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Relação corporal através do IMC
entre adolescentes e seus pais

   
*Autor
**Orientador
Centro Universitário Toledo de
Araçatuba - SP - Educação Física.
 
 
Thiago Barbosa Zambon*  
Prof. Ms. Sérgio Tumelero**
tumelero.prof@toledo.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     Nas últimas décadas vêm ocorrendo avanços importantes nas condições de saúde das crianças de todo o mundo. Devido às medidas de higiene e saúde pública cada vez mais difundidas, podemos observar uma queda significativa na incidência de doenças infecciosas (OPAS, 1995). Apesar disso, a vida urbana e as condições de ofertas de atividades físicas e recreativas, sempre estão associados a mudanças de comportamento, principalmente com relação à dieta e exercícios físicos, fatores estes relacionados de forma importante à obesidade. Assim, um estudo que relacione o IMC entre adolescentes e seus pais, pode ser um indicador de que necessitamos orientar mais a população quanto à prática dos exercícios e de atividades recreativas.
    Unitermos: Obesidade. Exercício físico. Percentual de gordura.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 105 - Febrero de 2007

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Introdução

    A obesidade pode ser definida como uma síndrome de alterações fisiológicas, bioquímicas, metabólicas, anatômicas, psicológicas e sociais, caracterizada pelo aumento do tecido adiposo, com conseqüente acréscimo do peso corporal; sendo vinculada a fatores genéticos e ambientais (ARTEAGA, SANTOS & OLIVEIRA, 1982). É considerada uma doença crônica que provoca, ou até acelera o desenvolvimento de outras doenças, podendo causar a morte precoce do indivíduo. Existem graus variados da obesidade, que vão desde a obesidade leve até a obesidade mórbida (FRANÇA, 1994).

    Na infância, os principais riscos para a saúde da criança obesa são a elevação dos triglicerídeos e do colesterol, alterações ortopédicas, pressóricas, dermatológicas e respiratórias. Na maior parte das vezes, as alterações metabólicas são mais evidentes na vida adulta (FISBERG, 1997).

    De acordo com a Escola Paulista de Medicina, a obesidade na maioria das vezes tem tratamento, porem é extremamente complexo, pois inclui alterações gerais na postura familiar e da criança, em relação a hábitos alimentares, tipo de vida, atividades físicas e reeducação alimentar de longa duração. O risco relativo de uma criança tornar-se obesa quando adulta, em relação a probabilidade de uma criança não obesa, é de duas a seis vezes maior.

    Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição - PNSN, constatou que, no Brasil 32% da população adulta apresenta algum grau de excesso de peso e/ou obesidade (COITINHO, LEÇO, RECINE & SICHIERE, 1991). Segundo BLAIR et al. (1996), nos Estados Unidos, entre o período de 1976 à 1980 a incidência de obesidade na população adulta entre 20 e 74 anos, era de 25,4%, enquanto que entre 1988 e 1991 esta aumentou para 33,3%. No Brasil a prevalência de obesidade na população adulta passou de 4,7% em 1974 a 8,3% em 1989 (SICHIERI et al. 1994).

    Em relação à população infantil, existiam no Brasil em 1989, cerca de um milhão e meio de crianças obesas, sendo que a prevalência era maior entre meninas, nas regiões Sul e Sudeste (TADDEI, 1995). A análise das mudanças ocorridas no período de 1989 a 1996 em relação à prevalência de sobrepeso mostra que houve diminuição do sobrepeso entre crianças maiores de dois anos, residentes na região Sudeste, com indicadores sócio-econômicos satisfatórios e, inversamente, ocorreu um aumento da prevalência de sobrepeso em crianças menores de dois anos da Região Nordeste, com indicadores sócio-econômicos insatisfatórios (TADDEI, 1998). Evidencia-se assim, tendência de aumento do sobrepeso no contingente populacional mais numeroso, o que tem motivado o reconhecimento da questão da obesidade como relevante para a saúde coletiva e individual (DIETZ, 1983; BRASIL, 1999).

    Nas últimas décadas vêm ocorrendo avanços importantes nas condições de saúde das crianças de todo o mundo. Devido às medidas de higiene e saúde pública cada vez mais difundidas, observou-se uma queda significativa na incidência de doenças infecciosas (OPAS, 1995). Apesar disso, a vida urbana tem sido associada a mudanças de comportamento principalmente com relação à dieta e atividade física, fatores estes relacionados de forma importante à obesidade (POPKIN et al. 1995).

    Em análise secundária, HERNÁNDEZ et al. (1996), observaram associação negativa entre a prevalência de sobrepeso em menores de 5 anos e a escolaridade do chefe da família. Crianças de família com chefe que tenha completado a escola secundária teriam 1,5 vezes mais chances de apresentar sobrepeso do que as que vivem em famílias chefiadas por pessoa que não freqüentou a escola.

    A obesidade tem causas endógenas e exógenas, respectivamente, fatores hormonais e genéticos e fatores comportamentais, dietéticos e ambientais (BLAIR, 1996; EGGER, 1996; POPKIN et al. 1995). Os fatores genéticos aparecem como os maiores determinantes do Índice de Massa Corporal (IMC), no entanto, as situações ambientais podem diminuir ou aumentar a influência dos fatores genéticos (STUNKARD, 1990; PERRY et al. 1990).

    Ocorre basicamente quando a quantidade de energia ingerida excede o gasto energético por um tempo considerável. A interação entre diversos e complexos fatores pode colaborar para a manutenção do balanço energético positivo (WHO, 1998). DIETZ (1983), analisando a fisiopatologia da obesidade, sugere que mecanismos de dispersão do excesso de energia ingerida podem estar deficientes em alguns casos de obesidade e a falta desses mecanismos predispõe à doença.

    A obesidade não se apresenta de forma isolada, tendo sido freqüentemente associada à ocorrência de outras doenças na fase adulta, como, por exemplo, problemas cardiovasculares (DWYER, 1998), endócrinos (BJORNTORP, 1987), câncer de cólon, diabetes e conseqüências psicossociais adversas (DIETZ, 1998). Segundo MUST (1996), a obesidade confere raras complicações à curto prazo em crianças, entre elas pode-se citar a Síndrome de Pickwick (apnéia obstrutiva), cardiomiopatia, pancreatite, problemas ortopédicos e respiratórios.

    Existe uma clara associação entre a obesidade e as doenças cardiovasculares, sendo que estas ocupam atualmente o primeiro lugar em causas de morte no país. Estima-se que a prevenção do excesso de peso/obesidade reduziria a incidência dessas patologias em no mínimo 30% (BRASIL, 1999).

    A complexidade dos fatores relacionados à obesidade tem exigido maior reflexão a respeito desse problema na infância, evidenciando que uma criança ao se tornar obesa no período da pré-puberdade, mantendo-se neste estado durante a adolescência, terá mais chance de se tornar um adulto obeso (DERELIAN, 1995).

    Poucos estudos têm sido realizados para estabelecer o mecanismo pelo qual a obesidade presente na infância ou adolescência predispõe à morbimortalidade na vida adulta. Estes estudos são de grande importância para a definição do ponto de corte para classificar a obesidade em crianças e adolescentes e quão intensivas deverão ser as atividades de prevenção e tratamento direcionadas a este grupo (DIETZ, 1998).

    Segundo BORRA et al. (1995), muitas crianças já desenvolveram conceitos incorretos que vão interferir na apreciação e portanto, na escolha, de uma alimentação saudável. O conhecimento, as atitudes, comportamentos e habilidades desenvolvidas através de efetivos programas de saúde nas escolas capacita crianças e jovens a fazer escolhas certas sobre comportamentos que promovem a saúde do indivíduo famílias e comunidades (Mc GINNIS, DEGRAW, 1991).

    Intervenções nas opções dietéticas de crianças devem incluir, além da educação nutricional que tem como objetivo o consumo de uma dieta balanceada, condições ambientais que torne possível a seleção de alimentos saudáveis. As escolas proporcionam um importante e conveniente cenário para a promoção de dietas saudáveis, podendo ainda ilustrar o potencial da mudança na dieta (SIMONS-MORTON et al. 1990).

    A escola constitui ambiente adequado para agir preventivamente, pois representa o primeiro grupo social depois da família. Surge, portanto, um caminho de ação preventiva dirigido à crianças em idade escolar, estimulando hábitos alimentares e de atividade física saudáveis. Entretanto, é indispensável que se reconheça a dinâmica do prazer e desprazer na alimentação e na atividade física. Apesar da maioria das crianças acharem divertido fazer atividade física, muitas não a realizam regularmente (BORRA et al. 1995).

    A Educação Nutricional na escola possui uma série de vantagens, pois auxilia crianças e adolescentes a atingir o máximo de seu potencial de aprendizado e boa saúde, capacitando-os a adotar hábitos alimentares saudáveis e efetivamente melhorando o padrão de consumo alimentar e o estado nutricional da população (KENNEDY, 1996).

    Segundo a OMS, escolas que reconhecem a necessidade de discutir Saúde e que reforçam o desenvolvimento de estilos de vida saudáveis, oferecendo opções viáveis à prática de ações que a promovam, contribuem para a promoção da qualidade de vida da população (BRASIL, 1998a).

    Em 1971 a Lei no 5692 introduziu a temática "Saúde" no currículo escolar, com o objetivo de levar crianças e adolescentes ao desenvolvimento de hábitos saudáveis e, em 1977 o Conselho Federal de Educação reafirma que esse assunto deve ser encarado como uma preocupação geral do processo formativo, intrínseca a própria finalidade da escola. A Constituição de 1988 atribui ao Poder Público o dever de promover pleno gozo ao direito à saúde, assumindo uma concepção de saúde que aponta para uma mudança progressiva dos modelos assistenciais, centrados na doença, para um modelo de atenção integral à saúde com incorporação progressiva de ações de promoção e proteção (BRASIL, 1998b).

    A nutrição, aliada à educação física, têm sido, recomendada como recurso para o controle da obesidade (CHEN et al. 1993). Pela falta de guias ou manuais que orientem o consumo alimentar e atividade física na população escolar, torna-se urgente a criação de programas educativos que promovam hábitos saudáveis.


Objetivos

    Identificar padrões de comportamento na escola e na dinâmica familiar relacionados com obesidade e conscientização sobre o desenvolvimento de padrões comportamentais adequados em adolescentes.

    Conhecer a prevalência da obesidade e padrões alimentares de adolescentes que freqüentam escola particular e seus pais.

    Identificar fatores de risco para obesidade na população em estudo.

    Identificar padrões de comportamento na escola e na dinâmica familiar relacionados com obesidade.

    Determinar os padrões de composição corporal de crianças de 12 e 14 anos dos sexos masculino e feminino e seus respectivos pais.


Metodologia

    Foram avaliadas adolescentes das 7ª série, de ambos os sexos, e seus respectivos pais, as idades dos alunos entre 12 e 14 anos, dos pais 40 a 55 anos e das mães entre 38 e 45 anos.


Avaliações realizadas

  • Peso: Com utilização de balança antropométrica. Os avaliados foram pesados vestindo apenas roupas leves e sem calçados. Na avaliação permaneceram eretos, no centro da balança com os braços estendidos ao lado do corpo, sem se movimentar. A balança colocada em uma superfície plana e lisa. O peso foi expresso em quilogramas.

  • Estatura: Utilizada uma fita métrica fixada na parede. Avaliados em posição ereta, com pés e calcanhares paralelos, ombros e nádegas encostados na parede. A estatura foi expressa em centímetros, com uma casa decimal.

  • Índice de Massa Corporal: Pela divisão da massa corporal em Kg pela estatura em metros, elevada ao quadrado (Kg/m2) e comparada em relação ao padrão NCHS/OMS. O índice foi expresso em unidades de escore Z, segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde para avaliação nutricional de populações.


Resultados

    Com relação a avaliação realizada nos alunos, observamos que o índice de alunos com baixo peso é de 39%, com peso normal de 43%, com sobrepeso e indivíduos classificados como pré-obeso 9%. Estes valores estão representados no gráfico 1.

    Com relação a avaliação dos pais observamos que apresentaram peso normal 26% dos pais, com sobrepeso 22%, classificados como indivíduos pré-obesos 44% e como obeso e obeso severo 4% em cada categoria. Estes valores estão representados no gráfico 2.

    No gráfico 3 representamos o resultado da avaliação com as mães dos alunos onde constatamos que 69% delas são classificadas com peso normal, que 22% são classificadas com sobrepeso e que 9% delas estão classificadas como pré-obesas.

    Quando comparamos o percentual de classificação percentual entre os grupos observamos que no que se refere ao peso normal, as mães apresentam 69,5%, sendo o maior percentual para esta classificação. No que se refere ao sobrepeso, tanto os pais, quanto as mães apresentaram percentual de 21,7, comparado com 8,6 para os filhos. Para a classificação pré-obesa os pais apresentam um percentual de 43,5% classificados como pré-obesos. Para os pais, ainda é classificado como obeso e obeso severo apresentam-se com 4,4% dos pais. Estes valores estão representados no gráfico 4.

    No que se refere a comparação realizada entre os alunos observamos que entre os meninos 36,3% e entre as meninas 41,6 apresentavam-se com baixo peso. Para os alunos classificados como peso normal a percentagem era de 54,5 para meninos e de 33,4 para meninas. O grupo de meninas apresentou-se com 16,6% com sobrepeso, os alunos não apresentaram-se com sobrepeso. Quanto aos indivíduos classificados como pré-obesos registramos 9,2% dos meninos e 8,4% das meninas. Estes valores estão representados no gráfico 5.

    Para o grupo de pais, quando avaliados apresentaram-se com peso normal 18,1% para pai de meninos e de 33,4% para pais de meninas. Com sobrepeso apresentaram-se 27,2% para os pais dos meninos e de 16,6% para os pais das meninas. Classificados como pré-obesos 36,3% dos pais dos meninos e 50% dos pais das meninas. Os pais dos meninos ainda apresentaram com 9,2% como obesos e 9,2% como obeso severo. Representamos estes resultados no gráfico 6.


    Com relação a avaliação realizada para as mães do grupo avaliado observamos que 63,6% das mães dos meninos apresentavam peso normal e em relação a mãe das meninas este percentual foi de 75%. Com sobrepeso 36,4 das mães dos meninos e 8,3 das mães das meninas. Ainda para o grupo das mães das meninas 16,7% delas apresentaram-se como pré-obesas. Estes resultados estão representados no gráfico 7.


Conclusões

    O presente trabalho nos permite concluir que existe uma grande relação entre pais e filhos que apresentam sobrepeso e obesidade, principalmente a relação entre filhos e pais.

    Com relação as mães ela também tem relação, porém não tanto significativa quanto ao valor apresentado pelos pais.

    A grande maioria das famílias envolvidas neste trabalho deveriam passar por avaliações das condições nutricionais e mudança nos hábitos alimentares urgentemente.

    Parece haver uma grande preocupação entre os adolescente quanto ao peso corporal, mas que isso também é deixado de lado pelo fato dos pais apresentarem-se ou com sobrepeso ou obesos.

    Alguns pais de meninos apresentaram-se como obesos severos, diferentemente dos pais do grupo feminino.

    Algumas mães de meninas apresentaram-se como pré-obesas, diferentemente dos pais que não apresentaram-se em tal situação.


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