Lecturas: Educación Física y Deportes. Revista Digital |
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español ENTRE DUAS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS
DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR:
UMA SÍNTESE COMO PROPOSTA
Prof. Pedro Rodolpho Jungers Abib
pedrabib@svn.com.br
Universidade Federal da Bahía (Brasil)
Resumo
Esse trabalho procura apresentar elementos para a constituição de uma proposta em Educação Física escolar se baseando na análise e na crítica à duas abordagens existentes nessa área: a Educação Física Crítico-Superadora e a Educação Física Plural. Procura identificar os limites dessas concepções, na perspectiva da construção de uma outra proposta baseada na síntese entre essas vertentes.
Unitermos: Educação Física Escolar, Cultura Corporal, Diversidade Cultural.Abstract
This article has for purpose to analyze and critique two approaches of the Physical Education in schools which exist today in Brazil. It seeks to identify some limits of these two approches, trying to construct another propose to Physical Education in Brazilian Schools.
Key words: Physical Education. Body Culture. Diversity Culture.
1. Introdução
A referência teórica desse trabalho baseia-se em duas concepções pedagógicas ou correntes de pensamento dessa área do conhecimento no Brasil: a Educação Física Crítico-Superadora, da qual são representantes Valter Bracht e colaboradores (1992), e a Educação Física Plural, representada por Jocimar Daolio (1995).A primeira tem como suporte teórico a Sociologia, e parte da análise sociológica da sociedade para então constituir sua proposta pedagógica. A segunda apoia-se na Antropologia Social, e utiliza o pensamento antropológico para estabelecer os pressupostos que a caracterizam.
Em nosso entender, essas duas abordagens, isoladamente, não dão conta de interpretar o fenômeno do ser humano em movimento - objeto de estudo da Educação Física - em toda a sua abrangência e complexidade. Por essa razão, a nossa proposta busca uma síntese dessas duas abordagens, por entender que elas são válidas justamente, na medida em que se completam. Tentaremos inicialmente fazer uma rápida análise de cada uma delas, para então delinearmos alguns princípios que irão caracterizar a proposta que ora defendemos.
2. A Educação Física Crítico-Superadora
Essa concepção foi construída a partir do trabalho desenvolvido pelos professores, Valter Bracht, Lino Castellani Filho, Michele Ortega Escobar, Carmem Lúcia Soares, Celli Taffarel e Elizabeth Varjal, que culminou com a publicação do livro 'Metodologia do Ensino da Educação Física'(Cortez, 1992), de autoria coletiva. É uma concepção propositiva, pois estabelece crítérios para a sistematização dessa disciplina no âmbito da escola.Os autores defendem que uma proposta crítica de Educação Física, deve partir antes de tudo, de uma análise das estruturas de poder e dominação constituídas em nossa sociedade. Tomando por base o materialismo histórico- dialético de Marx, preconizam que o professor de Educação Física, antes de mais nada deve ser um educador comprometido com um projeto político pedagógico, que nasce das necessidades de emancipação de uma classe emergente dentro da nossa atual estrutura de divisão de classes, ou seja, a classe trabalhadora. Dizem os autores:
"Todo educador deve ter definido seu projeto político-pedagógico... É preciso que tenha bem claro: qual o projeto de sociedade e de homem que persegue? Quais os interesses de classe que defende? Quais os valores, a ética e a moral que elege para consolidar através de sua prática? Como articula suas aulas com esse projeto maior de homem e de sociedade?" (1992).Defendem também, os autores, uma concepção de currículo ampliado que deve ordenar a reflexão pedagógica do aluno, de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica. Para desenvolvê-la, apropria-se do conhecimento científico confrontando-o com o saber que o aluno traz de seu cotidiano, tendo como eixo a constatação, interpretação, compreensão e a explicação da realidade social complexa e contraditória.
Essa concepção trabalha com o conceito de cultura corporal, que se opõe portanto ao conceito de aptidão física enquanto objetivo final da disciplina, e propõe o trato com o conhecimento em forma de ciclos de escolarização.
Recomendam os autores que a escola, na perspectiva crítico-superadora, deve fazer uma seleção dos conteúdos da Educação Física de forma coerente com o objetivo de promover a leitura crítica da realidade. Essa seleção e organização dos conteúdos deve prever tanto uma análise sobre sua origem e o que determinou a necessidade de seu ensino, quanto a realidade material e física da escola.
O tratamento a ser dado a esses conteúdos deve partir de uma metodologia diferenciada e transformadora, capaz de priorizar um sentido/significado que possa:
"... abranger a compreensão das relações de interdependência que jogo, esporte, ginástica e dança (ou outros temas que venham a compor um programa de Educação Física), têm com os grandes problemas sócio-políticos atuais como: ecologia, papéis sexuais, saúde pública, relações sociais de trabalho, preconceitos sociais, raciais, distribuição de renda..." (1992).Na concepção desses autores, portanto, não se trata somente de aprender o jogo pelo jogo, o esporte pelo esporte, ou a dança pela dança, mas esses conteúdos devem receber um outro tratamento metodológico, afim de que possam ser historicizados criticamente e apreendidos na sua totalidade enquanto conhecimentos construídos culturalmente, e ainda serem instrumentalizados para uma interpretação crítica da realidade que envolve o aluno.
Os autores também especificam os princípios avaliatórios dessa concepção, a partir de um projeto histórico que privilegie a superação das práticas mecânico-burocráticas, a partir de uma reinterpretação e redefinição de valores e normas, de uma síntese qualitativa da nota e de uma avaliação baseada no fazer coletivo.
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