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Comparação de 2 testes de determinação de
velocidade crítica em nadadores do gênero
masculino com índice para o Troféu José Finkel

   
  1. Universidade de Itaúna- Itaúna

  2. UNI-BH- Belo Horizonte

  3. Universidad de León- Espanha

  4. UFMG-Minas Gerais
        (Brasil)


 
 
Sandro Fernandes da Silva1,2,3  
Alessandro Henrique Machado de Assis4  
Cíntia Campolina Duarte Rocha2  
Mônica de Carvalho Ribeiro3
sandrofs@uit.br
 

 

 

 

 
Resumo
     A natação é um dos esportes mais praticados em todo território brasileiro. Em razão disto o controle do treinamento dentro da natação competitiva se faz necessário para que o rendimento seja efetivo e obtenha os resultados almejados tanto por treinadores quanto por atletas. O teste T-30 é um de estes meios de controle de treinamento sendo um método não invasivo, um outro teste que começa a ser muito utilizado é o teste Vitesse sendo este um teste em que se avalia o limiar de lactato. Com estas informações nosso estudo propôs estudar estes 2 tipos de testes para identificar a velocidade critica dos nadadores e comparar se os 2 testes possuem diferenças ou não em relação a velocidade critica descrita em m/s e no tempo em segundos em 100 metros. Nosso estudo foi composto de 8 sujeitos do sexo masculino com uma idade média de 21,6 2,97, com uma experiência na natação competitiva de 9,37 2,50 anos, com todos os participantes tendo índice para participar do Troféu Jose Finkel. O teste Vitesse consistiu em uma serie de 400 metros a 85% do melhor tempo da temporada para os nadadores do nado crawl e para os nadadores de outros estilos foi realizado uma serie de 200 metros a 80% do melhor tempo. O teste T-30 foi realizado 2 dias após o primeiro teste, e consiste em nadar o máximo de distancia possível em 30 minutos ou nadar os 3000 metros em menos de 30 minutos. Nossos resultados demonstraram que não existiu diferença significativa entre os testes tanto em relação à velocidade critica expressa em m/s bem como em relação ao tempo de limiar de lactato para os 100 metros que é o critério para prescrição de treinamento em natação. Assim concluímos que os 2 testes utilizados são eficientes para identificar a velocidade critica e o limiar de lactato na natação com nadadores experientes e sendo todos velocistas. Além disso, propomos que este mesmo estudo ainda seja realizado com outras faixas etárias e com nadadores fundistas para confirmar a eficiência dos 2 testes utilizados.
    Unitermos: Teste T-30. Teste Vitesse. Velocidade critica.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 108 - Mayo de 2007

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Introdução

    Atualmente a natação é uma das atividades físicas mais completas, proporcionando ao seu praticante, o simples divertimento ou a prática esportiva, podendo ser utilizada com finalidades terapêuticas na recuperação e atrofias musculares.

    Segundo Maglischo (1999), a principal causa de fadiga nas provas de natação seja devido ao acúmulo de ácido lático nos músculos, essa acumulação acarreta uma acidose muscular, ou seja, a redução nos valores de pH inferiores a 7,0 inativas a função de várias enzimas.

    O lactato sanguíneo pode ter a sua concentração modificada pela atividade física, podendo variar de acordo com a duração e intensidade da carga de trabalho. Sabemos que a falta de oxigênio acelera o índice de produção de ácido láctico e que o aumento de sua concentração no sangue deve-se ao fato de sua entrada exceder o índice de sua eliminação (MAGLISCHO, 1999).

    Portanto a concentração de lactato sanguíneo em atletas de natação está diretamente relacionado com o nível de performance dos mesmos, segundo (ORTIZ, 2001) particularmente na natação, o limiar anaeróbico tem sido empregado extensivamente para indicar melhorara na performance de atletas.

    Durante exercícios predominantemente anaeróbicos (provas de velocidade na natação), o ácido pirúvico proveniente da glicólise é transformado em ácido lático, este ácido lático é, por sua vez, dissociado em íons de hidrogênio e lactato, sendo que estes íons são tamponados principalmente pelo bicarbonato de sódio. Quanto maior for à capacidade em acumular lactato em curto espaço de tempo, maior será a capacidade anaeróbica do indivíduo. (WELTMAN, 1995).

    A atividade física prolongada produz uma acumulação do ácido láctico tanto nos músculos como no sangue, e uma diminuição das reservas de glicogênio muscular, sendo os dois processos causadores da fadiga muscular.

    No entanto o ácido láctico não deve ser encarado como um produto de desgaste metabólico, pois a energia potencial existente no lactato e piruvato formados no músculo esquelético durante o exercício pode ser conservada pelo fígado para síntese de glicose nos processos gliconeogênicos que recebem a designação de Ciclo de Cori (BROOKS, 1991).

    Limiar anaeróbico ou de lactato designa-se por ser o nível de consumo de oxigênio para o qual o lactato sanguíneo começa a evidenciar um aumento sistemático acima de um nível de repouso, ocorrendo normalmente entre 55 e 65% da captação máxima de oxigênio (VO2máx.) em indivíduos sadios, porém destreinados, ficando acima de 80% nos atletas de endurance altamente treinados (ORTIZ, 2001).

    De acordo com Mäestu et al. (2000), a importância do metabolismo oxidativo também é confirmada pela elevada potência aeróbica máxima (consumo de oxigênio) de nadadores em comparação a outros atletas, fazendo com que o VO2máx. e a intensidade correspondente ao limiar anaeróbico sejam utilizadas com sucesso na predição do desempenho para nadadores.

    Secher (1993) ressalta que o limiar anaeróbico parece ser a variável mais sensível para monitorar a evolução do treinamento, pois muitas vezes o VO2máx. não se modifica, mas o limiar anaeróbico aumenta com o treinamento, resultando em melhoria do desempenho.

    O teste de lactato de acordo com ORTIZ (2001), nos trás informações importantes acerca da capacidade aeróbica dos nadadores, podendo ser utilizado para verificar os efeitos do treinamento, bem como, para determinar a melhora da performance em atletas de alto rendimento.

    Segundo Maglischo (1999), o limiar anaeróbico identifica a mais alta velocidade de treinamento em que o metabolismo aeróbio se encontra maximamente sobrecarregado, o que fica indicado pelo alcance de um equilíbrio entre a velocidade de ingresso do ácido lático no sangue e a velocidade de remoção do ácido lático sanguíneo.

    O mesmo autor ainda sugere que o limiar dos 4 mmol/l fica perto do limiar anaeróbico individual de apenas 50 a 60% dos nadadores que teve a oportunidade de treinar.


Objetivos

    De acordo com o que comentamos anteriormente nosso estudo procurou demonstrar a importância da realização do teste de lactato em atletas de natação no desenvolvimento de sua performance e comparar os resultados para identificação do limiar anaeróbico, utilizando o protocolo para o teste de sangue (teste vitesse) e o teste T-30.


Metodologia

    A população deste estudo é composta de nadadores da elite do estado de Minas Gerais, sendo todos os atletas federados a (FAM) Federação Aquática Mineira com índice para disputar o Campeonato Troféu José Finkel de Natação/2004. Participaram desse estudo oito indivíduos do sexo masculino, voluntários, com no mínimo cinco anos de natação competitiva, todos no período básico na periodização de seus treinamentos. A coleta de dados foi realizada, no Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI-BH, em uma piscina Semi-Olímpica (25m), onde a água se encontrava a uma temperatura de 27,5ºC. O teste de lactato para determinação do limiar anaeróbico foi o teste Vitesse. Para o mesmo foram utilizadas lancetas descartáveis para cada punção, e os atletas esterilizaram suas mãos a cada teste, sendo coletado sangue do dedo indicador de cada participante. A pessoa responsável pelo teste utilizou luvas de borracha, que também foram desinfetadas após cada coleta de amostra de sangue, foi realizada uma coleta sanguínea sendo um total de 25 microlitros para cada análise metabólica, que foi realizada pelo lactimetro Accutrend (ROCHE) que esteve presente de meios médicos e pessoal autorizado.

    Para a realização do Teste de Lactato Sanguíneo foi realizado o Teste de Sangue Vitesse, onde segundo MAGLISCHO (2003), temos:

    Nadadores de crawl, sexo masculino e feminino:

  • Realizar um tiro de 400 m a 85% em relação ao melhor tempo da temporada.

    Nadadores de costas, peito, borboleta e medley, sexo masculino e feminino:

  • Realizar um tiro de 200 m a 80% em relação ao melhor tempo da temporada.

    Antecedendo a realização do teste de lactato sanguíneo todos os atletas realizaram 400m livre, com a freqüência cardíaca à 55% melhor tempo.

    O teste de 30 minutos ou 3000 metros consiste na tomada de tempo de 30 minutos, onde os nadadores deverão nadar em esforço máximo, num ritmo regular, durante todo o teste. Este foi realizado 2 dias após os atletas terem realizado o teste de lactato sanguíneo, onde os nadadores foram orientados a nadar a maior metragem possível durante o tempo estimado. Foi realizado um sinal sonoro indicando 5 minutos para o término do teste de acordo com o combinado previamente. Antecedendo a realização do teste T-30 todos os atletas realizaram 400 m livre, com a freqüência cardíaca a 55% melhor tempo.

    A análise estatística descritiva com comparação de médias para detecção da diferença estatisticamente significativa, com a utilização do Teste de Wilcoxon, para amostras não paramétricas. Utilizando o pacote estatístico SPSS 13.0 for Windows, com auxilio da planilha de dados Excel.

    Os participantes não são obrigados a participar da referida pesquisa, bastando apenas não assinar o termo de consentimento livre esclarecido e devolve-lo a seu aplicador.


Resultados e discussão

    As Tabelas 1 e 2 demonstram alguns dados metodológicos referentes a composição corporal e dados referentes ao treinamento dos atletas, com o intuito de analisar a homogeneidade do grupo pesquisado.

    Os resultados do Gráfico 1 demonstram que o limiar de lactato no Vitesse teste, está próximo de 4 mmol, alcançando no máximo 6 mmol, a referência para o limiar, segundo os estudos de Olbrecht et al. (1985), o limiar anaeróbio é geralmente definido como a intensidade de exercício a uma concentração de ácido lático de 4 mmol/L, já que este valor poderia ser utilizado para estabelecer a intensidade ideal de treinamento, porém vários estudos, entretanto, mostraram que o limiar anaeróbico individual pode ser encontrado acima ou abaixo de 4 mmol/L (ANDERSEN & RHODES, 1989; RIBEIRO, 1995; BALDARI & GUIDETTI, 2000).

    Os resultados dos Gráficos 2 e 3, demonstram as velocidades críticas dos nadadores no Vitesse Teste, convém ressaltar que o Gráfico 2 representa a velocidade critica em m/s, já o Gráfico 3 mostra o tempo de velocidade para os 100 metros como deve ser prescrito o treinamento (MAGLISCHO, 1999). Além disso, Bishop et al (1998) comentam que para um teste de velocidade critica ser eficiente ele deve ser inferior a três minutos, como ocorreu em nosso estudo quando procuramos relacionar o limiar de lactato com o tempo em m/s ou em relação os segundos nos 100 metros.

    O Gráfico 4,e 5 demonstra que o T-30 é um teste em que se pode utilizar também para identificar a velocidade critica m/s. A principal vantagem do Teste T-30 com relação a outros métodos não-invasivos é que ele demonstrou ser um indicador válido das velocidades de natação necessárias para atingir o Maxlass (GRECO ET AL., 2003). O mesmo autor ainda comenta da dificuldade de nadadores não experientes controlarem a velocidade, dificultando a identificação da velocidade critica. Em nosso estudo isto não ocorreu até nossos nadadores tinham experiência em treinamento e em natação competitiva conforme refletimos na tabela 2.

    De acordo como Gráfico 6 e 7 podemos observar que apesar de se tratarem de testes com procedimentos metodológicos diferenciados para determinação da Velocidade Crítica, os mesmos não apresentam diferenças significativas para a prescrição do treinamento, demonstrando que a velocidade crítica pode ser utilizada para predizer o limiar anaeróbico. Como também encontraram Wakayoshy et al (1992) em que encontraram uma alta relação entre o T30 e o teste de velocidade critica sugerindo que o mesmo pode servir para predizer o limiar de lactato, como foi feito em nosso estudo. Já Greco et al. (2003) não encontrou o mesmo resultado em nadadores jovens, podendo explicar essa diferença pela falta de experiência no controle do tempo e da carga exigida no teste que é mais bem controlado por atletas mais experientes como os de nossa investigação. Não somente o fator experiência no controle do teste deve ser levado em conta para esta diferença, não podemos esquecer também da diferente produção de lactato sangüíneo em crianças e adolescentes em comparação a adultos (BERG ET AL., 1986).


Conclusões e recomendações

    Em conclusão, o teste vitesse comparado a outros testes para predição do limiar de lactato aparenta ser mais eficiente, pelo fato do avaliado realizar o teste em seu melhor estilo, diferentemente de outros protocolos sanguíneos em que todos os nadadores devem realizar no nado crawl. O Teste T-30 também se mostrou eficiente sendo este mais recomendando quando não se podem utilizar meios invasivos para analise do limiar de velocidade. Não existiu diferença estatisticamente significativa entre a velocidade crítica e a velocidade de limiar, no grupo avaliado, podendo então concluir que os 2 testes podem ser utilizados para detectar o limiar para velocidade na natação, já que ambos, detectam com eficiência o limiar para treinamento na natação. Devemos abranger um estudo maior, com número de amostragem mais expressivo, com nadadores velocistas e nadadores fundistas, em diferentes fases do treinamento, entre ambos os sexos e diferentes idades cronológicas para supostamente encontrar outros resultados, um método prático e confiável para se avaliar a evolução da capacidade aeróbica e a prescrição do treinamento na natação.


Referencias bibilográficas

  • ANDERSON, G.S., RHODES, E.C. A review of blood lactate and Ventilatory Methods of Detecting Transition Thresholds. Sports Med. 8 (1): 43-55, 1989.

  • BALDARI, C., GUIDETTI, L. A simple threshold for individual anaerobic threshold as predictor of max lactate steady state. Med Sci Sports Exerc. 32 (10): 1798-1802, 2000.

  • BERG, A., KIM SS, KEUL J. Skeletal muscle enzyme activities in healthy young subjects. Int J Sports Med. 7: 236-239, 1986.

  • BISHOP, D., JENKINS, D.G., HOWARD, A. The critical power is dependent on the duration of the predictive exercise tests chosen. Int J Sports Med. 19: 125-129, 1998.

  • BROOKS, G.A. Current concepts in lactate exchange. Med. Sci Sports Exerc. 23: 895-906, 1991.

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  • MAGLISCHO E. W. Nadando Ainda mais Rápido. São Paulo: Ed. Manole, 2ºedição, 2003.

  • OLBRECHT, J., MADSEN, O., MADER, A., LIESEN, H., HOLLMANN, W. Relationship between swimming velocity and lactic concentration during continuous and intermittent training exercises. Int J Sports Med. 6 (2 ):74-77, 1985.

  • ORTIZ, A. F. Comparação de Lactato Mínimo, Freqüência Cardíaca e Freqüência de Braçada no Nado Crawl entre Nadadores e Triatletas. Porto Alegre, 2001.

  • RIBEIRO, J.P. Limiares metabólicos e ventilatórios durante o exercicio. Aspectos fisiológicos e metodológicos. Arq. Bras. De Cardiol. 64 (2): 171-181, 1995.

  • SECHER, N.H. Physiological and biomechanical aspects of rowing. Implications for training. Sports Med.15 (1): 24-42,1993.

  • WAKAYOSHI, K., ILKUTA, K., YOSHIDA, T., UDO, M., MORITANI, T., MUTOH, Y., MIYASHITA M. Determination and validity of critical velocity as an index of swimming performance in the competitive swimmer. Eur J Appl Physiol. 64: 153-157, 1992.

  • WELTMAN, A: The Blood Lactate Response to Exercise. Human Kinetics, 1995.

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revista digital · Año 12 · N° 108 | Buenos Aires, Mayo 2007  
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