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Distribuição da pressão plantar em diferentes testes
de habilidades motoras fundamentais em crianças
da segunda série de uma escola municipal

   
*Especialista em Biomecânica e mestranda do programa de
Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana.
**Doutor em Ciência do Movimento Humano - Biomecânica.
Universidade Federal de Santa Maria
 
 
Clarissa Stefani Teixeira*  
Carlos Bolli Mota**
clastefani@gmail.com
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     Os objetivos deste estudo foram verificar a pressão média nos saltos de extensão horizontal e vertical, no equilíbrio estático e dinâmico, e na marcha; e verificar o deslocamento do centro de força durante o equilíbrio estático, dinâmico e durante a marcha em crianças do ensino fundamental. Foram avaliadas 12 crianças de ambos os sexos com idades entre 7 e 9 anos, estatura 1,27 ± 0,07 m e massa corporal 28,38 ± 4,39 kg, da segunda série da rede municipal da cidade de Santa Maria. Para a coleta de dados da distribuição da pressão plantar foi utilizado o sistema F-Scan que consiste de sensores flexíveis, circuitos de coleta de dados e software. Para a avaliação do equilíbrio estático utilizou-se 6 segundos de aquisição para cada membro. Para todos os movimentos dinâmicos foram utilizados 5 segundos em uma freqüência de 60 Hz todos eles. Para análise dos dados foi aplicada estatística descritiva e teste t com nível de significância de 0,05. Houve somente diferenças estatisticamente significativas nos valores da pressão média entre as partes anteriores dos membros direito e esquerdo e posteriores dos membros direito e esquerdo durante o salto vertical, e pressão média das partes anteriores de ambos os membros durante a marcha. Não houve diferenças significativas no deslocamento do centro de força. Pode-se concluir que na maioria dos testes realizados neste estudo os valores da pressão média estão distribuídos de maneira uniforme, não estando concentrados em somente uma região dos pés.
    Unitermos: Pressão plantar. Crianças. Habilidades motoras fundamentais.
 
Abstract
     The objectives of this study were to verify the medium pressure in the horizontal and vertical extension jumps, in static and dynamic balance, and in gait; and to verify the displacement of the center of force in the same situations in children of the fundamental school. 12 children of both sexes with ages between 7 and 9 years, stature of 1.27 ± 0.07 m and corporal mass of 28.38 ± 4.39 kg, of the second series of municipal schools from Santa Maria were evaluated. For data collection of pressure distribution the F-Scan system was used. For the evaluation of the static balance it was used 6 seconds of acquisition for each member. For all the dynamic movements they were used 5 seconds in a frequency of 60 Hz all them. For analysis of the data descriptive statistics was applied and t test with level of significance of 0.05. There were only statistically significant differences in the values of medium pressure among the anterior parts of the right and left members, and posterior parts of the right and left members during the vertical jump, and medium pressure of the anterior parts of both members during gait. There were no significant differences in the displacement of the center of force. It can be concluded that in most of the tests accomplished in this study the values of the medium pressure are distributed in a uniform way not being concentrated in only an area of the feet.
    Keywords: Plantar pressure. Children. Fundamental motive abilities.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 107 - Abril de 2007

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Introdução

    Para a sobrevivência o homem necessita de seus atributos físicos como a velocidade, força e equilíbrio com grande eficiência física. Instrumentos de medidas para a área de desenvolvimento motor foram criados para avaliar as habilidades motoras e de aptidão física. Para avaliar os níveis das habilidades motoras fundamentais, alguns autores, apresentam estudos sobre o desenvolvimento motor infantil1. Estes estudos encontram-se entre a estabilidade, locomoção e manipulação. Várias técnicas efetivas foram planejadas para a avaliação observacional de padrões motores fundamentais. A progressão dos estágios, que compreende o inicial o elementar e o maduro, depende de vários fatores entre eles as oportunidades para a prática em ambiente propício para a realização das atividades e o encorajamento ao aprendizado. As crianças possuem um potencial desenvolvimentista para estar no estágio amadurecido da maior parte de suas habilidades motoras fundamentais por volta dos 6 anos de idade1. O profissional da educação física ao trabalhar dentro da área escolar possui o compromisso de ajudar no processo evolutivo do aluno tanto em nível intelectual quanto em nível físico, acompanhando assim, sua evolução. A formulação dos objetivos dentro da aula de educação física é fundamental. O professor pode avaliar seus alunos tanto na forma qualitativa quanto quantitativa, fornecendo assim subsídios concretos para a condução do trabalho escolar.

    O desenvolvimento motor é uma contínua alteração no comportamento ao longo da vida, realizado pela interação entre necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. O desempenho de crianças constitui-se de uma preocupação permanente entre os especialistas da área da saúde. Este interesse se justifica na medida em que o exercício físico pode desempenhar importante papel na prevenção, conservação e melhoria da capacidade funcional. Em nossa realidade, os programas de educação física são parte integrante dos currículos nas escolas, desde as primeiras séries até o final do período de escolarização, fazendo com que, possivelmente, crianças envolvidas nessas estruturas possam dedicar mais tempo para programas de exercícios físicos. Reconhecendo esta situação não deve-se medir esforços para realizar e encorajar programas relacionados a educação física, com o propósito de minimizar a vida menos ativa adotada pelos jovens. No entanto, o controle e o acompanhamento mais exatos possíveis desses programas exigem contínua necessidade de utilização de instrumentos específicos, à vista dos quais torna-se indispensável a existência de informações que possam ser utilizadas como referências no desenvolvimento de análises mais profundas.

    Sabe-se que o movimento pode ser utilizado para interagir com o ambiente. A biomecânica é uma área que procura analisar estas formas de movimento a partir de parâmetros cinemáticos e cinéticos. O estudo biomecânico tenta estabelecer uma integração da análise do movimento e a área de desenvolvimento motor, pela descrição mais precisa e formal através de um conjunto de métodos e técnicas que objetivam a análise quantitativa do movimento humano. Nos últimos anos o progresso das técnicas de medição, armazenamento e processamento de dados contribuiu enormemente para a análise do movimento humano2.

    O corpo humano pode ser fisicamente definido como um complexo sistema de segmentos articulados em equilíbrio estático ou dinâmico. Em princípio a estrutura do sistema funcional humano passou por um processo de otimização organizacional, que se diferencia sensivelmente do caminho de aperfeiçoamento técnico do movimento. Desta forma, define-se que a ciência que descreve, analisa e modela os sistemas é a biomecânica, logo uma ciência de relações altamente interdisciplinares, dada a natureza do fenômeno investigado.

    Nos diversos movimentos que o ser humano realiza, utiliza-se uma particular maneira de mover-se sobre os pés onde fatores ambientais e comportamentais devem ser levados em consideração3. A extremidade dos membros inferiores é bem equipada, pois ela é a responsável pelas funções de manutenção do peso corporal e locomoção4. Nos estudos da evolução anatômica da espécie humana, o pé é um segmento freqüentemente estudado, sendo um complexo segmento do aparelho locomotor5. Entre suas funções destacam-se capacidades particulares em sustentar, amortizar e distribuir a força peso do indivíduo, nas inúmeras situações em que é solicitado funcionalmente6. Nas ultimas décadas, os estudos sobre a posição do pé, impacto, picos de força, distribuição de pressão, auxiliados por instrumentos não invasivos, com grande poder de obtenção de dados, como palmilhas com sensores, permitiram o conhecimento detalhado do comportamento dessas variáveis, enquanto o indivíduo realiza suas atividades, como caminhar, correr e saltar5.

    Embora a força de reação do solo seja refletida em todos os segmentos corporais, os meios para mensurar essas forças são muito restritos. Os instrumentos mais indicados para quantificar esta força são as plataformas de força. No entanto, estes instrumentos apenas indicam a magnitude da resultante força de reação do solo e seu ponto de aplicação, o centro de pressão. Por exemplo, as informações da força de reação do solo em relação ao pé de um sujeito na posição bipedal, estando ele calçado ou não sobre uma plataforma de força, não é a força real que pode ser sentida por uma parte específica de seus pés, mas sim o ponto de localização do centro de pressão7. O mesmo autor ainda afirma que para se determinar a distribuição da pressão sobre determinada área ou área total do pé do indivíduo, em determinado instante, pode utilizar plataformas, placas como também palmilhas de distribuição de pressão. Esses procedimentos determinam com precisão a distribuição da pressão em cada pé.

    As técnicas de mensuração da distribuição da pressão plantar podem ser representadas em três abordagens: registro a partir da superfície do pé descalço e o solo, entre a sola do sapato e o solo e entre a superfície plantar do pé e o calçado8.

    Determinar a pressão da região plantar do pé é de fundamental importância para o conhecimento sobre forma e características da sobrecarga mecânica no aparelho locomotor humano e seu comportamento em diversos movimentos9. Por este motivo informações sobre esta variável podem ainda revelar a estrutura e função do pé, o controle postural ou ainda o controle do movimento. Os padrões da distribuição plantar são parâmetros de relevância para diferentes grupos profissionais incluindo médicos, ortopedistas, engenheiros de reabilitação, fabricantes de calçados, fisioterapeutas, profissionais da educação física entre outros10.

    Muitas possibilidades surgem quando se aplicam testes para analisar o público alvo com que se trabalha. As medidas de pressão plantar fornecem informações sobre os padrões de distribuição de pressão e força sob o pé durante a posição estática e dinâmica. Vários estudos têm sido feitos para quantificar os padrões de pressão plantar, como por exemplo, as medidas de pressão plantar têm sido usadas no tratamento do pé do diabético, em atletas para aumentar o desempenho e minimizar os riscos de traumatismos. Alguns estudos têm descrito o comportamento da distribuição de pressão plantar durante o caminhar em crianças na tentativa de buscar informações sobre a seqüência normal de desenvolvimento de padrões desde o caminhar independente até a marcha11. Dados normativos quantificando os padrões de pressão nos pés e crianças auxiliam na tomada de decisões de tratamentos adequados referentes às deformidades do pé e da perna11. Essas informações deveriam ajudar a garantir que os tratamentos resultem numa adequada distribuição de pressão do pé durante a posição estática e dinâmica.

    Através da análise da pressão plantar pode-se verificar ainda os grupos de pés compreendidos como pé normal, pé plano e pé cavo. Através disso, tratamentos adequados referentes às deformidades do pé e perna podem ser tomados. Baseando-se nos pressupostos acima e buscando quantificar situações que são avaliadas de forma qualitativa, este estudo teve como objetivos verificar a pressão média nos saltos de extensão horizontal e vertical, no equilíbrio estático e dinâmico, na marcha; e verificar o deslocamento do centro de força durante o equilíbrio estático, dinâmico e marcha e comparar os resultados.


Metodologia

    Fizeram parte deste estudo 12 escolares de ambos os sexos, com idades entre 7 e 9 anos, estatura 1,27 ± 0,07 m e massa corporal 28,38 ± 4,39 kg, da segunda série do ensino fundamental de uma escola da rede municipal da cidade de Santa Maria.

    Para a coleta de dados da distribuição da pressão plantar foi utilizado o sistema F-Scan que consiste de sensores flexíveis, circuitos de coleta de dados e software. Para a realização de cada teste foi seguido a bateria de testagem Gallahue & Ozmun1, que apresenta alguns movimentos para posterior classificação das habilidades motoras fundamentais em inicial, elementar e maduro. Porém não foram avaliados os estágios das habilidades motoras fundamentais, sendo que esse protocolo serviu como padronização do movimento para a realização dos testes. Os testes selecionados foram: equilíbrio estático, salto vertical, salto horizontal e marcha. Também foi avaliado o equilíbrio dinâmico, segundo o protocolo de Bruininks12 que consiste em a criança deslocar sobre uma trave equilibrando-se.

    Para a avaliação do equilíbrio estático utilizou-se 6 segundos de aquisição para cada membro e para todos os movimentos dinâmicos foram utilizados 5 segundos. A freqüência de aquisição foi 60 Hz para todos os testes. O equilíbrio estático e dinâmico foram avaliados sobre uma trave de madeira de 10 cm de largura e 15 cm de altura.

    Para as medidas da distribuição da pressão plantar, o pé foi dividido em duas regiões distintas de apoios (ilustradas na figura 1), que formam a região anterior do pé, compreendida pelos metatarsianos, as falanges os artelhos e as articulações tarso-metatarsianas, metatarso-falangianas, intermetatarsianas e interfalangianas, e a região posterior do pé, formada pelo apoio sob o calcâneo.

    Os alunos foram convidados a participar do estudo. Foi marcado um dia na própria escola para a realização da coleta. As crianças foram avaliadas individualmente e todos os movimentos foram realizados sem tênis e com as palmilhas do sistema F-Scan adequadas às dimensões dos pés. A calibração foi realizada conforme recomendações do fabricante.

    As crianças deveriam realizar as tarefas propostas pelas baterias. Um movimento por vez foi demonstrado, seguindo as baterias já citadas, e então o aluno executou-o. A ordem de execução dos exercícios foi: equilíbrio estático, salto horizontal, salto vertical e caminhada.

    A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva em que foi verificado a média, o desvio padrão, o mínimo e o máximo. Foi aplicado teste t com nível de significância de 0,05 para análise das diferenças da pressão entre as partes anteriores dos pés direito e esquerdo, posteriores dos pés direito e esquerdo e entre as partes anteriores e posteriores do mesmo pé.


Resultados e discussões

    Serão apresentados e discutidos os resultados referentes a pressão média dos testes de salto vertical, salto horizontal, equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico e marcha. Será também apresentado e discutido o deslocamento do centro de força dos testes de equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico e marcha.

    A tabela 1 ilustra a pressão média durante o salto vertical nas partes anterior e posterior dos pés nos membros direito e esquerdo.

    Os valores máximos encontrados foram nas partes posteriores de ambos os membros, 2871,67 g/cm2 membro direito e, 1985,93 g/cm2 no membro esquerdo. Os valores máximos encontrados nas partes anteriores foram 2564,19 g/cm2 no membro direito e 1921,81 g/cm2 no membro esquerdo. Já para os valores mínimos, o membro direito apresentou-se com 639,32 g/cm2 na parte anterior e o esquerdo com e 551,01 g/cm2 na parte posterior. Na parte posterior do membro direito o valor mínimo encontrado foi de 652,24 g/cm2 e na parte anterior do membro esquerdo a pressão encontrada foi 553,70 g/cm2.

    Quando se comparou as partes anteriores com as partes posteriores nos membros direito e esquerdo, o teste t não apresentou diferenças estatisticamente significativas (p=0,82 para o membro direito e p=0,77 para o membro esquerdo). O mesmo não ocorre com a comparação feita entre as partes anteriores dos membros direito e esquerdo e as partes posteriores dos membros direito e esquerdo, onde o teste t apresentou diferença estatisticamente significativa p=0,028 entre as partes anteriores dos membros direito e esquerdo e p=0,038 entre as partes posteriores dos membros direito e esquerdo.

    A tabela 2 ilustra a pressão média durante o salto horizontal nas partes anterior e posterior dos pés nos membros direito e esquerdo.

    No salto horizontal o teste t não apresentou diferenças estatisticamente significativas quando comparadas a parte anterior com posterior dos membros direito e esquerdo nem quando comparado as partes anteriores e posteriores entre si. Os valores máximos da pressão média foram 2567,36 g/cm2 na parte posterior do membro direito e 2900,21 g/cm2 ns parte posterior do membro esquerdo. Nas partes anteriores a pressão média apresentou valores de 2291,02 g/cm2 e 2556,19 g/cm2 nos membros direito e esquerdo, respectivamente.

    Os valores mínimos encontrados foram na região posterior em ambos os membros, 562,85 g/cm2 e 662,63 g/cm2 na parte posterior dos membros direito e esquerdo respectivamente. Já na parte anterior dos pés a pressão mínima foi de 592,63 g/cm2 para o membro direito e 662,63 g/cm2 para o membro esquerdo.

    A tabela 3 ilustra a pressão média durante o equilíbrio estático nas partes anterior e posterior dos pés nos membros direito e esquerdo.

    Durante o equilíbrio estático, os valores máximos encontrados foram 2156,94 g/cm2 na parte posterior do membro direito e 2078,50 g/cm2 na parte anterior do esquerdo. Foram encontrados os valores de 2088,90 g/cm2 na parte anterior do membro direito e 1777,84 g/cm2 na parte posterior do membro esquerdo. Os valores mínimos foram 624,00 g/cm2 para o membro direito e 541,65 g/cm2 para o membro esquerdo, ambos os membros com valores mínimos nas partes posteriores. Nas partes anteriores os mínimos foram valores de 707,57 g/cm2 e 592,98ºg/cm2 nos membros direito e esquerdo, respectivamente.

    O teste t não apresentou diferenças estatisticamente significativas quando comparado a parte anterior com posterior dos membros direito e esquerdo nem quando comparado as partes anteriores e posteriores entre si.

    A tabela 4 ilustra a pressão média durante o equilíbrio dinâmico nas partes anterior e posterior dos pés nos membros direito e esquerdo.

    Os valores mínimos encontrados foram 545,59 g/cm2 e 663,20 g/cm2 na parte posterior dos membros direito e esquerdo, respectivamente. Nas partes anteriores a pressão mínima apresentou valores de 665,01 g/cm2 710,58 g/cm2. Com relação aos valores máximos, estes se apresentaram maiores na parte posterior de ambos os membros. Os valores encontrados foram 2786,63 g/cm2 membro direito e 2091,50 g/cm2 membro esquerdo. Nas partes anteriores os resultados da pressão máxima foram 2148,80 g/cm2 no membro direito e 1758,75 g/cm2 no membro esquerdo.

    O teste t também não apresentou diferenças estatisticamente significativas quando comparadas a parte anterior com posterior dos membros direito e esquerdo nem quando comparado as partes anteriores e posteriores entre si.

    A tabela 5 ilustra a pressão média durante a marcha nas partes anterior e posterior dos pés nos membros direito e esquerdo.

    Durante a marcha os valores máximos encontrados foram na parte anterior do membro direito, 2948,67 g/cm2, e na parte posterior do membro esquerdo, 2593,17 g/cm2. Os demais valores para a pressão máxima foram 2590,27 g/cm2 na parte posterior do membro direito e 2329,41 g/cm2 na parte anterior do membro esquerdo. Os valores mínimos foram 803,07 g/cm2 e 615,85 g/cm2, ambos nas partes anteriores dos membros direito e esquerdo, respectivamente. Os valores de 832,07 g/cm2 e 635,65 g/cm2 também foram apresentados para as partes posteriores dos membros direito e esquerdo, respectivamente.

    O teste t mostrou diferença estatisticamente significativa somente quando as partes anteriores dos membros direito e esquerdo foram comparadas entre si (p=0,041).

    A tabela 6 ilustra o deslocamento do centro de força nas direções médio-lateral (ML) e ântero-posterior (AP) durante o equilíbrio estático nos membros direito e esquerdo.

    Durante o equilíbrio estático o deslocamento do centro de força apresentou na direção ML do membro direito amplitude máxima nesta direção de 2,89 cm no membro direito e 2,64 cm no membro esquerdo. Na direção AP o deslocamento máximo encontrado foi 4,03 cm no membro direito e 3,72 cm no membro esquerdo. Os valores mínimos foram 0,76 cm e 1,14 cm na direção ML e 1,74 cm e 1,05 cm na direção AP. O teste t não mostrou diferença estatisticamente significativa para nenhum dos deslocamentos.

    A tabela 7 ilustra o deslocamento do centro de força nas direções médio-lateral (ML) e ântero-posterior (AP) durante o equilíbrio dinâmico nos membros direito e esquerdo.

    Na tabela 7 o teste t também não mostrou diferenças estatisticamente significativas para nenhum dos deslocamentos durante o equilíbrio dinâmico. O deslocamento máximo na direção ML foi 3,90 cm no membro direito e 2,94 no membro esquerdo. Na direção AP os valores máximos encontrados foram 7,50 cm no membro direito e 10,99 cm no membro esquerdo.

    Os valores mínimos foram 0,65 cm no membro direito e 0,32 cm no esquerdo na direção ML e 1,54 cm no direito e 1,86 cm no esquerdo na direção AP.

    A tabela 8 ilustra o deslocamento do centro de força nas direções médio-lateral (ML) e ântero-posterior (AP) durante a marcha nos membros direito e esquerdo.

    O deslocamento máximo do centro de força na direção ML durante a marcha foi 3,14 cm no membro direito e 3,41 cm no membro esquerdo. Na direção AP os valores máximos encontrados foram 15,10 cm no membro direito e 15,26 cm no membro esquerdo.

    Os valores mínimos foram no membro direito de 1,57 cm e no esquerdo de 0,87 cm na direção ML e, na direção AP, os valores mínimos encontrados foram para o membro direito de 5,79 cm e para o esquerdo de 5,08 cm. O teste t também não mostrou diferenças estatisticamente significativas para nenhum dos deslocamentos.


Discussão dos resultados

    A pressão média apresentou diferenças estatisticamente significativas para o teste de salto vertical quando foram comparadas as partes anteriores dos membros direito e esquerdo e posteriores dos membros direito e esquerdo. Neste mesmo teste o maior valor encontrado foi na parte posterior do membro direito e a menor pressão média encontrada foi na parte anterior do membro esquerdo. O mesmo ocorreu com a pressão média máxima que se apresentou menor na parte anterior do membro esquerdo e a maior na porção posterior do membro direito. Uma possível explicação para estes resultados é o fato de as crianças estarem tocando no solo com um membros primeiro que o outro e ainda diferenciando a porção de apoio no solo, ou seja, no momento de contato com o solo elas podem aplicar mais força em uma das regiões do pé, levando a diferença entre suas porções.

    Nos testes de equilíbrio estático e salto horizontal não houveram diferenças estatisticamente significativas para o grupo estudado. Pode-se inferir que não existe assimetria entre a execução destes testes. Já os valores encontrados durante a marcha apresentaram diferença estatisticamente significativa somente quando as partes anteriores dos membros direito e esquerdo foram comparadas entre si.

    Avaliando a modalidade de step training observou-se valores entre 19,83 N/cm2 (2022,09 g/cm2) e 34,65 N/cm2 (3533,32 g/cm2) o que significa, segundo os autores, uma elevada pressão, que pode resultar em distúrbios ortopédicos9. Estes dados apresentam-se superiores a todos os testes apresentados neste estudo. Pode-se salientar que a modalidade de step é realizada com movimentos repetitivos e ao participar de uma aula desta modalidade o indivíduo desenvolve movimentos consecutivos, no ritmo da música, durante pelo menos 30 minutos seguidos. Já os testes realizados dentro do ambiente escolar são desenvolvidos esporadicamente. Neste sentido, os testes das baterias de Gallahue & Ozmun1 e Bruininks11 apresentam menores possibilidades de resultar em distúrbios ortopédicos.

    Em um estudo realizado com bailarinas de ballet clássico os valores encontrados foram 252,5 kPa (2574,78 g/cm2) para o membro direito e 150,6 kPa (1535,69 g/cm2) para o membro esquerdo na porção do calcanhar13. Estes valores vão ao encontro aos encontrados neste estudo, onde foi encontrado o valor máximo da pressão média nos calcanhares de 1754,86 g/cm2 durante a marcha. Em outro estudo os valores encontrados para o calcanhar foram 2391,6 g/cm2 para o membro direito e 2230,0 g/cm2 para o membro esquerdo. Estes valores apresentam-se superiores aos encontrados neste estudo6. Ao analisar a pressão plantar em sujeitos descalços na posição em pé os valores encontrados foram entre 705,258 g/cm2 e 769,924 g/cm2 durante a posição em pé de indivíduos com idades entre 20 e 55 anos14. Estes valores mostram-se inferiores aos apresentados neste estudo, pois os indivíduos estavam parados apoiados sobre os dois membros inferiores.

    Em um estudo realizado recentemente relacionando pressão plantar e movimentos realizados no aero jump, os autores encontraram valores entre 2,784 kg/cm2 (2784,00 g/cm2) e 0,849 kg/cm2 (849,00 g/cm2), estando as maiores pressões nas partes posteriores dos pés15. Mesmo o jump sendo realizado sobre uma superfície própria para a absorção de impacto, estes valores também mostram-se similares aos encontrados neste estudo.

    O deslocamento do centro de força não mostrou diferenças estatisticamente significativas em nenhum dos testes e em nenhuma das direções (ântero-posterior e médio-lateral). A literatura consultada não apresenta dados de deslocamento do centro de força para comparação dos resultados deste estudo.


Conclusões

    Observando-se os valores conclui-se que na maioria dos testes utilizados neste estudo o contato da parte anterior e posterior do pé foi uniforme, não estando a pressão concentrada na região anterior ou posterior. A maioria dos valores encontrados apresenta-se similar aos valores reportados da literatura. Os dados aqui apresentados podem assessorar os profissionais que desenvolvem atividades de testagem tanto no ambiente escolar quanto em clubes e academias. Sugerem-se novos estudos utilizando diferentes instrumentações e ainda avaliações comparando e/ou classificando os escolares em seus respectivos níveis de habilidades motoras, visto que existe a necessidade de se conhecer as implicações que os testes poderão apresentar ao sistema dos indivíduos e ainda se estes se apresentam diferentes com o nível maturacional.


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