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Avaliação motora de alunos com hidrocefalia em
atividades físicas no meio líquido e terrestre: uma proposta

   
UFSM/RS
(Brasil)
 
 
Fernanda Panzenhagen Borges
Luciana Erina Palma

fepborges@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     Este estudo analisou formas de avaliação motora para alunos com hidrocefalia em atividades físicas aquáticas e terrestres. A amostra do estudo foi composta por dois (2) alunos com hidrocefalia com idades de três (3) e dezesseis (16) anos, participantes do projeto de extensão do CEFD da UFSM, intitulado "Piscina Alegre: atividades aquáticas para pessoas com necessidades educacionais especiais". Inicialmente, foi feito um estudo para conhecer protocolos de avaliação motora utilizados na área da Educação Física. Em seguida aconteceu a seleção dos protocolos para serem aplicados em atividades físicas aquáticas e terrestres aos alunos com hidrocefalia. Após, foi feita a aplicabilidade dos testes de avaliação motora e investigada a necessidade de adaptações nestes para alunos com hidrocefalia em atividades físicas no meio líquido e no meio terrestre.
    Unitermos: Atividades aquáticas. Atividades terrestres. Hidrocefalia.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 105 - Febrero de 2007

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Introdução

    Com este estudo, pretendeu-se dar seqüência e aprofundamento do conhecimento na área de Educação Física, especificamente em trabalhos com alunos com hidrocefalia e atividades físicas aquáticas e terrestres, a fim de buscar maiores informações acerca de como desenvolver atividades para esta população.

    Por se tratar de uma população pouco estudada na área da Educação Física, observou-se a necessidade de se ter instrumentos de avaliação para a mesma, para que se possa ter maior fidedignidade nos resultados em trabalhos com estes alunos. E também, porque na sub-área da Educação Física, a Educação Física Adaptada, são poucos os instrumentos de avaliação para alunos com necessidades especiais de forma geral, devido às especificidades e características individuais dos alunos.

    Desta forma, os objetivos deste estudo foram analisar formas de avaliação motora para alunos com hidrocefalia em atividades físicas aquáticas e terrestres.


O aluno com hidrocefalia e as atividades físicas em meio líquido e em terra

    A hidrocefalia ocorre quando o líquido da medula não pode circular normalmente. Este líquido acumula-se no cérebro e, caso não seja controlado, pode acarretar no surgimento de graves conseqüências. Esta situação se resolve introduzindo-se cirurgicamente um tubo fino com uma válvula de pressão no interior dos ventrículos cerebrais. Esta técnica, de modo geral, controla a hidrocefalia, direcionando o líquido para a cavidade abdominal ou para uma veia no pescoço, que leva ao coração. De acordo com Martín (2004), "é a condição patológica caracterizada pelo aumento da pressão intracraniana. Produz-se como conseqüência de um desequilíbrio entre a formação e a absorção do líquido cefalorraquidiano (LCR)". Neste caso, a caixa craniana cresce e a cabeça aumenta de tamanho.

    As causas mais freqüentes, segundo o Coletivo de Autores (2001), são, "secreção aumentada de LCR, a obstrução das vias de circulação do LCR, seja no interior do sistema ventricular, seja na sua saída para o espaço subaracnóideo e o bloqueio na absorção do LCR". Dentre estas três causas, a mais freqüente é a obstrutiva (não comunicante).

    De acordo com os mesmos autores, algumas seqüelas como as de ordem motora surgem, como por exemplo, déficits de equilíbrio, na coordenação ampla e fina.

    Desta forma, acredita-se que através das atividades aquáticas tais déficits sejam sanados ou minimizados, por serem desenvolvidas num meio atrativo e diferente do habitual - o terrestre.

    Sendo assim, as atividades aquáticas proporcionam a estas pessoas vivências e experiências diferenciadas das realizadas em terra, pois o meio líquido oferece alguns benefícios.

    Segundo Skinner e Thomson (1985), "a água quente faz com que o professor mova o aluno mais facilmente do que em terra. Como em outras condições, esses fatores melhoram ao mesmo tempo a confiança e a moral do mesmo".

    Com relação às atividades desenvolvidas em terra, acredita-se que o papel do professor de Educação física, como o de qualquer outra modalidade de ensino, é o de criar desequilíbrios, apresentando ao seu aluno, o novo e o desconhecido, pois diante do desafio, o aluno tende a assimilar o conhecimento, utilizando os recursos motores e mentais que possui.

    De acordo com Soler (2002), "o professor deve buscar identificar em suas aulas, quais as necessidades e capacidades de cada pessoa, e com isso procurar potencializar sua autonomia e independência".


Metodologia

    Fizeram parte do estudo dois (2) alunos com idades de três (3) e dezesseis (16) anos. Esta amostra foi intencionalmente selecionada, pelo fato de que são os alunos com hidrocefalia, participantes do projeto de extensão intitulado de "Piscina Alegre: atividades aquáticas para pessoas com necessidades educacionais especiais". A amostra foi composta por dois (2) alunos com hidrocefalia

    A coleta de dados para o meio líquido aconteceu na quinta-feira, no horário das 15:30h para o aluno com três (3) anos de idade e 16:30h para o aluno com dezesseis (16) anos de idade. Já a coleta de dados para o meio terrestre, aconteceu também na quinta-feira, no horário das 15:30h para o aluno com três (3) anos de idade e 16:30h para o aluno com dezesseis (16) anos de idade, porém em dias alternados.

    Os instrumentos utilizados foram: Tabela de Avaliação de Habilidade (Winnick, 2004), especificamente no componente Orientação na água e Bateria Psicomotora (BPM) (Fonseca, 1975), especificamente no componente Equilibração.

    É importante destacar que para a coleta de dados, foi necessário um instrutor, uma auxiliar e um avaliador.


Apresentação dos dados

Aplicação dos testes em meio líquido

    Com o objetivo de analisar formas de avaliação motora para alunos com hidrocefalia em atividades físicas neste meio, foram propostos dois componentes para esta análise - Orientação na Água (Winnick, 2004) e Equilibração (Fonseca, 1975). Foi necessário fazer duas aplicações dos testes selecionados.

    Sendo assim, as adaptações sugeridas no teste de Orientação na Água (Winnick, 2004) foram aplicadas com os dois alunos e não foram necessárias outras, pois se acredita que estas foram condizentes às características dos alunos com hidrocefalia, pertencentes ao grupo de estudo.

    Com relação ao teste de Equilibração (Fonseca, 1975), infere-se que as adaptações sugeridas foram aplicadas também com os dois alunos e da mesma forma que aconteceu com o teste anterior, não foram necessárias outras, pois tais modificações encaixaram-se nas características do grupo em questão.

Aplicação dos testes em terra

    Com o mesmo objetivo de analisar formas de avaliação motora para alunos com hidrocefalia, porém agora em atividades físicas em terra. Neste meio foi proposto um componente para esta análise -Equilibração (Fonseca, 1975). Também para o meio terrestre foi necessário fazer duas aplicações dos protocolos selecionados.

    Do mesmo modo que foi feito com a aplicação dos testes em meio líquido, as adaptações propostas neste teste foram aplicadas com os dois alunos e não foram necessárias outras, pois julga-se que estas foram suficientes às características dos alunos com hidrocefalia, que fizeram parte do grupo de estudo.

    É importante destacar que as modificações sugeridas para os testes em questão, foram sofrendo alterações conforme a necessidade do grupo de estudo. Desta forma, como já foi descrito houve apenas duas aplicações dos testes em questão para que tais necessidades fossem sanadas e assim, os teste ficaram apropriados para as características do grupo.


Considerações finais

    Com este estudo, pôde-se analisar algumas formas de avaliação motora e desta forma, sugerir adaptações para tais testes em meio líquido e em meio terrestre para esta população específica - alunos com hidrocefalia.

    Desta forma, o trabalho realizado proporcionou um estudo detalhado e assim, poder ampliar o aprendizado e conhecimento com esta população.

    Acredita-se que este estudo tenha contribuído com esta sub-área da Educação Física - a Educação Física Adaptada, pois os trabalhos com alunos com hidrocefalia relacionados às atividades físicas em nível nacional estão começando a ser desenvolvidos, o que significa um avanço, pois acredita-se na necessidade de se desenvolver estudos específicos para todos os tipos de deficiência, para contribuir com a saúde e qualidade de vida de todos.

    Infere-se também que as modificações, adaptações feitas em tais testes de avaliação motora selecionados não podem ser aplicadas e/ou generalizadas para todos os alunos com hidrocefalia, pelo fato de que esta é uma população específica e apresenta características heterogêneas e distintas. Porém, acredita-se que estas modificações possam servir de base para aplicação de testes para alunos com hidrocefalia em atividades físicas no meio líquido e ainda no terrestre.

    É importante destacar ainda que este estudo foi parte de um estudo piloto, o que significa que tais testes foram posteriormente propostos e reaplicados com a mesma população específica - hidrocefalia, porém com outro grupo.

    Desta forma para melhor visualização dos testes antes das adaptações e após sofrerem as modificações propostas, é importante observar os quadros a seguir:


Testes para o meio líquido

Orientação na água (antes)

Depois

Equilibração (antes)

Depois


Testes para o meio terrestre

Equilibração (antes)

Depois


Referências bibliográficas

  • BARROS e LEHFELD. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação científica. São Paulo: McGrae-Hil, 1986.

  • COLETIVO DE AUTORES. Hidrocefalia. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Enfermagem. Centro Biomédico. Disciplina de Saúde da Criança. Turma 98/2. outubro de 2001.

  • FONSECA, V. da. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Poto Alegre: Artes Médicas, 1995.

  • MARTÍN, M.C. Incapacidade Motora. Orientações para adaptar a escola. Porto Alegre: Artmed, 2004.

  • ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.

  • SOLER, R. Brincando e aprendendo na educação física especial: planos de aula. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.

  • SKINNER, A. T. e THOMSON, A M.. Duffield: Exercícios na água. Editora Manole, 1985.

  • WINNICK, J.P. Educação Física e Esportes Adaptados. Tradução da 3. ed. original de Fernando Augusto Lopes. Barueri, SP: Manole, 2004.

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