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Rappel: na perpectiva vertical

   
Licenciado em Educação Física. Especialização em Educação infantil.
Coordenador Fundador do Grupo de Estudo e Pesquisa
em Atividades de Aventura-GEPAA/UFU.
 
 
Juliano Nazari
nazari_juliano@yahoo.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     O presente trabalho surgiu da necessidade do Grupo de Estudo e Pesquisa em Atividades de Aventura-GEPAA/UFU, conhecer de maneira mais profunda as peculiaridades das modalidades que se inserem no rol da aventura na natureza ou não, começando para isso a elaboração de apostilas referentes a cada modalidade pesquisada, o caso do estudo em questão se ateve a pesquisa sobre a prática do Rapel, de maneira a abordar alguns tópicos como: etimologia da palavra; histórico; estrutura; equipamentos; estilos; utilização; segurança e considerações gerais.
    Unitermos: Rappel. Atividades de aventura.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 106 - Marzo de 2007

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Introdução

As atividades de aventura

    Estamos perante de um acontecimento de formato ainda indefinido e em pleno processo de incorporação na sociedade. Por decorrência são poucos os estudos nessa área, tendo a lacuna de uma conceituação precisa. A própria terminologia aplicada nas duas ultimas décadas vem sendo socialmente edificada pelos usuários, portanto, longe de estar consolidada. Estas modalidades esportivas podem ser denominadas de "esportes radicais", "de ação", esportes extremos ou "X-games" (de extreme games) (Fernandes, 1998). São também conhecidos por esportes em liberdade, esportes selvagens, esportes californianos, esportes tecno-ecológicos, esportes livres, lúdicos, esportes de outdoor ou ainda "novos esportes", em contraposição direta as modalidades esportivas tradicionais, que se realizam sob condições de espaço e tempo minuciosamente controladas e preestabelecidas. Concordando com Marinho (1999), optou-se, aqui, pela designação "atividades de aventura", por sua maior aceitação geral e por bem sinalizar o espírito que norteia a busca de sensações e emoções junto à natureza, e pelo consenso, pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Atividade de Aventura - GEPAA, de que este termo seria o mais adequado.

    As atividades de aventura na natureza tendem, por definição, a buscar áreas inóspitas, praticamente intocadas como: picos elevados, vertentes íngremes, cavernas, ambientes submarinos, vales em garganta, matas virgens, corredeiras e cachoeiras. O Brasil, neste sentido, oferece múltiplas possibilidades territoriais, fato reconhecido mundialmente através de sites de agencias internacionais. A variedade de paisagens e o clima ameno se inscrevem no rol de atrativos da natureza brasileira. (JESUS, 2003). Tendo assim inúmeras possibilidades territoriais para a prática de atividades como o rapel, nosso caso em questão.


Apresentação

    O rapel consiste em utilizar técnicas verticais para vencer obstáculos naturais como penhascos e paredões. É muito utilizado por diversas atividades como escaladas, estudos espeleológicos e em resgate em montanhas, ente outros (NAZARI, 2004). É bastante difundido em corridas de aventura, sendo uma das modalidades físicas praticadas nesse tipo de competição.

    O Rapel1 é um termo que vem do francês "rappel", que significa "chamar" ou "recuperar", para designar uma técnica do montanhismo, onde é realizado descidas de forma controlada através de cordas ou cabos, com o uso de uma cadeirinha especial (baudrier) e alguns acessórios como mosquetões, descensores (freio oito, ATC entre outros), vencendo obstáculos naturais e artificiais.

    Para praticar rapel é necessário ser conhecedor de técnicas de montanhismo além de ter muita experiência com o manuseio de equipamentos básicos de escalada como cadeirinha, mosquetões, freio oito, corda estática, etc. Há ainda os equipamentos de segurança, como luvas e capacete que também não são de menor importância.


Histórico

    Tem-se relatos que as primeiras técnicas de rapel foram utilizadas por alpinistas no século XIX, mas o Rapel começou a ser difundido no início do século XX, pela necessidade de alguns espeleólogos (estudiosos de cavernas) que estavam a procura de cavernas nos canyons dos Pirineus (uma cadeia de montanhas que separa o norte da Espanha do sul da França), onde foi necessário desenvolver técnicas para conseguirem alcançar alguns locais que até então, eram inacessíveis pelo homem, entre os rios e desfiladeiros, sem imaginar que estavam criando mais uma atividade de aventura.

    No Brasil o rapel como a prática conhecida atualmente começou com a conquista do Dedo de Deus, na região de Teresópolis (RJ), foi o marco da escalada e conseqüentemente do rapel. Hoje o esporte é muito difundido e já conta com inúmeros roteiros além de instrutores e empresas especializadas (NAZARI, 2004).


Estrutura da modalidade: rapel

Regras do esporte

    Como não trata-se de um esporte e sim uma técnica e/ou atividade de aventura, ou seja, não é institucionalizado, não tem regras definidas nem competições especificas, sua pratica se restringe a estudos, prazer, resgates e trabalhos em alturas e outros.


Equipamentos

Cadeirinha ou Baudrier

    A cadeirinha é um equipamento essencial para a prática do rapel, serve para sustentar o praticante durante a atividade, de uma forma confortável e segura. As melhores são aquelas que possuem regulagem tanto na cintura como nas pernas, e possuem acolchoamento para dar conforto ao praticante, sem esquentar muito (Figura 1). Antes de descer, verifique se todas as fitas da cadeirinha foram bem ajustadas e se foi feita a laçada na ida e na volta, para não correr o risco de nada se afrouxar durante o rapel.

Capacete

    É equipamento de uso obrigatório apesar de muitas vezes ser desprezado. Talvez você nunca vá precisar do capacete, e nós esperemos até que nunca precise, mas basta precisar uma vez que, se ele não estiver lá, você pode ter sérios problemas, portanto, use-o sempre (Figura 2). O capacete serve para proteger a cabeça de pedras ou outros objetos que podem cair enquanto se faz o rapel, serve também para proteger de eventuais batidas e choques contra os galhos e pedras da parede que se está descendo. Uma coisa fundamental do capacete é verificar se ele também está protegendo a testa da pessoa.

Ascensores (Blocantes)

    O Poigneé é utilizado junto com o Basic. No Poigneé fica preso o cabo do pé, nele você se apoia na hora da subida. Se apoiando no Basic, a pessoa sobe o Poigneé, que trava na corda, então ela sobe apoiando-se no pé e leva consigo o Basic , que por sua vez trava na corda não proporcionado a descida (Figura 3).

Cordas

    É o equipamento fundamental para realizar o rapel. Deve-se ter muita atenção na escolha desse material, pois a corda que irá sustentar praticamente todo o peso durante a atividade, devemos usar cordas próprias para o alpinismo ou rapel, e de preferência, deve ser do tipo semi-estática (com alongamento de cerca de 3%) e do tipo drycore (secam muito rapidamente, tanto capa quanto alma). O tamanho da corda vai variar de acordo com o local a ser praticado o rapel, mas deve-se ter pelo menos uma corda de 50m. É bom ter cordas maiores do que se precisa, porque com tempo podemos ir cortando as extremidades da corda que são as partes que mais sofrem atrito e impacto com o rapel (figura 4).

    Deve-se procurar usar uma corda de pelo menos 10mm, e não muito mais do que isso porque pode atrapalhar e prender na hora de passar pelo mecanismo de frenagem. Não devemos usar cordas náuticas ou de outra finalidade, pois a sua capacidade de carga e resistência à abrasão são muito menores, pondo em risco os praticantes da atividade. A corda deve ser muito bem tratada, pois é uma coisa fina, e sua vida pode depender dela. Partículas de argila e poeira penetram pela capa e provocam desgaste interno que as vezes não se percebe por fora, não devemos pisar na corda, e periodicamente devemos lavá-la com água corrente e sabão neutro. A corda deve secar estendida e na sombra. Na hora de guardar, desmanche os nós e enrole-a frouxa, armazenando-a em local seco e fresco.

Fita Expressa

    As primeiras eram de nylon, hoje usa-se materiais mais nobres como o kevlar e spectra, que são muito fortes, levíssimas e muito resistentes a cortes e à abrasão. Os usos das fitas são muitos, principalmente para a segurança e ancoragem (em locais onde as cordas poderiam ser danificadas, como em bicos de pedras), ou ainda para ser usadas como extensão entre o mosquetão e o oito para afastar da corda a pessoa que desce pelo rapel. São unidas em forma de anel, de grande resistência, podendo ser costuradas (não as costure você mesmo, elas já vem costuradas de fábrica), ou unidas por um nó específico, denominado "nó de fita". São cortadas em diferentes tamanhos, de acordo com sua finalidade. Quando presa na cadeirinha, para segurança, recebe o nome de "solteira", se é utilizada em conjunto com dois mosquetões recebe o nome de "costura" (Figura 5).

Mosquetão

    Mosquetão (figura 6) é o nome que se dá às peças metálicas em formato de elo com uma parte móvel (lingüeta), que se fecha com a ação de uma mola interna. Essas argolas de metal são usadas para praticamente tudo em escalada e também no rapel. Se usa para ancoragens, para fixar o freio a cadeirinha, para transportar e pendurar coisas, para auxiliar na segurança, e muitos outros.

    São geralmente feitos em ligas especiais de alumínio, para torná-los leves (existem mosquetões de aço, bem mais pesados). Sua maior resistência é no sentido do maior eixo, portanto só devem ser solicitados nessa direção. Devemos procurar utilizar equipamentos com o selo UIAA (Union International Association of Alpinists), que venham com sua resistência nominal impressa no próprio equipamento, e ainda, sabendo que todos os equipamentos estão sujeitos a apresentar falhas, devemos sempre usar mosquetões em conjunto, para se um falhar, ainda termos a segurança do segundo mosquetão. Existem vários modelos e formas, cada um com seus usos específicos, deve-se dar preferência aos de marcas conhecidas, com maior resistência nominal e com trava de segurança, que impedem uma abertura acidental.

Mosquete

    Tem variados usos, principalmente para pendurar coisas ou auxiliar em tarefas menores. É menor e menos resistente que o mosquetão, para o rapel pode ser usado para diminuir ainda mais a força que se faz ao descer pela corda, utilizando-o para tencionar a corda.

Oito

    É o mais antigo e conhecido mecanismo de frenagem (figura 7). Sua função, como a de qualquer modo de frenagem, é diminuir o esforço que se faz ao descer pela corda. Isso é feito devido ao atrito que a corda faz com as paredes do oito. O oito é muito versátil, de uso simples e bastante durável (tenha cuidado com o material, não o deixe bater ou cair), mas tem a desvantagem de torcer mais a corda do que outros mecanismos, por isso vem sendo progressivamente abandonado.

Luvas

    Usadas para proteger as mãos durante a descida do rapel, seu material e espessura deve variar de acordo com a pessoa e com o tipo de rapel que se faz. Existem também as luvas que deixam a ponta dos dedos livres, o que permite o maior controle da corda.

    Um bom tipo de luva para o rapel tradicional são aquelas usadas em mountain bike. Para um rapel mais rápido e cavernoso é aconselhável uma luva completa e grossa de couro, como as usadas em escalada e pelos garis.

Roldana

    A roldana não é usada no rapel, mas pode ser muito importante no caso de se fazer um resgate, ou precisarmos erguer uma grande quantidade de peso. É essencial para se fazer a tiroleza, pois devido ao pequeno atrito que a roldana faz com as cordas, podemos deslizar a grandes velocidades (Figura 8).

Mecanismos de frenagem

ATC

    Trabalha como as placas e como os tubos Lowe, quando uma laçada da corda é enfiada pelo equipamento e clipada ao mosquetão, sendo a segurança dada pela quantidade de atrito com a corda que é criada por esse sistema.Custa um pouco mais que o oito, mas tem a vantagem de diminuir a torção da corda, podendo prolongar a vida útil desta. Para fazermos o transpasse do ATC em primeiro lugar dobre a corda e faça uma ponta dupla de aproximadamente 20 cm; passe a ponta dupla por um dos olhos do ATC; prenda a alça do ATC juntamente com a alça da corda do mosquetão e por último trave o mosquetão (figura 9).

Stop (dresler)

    O dresler (figura 10) é utilizado no lugar do oito, tem como função diminuir os danos na corda e é utilizado normalmente para descidas mais rápidas devido ao seu desenho, que não torce nem esquenta a corda.

Placa sticht

    É outro mecanismo de frenagem. Possui 1 ou 2 rasgos por onde a laçada da corda é passada, e esta presa ao mosquetão. Pode possuir uma mola, que tem a função de manter a placa a uma certa distância do mosquetão. O seu uso inicial foi para dar segurança nas escaladas, e no rapel pode ser usado, mas é menos aconselhável, pois podem engripar com a corda, e é muito chato ficar toda hora soltando a corda.

Grigri

    É um aparelho recentemente inventado, que automaticamente freia uma queda, através de um sistema de alavancas, em seu interior. O aparelho é clipado à cadeirinha através do mosquetão, e a corda é passada por dentro do aparelho, se quiser descer basta pressionar a alavanca do grigri, se você soltar a alavanca o dispositivo automaticamente trava o sistema e você não desce, é muito interessante para o caso de se querer parar na descida para tirar fotos ou curtir o visual.

Manhone

    É um mosquetão com uma barra de alumínio adaptada e cruzada perpendicularmente a este. Foi muito usado no passado, na época do rapel clássico, quando ainda nem se utilizavam os freio oito, mas hoje em dia dificilmente é usado, e por ser um equipamento artesanal, não possui nenhum teste de segurança e por isso, não tem sentido usar esse tipo de equipamento nos dias de hoje.

Rack

    É um dispositivo moderno, onde o atrito com a corda é feito através dos diversos "degraus" da escadinha do rack. O rack possui duas longas barras transversais, e 4 ou 5 perpendiculares a estas, por onde é passada a corda. É eficiente, não torce a corda, mas seu custo é elevado.


Nós e amarrações

    Os nós podem ser considerados parte indispensável a prática do Rapel, portanto de fundamental importância dominar o maior número de nós e amarrações possíveis, pois nunca se sabe quando será preciso utilizá-los.

    Os nós podem ser utilizados para unir a cordas, para as ancoragens, amarrarem solteiras, dentre outras aplicações. A escolha de um nó deve passar por uma análise criteriosa sobre o uso. Fatores como força de blocagem, facilidade de fazer e desfazer o nó e perdas de resistência, etc., devem ser levadas em consideração na hora da escolha. Abaixo alguns nós mais utilizados:

Nó de Azelha Simples: (Figura 11). Pode ser usado em ancoragem principal, mas não deve ser utilizado em ancoragem reserva. Diminui a resistência da corda em 50% - R0: 50%, além de ser difícil desfazer, quando submetido à tensão. Deve ser usado como nó amortecedor entre a ancoragem principal e a reserva.

Nó de Azelha em "8" : (Figura 12). Mais tradicional, é usado tanto em espeleologia quanto em alpinismo. Pode ser utilizado em qualquer ancoragem, ou para prender coisas na corda com segurança. Pode ser desfeito bem mais fácil que o azelha. Seu R0: 60%. Também poderá ser feito da forma induzida e deverá ser arrematado.

Nó de Pescador Duplo: (Figura 13). Excelente nó de junção para cordas de mesmo diâmetro. Pode ser empregado também em arremates. Rompe a corda com 56% de R0, sendo o melhor deles.

Nó Direito: (Figura 14). Para emendar ataduras e emendar cabos com o mesmo diâmetro.

Forca: (Figura 15). Arme a laçada conforme o esquema, deixando a ponta de trabalho com tamanho suficiente para executar as voltas. Realize finalmente e, ao fazer a última volta, introduza a ponta de trabalho na laçada superior do nó. Em seguida puxe a laçada inferior pelo lado correspondente à ponta de trabalho para apertá-la e conservar as voltas seguras. O laço é regulado movimentando-se o lado da corda correspondente à sua parte fixa.

Nó Oito: (Figura 16). Este nó é mais volumoso que o nó superior comum e muito mais fácil de ser desfeito, quando não for apertado demasiadamente. É usado comumente sempre que queira criar uma protuberância numa corda, servindo perfeitamente quando se fizer necessária a fixação de uma corda em seu encaixe. Neste caso, o nó poderá ser empregado se não houver uma estaca ou outro local onde se amarra a corda.

Nó Prussik: (Figura 17) É um nó empregado para fixar cordas auxiliares a uma outra de maior diâmetro, para dar tensão a outros cabos, para segurança e para ascensão em um cabo vertical com o uso de estribos. Possui a peculiaridade de prender e segurar quando for exercida tração sobre ele. Uma vez feito o nó e estando seguro, faz-se correr no sentido que se deseja e para mantê-lo firme no lugar, basta largá-lo, tracionando-o com firmeza ou deixando que o próprio peso do corpo exerça a tensão.

    Lembrando que esses nós não são específicos para o Rapel, a maioria dos nós são oriundos do escotismo e técnicas náuticas, sendo utilizados em varias Atividades de Aventura que lidam com manipulação de cabos (cordas).


Estilos de rapel

    O Rapel tem alguns estilos bem diferentes de serem praticados. Abaixo explicaremos cada um deles.

  • Rapel Inclinado: É o tipo de rapel mais simples de ser executado, como o próprio nome diz, ele é feito em uma parede ou pedra com menos de 90º de inclinação. Ele serve de base para os outros tipos, e é o estilo ideal para iniciantes.

  • Rapel Vertical: Não se difere muito do visto acima, tendo suas grandes diferenças apenas na saída, onde dependendo do ponto de fixação da corda, poderemos ter um alto nível de força no baudrier (cadeirinha) devido a passagem do plano horizontal para o vertical. E um outro fator a ser considerado é uma maior pressão no freio.

  • Rapel Negativo: Este tipo de rapel é um dos mais praticados, deve-se isto ao fato de ser um rapel que é feito em "livre", ou seja, sem nenhum contato dos membros inferiores com qualquer tipo de "meio" (pedra, parede, etc.). O seu ponto crítico é a saída, pois temos que ficar quase de cabeça para baixo e é quando temos um nível muito alto de pressão no baudrier e no freio, devemos ter também uma grande atenção na velocidade de descida, pois ela aumenta fácil e rapidamente.

  • Rapel Invertido Negativo: Feito nas mesmas condições do visto anteriormente, sendo que após a saída, toma-se posição invertida (de cabeça para baixo). Deve-se antes executar a manobra, mentalizar os procedimentos, pois você estará em uma posição invertida assim como os comandos do freio, além é claro da facilidade do aumento de velocidade.

  • Rapel de Frente Inclinada: Nas mesmas condições que o inclinado, sendo agora de frente para a descida (tipo o filme Soldado Universal), além de dar mais "medo" deve-se tomar cuidado na hora do freio quanto a posição do corpo e a elasticidade da corda, pois estamos em uma posição em que a força da gravidade atua mais do que no inclinado.

  • Rapel de Cachoeira - Cascading (Canyoing): Podemos encontrar aqui diversos tipos de descida (quanto a posição de descida e meio). Mas o principal aqui é alertar quanto ao fato de estamos descendo em pedras escorregadias que ao menor descuido nos fará perder o equilíbrio e trará conseqüências imprevisíveis. Também devemos considerar a força da queda d'água. Não é qualquer cachoeira que nós podemos enfrentar, devemos ter prudência na hora de a escolhermos, pois se entrarmos embaixo de uma "tromba d'água" teremos conseqüências desastrosas, como não conseguir frear por exemplo.

  • Rapel Intercalado: Rapel este que teremos que fazer "escalas", ou seja, desceremos com a corda dobrada e a prenderemos em um outro ponto de fixação (pelo menos três metros antes do final da primeira corda, a qual, estamos descendo) e então a descida deverá seguir uma seqüência que é normalmente estabelecida antes de ser iniciada. Como norma de segurança, deve-se amarar as pontas da corda com um nó de pescador e colocar ali um mosquetão, procedimento este que em caso de perdermos o controle da descida, ficaremos presos no final da corda, evitando uma queda que seria fatal.


Utilização do Rappel

  • Técnicas Verticais: São técnicas desenvolvidas com o uso de cordas e equipamentos apropriados para movimentar-se tanto na vertical como na horizontal. Os movimentos verticais utilizam o Rapel como meio de descensão e a subida através de corda, como meio de ascensão. O movimento horizontal será por meio de tirolesa.

  • Canyoning: É a exploração de um leito de rio onde se utiliza o trekking, natação e ou rapel. Uma simples caminhada dentro de um rio é um canyoning, e muitas vezes é necessário se usar o rapel para transpor um obstáculo, como uma cachoeira.

  • Escalada: É a ascensão geralmente realizada sob superfícies rochosas, quase sempre verticais ou negativas, onde o praticante utiliza somente a força corporal sobre tudo das mãos e dos pés. Após a subida é necessário descer e normalmente se utiliza o rapel.

  • Resgates: É o ato de salvar alguém. Muitas vezes em locais de difícil acesso, faz-se o uso do rapel para se realizar o resgate.

  • Espeleologia: É a exploração de cavernas. Existem nas cavernas muitos obstáculos a serem transpostos e um deles são os abismos que necessitam de técnicas verticais e por conseqüência o rapel.

  • Arborismo: É o passeio entre as copas das árvores, onde muitas vezes o rapel é utilizado como uma forma de se descer das arvores.

  • Pesquisas: Normalmente o rapel é utilizado em pesquisas de animais, vegetais e geologia que se encontra em paredões, rochedos, cavernas, árvores, etc.

  • Trabalhos em altura: São trabalhos realizados acima de 2 metros do solo, e geralmente fazem o uso do rapel, tanto para manutenção de equipamentos, limpeza, pintura, decoração etc., como para se retornar ao solo após o termino do trabalho.

  • Operações táticas: Uma técnica aplicada em descida vertical em corda por grupos de Operações e forças especiais do mundo inteiro, utilizado como meio de proceder a intervenções de forças especiais, no que diz respeito a estratégias militares.


Segurança

    Este é o um dos assuntos mais importantes a ser discutido não só no rapel, mas como na prática de qualquer Atividade de Aventura.

    Pode não parecer verdade, mas a grande maioria dos acidentes que ocorrem no rapel, acontece por erro humano, seja por falha de um equipamento que não foi usado de maneira adequada, ou por não haver qualquer tipo de manutenção neste equipamento, ou até mesmo por negligencia do praticante, onde ele acha que a pratica do rapel é simples, que basta pegar uma corda qualquer dar um nó em uma das pontas e ir descendo. Na teoria parece ser bem simples, mas ao colocarmos em prática o assunto muda, e quanto mais nos aprofundamos mais complexo ele se torna, pois cada situação ira exigir equipamentos e ancoragens adequadas, ou seja, se entrarmos em detalhes nesses aspectos iremos ver que a corda a ser utilizada deve ser do tipo estática, a escolha do tipo de nó a ser usado na ancoragem deve seguir os critérios de segurança, pois cada tipo de nó utilizado já sofreu algum estudo, seja de carga de ruptura, absorção ou até mesmo na sua facilidade de ser desatado.

    É extremamente importante que todos os equipamentos a serem utilizados tenham algum tipo de certificado de qualidade, pois é o que vai garantir a segurança do equipamento. Os equipamentos sofrem rigorosos testes de segurança com cargas de ruptura que giram em torno de 25 KN (2500 Kg), é claro que existem equipamentos que suportam mais e menos carga, existem duas certificações mais conhecidas entre os praticantes, a CE européia e a UIAA americana. Cada equipamento deverá trazer consigo um manual com a maneira adequada a ser utilizado, assim como sua resistência. As instruções do manual não devem ser ignoradas, pois o fabricante não se responsabiliza pelo mau uso do equipamento.

    É por esses e outros motivos que este assunto se torna fundamental e ao mesmo tempo complexo para ser descrito em um texto, por isso é importante que o praticante realize um curso e se aprofunde cada vez mais no assunto.


Dicas de segurança

    Em qualquer esporte o praticante deve:

  • Estar em boas condições físicas e mentais;

  • Planejar antecipadamente;

  • Possuir o equipamento adequado (Desde roupas até os equipamentos específicos do esporte);

  • Saber como utilizar o equipamento;

  • Levar apenas o necessário;

  • Nunca praticar sozinho;

  • Avisar outras pessoas para onde você esta indo;

  • Observar as condições meteorológicas;

  • Respeitar seus próprios limites e do companheiro;

  • Estudar antes a região que ira praticar o esporte;

  • Estar sempre acompanhado de alguém que tenha algum tipo de experiência no esporte;

  • Estar bem alimentado.


Conclusões

Cosiderações gerais

    Quando pesquisamos temas atuais, nos deparamos com tamanha dificuldade em adquirir artigos e/ou documentos confiáveis para a elaboração de trabalhos sobre as Atividades de Aventura, no caso em questão a modalidade Rapel.

    Nota-se também que o Rapel é uma modalidade relativamente cara, devido ao alto custo de seus equipamentos, e também por ser praticada em locais muitas vezes distantes, sendo necessário a utilização de transporte.

    Mas ainda, tenho comigo que, a maior problemática esta na estratificação da sociedade que contempla no papel muitos direitos, e ao mesmo tempo em que se procura respeitar os direitos ao lazer, muitas pessoas estão vivendo em situações adversas, enfrentando precárias condições de vida, vivendo situações que vão desde a exploração do trabalho infantil até o abuso e a exploração sexual por parte dos adultos, passando pelo tráfico de drogas, o desemprego e outros tantos empecilhos, problemas que infelizmente parecem ainda longe de serem sanados. Como proporcionar o LAZER de qualidade que contemple a sociedade num todo, sendo que esta antes precisam SOBREVIVER?

    Fica como proposta para pesquisas futuras, analisar esta situação do lazer.


Nota

  1. Muito do que escrevi, foi discutido a luz da vivência e troca de experiências com outros praticantes de Rapel, e também utilizando como base deste trabalho uma apostila do Curso Básico de Rapel que ministrei com minha antiga equipe "Adventure ECO-SportS" em 2004.


Referências bibliográficas

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RAPEL DO RIO DE JANEIRO. Rapel. Rio de Janeiro - RJ. Disponível em: www.rapelradical.com.br. Acesso em 10 de agosto de 2004.

  • FARINON, M. H. P. Nós e Amarras. Rio Grande do Sul: UEB/TAFARA, 2000.

  • FERNANDES, R. de C. Esportes Radicais: Referências para um estudo acadêmico. Conexões: Educação, Esporte e Lazer. Unicamp, 1 (1), p. 96-105, 1998.

  • JESUS, G. M. de. A Leviana Territorialidade dos Esportes de Aventura: Um desafio à gestão do ecoturismo. In: MARINHO, A.; BRUHNS, H. T. (org.). Turismo, Lazer e Natureza. Barueri, SP: Manole, 2003.

  • MARINHO, A. Natureza, tecnologia e esporte: novos rumos. In: Conexões: Educação Esporte e Lazer. 1 (2), Unicamp, 1999, p. 60-69.

  • MARINHO, A.; BRUHNS, H. T. (org.). Turismo, Lazer e Natureza. Barueri, SP: Manole, 2003.

  • NAZARI, J. Rapel. Uberlândia - MG: Adventure ECO-SportS, 2004. 11 p. Apostila.

  • OMETTO, J. Rapel: do lazer ao salvamento. 2004. Disponível em: http://oradical.uol.com.br/conteudo/leitura.asp?codmat=3775. Acesso em: 01 ago. 2006.

  • SILVA, S. Cordas para rappel. 2003. Disponível em: http://oradical.uol.com.br/conteudo/leitura.asp?codmat=3775. Acesso em: 01 ago. 2006.

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