Adaptações morfológicas e neuromusculares do treinamento em circuito e treinamento parcelado, sobre os padrões de força e hipertrofia muscular. Estudo desenvolvido em gêmeos monozigóticos Morphologic and neuromuscular adaptations in circuit training and part training sob strength patterns and muscles hypertrophy. A study involved in monozigotics twins |
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Carlos Alberto Gomes Barbosa1,2,3,4 Gabriela Gallucci Toloi4,6,7 Paulo Henrique Silva Marques de Azevedo7,8 Henrique Luiz Monteiro5 carlosgbarbosa@hotmail.com (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 110 - Julio de 2007 |
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Introdução
O ritmo pelo qual a energia química presente nos nutrientes alimentares é extraída, conservada e transferida para os filamentos contráteis do músculo esquelético é determinado pela duração e intensidade com que o exercício é executado16,44; e diretamente dependente do uso do ATP, que necessita de recarga contínua para permanecer constantemente operável15.
Para atividades físicas de altíssima intensidade, ocorre aumento linear da decomposição de fosfatos de alta energia, tanto para realização de trabalho, quanto para proporcionar novas composições de ADP em ATP11. Esta energia liberada pela fosfocreatina é suficiente apenas para 20 contrações musculares máximas, ou para esforço muscular máximo de 5 a 20 segundos de duração33.
Os nervos motores, responsáveis pelas contrações musculares12, se dividem em ramificações e terminam sua trajetória de estimulação na placa final motora19,23. Estas contrações podem ser fortes ou fracas, mediante mecanismos de graduação, conforme a estimulação pelo sistema nervoso central17, que após séries de estímulos consecutivos com freqüência que não permita relaxamento entre as pausas, leva a tetania16.
Por causa das pesquisas em treinamentos de força com equipamentos específicos, houve na era moderna um grande reconhecimento do mundo científico sobre a valiosa adição ao programa com pesos para as atividades físicas. Pois, o treinamento resistido provocou uma verdadeira revolução nos últimos anos em todas as modalidades esportivas e em muitas qualidades físicas voltadas à saúde, proporcionando resultados mais eficazes e relativamente mais rápidos29,36.
As pesquisas demonstraram que o músculo esquelético pode gerar cerca de 3 a 10 Kg de força por cm2 de secção transversa, independentemente de sexo34. Contudo, no treinamento com pesos além das alterações na secção transversa da fibra muscular31,40,41,45,49, aumento da circunferência do membro39, transformação de um sub-tipo de fibra em outro1,46, também promove adaptações dentro do sistema nervoso38, incluindo modificações no padrão de recrutamento9 e na sincronização das unidades motoras4,35, que são limitadas pela influência inibidora dos proprioceptores7,50.
O treinamento resistido, também leva a adaptações no sistema endócrino, que contribui para melhora da força muscular, com aumentos concomitantes de GH, beta-endorfina, cortisol e testosterona26. As concentrações de testosterona aumentam nas seis primeiras semanas de treinamento, retornando depois aos valores de pré-treinamento21. As maiores alterações são encontradas em séries múltiplas de exercícios de 10RM, com intervalos de 01 minuto entre as séries28. Ressalta-se ainda, que os resultados supracitados são dependentes da quantidade de fibras musculares recrutadas, pausas entre as séries, volume do trabalho e nível de treinabilidade individual27.
As alterações bioquímicas ocasionadas pelos exercícios resistidos são pequenas e inconstantes. Os altos percentuais de distribuição de fibras musculares de contração rápida e fatores biomecânicos é que constituem pré-requisitos adequados para os aumentos máximos na Força e Hipertrofia músculo-esquelética26.
Além de aumentar o volume das fibras musculares, a sobrecarga tensional pode estimular também uma proliferação de tecido conjuntivo13,24 e das células satélites que circundam cada fibra muscular30. Com isso, observa-se um espessamento14 e fortalecimento do arcabouço de tecido conjuntivo do músculo, que aperfeiçoa a integridade estrutural e funcional dos tendões, ligamentos e ósseos10, proporcionando proteção contra as lesões articulares e musculares. Justificando o uso de exercícios de exercícios resistidos nos programas de prevenção e reabilitação48.
As adaptações benéficas de desenvolvimento humano ocorrem em resposta às tensões aplicadas em níveis superiores a um certo valor limiar, mas dentro dos limites de tolerância e segurança37. Já com níveis baixos de tensão, com os quais o organismo tenha se adaptado considera que não são suficientes para induzir um treinamento de adaptação posterior2.
A carga para o TR deve variar entre 70 a 100% da força máxima3 e a quantidade de repetições não deve passar de duas a três18. Todavia, como TR visando à obtenção de força é mais efetivo se ocorrer um crescimento das proteínas estruturais, inclina-se pela inclusão de quatro a seis repetições. Quando o objetivo é prioritário para a hipertrofia muscular realizam-se 8 a 12 repetições51.
Os princípios para os TR preconizam realizações de 3 a 4 séries para cada exercício, utilizando 3 a 4 exercícios para cada grupo muscular. Em treinamentos intermediários e avançados, os programas são divididos em 3 ou 4 partes. Treinando-se por dia 1 a 3 regiões musculares (TP). As pausas entre as séries são de 1 a 3 minutos e o músculo trabalhado deve repousar durante 72 a 96 horas para atletas intermediários e avançados, respectivamente; para iniciantes entre 24 a 72 horas (TC)20.
O programa de treinamento para iniciantes em TC deve ser realizado 1 a 3 vezes na semana, posteriormente de 2 a 4 vezes, até que se realize 6 vezes na semana. As séries variam de 1 a 3 vezes; sendo que num primeiro momento de 12 a 15 repetições, e alcançada a adaptação de 8 a 12. Posteriormente, o praticante poderá passar para o TP20.
ObjetivoO objetivo desta pesquisa foi o de verificar e comparar os efeitos da hipertrofia muscular, utilizando-se o TP5 e o TC18.
MetodologiaA presente investigação foi desenvolvida em sala apropriada para musculação, em período matutino, de segunda a sábado, durante vinte e quatro semanas. Dispuseram-se a participar da pesquisa, dois irmãos gêmeos monozigóticos, identificados por Sujeito 1 (S1) e Sujeito 2 (S2), do sexo masculino, com 18 anos de idade, peso corporal igual de 52,1 Kg, experiência de um ano e nove meses em musculação e com dietas idênticas.
Foram elaborados os programas com o Método Parcelado (Tabela 1) e o Método em Circuito (Tabela 2). Os programas colocados separadamente em envelopes, lacrados e sorteados para execução. O teste de 10RM28, foi adotado para determinação do peso a ser utilizado em cada exercício, e medidas de perimetria32, do pescoço, ombro, tórax, braço, antebraço, abdome, coxa e perna foram realizadas na avaliação inicial, após 12 e 24 semanas de treinamento.
O TP foi subdividido em A com exercícios para peito, bíceps e ombros, realizado nas segundas e quintas-feiras, B com exercícios para costa, tríceps e pernas, realizado nas terças e sextas-feiras e C com coxa, antebraço e abdome, nas quartas e sábados; todos os exercícios executados com três séries de dez repetições (Tabela 3).
O TC também foi realizado de segunda a sábado e conteve todos os exercícios do TP. Contudo, teve sua ordem modificada e foram realizados todos os exercícios em um único dia, com uma série de dez repetições (Tabela 4).
Na 12ª semana houve a inversão dos métodos; o S1 que realizou o TP passou a trabalhar outras doze semanas com TC e, vice-versa. Para a comparação entre os instantes de avaliação e entre os métodos foi realizado o Teste T para p< 0,018.
ResultadosO aumento do peso corporal para o TC foi de 3,3 Kg (S1) e 3,6 Kg (S2), enquanto que no TP foi de 0,6 Kg (S1) e 0,8 Kg (S2). Quando comparados os dois sujeitos em relação ao TP observou-se medidas de circunferência de 0,63+0,57 cm enquanto que, no TC os valores médios foram de 1,96+1,30 cm, em ambos os métodos de treinamento os resultados foram significativos para p < 0,01.
Fixados os sujeitos e comparadas as diferenças de circunferências obtidas no TP e no TC, os postos médios foram significativamente superiores para o TC, sendo que o S1 (TP x TC) apresentou aumento de 1,13+1,25 cm e o S2 (TC x TP) foi de 1,46+1,25 cm (Tabela 5). A somatória de todos os valores de perimetria corporal em ambos os métodos de treinamento dos dois sujeitos foram submetidas ao cálculo da razão TC/TP; nesse caso, constatou-se que o TC foi 2,8 vezes maior que no TP.
A FM para S1 nas doze primeiras semanas com o TP foi de 10 0,07 Kg; enquanto que o S2 realizando o TC também nas doze semanas iniciais, foi superior a TP, com aumento de 20,23 0,32 Kg. Os resultados obtidos nesta fase, quando comparado TC com TP na FM (TP X TC), mostrou que TC foi muito superior (10,23 0,17 Kg), representando mais de 100% (Tabela 6).
No segundo ciclo (13ª à 24ª semana) os treinamentos foram invertidos entre os sujeitos e a FM para S2 no TP foi de 7,81 2,68 Kg, contra a FM para S1 em TC que foi de 12,65 0,85 Kg, com diferença positiva para TC em 4,84 1,29 Kg (Tabela 6). Teste T para p< 0,01.
DiscussãoO aumento da FM parece condicionar-se a pausas maiores entre as séries de exercícios resistidos, como mostrado por Robinson et al. (1995), em que analisou os efeitos de diferentes intervalos entre séries nos intervalos de 180, 90 e 30 segundos, obtendo resultados superiores em 7% para o maior tempo (180 segundos).
A intensidade absoluta e intensidade relativa são importantes na prescrição do treinamento para aumento de força e hipertrofia; o trabalho total realizado parece ser secundário42,47, corroborando com os achados de nossa pesquisa, em que volumes totais semanais de séries e exercícios foram idênticos. Favorecendo, desta forma, para que o TC fosse superior ao TP no aumento de força, provavelmente devido ao maior intervalo entre as séries para um mesmo grupo muscular.
Ressalta-se ainda, que distúrbios na regulação intra e extracelular de sódio, potássio, magnésio, cálcio, cloro e outros anions como proteínas e íons fosfato causam diminuição do pH intracelular, contribuindo para a fadiga, o que poderia diminuir a performance nas séries com pausas curtas42.
Sobre os aspectos anabólicos concretizados pelo TC, argumenta-se sobre a teoria formulada em estudo que demonstrou como fator primordial para a expressão gênica das isoformas das cadeias pesadas de miosina e subseqüente conversão dos tipos IIb para IIa, relacionadas com a hipertrofia e força, o trabalho mecânico total e não a freqüência de estímulos na mesma unidade de treinamento6. Consolidando nossa proposta de que a estrutura construída a partir do TC pode evidenciar com apenas uma série para cada exercício, respostas superiores a métodos que levam a fadiga extrema na sessão.
Outro achado consistente foi relatado em pesquisa de 10 semanas com TC, em que houve conversão de miosina IIb para IIa e aumento significativos de força22. Estes dados podem explicar em parte os resultados do nosso estudo, visto que o programa com TC conseguiu trabalhar com maior sobrecarga mecânica total em todos os exercícios propostos, devido ao maior tempo de pausa entre as séries para o mesmo grupo muscular, diferentemente do TP.
ConclusãoConclui-se, portanto, que o treinamento resistido tem efeitos positivos significativos em hipertrofia e força muscular25, sendo extremamente dependente de grande sobrecarga43, volume/intensidade e esforço/pausa18.
Contudo, devido a conceitos tidos como modernos, colocaram o TP como maior colaborador para efeitos hipertróficos, contribuiu para que o TC fosse colocado como atividade única e exclusiva para iniciantes20.
A questão central deste estudo foi justamente resgatar e destacar a eficiência do método de TC e TP para aumentos da FM e HM. Os resultados na verdade mostraram que as pausas longas proporcionadas por TC contribuíram para que as sobrecargas fossem superiores a TP durante o processo da pesquisa.
Portanto, os conhecimentos científicos atuais precisam ser aplicados em métodos clássicos como o TC, para que sejam estabelecidos os reais efeitos de sua utilização em indivíduos que desejam FM e HM, sejam eles atletas ou não.
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