Identificação e comparação do perfil de aptidão física em atletas de voleibol por posição de jogo |
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*Graduando em Educação Física pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG. **Mestre em Educação Física, Saúde e Qualidade de Vida pela Universidade de Nova Iguaçu/RJ. Mestrando em Ciências da Educação pela Universidade Técnica de Lisboa/Portugal. ***Mestranda pelo Centro Universitário de Caratinga - UNEC/MG. |
Abilio Dias Ferreira* Alexandre Henrique de Paula** Daniella Oliveira Cotta*** ahptar@hotmail.com (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 106 - Marzo de 2007 |
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Introdução
O voleibol, criado em 1895 pelo norte americano Willian George Morgan, tem sua evolução constante e vem se tornando cada vez mais popular e competitivo. Conforme afirma Massa et al. (2003a), é um das modalidades esportivas mais complexas, onde a habilidade perfeita na execução de seus fundamentos e as características físicas de seus atletas são fundamentais para um ótimo desempenho da equipe. Há, portanto, um grande investimento técnico-tático por parte dos clubes, afim de que seus atletas superem os demais.
No voleibol brasileiro, percebe-se, em geral, grande carência de informações relacionadas aos aspectos de aptidão física dos jogadores. Fernandes Filho & Medina (2002) julgam que configurar o perfil de um grupo, no qual se pretende intervir, pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso na programação da estratégia de treinamento esportivo. Silva e Rivet (1988) também apontam que, embora a evolução na preparação física seja mais recente, já se têm perfis de aptidão física pré-estabelecidos, que servem de referência na seleção de talentos desportivos.
Dessa forma, acredita-se ser plenamente viável e necessário a identificação e a comparação do perfil de aptidão física entre jogadores de voleibol, de acordo com a posição de jogo que ocupam, sendo este o objetivo do presente estudo, pois, desse modo, torna-se possível atingir uma compreensão mais abrangente sobre as características antropométricas e neuromotoras de seus praticantes por posição de jogo.
Identificar e comparar o perfil de aptidão física de jogadores de voleibol torna-se necessário, uma vez que quão mais próximos os resultados encontrados estiverem dos perfis já pré-estabelecidos de talentos do voleibol, mais próximos poderão estar de um desempenho ótimo e, conforme Fernandes Filho & Medina (2002) ressaltam, "o perfil de características é um instrumento de excelência para o esporte".
Esta pesquisa encontra relevância na afirmação de Fleck (1985), Matsushigue (1996), Ugrinowitsch (1997), citados por Massa et al (2003a), quando afirmam que as variáveis antropométricas e de aptidão física influenciam na execução das técnicas e táticas, portanto, avaliar e comparar essas variáveis é de fundamental importância quando de pretende estabelecer o perfil físico ideal para uma equipe.
Revisão de literaturaVoleibol: evolução histórica e características
Introduzido em Hollyote, Massachusetts, EUA, em 1895, pelo Sr. Willian C. Morgan e inicialmente chamado "minonette", passou a ser denominado "Voleibol" pelo Sr. Halstead, de Springhield, Massachusetts. O objetivo do jogo era atirar a bola, por cima da rede, de um lado para o outro (Vôlei). Passou de uma atividade recreativa para homens de para locais de veraneio e playgrounds em todo os Estados Unidos. A associação Cristã de Moços Internacional foi a responsável pela divulgação do Voleibol em todo o mundo. Segundo Silva e Rivet (1988), o voleibol vem evoluindo ano após ano e se transformou em um jogo altamente competitivo.
No Brasil, foi introduzido em 1915, através de competição realizada pela Associação Cristã de Moços Internacional, em Recife. Em 1954 foi criada a Confederação Brasileira de Vôlei, com a finalidade de difundir e desenvolver o voleibol no país. O Brasil é o único país que participou de todas as edições da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, porém, ainda não havia se destacado com vitórias. O marco inicial da virada do voleibol no país foi em 1975, quando Carlos Arthur Nuzman assumiu a presidência da CBV. Os bons resultados foram aparecendo em conseqüência do em marketing esportivo, que atraiu investimento para criação de infraestrutura que permitiu a profissionalização dos atletas. Atualmente, o Brasil apresenta soberania mundial na categoria masculina do voleibol, em função de suas conquistas (CBV, 2005).
Segundo Dantas (1998), o voleibol, cujo treinamento se encontrava no período do empirismo, hoje tem seu desenvolvimento norteado pelos princípios técnico-táticos.
Segundo Silva e Rivet (1988), o treinamento a longo prazo irá influenciar na formação de futuras gerações de atletas, devendo o treino ser realizado de forma planejada e sistemática, tendo um papel de fundamental importância na possibilidade de performances máximas.
O desenvolvimento do voleibol está relacionado à sua evolução de um simples passatempo para uma modalidade olímpica com grandes exigências atléticas, técnicas e táticas e com conteúdo pedagógico didático.
A criatividade, o apuro técnico-tático e a ação coletiva definem o possível vencedor, pois o nível das equipes nacionais ou internacionais tem se apresentado dentro de um plano homogêneo altamente atlético, dificultando definir antecipadamente qualquer resultado.
Segundo Fiedler (1989) as etapas de desenvolvimento do voleibol são marcadas por características técnicas e táticas (maneiras de jogar), e na respectiva apreciação das formas de treino pelas equipes. Uma das características do voleibol é que as suas regras não permitem uma disposição rígida das posições e, por isso, impedem uma especialização contínua dos jogadores de ataque e de defesa. O jogo de voleibol consiste na distribuição dos jogadores na sua posição de jogo na quadra, onde os atletas vão se revezando, tornando assim, relevante no ataque, devendo todos os jogadores de uma equipe serem, sem exceção, perfeitos defensores. Outra característica da técnica do voleibol reside na contagem dos pontos que apenas permite pontuar a equipe que serve.
Segundo Fielder (1989), as características do jogo têm grande influência nas exigências atléticas do jogar, pois o jogo é feito em pequenas dimensões do campo em relação ao número de jogadores (13,5 m2 de terreno por jogadores), consiste em números de arranques rápidos, partindo muitas vezes de posição baixa em corrida de 3 a 15 metros.
Cerca de 100 a 200 saltos com pouco balanço e bem altos (boa impulsão), bastantes toques com forças máximas ou suaves, grande velocidade de reação, agilidade com combinações táticas num espaço reduzido que a quadra de jogo de voleibol em si lhe oferece.
Aptidão FísicaA aptidão física total pode ser definida por McArdle et al. (1998) como aquela que proporciona força, resistência, razoável flexibilidade articular, um sistema cardiovascular de bom nível de capacidade aeróbia e uma composição corporal com peso sob controle.
Bompa (2002) afirma que o treinamento desportivo deve levar em consideração as diferenças individuais dos treinandos, bem como o potencial do treino. Portanto, o programa de treinamento deve ser pautado em um planejamento a longo prazo, que vise o desenvolvimento gradual, progressivo e cuja intensidade não cause frustrações ou lesões no atleta.
O voleibol é um esporte caracterizado, segundo Barbanti (1986), citado por Massa et al. (2003a), por seu trabalho físico dinâmico, com intensidade variada, onde ocorrem períodos de esforço físico e períodos de pausa. É uma atividade bastante complexa, exigindo perfeição na execução das habilidades, bem como características físicas específicas.
Massa et al. (2003a) aponta que as variáveis antropométricas e de aptidão física influenciam na execução das técnicas e táticas, portanto, avaliar e comparar essas variáveis é de fundamental importância quando se pretende estabelecer o perfil físico ideal para uma equipe.
Variáveis antropométricasA antropometria, uma técnica de medida externa das dimensões corporais, contextualizada na cineantropometria, visa mensurar peso, altura, diâmetros, espessura de tecido adiposo e perímetros do corpo humano. Essas mensurações tornam-se métodos potenciais quando utilizadas para o estudo da composição corporal, que avalia a quantificação obtida pelas medidas antropométricas.
As medidas antropométricas são usadas para controlar o crescimento e os efeitos do treinamento. Também são úteis como um ponto de referência para interpretação de outros testes, pois muitas variáveis da performance são influenciadas pelo tamanho e forma corporal.
Conforme Fernandes Filho (2003), as medidas antropométricas devem ser feitas seguindo um protocolo definido, a fim de se evitar erros. Portanto, alguns fatores como horário, vestimenta, instrumentos, posição anatômica, devem ser rigorosamente levados em consideração ao se coletar as medidas antropométricas, garantindo precisão e fidedignidade ao trabalho.
PesoGuedes & Guedes (1998) apontam que as informações sobre peso são bastante úteis na mensuração de crescimento. Afirmam também que esta é a principal medida utilizada para se verificar o crescimento somático. Alertam, entretanto, que precauções devem ser tomadas quanto à interpretação de seus valores, principalmente quanto se trata de atletas, onde o peso elevado pode ser confundido com sobrepeso ou obesidade, pelo fato de não se considerar outros componentes corporais como massa muscular, massa óssea, etc.
O peso corporal deve ser medido utilizando-se uma balança com precisão de 100g. A posição do corpo do avaliado durante a pesagem deve ser observada, estando o mesmo em posição ortostática. O avaliador deve tomar os cuidados necessários para se garantir a veracidade dos valores encontrados.
AlturaO tamanho corporal deve ser avaliado tomando-se as dimensões obtidas pelo eixo longitudinal do corpo, sendo a estatura a medida antropométrica mais utilizada (Guedes & Guedes, 1997).
Como em qualquer avaliação antropométrica, os cuidados ao se colher as informações são imprescindíveis para garantir que nenhum erro ocorra. O avaliado deverá estar em posição ortostática, de costas para o estadiômetro, e o avaliador tem que tomar o cuidado com o seu posicionamento ao aferir a medida. Massa et al. (2003b) alegam que a estatura é a principal variável antropométrica de inferência no desempenho do voleibol.
Índice de Massa CorporalO Índice de Massa Corporal (IMC) é considerado o mais popular índice de estatura e peso. É usado para se estabelecer níveis de aptidão física e graus de obesidade (Fernandes Filho, 2003). O referido autor alerta que quanto maior são os valores de IMC, maior será o percentual de gordura, porém essa afirmação não é válida para indivíduos que apresentem quantidades elevadas de massa magra, o que ocorre, na maioria das vezes, com atletas. Portanto, o IMC é recomendado para ser utilizado em populações sedentárias.
Percentual de gordura corporalAs médias de espessura das dobras cutâneas são as mais utilizadas na predição do percentual de gordura corporal. Os procedimentos de coleta das medidas são simples, inócuos, práticos e permitem avaliar grande número de sujeitos. Todas essas vantagens e seu alto grau de correlação com métodos laboratoriais (estes mais recomendados, porém, inviáveis, pelo seu alto custo) aumentam a aplicabilidade dessa técnica (Guedes & Guedes, 1997). Considerando que a grande proporção de gordura corporal está localizada no tecido subcutâneo, as medidas de dobras cutâneas podem servir como indicadores de gordura localizada na região medida e, tendo em vista que a gordura não se distribui uniformemente pelo corpo, Fernandes Filho (2003) afirma a necessidade de se realizar estas medidas em várias partes do corpo.
Para mensuração das dobras cutâneas são necessários alguns cuidados, tais como realizá-las no hemicorpo direito; pinçar apenas o tecido adiposo; o avaliado não deverá ter praticado atividade física antes da realização das medidas; o compasso deve ser posicionado perpendicularmente à dobra, após o pinçamento com os dedos polegar e indicador, a leitura da espessura deverá ser feita em 02 ou 03 segundos - para não haver acomodação do tecido subcutâneo; cada dobra deverá ser mensurada três vezes, adotando como resultado a média entre as medidas (Guedes, 1994 e Fernandes Filho, 2003). Além desses critérios, o tipo de compasso utilizado e a identificação do ponto anatômico devem ser considerados para se obter resultados precisos.
Variáveis neuromotorasFlexibilidade
Segundo Barbanti (1996), todos os movimentos desenvolvem-se nas articulações e quanto maior a amplitude de oscilação, maior será a flexibilidade.
Bojikian (2005) observa que um treinamento tático adequado é aquele que tem a flexibilidade como um de seus componentes básicos, pois a ação de seus jogadores "deve ser flexível diante de diferentes situações e ele deve ter um repertório amplo e variado de soluções".
Weineck (1999) salienta que o trabalho de flexibilidade interfere positivamente no desenvolvimento de outros fatores físicos como força e velocidade, assim como sobre a técnica esportiva. Costa (2001) lembra que o trabalho de flexibilidade deve ser desenvolvido de acordo com as principais articulações envolvidas na modalidade esportiva que se pretende trabalhar.
Avaliar a flexibilidade dos atletas é de fundamental importância quando se pretende desenvolver tal variável neuromotora, portanto, a seleção do teste deve ser feita levando em consideração a modalidade esportiva. O teste sentar-e-alcançar é um dos mais difundidos. Guedes & Guedes (1997) comentam que o referido teste tem uma maior aceitação pelo fato de envolver importantes grupos musculares e articulações do corpo.
Impulsão verticalSharkey (1990), citado por Guedes & Guedes (1997) define potência como capacidade motora expressa pela relação inversa entre esforço máximo e tempo de realização desse esforço, ou seja, "representa a relação entre o índice de força apresentado por um indivíduo e a velocidade com que o mesmo pode realizar o movimento".
No voleibol, Ugrinowitsch et al. (2000) alegam que o desempenho no salto vertical está diretamente relacionado ao rendimento esportivo dos jogadores e pode ser facilmente avaliado através de testes de salto vertical, que são válidos e fidedignos. Segundo Marins e Giannichi (1998) o objetivo desse teste é medir a potência dos membros inferiores no plano vertical. Sendo necessários para a realização do teste uma superfície lisa e graduada com 03 metros de altura e pó de giz. O protocolo deve ser utilizado seguindo as recomendações inerentes ao teste.
AgilidadeA agilidade é definida como a capacidade de mudar a posição do corpo no espaço (Guedes & Guedes, 1997). Como é difícil criar um parâmetro que norteie essa variável, alguns especialistas a definem como "capacidade do indivíduo em mudar a direção do corpo movendo-se de um ponto a outro o mais rapidamente possível". Essa definição refere-se também ao teste de ida-e-volta (ou shuttle-run), que consiste em correr de uma linha de partida em direção aos blocos, pegar um e colocá-lo atrás da linha de partida e repetir o movimento com outro bloco (Johnson & Nelson, 1979, citado por Marins e Giannichi, 1998). Deve-se salientar que o espaço entre a linha de partida e os blocos não deve ultrapassar 10m, para não caracterizar velocidade.
MétodosAmostragem
Os sujeitos da amostra se dispuseram a participar como voluntários da pesquisa, sendo os mesmos informados sobre os procedimentos e métodos e sobre seu caráter anônimo.
A amostra foi composta de 32 atletas do gênero masculino, sendo 08 jogadores de entrada, 08 jogadores de saída, 08 jogadores de meio e 08 levantadores, que participaram do 1º Jogos de Verão, realizado na Associação Esportiva e Recreativa Usipa, em Ipatinga/MG, no dia 15/04/2005.
Os sujeitos foram submetidos a testes antropométricos e neuromotores com o fim de avaliar a aptidão física dos mesmos.
InstrumentosOs instrumentos utilizados para coleta de dados estão discriminados de acordo com as seguintes variáveis:
Antropométricas:
Para as medidas de Peso (P) e Altura (A), foi utilizada uma balança com estadiômetro, da marca Filizola, com precisão de 100g.
Para as medidas de Dobras Cutâneas foi utilizado um compasso da marca Lange, com precisão de 0.5mm, sendo coletadas as medidas nos seguintes pontos: tríceps, suprailíaca, abdominal, coxa, peitoral, utilizando-se o protocolo de Guedes (1985), citado por Fernandes Filho (2003) para mensuração do percentual de gordura corporal.
O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado a partir das medidas de peso e altura, dividindo-se o peso pela altura ao quadrado.
Neuromotoras:
Para se avaliar a Potência dos Membros Inferiores (Impulsão Vertical), a Flexibilidade e a Agilidade dos atletas, utilizou-se os testes Salto Vertical (Sargent Jump test), Sentar e Alcançar (Seat and Reach test) e Corrida de Vai-e-Vem (Shuttle Run test), respectivamente. Todos estes são protocolos de Johnson e Nelson (1979), citados por Fernandes Filho (2003) e Marins & Giannichi (1998).
ProcedimentosApós contato prévio com os coordenadores do clube, foi solicitada e concedida autorização para a realização da pesquisa; após explicação aos atletas de voleibol sobre todos os procedimentos a serem desenvolvidos na aplicação dos testes, o pesquisador, munido dos instrumentos necessários, realizou a coleta dos dados. Os cuidados necessários para garantir a fidedignidade dos resultados encontrados seguem as recomendações sugeridas por Fernandes Filho (2003), Marins & Giannichi (1998).
Foram coletados os dados de todos os jogadores das 04 equipes participantes dos Jogos de Verão, perfazendo um total de 48 jogadores. Com a finalidade de se estabelecer uma amostra significativa para essa população, utilizou-se como critério de escolha o sistema aleatório simples, selecionando-se, então, 32 atletas.
Tratamento de dadosPara o tratamento estatístico foi utilizada a estatística descritiva (média e desvio padrão) para comparação das variáveis nas quatro posições de jogo.
Cuidados éticosPara realização da presente pesquisa foram tomados os devidos cuidados éticos, resguardando os atletas envolvidos na coleta de dados, não sendo divulgados seus nomes e nem o de suas equipes, foi informado o caráter e a finalidade da pesquisa.
Discussão de resultadosA tabela 1 aponta os resultados obtidos a partir da coleta de informações sobre idade, peso e altura dos sujeitos da amostra, com o desvio padrão (S) das respectivas variáveis. A variável altura foi a que apresentou menor desvio padrão entre os jogadores de uma mesma posição. Os levantadores e os jogadores de entrada apresentaram pouca diferença nos resultados encontrados, diferente dos jogadores de saída que apresentam altura inferior aos demais e dos jogadores de meio que obtiveram altura mais elevada.
Quando nos reportamos à fala de Barbanti (1994) que afirma que o crescimento humano se finda aos 20 anos de idade, podemos verificar que a amostra estudada ainda apresenta possibilidade de crescimento, sendo a variável altura sujeita a variações em função dessa condição. Pelos valores de desvio padrão apresentados na idade, verifica-se não haver uma homogeneidade na amostra dentro da posição que ocupam em jogo.
Quanto à variável peso, verifica-se que os jogadores de meio e os levantadores apresentam maior similaridade nos resultados encontrados, enquanto os jogadores de entrada e saída apresentam resultados diferenciados, o desvio padrão também se apresenta elevado entre os jogadores de uma mesma posição.
Em um estudo realizado por Silva e Rivet (1988), com jogadores da seleção brasileira de voleibol de 1986, os resultados encontrados para as variáveis peso e altura, por posição de jogo, apresentam-se descritos na Tabela 2, indicando grande diferença entre os dois estudos.
Se tomarmos como base o perfil dos atletas cujas características apresentam-se no citado estudo, podemos verificar que, quanto às características antropométricas de peso e altura, os jogadores do presente estudo apresentam-se aquém do perfil de uma seleção. Essa diferença reforça a sugestão de que o peso e a altura dos jogadores do presente estudo possam se modificar em função da faixa etária em que se encontram.
No estudo de Dutra et al. (2004), verificou-se diferença significativa para estatura, peso e massa livre de gordura entre os jogadores da seleção brasileira de voleibol de 2000 e 2003, inferindo que a variável estatura é a principal característica, pois indivíduos com diferentes estaturas apresentaram pesos corporais e massas livres de gordura distintos.
Uma observação se faz necessária em relação ao percentual de gordura corporal apresentado no Gráfico 1. Embora o peso corporal da amostra apresente-se inferior ao apontado na Tabela 2, a quantidade relativa de gordura corporal da amostra apresenta-se elevada. Pode-se observar que os levantadores são os que apresentam o maior percentual de gordura corporal. A amostra de levantadores e jogadores de meio estão no patamar considerado "abaixo da média" em relação ao seu percentual de gordura, (Pollock & Wilmore, 1993) devendo-se observar a necessidade de se estabelecer um plano de condicionamento físico, a fim de reduzir os valores de gordura corporal para o referido grupo. Quanto aos jogadores de entrada e saída, estes apresentam valores de percentual de gordura dentro da média, segundo o mesmo autor, não indicando, necessariamente, que estes valores estejam ideais, considerando que são atletas. De acordo com o protocolo de Cooper (1987), citado por Marins e Giannichi (1998), nenhum dos jogadores apresenta percentual de gordura corporal aceitável, considerando a idade dos mesmos.
O Índice de Massa Corporal da amostra avaliada apresenta valores normais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (1995), citada por Fernandes Filho (2003). O Gráfico 2 mostra que os levantadores apresentaram o IMC mais alto que os demais, sendo os jogadores de saída os que apresentaram valores menores de IMC. Embora o IMC não seja recomendado para atletas, uma vez que sobreestima a quantidade de gordura corporal, por não diferenciar o peso gordo do peso livre de gordura, tem sido muito usado para se verificar aptidão física e grau de obesidade, o que respalda sua utilização no presente estudo (Fernandes Filho, 2003).
Através do Gráfico 3 é possível verificar que os jogadores de saída são os que apresentam maior flexibilidade, seguido pelos levantadores. Enquanto os jogadores de meio apresentam o menor nível de flexibilidade. Guedes & Guedes (1997), lembram que a flexibilidade é uma variável que deve ser caracterizada pela participação de fatores condicionais e combinativos, ou seja, a disposição de energia, condições orgânico-musculares, força, resistência, são fatores que irão interferir no desenvolvimento da flexibilidade. Portanto, ao se preocupar em desenvolver flexibilidade com os atletas, deve-se estar atento ao desenvolvimento de demais fatores que poderão intervir positivamente no trabalho de flexibilidade. Calculando-se a média e desvio-padrão entre os resultados obtidos de todas as posições, tem-se 28,2 e 3,4, respectivamente. Esses valores mostram que há uma diferença significativa entre os jogadores no que diz respeito à flexibilidade.
O Gráfico 4 aponta que os jogadores de entrada apresentaram um desempenho no salto vertical cerca de 70 a 80%, conforme tabela de Salto Vertical de Montaye (1988), citado por Fernandes Filho (2003). Os jogadores de saída apresentaram desempenho entre 60 e 70%, assim como os jogadores de meio e levantadores.
O salto vertical é uma característica inerente aos jogadores de voleibol. As cortadas, os bloqueios, são fundamentos que se realizam com impulsão e sabe-se que o percentual de desempenho aumenta com o aumento na altura do salto.
Chirosa et al. (2005) concluíram em seus estudos que o treinamento de multissaltos melhora significativamente a força dinâmica e, por conseguinte, a impulsão do salto vertical. Na pesquisa realizada por Silva & Rivet (1988), foram encontrados valores mais elevados na altura dos saltos verticais, jogadores de ponta: 70,67 cm; jogadores de meio: 62,75 cm; levantadores: 66,50 cm.
O Gráfico 5 retrata o nível de agilidade da amostra avaliada, apontado que os jogadores de meio apresentam maior agilidade, seguido pelos jogadores de saída e pelos levantadores. Os jogadores de entrada foram os que apresentaram menor agilidade. Massa et al. (1999), compararam as variáveis antropométricas e neuromotoras entre categorias de atletas do voleibol e destacaram que a agilidade, bem como as demais variáveis, são dependentes do estado maturacional do atleta, sugerindo a possibilidade de variações dos resultados em função do crescimento e desenvolvimento antropométrico dos atletas. Comparando os resultados obtidos neste estudo com os resultados do estudo de Silva e Rivet (1988), pode-se verificar que os valores encontrados para agilidade em ambos estudos encontram-se equiparados com os jogadores de meio daquele estudo (9,53s) e os jogadores de meio, saída e levantadores da presente pesquisa. Os jogadores de entrada foram os que apresentaram menor agilidade no teste realizado.
A Tabela 1, disposta acima, vem apresentar, de maneira geral, os valores encontrados para cada variável estudada em cada posição de jogo e seu respectivo desvio-padrão, com o fim de permitir melhor visualização dos resultados obtidos com o estudo.
ConclusãoCom base nos dados encontrados no presente artigo, pode-se concluir que quanto à variável altura, não há diferença significativa entre as posições de jogo. Da mesma forma, a variável agilidade não apresentou discrepância de valores encontrados para as posições que os atletas ocupam no jogo de voleibol. Quanto as demais variáveis antropométricas analisadas - peso e percentual de gordura, observa-se que ocorrem variações significantes entre as posições de jogo. As variações encontradas no índice de massa corporal (IMC), embora o desvio padrão não represente diferença significativa (S=1,10), ocorrem em função das diferenças de peso entre os jogadores por posição de jogo, uma vez que a altura apresenta-se, de certa forma, homogênea. As variáveis neuromotoras flexibilidade e impulsão vertical apresentaram um desvio padrão similar entre si (S=3,42 e 3,40, respectivamente) sugerindo que deve ser dada uma atenção especial durante o treinamento, a essas duas variáveis, na tentativa de homogeneizar essas características entre os jogadores nas variadas posições de jogo, especialmente porque se tratam de variáveis fortemente influenciadoras da performance durante o jogo.
Considerando outros estudos e o perfil da seleção brasileira de voleibol do ano de 1986, é fácil concluir que há necessidade de se investir no treinamento dos atletas visando redução de valores antropométricos como peso, IMC e percentual de gordura, bem como de otimizar os resultados das variáveis neuromotoras, a fim de se obter melhores performances dos atletas avaliados.
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revista
digital · Año 11 · N° 106 | Buenos Aires,
Marzo 2007 |