesse sentido, este estudo apresenta como principal objetivo comparar os limites inferiores e superiores da prescrição de treinamento físico aeróbio determinada pelo teste ergométrico convencional com a prescrição obtida pelo teste ergoespirométrico em adolescentes do sexo feminino com idade entre 12 e 17 anos praticantes de handebol e voleibol.
MétodosParticiparam do estudo 29 atletas de (16) vôlei e (14) handebol (14,5 ± 1,1 anos, 59,2 ± 9,5 Kg, 166,2 ± 6,3 cm e percentual de gordura de 25,2 ± 6,4%), todas praticantes da modalidade por mais de seis meses. 89,6% das voluntárias apresentaram maturação sexual entre M3 e M4 para o desenvolvimento das mamas e 75,8% entre P4 e P5 para os pêlos pubianos segunda a escala de Tanner (MALINA, 2002). Para calcular o percentual de gordura (%G) foi utilizada a equação de regressão de Slaughter et al (1988): %G = 0,61 x (DCT + DCPM) + 5,1 onde: DCT: dobra cutânea de tríceps; DCPM: dobra cutânea da perna medial. Cada voluntária foi informada sobre os procedimentos do experimento e suas implicações, tendo o responsável assinado um termo de consentimento para a participação no estudo.
As voluntárias foram orientadas a se apresentarem nos testes descansadas, alimentadas e hidratadas e a não realizarem esforço intensos nas últimas 48 horas. Os testes foram no mesmo local e horário do dia (± 9:00h), com a temperatura ambiente controlada entre 21-22°C. Foi medido inicialmente a freqüência cardíaca e pressão arterial estando as voluntárias sentadas em repouso, por pelo menos cinco minutos antes da coleta dos dados. Foi utilizado o protocolo de Bruce para a realização da esgoespirometria em uma esteira ergométrica (Aegean), as variáveis cardiorrespiratórias: Consumo de oxigênio (VO2), Produção de Dióxido de Carbono (VCO2), Ventilação (VE) e Freqüência Cardíaca (FC) foram medidas usando um analisador de gases (Aerosport - VO2000, acoplado ao sistema computadorizado, Ergo PC Elite® versão 2.0), coletando dados respiração a respiração, e transformados depois para uma média de 10s. A freqüência cardíaca foi monitorada por meio de um frequencímetro (Polar - A1). Antes de cada teste, os sistemas de análise do O2 e CO2 foram calibrados usando o ar ambiente como referência.
O consumo de oxigênio máximo medido (VO2máxM) diretamente no teste foi considerado como o valor obtido no pico do exercício, quando o indivíduo encontrava-se em exaustão, calculado em média de 20s. A FC obtida no pico do exercício foi considerada com a freqüência cardíaca máxima medida (FCmáxM) no teste.
O consumo de oxigênio máximo estimado (VO2máxE) foi calculado indiretamente a partir da velocidade e da inclinação máxima atingida durante a ergoespirometria, utilizando as fórmulas proposta pelo ACSM (2000); caminhada: VO2 (mlO2.Kg-1.min-1) = vel (m/min) x 0,1 + [vel (m/min) x % de inclinação x 1,8] + 3,5 mlO2.Kg-1.min-1; corrida: VO2 (mlO2.Kg-1.min-1) = vel (m/min) x 0,2 + [vel (m/min) x % de inclinação x 0,9] + 3,5 mlO2.Kg-1.min-1. A freqüência cardíaca máxima estimada (FCmáxE) para a idade foi calculada pela fórmula: FCmáxE = 220 - idade (anos).
Após a ergoespirometria foram determinados o LA e o PCR, avaliados visualmente pelo responsável por sua condução. O LA foi considerado no minuto de exercício em que se observou um incremento não linear da razão de troca respiratória (RER) e os menores valores do equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2) e da pressão parcial final de oxigênio (PetO2), isto é, antes do início do aumento progressivo dessas respostas. O PCR foi considerado no minuto de exercício em que se observou o menor valor do equivalente ventilatório de dióxido de carbono (VE/VCO2), ou seja, antes do início do seu aumento progressivo, e o maior valor da pressão parcial final de dióxido de carbono (PetCO2).
Foi utilizado os seguintes cálculos para a determinação dos limiares de treinabilidade; limite inferior de treinabilidade: VO2 e FC no LA, 60% do VO2máxE, 60% VO2máxM, 70% FCmáxE e 70% FCmáxM; limite superior de treinabilidade: VO2 e FC no PCR, 80% do VO2máxE, 80% VO2máxM, 85% FCmáxE e 85% FCmáxM.
Para comparação das faixas de intensidade de treinamento físico (limites inferior e superior) prescritas de forma direta e indireta, tanto em relação à FC quanto ao VO2, foi utilizado o teste-t de Student para amostras repetidas com nível de significância de p < 0,05. Os dados serão apresentados com média ± desvio padrão.
ResultadosOs dados serão apresentados da seguinte forma: a) respostas cardiorrespiratórias e metabólicas mensuradas durante o teste ergoespirométrico; b) comparação entre o limite inferior da faixa de prescrição de intensidade de exercício físico prescrito pela FC, ou seja, 70% da FCmáxE e 70% FCmáxM com a FC no LA; c) comparação entre o limite superior da faixa de prescrição de intensidade de exercício físico prescrito pela FC, ou seja 85% da FCmáxE e 85% FCmáxM com a FC no PCR; d) comparação entre o limite inferior da faixa de prescrição de intensidade de exercício físico prescrito pelo VO2, ou seja, 60% do VO2máxE e 60% VO2máxM com o VO2 no LA; e) comparação entre o limite superior da faixa de prescrição de intensidade de exercício físico prescrito pelo VO2, ou seja, 80% do VO2máxE e 80% VO2máxM com o VO2 no PCR.
As respostas cardiorrespiratórias e metabólicas mensuradas durante o teste ergoespirométrico encontram-se na tabela 1. De acordo com os dados coletados observa-se que a FCmáxE foi significativamente 5,4% maior que a FCmáxM (205 ± 1,2 vs 194 ± 10,0 bpm). O VO2máxE também foi significativamente 25,6% maior que o VO2máxM (48,4 ± 5,3 vs 36,0 ± 9,0 mlO2.Kg-1.min-1). O LA foi atingido a 74 ± 11,8% da FCmáxM e em 46,7 ± 20,0% do VO2máxM. O PCR foi atingido a 90 ± 4,7% da FCmáxM e em 87,7 ± 6,3% do VO2máxM.
As figuras 1 e 2 mostram que não há diferença significativa entre a FC no LA e a FC a 70% da FCmáxE (144 ± 21,5 vs 143,9 ± 0,8 bpm) e a 70% FCmáxM (144 ± 21,5 vs 136 ± 7,0 bpm) respectivamente. Apesar de não haver diferença significativa a FC a 70% da FCmáxM foi 5,6% menor do que a FCLA. A FC no PCR foi significativamente maior que a FC a 85% da FCmáxE (190,6 ± 10,7 vs 174,8 ± 1,0 bpm) e FCmáxM (190,6 ± 10,7 vs 165,3 ± 8,5 bpm), ou seja, a FCPCR foi 8,4% maior que a FC a 85% da FCmáxE e 13,2% maior do que a FC a 85% da FCmáxM. Vale ressaltar que a FCmáxM representou o maior valor da FC durante o pico do teste antes da sua interrupção causada pela fadiga voluntária.
O VO2LA foi significativamente menor que o VO2 a 60% do VO2máxE (16,0 ± 5,8 vs 29,0 ± 3,2 mlO2.Kg-1.min-1) e a 60% do VO2máxM (16,0± 5,8 vs 21,6 ± 5,4 mlO2.Kg-1.min-1). O VO2LA foi 45,0% menor do o VO2 a 60% do VO2máxE e 20,1% menor do que o VO2 a 60% do VO2máxM. figuras 5 e 6.
O VO2PCR foi significativamente menor do que o VO2 a 80% do VO2máxE (31,8 ± 9,0 vs 38,7 ± 4,2 mlO2.Kg-1.min-1). Não há diferença significativa entre o VO2PCR e VO2 a 80% do VO2máxM (31,8 ± 9,0 vs 28,8 ± 7,2 mlO2.Kg-1.min-1), O VO2PCR foi 17,8% menor do que o VO2 a 80% do VO2máxE e 9,4% maior do que o VO2 a 80% do VO2máxM. figuras 7 e 8.
DiscussãoO VO2máxE calculado pela fórmula do ACSM foi significativamente 25,6% maior do que o VO2máx medido diretamente pela ergoespirometria. Essa discrepância não pode ser atribuída ao protocolo utilizado durante o teste ergométrico, pois tanto o protocolo utilizado para determinação do VO2máxE pelo ACSM quanto nesse estudo tiveram uma condição de equilíbrio (steady state) nos estágios. Entretanto, segundo Rondon et al. (1998), o nível de condição física pode influenciar nos resultados finais obtidos. Eles observaram que o consumo de oxigênio estimado pela fórmula do ACSM foi maior em indivíduos de baixa condição física que em indivíduos de moderada condição física (36% versus 18%, respectivamente). Myers et al. (1991), submeteu 41 pacientes a 6 diferentes protocolos, 3 em esteira (Bruce, Balke e rampa) e 3 em cicloergômetros (25 Watts, 50 Watts por estágio e rampa). Em todos os protocolos, rampa ou não, o VO2máxE foi maior que o medido. Entretanto, Barbosa e Sobral Filho (2003), submeteram 1840 pacientes de 4 a 79 anos a um teste ergométrico em rampa, e observaram que o VO2máx médio alcançado foi superior ao previsto em ambos os sexos e todas as faixas etárias, sem diferenças significativas apenas nas crianças e adolescentes do sexo feminino. Porém, o VO2máx previsto e alcançado no pico do esforço foram calculados pelas fórmulas do ACSM e não pela medida direta do consumo de oxigênio máximo.
A freqüência cardíaca máxima estimada para a idade foi significativamente 5,4% maior do que a freqüência cardíaca máxima medida. Apesar de todas as avaliações terem sido interrompidas por cansaço físico intenso pode estar relacionado a fadiga muscular. A maioria dos voluntários não tinha o hábito de se exercitarem regularmente na esteira ergométrica, dessa forma, é possível que a fadiga muscular local possa ter influenciado o momento da interrupção do teste ergoespirométrico em indivíduos não adaptados ao ergômetro em que este teste é realizado.
Segundo o ACSM (2003), para a maioria dos indivíduos condicionados as intensidades dentro da variação de 70 a 85% da FCmáx ou de 60 a 80% da FCR são suficientes para conseguir aprimorar a aptidão cardiorrespiratória. Porém, a relação entre a intensidade de exercício prescrita de forma indireta, e a intensidade estabelecida pelos limiares ventilatórios é pouca investigada. Baseado nessa afirmação comparamos o limite inferior da faixa de prescrição de intensidade de exercício físico prescrito pelo ACSM, ou seja, 60% do VO2 Estimado, 60% do VO2 Mensurado com o VO2 no LA e 70% da FCmáxE, 70% FCmáxM com a FC no LA, assim como, o limite superior da faixa de prescrição de intensidade de exercício físico prescrito pelo ACSM, ou seja, 80% do VO2 Estimado, 80% do VO2 Mensurado com o VO2 no PCR e 85% da FCmáxE, 85% FCmáxM com a FC no PCR.
Ao comparar o limite inferior de treinabilidade do exercício aeróbio utilizando como parâmetros 70% da FCmáxE, 70% da FCmáxM e FCLA, não observou-se diferença significativa entre esses índices de controle de intensidade do exercício aeróbio no grupo pesquisado. Rondon et al. (1998), realizaram teste ergoespirométrico progressivo até a exaustão em 47 homens (30 ± 5 anos), divididos em dois subgrupos, de acordo com a velocidade da esteira durante o teste (4 ou 5 mph) e a capacidade física medida: baixa condição física e moderada condição física. Eles observaram que a FC a 70% da FCmáxM e a 70% da FCmáxE apresentou valor significativamente maior que a FCLA (12 e 15%, respectivamente). Esse resultado contraditório pode ser devido ao tipo protocolo utilizado durante o teste ergoespirométrico. Foi utilizado nesse estudo o protocolo de rampa, em que não permite um equilíbrio das respostas cardiorrespiratórias, uma vez que os incrementos ocorriam a cada 1 minuto. Além disso, a média de idade da amostra estudada por Rondon et al. (1998), foi de 30 ± 5 anos, enquanto a média de idade de nosso estudo foi de 14,5 ± 1,1 anos, essas diferenças são fatores relevantes que podem influenciar os resultados.
Comparando o limite superior de treinabilidade do exercício aeróbio utilizando como parâmetros 85% da FCmáxE, 85% da FCmáxM e com a FC no PCR, observou-se diferença significativa entre esses índices de controle de intensidade do exercício aeróbio. Os valores da FC prescritos indiretamente 85% da FCmáxE e 85% da FCmáxM, subestimam em aproximadamente 8,4% e 13,2% respectivamente a FC no PCR. Entretanto, a FC a 85% da FCmáxE foi 5,7% maior do que a FCmáxM. O ACSM (2003), preconiza como limite superior de intensidade para o exercício aeróbio FC a 90% da FCmáxM. A FC atingida no PCR foi a aproximadamente 90% da FCmáxM. Dessa forma, a prescrição de exercício aeróbio utilizando como referência 85% da FCMáxE e 85% da FCMáxM, em ambos os grupos, não ultrapassou o limite de uma acidose metabólica compensada, independente da condição física do praticante.
Ao confrontar o VO2 a 60% do VO2máxE, 60% do VO2máxM com o VO2LA, observou-se diferença significativa entre esses índices de controle de intensidade do exercício aeróbio. Os valores de VO2 prescritos indiretamente superestimam em aproximadamente 45% quando se utiliza o VO2 a 60% do VO2máxE, e 20% em relação a 60% do VO2máxM. O VO2 a 60% do VO2máxE foi 25,6% maior que o VO2máxM. Esses resultados demonstram que a prescrição indireta da intensidade do exercício aeróbio estimado em 60% do VO2máxE e 60% do VO2máxM predispõe o praticante a uma intensidade de exercício em que já ocorre uma intensificação do metabolismo anaeróbio, cuja acidose é compensada pela ativação do sistema tampão e bicarbonato de sódio (SKINNER e McLELLAN, 1980). Durante o exercício dinâmico com aumento progressivo de cargas, o consumo de oxigênio aumenta linearmente com os incrementos de carga, mas a concentração de lactato sanguíneo difere pouco da de repouso até intensidade de 40 a 70% do consumo de oxigênio máximo (BANG, 1936; OWLES, 1930). O VO2LA foi atingido em aproximadamente 47% do VO2máx. Wasserman (1984), tem proposto que, em intensidade de esforço em que ocorre aumento da concentração de lactato sanguíneo (40 a 70% do consumo de oxigênio máximo), a glicólise anaeróbia seria ativada para suplementar a liberação de energia para a realização do exercício. Porém, Ribeiro et al. (1986), Rusko (1986) e Brooks (1986) afirmam que, para o organismo como um todo, a glicólise anaeróbia somente contribui significativamente para a liberação de energia em intensidades acima de 70% do VO2máx.
O VO2 no PCR foi significativamente 17,8% menor do que o VO2 a 80% do VO2máxE. Não houve diferença significativa entre o VO2 no PCR e o VO2 a 80% do VO2máxM, apesar do mesmo ter sido 9,4% maior que o VO2 a 80% do VO2máxM. Dessa forma, a prescrição indireta da intensidade do treinamento aeróbio pelo percentual do consumo máximo de oxigênio não ultrapassar o limite de uma acidose metabólica compensada, apesar da prescrição pelo percentual do VO2máxE tende a superestimar as respostas metabólicas, principalmente nos indivíduos com menor condição física (RONDON et al. 1998).
ConclusãoO objetivo deste trabalho foi comparar as respostas da FC e do VO2 no LA e no PCR, mensuradas durante a ergoespirometria, com a FC e o VO2 medido indiretamente, conforme as recomendações do ACSM, em relação aos limiares mais adequados para o aumento da aptidão cardiorrespiratória, ou seja, 70 a 85% da FCmáx e 60 a 80% do VO2máx. De acordo com os resultados pesquisados podemos concluir que: a) a fórmula do ACSM para cálculo do consumo de oxigênio máximo superestima os valores de consumo de oxigênio máximo medidos diretamente durante um teste com incrementos a cada 3 minutos; b) a fadiga muscular pode influenciar na resposta da FCmáx estimada para a idade nos indivíduos que não estão ambientados com esse ergômetro; c) não há diferença significativa entre a FC medida no LA e a FC a 70% da FCmáxE e FCmáxM, porém os valores de VO2 prescritos indiretamente superestimam em aproximadamente 45% quando se utiliza o VO2 a 60% do VO2máxE, e 20% em relação a 60% do VO2máxM o VO2 no LA. O que predispões o praticante a uma intensidade de exercício em que já ocorre uma intensificação do metabolismo glicolítico; d) os valores da FC prescritos indiretamente 85% da FCmáxE e 85% da FCmáxM, subestimam em aproximadamente 8,4% e 13,2% respectivamente a FC no PCR; e) o VO2 no PCR foi significativamente 17,8% menor do que o VO2 a 80% do VO2máxE. Não houve diferença significativa entre o VO2 no PCR e o VO2 a 80% do VO2máxM, apesar do mesmo ter sido 9,4% maior que o VO2 a 80% do VO2máxM. Estes resultados indicam que as prescrições adequadas das intensida-des para o treinamento aeróbio são mais eficientes e seguras quando determinada pela ergoespirometria.
Referências
ACSM, Diretrizes do ACSM para testes de esforço e sua prescrição. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2003.
BANG, O. The lactate content of the blood during and after exercise in man. Scand Arch Physiol, v. 74 (Suppl), p. 51-52, 1936.
BARBOSA, O.; SOBRAL FILHO, D.C. Uma nova proposta para orientar a velocidade e inclinação no protocolo em rampa na esteira ergométrica. Arq Bras Cardiol, v. 81, p. 42-47, 2003.
BROOKS, G.A. Lactate production under fully aerobic conditions: the lactate shuttle during rest and exercise. Fed. Poc, v. 45, p. 2924-2929, 1986.
MALINA R.M.; BOUCHARD C. Atividade física do atleta jovem: do crescimento à maturação. 1. ed. São Paulo: Roca, 2002.
MYERS, J.; et al. Comparison of the ramp versus Standard exercise protocols. J Am Coll Cardiol, v. 17, p. 1334-1342, 1991.
OWLES, W.H. Alterations in the lactic acid content of the blood as a result of light exercise and associated changes in the CO2 combining power of the blood and in the alveolar CO2 pressure. J. Physiol, v. 69, p. 214-237, 1930.
POLLOCK, Michael. L.; WILMORE, Jack. H. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1993.
RIBEIRO, J.P. et al. Metabolic and ventilatory responses to steady state execise relative to lactate thresholds. Eur J Appl Phisiol, v. 55, p. 215-221, 1986a.
RONDON, M. U. P. B. et al. Comparação entre a prescrição de intensidade de treinamento físico baseada na avaliação ergométrica convencional e na ergoespirométrica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 70, n. 3, p. 159-166, Março 1998.
RUSKO, H.; et al. Muscle metabolism, blood lactate and oxygen uptake in steady state exercise at aerobic and anaerobic thresholds. Eur J Appl Phisiol, v. 55, p. 181-186, 1986.
SKINNER, J.S.; MCLELLAN, W. The transmition from aerobic to anaerobic exercise. Res Quart, v. 49, p. 351-362, 1980.
SLAUGHTER, M. H. Et al. Skinfold equations for estimation of body fatness in children and yourth. Human biology, 1988.
WASSERMAN, K. The anaerobic threshold measurement to evalute exercise performance. Am Rev Dis, v. 129, p. S35-S40, 1984.
revista
digital · Año 12
· N° 110 | Buenos Aires,
Julio 2007 |