Níveis de ansiedade-traço e pré-competitiva dos atletas com deficiência do basquetebol em cadeiras de rodas no campeonato paranaense |
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*Professor de Educação Física **Professor Adjunto da Universidade Paranaense Campus Toledo - Mestre em Educação/UFU ***Professor Titular da Universidade Paranaense Campus Toledo - Professor Doutor do Departamento de Estudos da Atividade Motora Adaptada-UNICAMP. |
Prof. André Luis Menel Maravieski* Prof. Ms. Décio Roberto Calegari** Prof. Dr. José Irineu Gorla*** gorla@omega.fef.unicamp.br (Brasil) |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 106 - Marzo de 2007 |
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Introdução
A observação de pessoas em contexto esportivo, onde a impossibilidade física pode gerar receio por parte dos atletas demonstra a força de vontade e garra com que eles se empenham em suas funções tanto na vida corriqueira quanto no esporte, pois é na prática esportiva onde eles liberam o estresse e se dedicam ao máximo para mostrar a eles mesmos e à sociedade que podem ser úteis.
Segundo LAWTER (1974) a atividade do homem é iniciada por vários incentivos e impulsos, tanto de natureza fisiológica, quanto psicológica. Quando os motivos, impulsos, incentivos ou estímulos externos do homem são muitos fortes causam uma espécie de desequilíbrio fisiológico generalizado dentro da pessoa, dando origem a ansiedade.
A respeito da ansiedade na prática esportiva SOUZEDO (1973) e CRATY (1984) afirmam que o atleta, independentemente da modalidade que pratica, é um exemplo notório de indivíduo que vive constantemente em situações ansiógenas, estando de certa forma exposto a comentários críticos, quer pêlos meios de comunicação, quer pela torcida e até por seu próprio treinador.
É importante ressaltar, para que possa haver uma compreensão clara das mudanças possíveis dos níveis de ansiedade frente aos fatores tensionantes, que há duas formas diferentes de manifestação da ansiedade, denominadas de ansiedade-traço e ansiedade estado. A primeira refere-se a disposição da personalidade do indivíduo de ter ansiedade em situações gerais, enquanto que a segunda faz referência as reações do indivíduo a situações específicas ou situações tensionantes (SOUZEDO, 1973).
A partir da constatação de que a ansiedade é um elemento importante na vida pessoal do atleta, sendo capaz de envolver vários aspectos de sua atuação, este estudo teve por objetivo diagnosticar o nível de ansiedade-traço pré-competitiva de atletas com deficiência do basquetebol em cadeiras de rodas participantes do Campeonato Paranaense.
DesenvolvimentoSegundo ADAMS et. al.(1985), a introdução de jogos, esportes e atividades adaptados as necessidades dos indivíduos com deficiências físicas remonta ao fim da Segunda Guerra Mundial. Naquela época, milhares de veteranos de guerra se juntaram ao grupo já existente de pessoas portadoras de deficiências congênitas ou de origem traumática. Os veteranos que voltavam dos campos de batalha necessitavam não somente de reabilitação física, mas também de recuperação emocional, social e psicológica. Foi ai então que surge o esporte adaptado, que vem ganhando espaço desde então.
Graças às atividades recreativas, os deficientes físicos encontraram a motivação necessária para participarem da comunidade mais ampla, de produzir, de trabalhar e de assumir papéis de liderança na comunidade.
A prática de esportes, jogos e atividades físicas também desenvolve objetivos sociais e emocionais, pois a possibilidade de se divertir e as reações positivas graças à participação nessas atividades melhoram muitas vezes o desenvolvimento social e a auto-estima da pessoa.
O grande desenvolvimento do Esporte Adaptado e a consolidação do Movimento Paraolímpico transferiram as pressões do esporte de alto nível para o paradesporto, tornando importante o estudo das condições emocionais da prática do paradesporto, especialmente a ansiedade, objeto deste estudo.
Estados de ansiedade são caracterizados por sentimentos subjetivos, conscientemente percebidos de apreensão e tensão, acompanhados por ativação ou alerta para o sistema nervoso autônomo (SPILBERGER, 1979).
Em outras palavras, a ansiedade aparecerá quando o organismo, interrompido no meio de seqüências bem organizadas de comportamento ou na execução de um plano bem desenvolvido, não tem comportamento alternativo disponível. (SPILBERGER, 1979).
LAWTHER (1974) afirma que a maioria dos dados já obtidos através de testes específicos confirmam existir níveis elevados de ansiedade antes da realização de situações competitivas.
CRATTY (1984) apresenta diferentes causas que possibilitam o aumento do nível de ansiedade em situações pré-competitivas: o temor do fracasso, o temor da vitória, o temor da rejeição do técnico, o temor das agressões, as pressões da sociedade, bem como o sarcasmo dos familiares.
Tais colocações não negam a existência de um grau de ansiedade em todo o comportamento do ser humano, sendo isso que o dirige e o habilita a escolher as alternativas ou resolver problemas. Todavia, é importante considerar o princípio de que a ansiedade de mais ou de menos, leva o indivíduo a uma ação menos significativa em tarefas de várias espécies. (WEINBERG e GOULD 2001).
Segundo WEINBERG E GOULD (2001) a interpretação de um indivíduo dos sintomas de ansiedade é importante para o entendimento da relação ansiedade-desempenho. As pessoas podem considerar os sintomas de ansiedade tanto positivos e úteis para o desempenho (facilitadores) como negativos e prejudiciais ao desempenho (debilitantes).
A auto-estima também está relacionada a percepções de ameaça e às mudanças correspondentes na ansiedade-estado. Os atletas com baixa auto-estima, por exemplo, têm menos confiança e experiência e mais estados de ansiedade que os atletas com mais auto-estima. As estratégias para aumentar a autoconfiança são meios importantes de reduzir a freqüência de ansiedades-estados que os indivíduos experimentam.
A ansiedade física social é uma predisposição de personalidade definida como "o grau de ansiedade de uma pessoa quando outros observam seus atributos físicos". Ela reflete a tendência de uma pessoa ficar nervosa ou apreensiva quando seu corpo é avaliado. Os atletas portadores de necessidades especiais com lesão medular podem ficar mais apreensivos devido ao estado que se encontram, tendo assim uma maior pré-disponibilidade a ficarem ansiosos quando estão sendo observados, principalmente em competições esportivas.
Assim como com outros comportamentos, você pode entender e prever melhor estresse e a ansiedade considerando a interação entre fatores pessoais e situacionais. Por exemplo, muitas pessoas pressupõem erroneamente que um atleta com uma leve ansiedade-traço sempre será o melhor porque alcançará o nível ideal de ansiedade e excitação necessário para a competição. Em contrapartida, pressupõe-se que o atleta com uma elevada ansiedade-traço consistentemente "se trave". Porém na prática nem sempre isso se confirma.
Quando a importância dada ao desempenho não é excessiva e existe alguma incerteza com relação ao resultado, pode-se esperar que uma nadadora com uma elevada ansiedade-traço experimente uma ativação e uma ansiedade elevadas porque está predisposta a perceber um maior número de situações competitivas como ameaçadoras.
Parece provável que ela chegue perto de seu nível ideal de ativação e ansiedade. Ao contrario, uma competidora com uma ansiedade-traço leve pode não perceber a situação como muito importante porque não se sente ameaçada. Portanto seu nível de ativação e sua ansiedade-estado permanecem baixos e ela tem problemas em atingir um desempenho ideal.
Em uma situação de grande pressão, em que o evento tem considerável importância e o resultado é bastante incerto, essas mesmas nadadoras reagem de maneiras bastante diferentes. A nadadora com ansiedade-traço mais elevada percebe a situação como até mais importante do que realmente é e responde com níveis muito altos de excitação e ansiedade: ela excede seu nível ideal de ansiedade e ativação. A nadadora com uma menor ansiedade-traço também experimenta uma elevada ansiedade-estado, mas uma vez que ela tende a encarar a competição e a avaliação social como menos ameaçadoras, sua ansiedade-estado e ativação provavelmente estarão em uma variação ideal.
Observar a interação entre fatores pessoais (tais como auto-estima, ansiedade física social e ansiedade-traço) e fatores situacionais (como a importância e a incerteza do evento) é um melhor previsor de excitação, estado de ansiedade e desempenho que observar cada um desses fatores isoladamente.
MetodologiaFoi considerada população deste estudo 18 atletas, com faixa etária entre 19 e 50 anos, praticantes de basquetebol em cadeiras de rodas do Campeonato Paranaense, onde fizeram parte dessa competição as equipes de Umuarama e Cascavel do sexo masculino, etapa realizada no município de Umuarama no dia 18 de junho de 2005, realizada no ginásio de esportes poli-esportivo do Campus Tiradentes da Unipar.
Para a realização deste estudo, utilizou-se a escala de medida SCAT (Teste de Ansiedade em Competições Esportivas - Sport Competition Anxiety Test) de Martens, cuja validade concorrente é de .70 a .80 e a fidedignidade de .85 (MARTENS, 1972). A referida escala foi traduzida pelo Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs (STEFANELLO, 1990).
A medida SCAT é composta de oito itens de ativação, dois de desativação e cinco de efeito placebo. A pontuação é dada de um a três para os itens de ativação, e de três a um para os de desativação, sendo que o escore total varia de 10 (baixa ansiedade) a 30 (alta ansiedade).
Para classificar os níveis de ansiedade-traço, foi utilizada uma escala obtida por procedimento estatístico descritivo em nível de freqüência e percentual, através da razão e semelhança de proporcionalidade, utilizado por TEIXEIRA (1994), sendo: 10 a 12 pontos (baixa ansiedade), de 13 a 16 pontos (média baixa), de 17 a 23 pontos (média), 24 a 27 pontos (média alta), e, acima de 28 pontos (alta ansiedade).
A coleta de dados ocorreu no local de competição, no dia 18 de junho de 2005. Sendo a escala de SCAT administrada 15 minutos antes do inicio das competições.
O objetivo deste estudo foi diagnosticar o nível de ansiedade-traço pré-competitiva de atletas do Basquetebol em cadeiras de Rodas das equipes de Umuarama e Cascavel do Campeonato Paranaense de Basquetebol em Cadeiras de Rodas.
Resultados e discussãoAo observar os dados coletados da equipe de Umuarama verifica-se que dos doze atletas avaliados, de forma geral todos apresentavam um nível de ansiedade expressivo se comparados os valores de referencial utilizados para padrões de comparação (TEIXEIRA, 1994). Apenas um apresentou grau média alta de ansiedade, os demais apresentaram grau máximo de ansiedade. Ao comparar os dados, observou-se que os resultados da equipe de Cascavel foram os mesmos encontrados na equipe de Umuarama.
Apenas o atleta 4 da equipe de Umuarama e atleta 3 da equipe de Cascavel apresentaram níveis de ansiedade média alta e os demais de ambas equipes apresentaram níveis de alta ansiedade.
Segundo (WEINBERG e GOULD, 2001) assim como outros comportamentos, você pode entender e prever melhor estresse e a ansiedade considerando a interação entre fatores pessoais e situacionais. Por exemplo, muitas pessoas pressupõem erroneamente que um atleta com uma leve ansiedade-traço sempre será o melhor porque alcançará o nível ideal de ansiedade e excitação necessário para a competição. Em contrapartida, pressupõe-se que o atleta com uma elevada ansiedade-traço consistentemente "se trave". Más este não é o caso.
Quando a importância dada ao desempenho não é excessiva e existe alguma incerteza com relação ao resultado, pode-se esperar que uma nadadora com uma elevada ansiedade-traço experimente ema ativação e uma ansiedade elevadas porque está predisposta a perceber um maior número de situações competitivas como ameaçadoras. Parece provável que ela chegue perto de seu nível ideal de ativação e ansiedade. Ao contrario, uma competidora com uma ansiedade-traço leve pode não perceber a situação como muito importante porque não se sente ameaçada. Portanto seu nível de ativação e sua ansiedade-estado permanecem baixos e ala tem problemas em atingir um desempenho ideal.
Em uma situação de grande pressão, em que o evento tem considerável importância e o resultado é bastante incerto, essas mesmas nadadoras reagem de maneiras bastante diferentes. A nadadora com ansiedade-traço mais elevada percebe a situação como até mais importante do que realmente é e responde com níveis muito altos de excitação e ansiedade: ela excede seu nível ideal de ansiedade e ativação. A nadadora com uma menor ansiedade-traço também experimenta uma elevada ansiedade-estado, mas uma vez que ela tende a encarar a competição e a avaliação social como menos ameaçadoras, sua ansiedade-estado e ativação provavelmente estarão em uma variação ideal.
ConclusãoCom base nos resultados e discussão, os níveis de ansiedades dos atletas mantiveram um alto escore, com somente dois atletas apresentando escore de média alta ansiedade e levando em consideração a importância da competição e o fato dos sujeitos serem portadores de deficiência, pode se considerar a ocorrência do fenômeno da ansiedade física social.
Os altos níveis de ansiedade-traço não significaram que os resultados nas competições esportivas foram desastrosas, pois um certo grau de ansiedade pode levar o atleta a manter um ótimo desempenho havendo oscilações nos níveis de ansiedade-traço.
A participação de somente duas equipes foi um fator limitante do estudo, bem como o fato desta ter sido a primeira edição desta competição, sugerindo-se que o mesmo seja repetido em outras competições com número maior de equipes.
Referências bibliográficas
ADAMS, R, C.; DANIEL, A.N.; Mc CUBBIN, J A.;, M.A; RULLMAN,L. Jogos, Esportes e Exercícios para o Deficiente Fisico. 3ª. Ed São Paulo: Manole 1985.
CRATY, B.J. Psicologia no Esporte. 2 Ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1984. Educação Física. V5 n17, p 29-37, set/out., 1973.
LAWTER, J. D. Psicologia desportiva. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forum, 1974.
MARTENS, R. Sport Competition Anxiety Test. Champaign: Human Kinetcs, 1972. 150p.
SANTOS, S. G.; PEREIRA, S. A. Perfil do Nível de Ansiedade Traço Pré-competitiva de Atletas de Esportes Coletivos e Individuais do Estado do Paraná. Revista Movimento - Ano IV - nº 6 - 1997/1.
SOUZEDO, F, A. Ansiedade e a tensão na performance do atleta. Revista Brasileira de
SPIELBERGER, C. Tensão e Ansiedade - A Psicologia e Você. São Paulo: Harper & Row do Brasil LTDA.
TEIXEIRA, C. L. Análise da Ansiedade-estado pré-competitiva em atletas adolescentes de futsal Maringá. Maringá: UEM, 1994. 55p. Monografia (Graduação em Educação Física) Universidade Estadual de Maringá, 1994.
WEINBERG, R,S.;GOULD, Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2 Ed Porto Alegre: Artmed, 2001.
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