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Estudo da diferença do perfil físico de jogadores
de futsal por posicionamento em quadra que
participaram do campeonato Ipatinguense

   
*Graduada em Educação Física pelo Unileste-MG.
** Mestre em Educação Física pela Unig.
Mestrando em Ciência da Educação pela UTL/FMH.
Docente do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais.
***Especialista em Fisiologia do Exercício e Treinamento Desportivo
UNIFOA/RJ
Mestranda pela UNEC-MG
 
 
Érica Lana Cunha Bicalho*
Alexandre de Paula**
Daniella Oliveira Cotta***

ahptar@hotmail.com
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    A flexibilidade, agilidade, força, precisão e resistência são considerados componentes da aptidão física relacionada à saúde e também ao desempenho alémde serem específicos para determinar o perfil físico em jogadores de futsal. O presente estudo tem como objetivo formatar um perfil físico dos jogadores com base nestes testes e verificar se há diferenças entre as posições no futsal. O estudo foi realizado em três equipes de futsal que mantém treinamento desde o final do campeonato. Foram selecionados 28 atletas, na faixa etária de 15 anos do gênero masculino. Para tratamento de dados foram utilizadas medidas de tendência central (média) e dispersão (desvio padrão) por posição em quadra e para verificação da diferença entre os grupos foi utilizada a análise de variância. O grau de flexibilidade foi determinado através do teste de sentar e alcançar que avalia a flexibilidade do tronco e dos músculos posteriores da coxa, o nível de força foi determinado pelo teste de abdominal em 60 segundos, impulsão vertical e impulsão horizontal, a precisão foi determinada por dez chutes à meta reduzida e a resistência pelo teste de "Cooper" de 12 minutos. As médias entres as posições demonstram pequenas diferenças não apontando grau de significância satisfatório para afirmar que há alteração de perfil físico entre as posições, o que garante ao preparador físico da equipe um padrão de treinamento homogêneo entre os atletas independente da sua posição em quadra.
    Unitermos: Futsal. Perfil físico. Posicionamento em quadra.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 104 - Enero de 2007

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Introdução

    O Futsal é uma modalidade esportiva de grande ascensão no Brasil, um dos mais praticados em todo território nacional. Desde sua origem, várias regras vêm sendo alteradas com o objetivo de regulamentação da modalidade. "Nos últimos anos tem-se observado o crescimento exponencial, com inegável progresso em termos qualitativos. Houve aperfeiçoamento da parte puramente mecânica do movimento, o que deu ao praticante maior velocidade, força, destreza e equilíbrio".(MENEZES, 1998).

    A origem do futsal se deu na década de 30, quanto a sua paternidade existe certa discordância, a defendida pela Confederação Brasileira de Futsal é a versão de que surgiu no Brasil, na AMC de São Paulo praticado por jovens a título de recreação, pois não tinham espaço suficiente para praticarem o futebol de campo. Portanto o futsal não foi criado a partir de estudos e sim surgiu a partir do futebol que perdia seu espaço de acordo com o crescimento das grandes cidades (TEIXEIRA, 1996; TOLUSSI, 1982).

    Nas décadas posteriores, observa-se um crescimento vertiginoso da modalidade. O futebol de salão é praticado, divulgado (década de 40), reconhecido e regulamentado (década de 50). Surgem as Federações Nacionais (década de 50), a Confederação Sul-ameriacana Brasileira (década de 60), a Federação Internacional - FIFUSA (década de 70). O esporte ganha então o continente e o mundo, internacionalizando-se e despertando o interesse da FIFA em tê-lo sob seu controle (década de 80). No final desta última o Brasil CBFS filía-se oficialmente À FIFA via CBF, que passa a ter uma comissão responsável pelo futsal. (SANTANA, 2004; FERNANDES, s.d)

    Desde o seu surgimento, as modificações nas regras visavam a agilidade da partida, ou seja, a bola permanecendo mais "dentro de jogo" do que "fora de jogo". Isto, de acordo com Bello (1998), vai ocasionar um esforço intenso, ocorrido durante o jogo estabelecendo uma demanda metabólica suprida pelos três sistemas energéticos(aeróbicos, anaeróbico lático e anaeróbico alático). Os aspectos psicológicos, técnicos e táticos, também mostram um esporte de extrema habilidade, perspicácia, atenção, estratégia em todos os sentidos.

    Segundo Laudier (1998), os praticantes de futsal necessitam fundamentalmente de endurance, velocidade, resistência muscular localizada e potência muscular além de agilidade, flexibilidade, coordenação, ritmo e o equilíbrio.

    Dentre estas variáveis da aptidão física, algumas foram avaliadas neste artigo: a capacidade de velocidade que se manifesta na possibilidade de o atleta executar as ações motoras, no menor tempo possível em determinado percurso. O treinamento da capacidade de velocidade deve ser abordado de maneira diferenciada levando em conta a especificidade de cada modalidade desportiva e destacando os componentes mais significativos (ZAKHAROV,1999); a força que para Barbante apud Geannichi & Marins (2003) é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos, que determinam a força em algum movimento particular. A flexibilidade que segundo Achour Júnior (1996), é definida pela máxima amplitude de movimento em uma ou mais articulações sem o risco de lesão. A flexibilidade é bastante específica para cada articulação, podendo variar de indivíduo para indivíduo e até no mesmo indivíduo.

    Basicamente a flexibilidade é resultante da capacidade de elasticidade demonstrada pelos músculos e os tecidos conectivos, combinados à mobilidade articular (WEINECK, 1999); a precisão que é a junção de todas as capacidades motoras para a execução perfeita de um determinado movimento; além da resistência cardiorrespiratória que é a capacidade de realizar atividades físicas de caráter dinâmico, que envolvam grande massa muscular com intensidade de moderada a alta por períodos prolongados de tempo (FERNANDES FILHO, 1999).

    Levando em consideração os aspectos mencionados, pode-se evidenciar uma relevante preocupação com o perfil físico dos jogadores, visto que a modalidade passava a exigir uma maior capacidade cardiovascular e motora para sua prática.

    "Na maioria das modalidades desportivas, a etapa de especialização inicial coincide com o período de puberdade, condicionado pelo desenvolvimento impetuoso do organismo. Nesta altura, o organismo em crescimento do jovem atleta experimenta uma grande 'carga biológica' além da de treino. Por conseguinte, os parâmetros das influências de treino têm que ser rigorosamente de desenvolvimento do organismo dos adolescentes" (ZAKHAROV, 1999), ou seja, a individualidade biológica deve ser respeitada mesmo que os níveis de perfil físico sejam semelhantes.

    Atualmente uma equipe de futsal se compõe de 5 (cinco) posições; pivô, fixo, ala direita, ala esquerda e goleiro, cada qual com uma particularidade física para sua posição. Tolussi (1982) caracteriza o pivô como um jogador de extrema velocidade, agilidade e força, está sempre envolvido em jogadas de pique, explosão e divididas de bola; os alas com boa resistência e precisão no passe, pois deslocam entre a área de defesa e a marcação; o fixo deve ter força e firmeza nas tomadas de bola, além de dar cobertura e comandar a marcação; e o goleiro deve possuir boa colocação, agilidade, reflexo, ousadia, flexibilidade, também deve conhecer todo o posicionamento táticos e jogadas de sua equipe, e prever as do adversário.

    De acordo com Bello(1998), "as posições ocupadas pelos jogadores (goleiros, fixo, alas, pivô) são apenas representações teóricas, pois o rodízio constante obriga a passagem em todos as funções na quadra", representando assim um perfil físico semelhante entre as posições, porém coube a esta análise formatar um perfil característico das posição o qual relacionando se há diferenças de perfil com base em testes de força, flexibilidade, resistência e precisão entre os jogadores das posições no futsal.


Metodologia

    O estudo foi realizado em 3 das 5 equipes que participaram do Campeonato Ipatinguense de Futsal Sub15 masculino e que mantiveram o treinamento após o final do mesmo. Foram selecionados 7 atletas por posicionamento para compor a amostra de 28 jogadores. Para a coleta de dados foi utilizado uma trena, 10 cones, uma meta de 60cm de altura e 80cm de largura, fita métrica, colchonetes e pó de giz. Foram utilizadas fichas para anotações dos nomes, as idades dos atletas, as posições em quadra, os níveis alcançados no teste de flexibilidade, força, precisão e resistência e um banco de "WELLS", uma caixa de madeira especialmente construída apresentando dimensões de 30,5 x 30,5 centímetros, tendo a parte superior plana com 56,5 centímetros de comprimento, na qual é fixada de medida sendo que o valor 23 coincide com alinha onde o avaliado deverá acomodar seus pés, para realizar o teste de "sentar e alcançar".

    Para os procedimentos, primeiramente foi pedida uma autorização por escrito à coordenação técnica das equipes e concedido o pedido, foi marcado em cada equipe dois dias para a aplicação dos testes que foram divididos em duas etapas totalizando 6 dias; no primeiro dia em cada equipe foi aplicado o teste de "sentar e alcançar" segundo metodologia descrita por BARBANTI (1996) da seguinte forma: sentados no chão, com os pés encostados em baixo da caixa, pernas estendidas, as mãos permanecendo sobrepostas e deslizando sobre a caixa, o máximo de distância conseguida por atleta avaliada em três tentavas, sendo considerada a melhor marca onde foram obrigadas a permanecer por dois segundos. Logo após, foi aplicado o teste de Impulsão Horizontal segundo Johnson & Nelson apud Giannichi & Marins (2003) que consiste em partir da posição de pé, pés paralelos e em pequeno afastamento lateral, o atleta deverá atrás da linha de partida, saltar a maior distância possível para frente, com a ajuda da flexão de pernas e utilizando o balanço dos braços. São dadas três oportunidades, computando-se somente a maior distância. Por conseguinte, aplicou-se o teste de Impulsão Vertical de Johnson & Nelson apud Giannichi & Marins (2003) cuja direção é o atleta assumir a posição de lado para a superfície graduada e com o braço estendido acima da cabeça o mais alto possível, mantendo a sola dos pés em contato com o solo, neste momento o avaliador marca a altura alcançada. Para facilitar a leitura o atleta testado sujou o dedo numa caixa que continha pó de giz. O teste consiste em saltar o mais alto possível, sendo facultado o flexionamento das pernas e o balanço dos braços para a execução do salto. O resultado é dado em centímetros, subtraindo a marca mais alta do salto da mais baixa, feita sem o salto. São feitas três tentativas, computando-se o melhor dos três resultados alcançados. O último teste do primeiro dia é a avaliação da força muscular abdominal de Gomes & Machado (2001) que é descrito da seguinte forma: o jovem deve flexionar o tronco iniciando da posição em decúbito dorsal, com as pernas semi-flexionadas e com ajuda do avaliador, que deve segurar as pontas dos pés do atleta, executar uma semi-flexão do tronco durante 60 segundos, registrando o número de repetições, os braços devem permanecer cruzados e encostar o cotovelo nas pernas. No segundo dia de teste, foi realizado o teste de precisão dos membros inferiores de Gomes & Machado (2001) que consiste em chutar a bola (Max 200) de futsal em 10 tentativas, tentando marcar o gol que estará a uma distância de 15 metros. O jovem de pé e parado deve golpear a bola com o pé dominante e tentar marcar o gol que deve ter 60cm de altura por 80cm de largura. Marcar a quantidade de gols realizados. E por último o teste de Resistência de Andar/Correr 12 minutos de Cooper citado por Giannichi & Marins (2003) o qual testado deve percorrer a maior distância possível em 12 minutos. Para tratamento dos dados foram utilizadas medidas de tendência central (média) por posicionamento em quadra.

    Foi garantido aos jogadores aos atletas o direito de não participarem ou a possibilidade de abandono em qualquer momento da pesquisa. O nome dos atletas e das equipes que participaram da amostra será mantido em sigilo. Durante a realização dos testes foram tomados todos os cuidados previamente necessários para não expor os jovens a nenhum tipo de estresse.


Resultados e discussão

    Os gráficos de 1 a 7 apresentam a média e o desvio padrão da amostra por posição em quadra, e na Tabela 1 a análise de variância entre as médias a nível de =5%.

     Observa-se uma mínima diferença nas médias de todos os testes aplicados entre as posições. No teste de "sentar a alcançar" os goleiros e os pivôs obtiveram um nível mais elevado de flexibilidade. No teste de 30metros de agilidade, os pivôs percorreram entre os 10 cones em menos tempo. Já nos testes de impulsão vertical e horizontal os goleiros alcançaram uma média maior de altura e distância, consecutivamente. No teste de maior número de abdominais em 60 segundos os pivôs e os goleiros obtiveram maior resultado. No teste de precisão, os goleiros acertaram um número menor de chutes e no teste de resistência os alas percorreram uma distância maior.

     Na Tabela 1 está caracterizado os valores da análise de variância com o objetivo de verificar se há diferença relevante entre as médias de cada posição no futsal por teste, a nível de significância de 5% (a=3,49)

Tabela 1. Análise de Variância das médias dos testes aplicados.

    Apesar de observadas diferenças nas médias dos dados coletados, o teste de análise de variância comprova que não há diferença significativa entre as posições no futsal, o que é afirmado por vários autores como Bello (1998), Santana (2004) e Fernandes (s.d) quando analisam as mesmas. Assim sendo, concluem que, atualmente, as posições não são fixas; os alas, pivô, fixo e goleiro ficam em constante movimentação em quadra mudando de função constantemente de acordo com a tática a ser seguida durante a partida, mantendo um perfil físico semelhante.

    "É muito natural que se faça distinção de certas capacidades físicas, por mais convencionais que sejam os limites que as separam, pois elas não são isoladas e mantém entre si e com outras propriedades do organismo humano determinado relações e ligações. E, mesmo assim, este enfoque se justifica, na prática, porque permite ao técnico fazer uma idéia inicial da estrutura de preparação do atleta e definir os caminhos de seu aperfeiçoamento" (ZAKHAROV, 1999). Portanto é necessário verificar o nível inicial de aptidão física para posteriormente elaborar um programa que favoreça o desenvolvimento das habilidades motoras dos atletas.

    No futsal não é prudente, segundo os resultados obtidos, propor um treinamento físico separado por posição, pois as mesmas mantêm um perfil físico semelhante, tendo, portanto, que apenas aperfeiçoar as capacidades físicas com o fim de obter um quadro de atletas com níveis significativos para competição.

     Segundo Andrade (2004), o que se deve saber é que embora todas as valências físicas sejam importantes dentro do programa, as valências predominantes devem receber atenção especial em determinadas fase do treinamento. Quando se elabora um planejamento quase sempre é dividido em fases, estas fases proporcionam identificar evoluções, manutenções ou até mesmas estabilidades nas cargas de treinamento. Estas fases são elaboradas em cima de um calendário esportivo específico de cada equipe e suas respectivas competições, prioridades e necessidades.


Conclusão

    O futsal é uma modalidade de grande ascensão em termos quantitativos, visto o aumento no número de praticantes e qualitativos em relação às modificações nas regras que visam a agilidade da partida requerendo um maior condicionamento físico. Dentre os resultados obtidos observa-se uma pequena diferença entre as médias dos testes que demonstram as características físicas de cada posição como o perfil físico mais semelhante entre o pivô e o goleiro e a maior resistência dos alas que se mantém em constante movimentação, porém tais médias não demonstraram significativa relevância, o que garante ao técnico um único tipo de treinamento sem distinção de posições. Tal estudo poderia ser aplicado comparando as diferenças entre as categorias inferiores, pois supostamente evidenciaria maior significância devido a não especialização precoce, visto que na faixa etária de 15 anos, os atletas estão em nível inicial de especialização.


Referencia bibliográfica

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  • MENEZES, Maurício Fonseca. Futsal: Aprimoramento Técnico e Tático, 1ª ed, Rio de Janeiro: SPRINT, 1998.

  • LAUDIER Filho, José Laudier A. dos Santos. Futsal: Preparação Física, 2ªed,Rio de Janeiro: SPRINT, 1998.

  • SANTANA, Wilton Carlos de. Contextualização Histórica do Futsal, www.pedagodiadofutsal.com.br, 2004.

  • TEIXEIRA, Jober Jr. Futsal 2000: o esporte no novo milênio, 1ª ed Porto Alegre: Editora do autor, 1996.

  • TOLUSSIFrancisco Carlos.v Futebo de Salão: Tática, Regra e História. São Paulo: Brasipal, 1982.

  • ZAKHAROV, Andrei. Ciência do Treinamento Desportivo, 1ªed, Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1992.

  • WEINECK, Jürgen. Treinamento Ideal; Instrução técnica sobre o Desempenho Fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 9ª ed. São Paulo. Manole, 1999.

  • GOMES, Antonio Carlos & MACHADO, Jair de Almeida. Futsal: Metodologia e planejamento na infância e adolescência, 1ªed, Londrina, PR: Midiograf, 2001

  • ANDRADE, Marcos Xavier de. Aspectos do treinamento físico no futsal, Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 11, n. 4, p. 45-50, out./dez. 2003

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revista digital · Año 11 · N° 104 | Buenos Aires, Enero 2007  
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