Educação ambiental e educação em saúde na dança de salão para melhor idade: uma experiência na Paraíba |
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Mestre em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná. Secretaria Municipal da Saúde do Município de Curitiba. (Brasil) |
Maristela Zamoner mzamoner@sms.curitiba.pr.gov.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 109 - Junio de 2007 |
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Introdução
A melhoria da expectativa de vida é um dos fatores que resultam em um crescimento do número de indivíduos da terceira idade (Safons, 2003). No Brasil, a Paraíba, é o segundo estado em número de indivíduos da terceira idade (IBGE, 2002).
Um dos problemas enfrentados nesta faixa etária é o sedentarismo (Sampaio, 2005). As imposições sócio culturais são determinantes mais efetivos para o sedentarismo na terceira idade do que a incapacidade funcional (Spirduso, 1995). Para que o indivíduo da terceira idade tenha qualidade de vida é necessário uma velhice saudável que depende de relações interpessoais (Neri, 1993). Neste sentido, a dança de salão é uma atividade importante para esta faixa etária (Caldas, 1999), favorecendo a sociabilização e reduzindo o sedentarismo, o que tem implicações diretas na própria educação para saúde do praticante. A educação em saúde é entendida como qualquer combinação de experiências e aprendizagem que visam facilitar ações voluntárias em relação à saúde (Candeias, 1997). Logo, a dança de salão é naturalmente educação em saúde uma vez que, quando conduzida produtivamente, sensibiliza o aluno para o combate ao sedentarismo.
A educação em saúde com enfoques diversos de educação ambiental vem sendo estudada (Mohr e Schall, 1992; Schall, 1993). A dança de salão também é estudada como forma de educação ambiental (Zamoner, 2005). A degradação ambiental amplia as visões sobre a educação ambiental que deve ser politicamente voltada para transformação social (Jacobi, 2003). A importância tanto do trabalho com a educação em saúde quanto da educação ambiental e suas naturezas transversais é reconhecida até mesmo na educação formal brasileira (Brasil, 1997). Muitas práticas inovadoras de educação ambiental vêm ocorrendo nos mais diversos âmbitos (Carvalho, 2001). Uma delas é a construção de instrumentos musicais a partir de resíduos (Ribeiro, 2000). Entretanto, para a terceira idade, a educação ambiental ainda é discutida de maneira limitada, por exemplo, como forma de inclusão (SEMASA, s/d).
A proposta desta pesquisa é avaliar a experiência da oficina "Saúde, Meio Ambiente e Dança de Salão para melhor idade", realizada na cidade de Campina Grande/PB.
MetodologiaA pesquisa foi realizada na Cidade de Campina Grande/PB, onde ocorreu o I Encontro Campinense de Dança de Salão, promovido pelo diretor da escola de danças de salão La Barca, Euclides Alves.
O evento, ocorrido em dezembro de 2006, oportunizou ao público diversas oficinas e palestras. Especificamente para o público da terceira idade foi oportunizada a oficina: "Saúde, Meio Ambiente e Dança de Salão", ministrada por educadora com vasta produção científica nas áreas de dança de salão, educação ambiental, educação em saúde, graduada em Ciências Biológicas, especialista em Educação Ambiental, mestre em Ciências Biológicas, docente no ensino superior e professora de dança de salão há mais de 10 anos.
A oficina teve a duração de uma hora e atendeu 16 senhoras entre 53 e 84 anos de idade. Inicialmente foi procedido um diagnóstico escrito para verificar o perfil da turma e se as participantes admitiam a possibilidade de que conhecimentos sobre meio ambiente e saúde poderiam estar relacionados com dança de salão.
Durante a atividade as alunas utilizaram instrumentos musicais produzidos a partir de resíduos urbanos como latinhas de refrigerante e sacolas plásticas de supermercado. Os instrumentos foram utilizados para trabalhar técnicas de musicalização. O trabalho com estes instrumentos visou desenvolver a percepção dos diversos componentes da música para utilização na dança de salão. Além dos resíduos também foi feito uso de colheres como instrumento musical. Os instrumentos foram trabalhados com e sem música, com e sem deslocamento (inclusive subindo e descendo três degraus que haviam no ambiente disponibilizado para oficina). Ao final a docente que conduziu a oficina agradeceu as alunas por terem minimizado o problema ambiental por pelo menos uma hora. Os danos ambientais causados pelos resíduos utilizados foram brevemente apresentados.
No final, foi realizada uma tomada de dados para comparar com o diagnóstico e verificar possíveis mudanças de concepções.
Resultados e discussãoO diagnóstico sobre o perfil educacional da turma revelou que a metade das alunas havia cursado no máximo até o ensino médio e a outra metade graduação ou pós graduação (Gráfico I).
A distribuição do tempo de prática da atividade de dança de salão em meses pode ser vista no gráfico II.
Em relação às idades, a distribuição é aproximadamente uniforme, desde os 53 até os 84 anos de idade (Gráfico III).
A dispersão entre idade (x) e tempo de dança (y) pode ser observada no gráfico IV.
A dispersão entre idade (x) e tempo de dança (y) pode ser observada no gráfico V.
A tomada de dados após a oficina revelou que a maioria das alunas vê a natureza da relação estabelecida entre saúde e dança de salão principalmente em relação ao corpo (Gráfico VI), o que se relaciona diretamente com a questão do sedentarismo.
O uso dos instrumentos produzidos com resíduos para atividade de trabalho musical foi apontado pelas alunas como uma das características específicas que mais gostaram na oficina (Gráfico VII).
A maioria das alunas (13), não soube apontar características que menos gostaram. As que o fizeram, apontaram o tempo curto da oficina, a atividade em escadas e o uso de colheres, fatores estes que não estão diretamente relacionados à técnica em si de uso de instrumentos produzidos a partir de resíduos.
A dispersão entre tempo de dança (X) e nota atribuída à oficina (Y) pode ser observada no gráfico VIII.
A dispersão entre idade (x) e nota atribuída à oficina (y) pode ser observada no gráfico IX.
A distribuição das notas atribuídas pelas alunas à oficina, das menores para as maiores (média 9,67) pode ser observada no gráfico X.
No diagnóstico, a maioria das alunas não reconheceu a relação entre dança de salão e meio ambiente (Gráfico XI).
No pós diagnóstico a maioria das alunas fez relação entre dança de salão e meio ambiente. Uma vez que os alunos reconhecem a relação entre dança de salão e meio ambiente, demonstram que por meio desta técnica perceberam a importância do cuidado com resíduos (Gráfico XII).
ConclusãoA estratégia da oficina de dança de salão "Saúde, Meio Ambiente e Dança de Salão" para melhor idade favoreceu o combate ao sedentarismo, promoveu a educação ambiental pela discussão e uso de instrumentos produzidos com resíduos e permitiu o reconhecimento, por parte das alunas, de que a dança de salão pode abordar questões ambientais.
Referências bibliográficas
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CALDAS C. P. Educação para a saúde: a importância do auto cuidado. In: VERAS, R. P. Terceira Idade. Rio de Janeiro, 1999.
CANDEIAS, Nelly Martins Ferreira. The concepts of health education and promotion-individual and organizational changes. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 31, n. 2, 1997.
CARVALHO, I. C. de M. Qual educação ambiental? Elementos para um debate sobre educação ambiental e extensão rural. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. Porto Alegre, v. 2. nº. 2. abr/jun. 2001.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Dados da população brasileira. CD-ROM: Rio de Janeiro. 2002.
JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cad. Pesqui. São Paulo, n. 118, 2003.
MOHR, A.; SCHALL, V. T. Trends in health education in Brazil and relationships with environmental education. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, 1992.
NERI, A. L. e Cols. Qualidade de vida e idade madura. Campinas: Papirus. 1993.
RIBEIRO, A. A. Criação/Música. Grupo Uakti. Estudos Avançados 14 (39), 2000. http://www.scielo.br/pdf/ea/v14n39/v14a39a16.pdf. Acesso em 16.03.2007.
SAFONS, M. P. Qualidade de vida na terceira idade: uma proposta multidisciplinar. Relato de experiência. Lecturas: Educación Física y Deportes. Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 64 - Septiembre de 2003.
SAMPAIO, C. A Relação da Atividade Física com os Idosos. saudeemmovimento.com.br. Acesso em 06.04.2005.
SCHALL, V. T. et al. Health education in first level schools at the outskirts of Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil: I. evaluation of a health education program on schistosomiasis. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo., São Paulo, v. 35, n. 6. 1993.
SEMASA - Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André. Departamento de Gestão Ambiental. Avaliação dos trabalhos de Educação Ambiental realizados pelo Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André. s/d. http://www.semasa.sp.gov.br/Documentos/ASSEMAE/Trab_44.pdf. Acesso em 16.03.2007.
SPIRDUSO, W. W. Physical Dimensions of Aging. Human Kinetics Publishers, Champaign, Illinois. 1995.
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digital · Año 12
· N° 109 | Buenos Aires,
Junio 2007 |