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Análise espirométrica em atletas
de basquetebol em cadeira de rodas

   
*Professor de Educação Física.
**Acadêmico do Curso de EF da UNIPAR - Campus Toledo.
***Professor Adjunto da UNIPAR - Campus
Toledo - Mestre em Educação - UFU.
****Professor Titular da UNIPAR - Campus Toledo - Professor Doutor
do Departamento de estudos de Atividade Motora Adaptada - UNICAMP.
 
 
Prof. Roberto Ratti Fenato*  
Acad. Anselmo de Athayde Costa e Silva**  
Prof. Ms. Décio Roberto Calegari***  
Prof. Dr. José Irineu Gorla****
robertofenato@yahoo.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     O objetivo deste estudo foi avaliar a função respiratória de pessoas em condição de deficiência física praticantes de basquetebol em cadeira de rodas. Este estudo de caráter descritivo envolveu variáveis que procuraram identificar a função respiratória de 12 sujeitos, classificados por tipo de lesão (medular, poliomielite, amputação de membro inferior, doenças degenerativas e meningomieloceli), com idade média de 31,08 + 7,75 anos, que realizaram uma avaliação da função pulmonar através da espirometria, analisando as curvas de capacidade vital forçada (CVF) e volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1). O espirômetro utilizado foi um modelo Pony Espirometer Graphic. Dentre os avaliados, cinco (5) sujeitos apresentaram valores espirométricos normais (média de 96,0% da CVF predita) enquanto que cinco (5) apresentaram um distúrbio restritivo leve (média de 76,8% da CVF predita), um (1) sujeito apresentou distúrbio restritivo moderado (64,0% da CVF predita) e um (1) sujeito apresentou restrição severa (54,0% da CVF predita). Observamos que a maioria dos indivíduos apresentou valores normais e restrições leves para a CVF. Estes valores, provavelmente, apresentaram-se desta maneira em função do treinamento desenvolvido pela equipe.
    Unitermos: Análise espirométrica. Função respiratória. Basquetebol em cadeira de rodas.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 108 - Mayo de 2007

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Introdução

    A deficiência física refere-se ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As doenças ou lesões afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto e podem produzir quadros de limitações físicas de grau e gravidade variáveis (FRONTERA, W.R.; DASON, D.M. e SLOVIK D.M., 2001).

    A preocupação com a qualidade de vida das pessoas em condição de deficiência tem aumentado muito nos últimos anos. Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2000) existe um número maior de portadores de deficiência física que o esperado, cerca de 14,5% da população brasileira.

    Essa pesquisa mostra ainda o bom resultado, índices e medalhas conquistadas nas Paraolimpíadas pelo Brasil. Em cada edição das Paraolimpíadas novos testes e formas de adaptações destes são realizados, aumentando e motivando cada vez mais o esporte adaptado.

    Com isso, vem acontecendo um aumento do número de estudos sobre pessoas em condição de deficiência e, sendo assim é facilitado o trabalho de especialistas em Atividade Física Adaptada no momento de efetuar avaliação e elaborar programas, com isso o processo de treinamento destes sujeitos passa por evolução, uma vez que novos conhecimentos são constantemente divulgados.

    O objetivo deste estudo foi analisar a função respiratória em portadores de deficiência física praticantes do basquetebol em cadeira de rodas.

    Os primeiros estudos espirométricos foram realizados por Lavoisier em 1790. O termo espirometria vem do latim (spiro = respirar e metrum = medida), e consiste em medir a entrada e saída de ar nos pulmões. O termo foi derivado da escola germânica e introduzido por KNIPPING (1929). Mas foi somente a partir de 1950 que a instrumentação alcançou níveis científicos mais elevados, possibilitando uma maior aplicação da técnica.

    Segundo Barros Neto (2001), o teste espirométrico é um exame de grande aplicação, tanto para atletas como também para praticantes de atividade física não competitiva.

    Este teste possibilita determinar variáveis respiratórias, metabólicas e cardiovasculares pela medida das trocas gasosas pulmonares durante o exercício e a expressão dos índices de avaliação funcional.

    Para o mesmo autor (BARROS NETO, 2001), esse teste espirométrico traz na realidade, informações a respeito da integridade de todos os sistemas envolvidos com o transporte de gases, não envolvendo assim, somente os ajustes cardiovasculares e respiratórios.

    Consiste em um exame não invasivo que mede trocas gasosas pulmonares, que registra o eletrocardiograma durante o exercício e serve para a analisar tanto a capacidade funcional como o desempenho físico.

    É útil no diagnóstico diferencial entre falta de ar pulmonar e cardíaca e estabelece com precisão a intensidade de treinamento que deve ser prescrita a cardiopatas ou indivíduos sadios. Tal determinação é parcialmente útil na elaboração para treinamento de atletas e, doravante, para-atletas.


Metodologia

    Este estudo caracterizou-se como de caráter descritivo, envolvendo variáveis que procuram analisar a função respiratória em portadores de deficiência física praticantes da modalidade de basquetebol em cadeira de rodas.

    O teste foi realizado na Universidade Paranaense UNIPAR, Umuarama-Pr, Av. Tiradentes, no Ginásio de Esportes do Campus III, quadra 2 com sujeitos portadores de deficiência físicas, praticantes da modalidade Basquetebol em Cadeira de Rodas.

    Para amostra foram sujeitos da equipe de Basquetebol em Cadeira de Rodas da Universidade Paranaense - UNIPAR/ADEFIU, sendo que ao todo foram avaliados 12 sujeitos do sexo masculino entre 20 e 40 anos de idade, classificados por: lesão medular (T-1, T-6 e T-12), poliomielite, amputação de membro inferior, doenças degenerativas e mielomeningoceli.

    Naquele momento a equipe avaliada participava do 1º Campeonato Regional Estadual de Basquetebol em Cadeira de Rodas do Paraná e da Liga Sul Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas.

    A primeira competição envolvia 4 equipes do interior do estado do Paraná, sendo: UEM/SICOOB (Maringá), FAG (Cascavel), FOZ/UNIAMÉRICA (Foz do Iguaçu) e UNIPAR/ADEFIU (Umuarama). Cada uma das equipes sediou uma etapa do certame, disputado em forma de circuito.

    A segunda competição reuniu CEPE/Raposas do Sul/Joinville (SC), CEDE/PUC/Curitiba (PR), RSParadesporto/Porto Alegre (RS), AFLODEF/Florianópolis (SC) e UNIPAR/ADEFIU/Umuarama (PR), também sendo disputada em forma de circuito.

    O material utilizado para a avaliação espirométrica foi o espirômetro do modelo Pony Espirometer Graphic, tendo sido obtidas três curvas que obedeceram aos seguintes padrões: ausência de interrupção, impressão de esforço máximo, bom início e variação de menos de 5% entre as curvas constituíram critérios de aceitação da prova.

    Das três curvas obtidas durante o teste, foi utilizada para análise a melhor curva de cada participante e as variáveis espirométricas estudadas foram a capacidade vital forçada (FVC), volume expiratório forçado no primeiro segundo (FEV1) e a ventilação voluntária máxima (MVV).

    Este teste foi realizado com os sujeitos no momento de chegada para o treinamento, quando os mesmos eram encaminhados para uma sala do Ginásio de Esportes da UNIPAR.

    Para o desenvolvimento do estudo, os procedimentos adotados, observaram uma seqüência: os volumes pulmonares e o fluxo de ar expirado que se refere às curvas de CVF, VEF1 e o MVV, seguindo as normas já descritas, tendo sido aplicados por uma avaliadora do curso de fisioterapia com conhecimentos do aparelho e experiência em aplicar o teste.

    Para atender aos objetivos do estudo, as informações coletadas foram tratadas estatisticamente utilizando as equações preditas desenvolvidas por Knudson (referencia) gravadas na memória do aparelho, sendo as variáveis referidas em % do previsto.


Resultados e discussão

    A tabela 1 apresenta e discute os resultados do teste espirométrico:

    Dentre os avaliados, cinco (5) sujeitos obtiveram valores espirométricos normais (média de 96,0% da CVF predita), sendo que entre estes um (1) apresenta quatro anos de treinamento, outros três tem três anos de treinamento e um tem dois anos de treinamento.

    Outros cinco (5) avaliados apresentaram um distúrbio restritivo leve (média de 76,8% da CVF predita) onde o sujeito com LM T-6 apresenta três anos de treinamento, o LM T-1 e os dois pólios treinavam há apenas um ano, e o amputado de membro inferior dois anos de treinamento.

    Um (1) sujeito (um ano de treinamento) apresentou distúrbio restritivo moderado (64,0% da CVF predita), e um (1) sujeito (um ano de treinamento) apresentou restrição severa (54,0% da CVF predita), que é o LM T-12 com um ano de treinamento.

    Observamos que a maioria dos indivíduos apresentou valores normais e restrições leves para a CVF. Esses valores, provavelmente, apresentaram-se desta maneira em função do tempo de treinamento de cada atleta, bem como suas participações no Campeonato Regional Estadual de Basquetebol em Cadeira de Rodas do Paraná e pela Liga Sul Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas.

    Deve se levar em consideração que o teste foi aplicado no pico de treinamento da equipe, ou seja, entre uma etapa Campeonato Regional Estadual de Basquetebol em Cadeira de Rodas do Paraná e outra da Liga Sul Brasileira, em que a equipe estava brigando pela liderança no campeonato.

    Pode se destacar também que o tipo de deficiência e o nível de lesão não afetaram a realização dos testes nem seus resultados. Brunetto et al. (1999) afirmam que sujeitos com lesão baixa (nível lombar), possuem os músculos da cintura pélvica acometidos, o que não interfere na função ventilatória, enquanto que no sujeito com lesão alta (nível cervical), os músculos abdominais e intercostais estão paralisados e deprimem a caixa torácica, dificultando assim sua função ventilatória.

    Apesar destes sujeitos apresentarem certa deficiência na musculatura abdominal foram constatados resultados excelentes em comparação com outros sujeitos que contam com movimentos de tronco e uma ótima musculatura abdominal.


Conclusão

    A espirometria por si só não permite um diagnóstico definitivo, ela constitui apenas um exame laboratorial auxiliar no diagnostico e é muito importante na reavaliação. Deve-se considerar, dentre outros aspectos, a avaliação física e o histórico do paciente, a fim de que, em associação com os valores obtidos, seja proposto, com maior segurança, um laudo técnico-funcional abrangente. Observou-se que a maioria dos indivíduos apresentou valores normais e restrições leves. Esses valores, provavelmente, apresentaram-se desta maneira em função do treinamento desenvolvido pela equipe.

    Fica evidente a necessidade de novos estudos com a utilização da espirometria em diferentes períodos de treinamento, para esta mesma população, bem como intervenções para a melhoria das capacidades avaliadas.


Referencias bibliográficas

  • BARROS NETO, T. L. ; TEBEXRENI, A. S.; TAMBEIRO, V. L. Aplicações práticas da ergoespirometria no atleta. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, 11(3): 695-705 maio/junho, 2001.

  • BEM ESTAR disponível em: http://bemstar.ig.com.br/index.php?modulo=colunistas_ mat&url_n_art=133&url_col=Profa.+Priscilla+de+F.+de+Arruda+Camargo, acessado em Março de 2005.

  • BRUNETTO, A. F.; HOSHINO, A. A.; PAULIN, E. Análise do efeito das manobras de pressão negativa e da sustentação máxima da inspiração nos volumes pulmonares. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, 3(3): 193-197, 1999.

  • CINGOLANI, H. E. Fisiologia humana de Houssay. 7ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

  • COSTA, D. e JAMAMI, M. Bases fundamentais da espirometria. Rev. Brasileira de Fisioterapia. Vol. 5 No. 2 (2001), 95-102.

  • Deck-up MED-Diagnósticos disponível em: http://www.checkup.med.br/nuke/ modules. php?name=News&file=article&sid=16, acessado em Março de 2005.

  • FRONTERA, W.R.; DASON,D.M. e SLOVIK D.M. Exercício Físico e Reabilitação. Trad. Maria da Graça Figueró da Silva e Jussara Burnier. -Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

  • POWERS, S. K. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho, 3ª.ed. São Paulo: Manole, 2000.

  • SILVERTHORN, Dee Unglaub...et al. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2003.

  • YAZBEK, JR. P.; CARVALHO, R. T.; SABBAG, L. M. S. & BATTISTELLA, L. R. Ergoespirometria. Teste de esforço cardiopulmonar, metodologia e interpretação. Arq. Brasileiro de Cardiologia, 71(5), 1998.

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