Percepção dos alunos a respeito da aprendizagem
e recursos pedagógicos utilizados no ensino |
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*UFMT/UNIVAG, autora. **UFMT/UNIVAG, co-autora. ***UFMT, orientador e co-autor. (Brasil) |
Maria Auxiliadora Vasconcelos Peres Lima* Sonia Cristina Oliveira** Cleomar Ferreira Gomes*** auxiliadoralima@terra.com.br |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 103 - Diciembre de 2006 |
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Introdução
Nos dias de hoje discutir sobre a educação, formação de professores, processo de ensino e aprendizagem são uma das temáticas mais desafiadoras que se apresentam á escola. A qualidade da educação, as transformações ocorridas, o tipo de ensino que acontece dentro das salas de aula e as práticas pedagógicas implantadas são assuntos de discussões e debates em congresso e seminários. Os teóricos da área de educação têm efetivado acirrados debates e discussões dizendo da importância de não se conceber mais uma educação cujo foco central é o professor e aulas que não sejam realmente significativas e relacionadas às experiências de vida e condizentes com a realidade social dos alunos. (ZEICHNER, 2002).
De acordo com (HONORÉ apud GARCIA 1999) a formação é compreendida como um "processo de desenvolvimento e de estruturação da pessoa, que se realizam com o duplo efeito de maturação interna e de possibilidade de aprendizagem, e de experiências dos sujeitos", percebe-se assim a necessidade do acadêmico entrar em contato com a realidade com que vai trabalhar após a sua formação de uma forma mais efetiva. Tal observação vem ser complementada pelo pensamento Alves (2002) que diz,... "ser necessário que compreendamos a escola como espaço-tempo de contraditórios processos, no qual se reproduz e transmite, mas também se criam conhecimentos de variadas espécies...", inclusive o de proporcionar experiências de situação reais.
A busca de novas estratégias para facilitar o aprendizado é nos curso de formação de professores de educação física um desafio. As temáticas ensinadas exigem que as aulas sejam práticas e vivenciadas, mesmo assim percebe-se que os alunos demonstram dificuldades em apreender a teoria e transferi-las para as situações práticas. Desta forma, as aulas ministradas atendem em parte as expectativas dos alunos. Assim, os professores procuram diversificar suas aulas com vivências, discussões e experiências reais para que de alguma forma sejam realmente significativas à formação dos acadêmicos. Entre os recursos disponibilizados está a utilização de aulas expositivas, aulas com projeções de slides em data show/ retro projetor, aulas teórico/práticas, seminários, atividades complementares como palestras, cursos, projetos que procuram estimular e incentivar o aluno a construir seus conhecimentos.
Considerando a relevância desta temática e com base nestas premissas, este trabalho teve como objetivo avaliar a partir do olhar do acadêmico como foi sua compreensão dos conhecimentos, quais dos recursos técnicos metodológicos são mais adequados para o ensino e que melhor facilita sua aprendizagem. O trabalho investigou ainda a capacidade dos alunos de saberem pesquisar e transferir o conhecimento adquirido.
MetodoA pesquisa
Foi realizada uma pesquisa empírica, de caráter descritivo. A maioria dos estudos que se realizam no campo da educação é de natureza descritiva, sendo que o foco essencial reside no desejo de conhecer a comunidade, seus valores, suas escolas, professores e outras características. (TRIVINOS, 1987). Entretanto do ponto de vista da forma de aproximar-se do problema, se classifica como pesquisa quantiqualitativa. De acordo com Gamboa (2002, p.51e99) [...] Os métodos quantitativo e qualitativo não são incompatíveis; pelo contrário, estão intimamente imbricados e, portanto, podem ser usados pelos pesquisadores sem caírem na contradição [...]. É possível admitir diferentes modalidades de trabalho e tolerar a coexistência de modelos e a conveniência de trabalhar com formas quantitativas e qualitativas como um modo de complementar e ampliar as informações para possibilitar melhor entendimento com base em pontos de vista diferente. Quanto aos objetivos, classifica-se como pesquisa do tipo exploratório, pois "permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema" (TRIVINOS, 1987, p. 109).
ParticipantesParticiparam deste trabalho 28 alunos do curso de formação de professores de educação física que freqüentam o quinto semestre no Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG - MT. Os alunos que compuseram a amostra foram convidados e voluntários. A faixa etária desses alunos varia entre 17 anos a 43 anos de idade, os entrevistados são do sexo masculino e feminino.
InstrumentoO instrumento de coleta de dados usado na presente pesquisa constituiu-se de um questionário contendo 05 (cinco) questões abertas e fechadas que exploraram a aprendizagem e compreensão dos conhecimentos construídos e a concepção que os acadêmicos possuem a respeito do uso de recursos técnicos metodológicos utilizados pelo professor como ferramentas facilitadoras da aprendizagem.
ProcedimentoNa elaboração do questionário, teve-se a preocupação de formular-se de forma clara e precisa, podendo ser respondidas sem dificuldades. Os questionários foram aplicados individualmente conforme disponibilidade dos acadêmicos em seu local de estudo. O anonimato dos respondentes foi preservado.
Análises dos resultadosA análise dos dados coletados através do questionário foi realizada da seguinte forma: a) as respostas provenientes de questões fechadas foram alisadas em função da freqüência de respostas. B) para as respostas provenientes de questões abertas foi realizado levantamento de categorias temáticas com base na análise de conteúdo Bardin (1977, p. 117), a qual define categorização como "... uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação, e seguidamente, por reagrupamento segundo gênero (analogia), com os critérios previamente definidos...".
De acordo com a autora [...] categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos "... sob um titulo genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos." (BARDIN, 1997, p. 117). Foram analisadas sob a perspectiva de conteúdo elegendo categorias recorrentes nas respostas.
ResultadosNeste capítulo serão tratados os resultados da presente pesquisa, a partir das respostas dos alunos sobre o próprio aprendizado e o uso dos recursos técnicos metodológicos utilizados pelo professor. Foram seis categorias questionadas, a saber:
1) A aquisição do conhecimento construído 2) Uso dos recursos técnicos metodológicos utilizado pelo professor que melhor facilitou o aprendizado 3)uso de seminários em grupos como técnica de estudo para o aprendizado 4) Uso de atividades complementares que contribui para a formação dos acadêmicos 5) Uso de pesquisa em sua prática profissional 6) Capacidade de transferência da aprendizagem para outras situações.
1. Você aprendeu os conhecimentos propostos nas atividadesDos alunos entrevistados 35,72 % responderam que aprenderam 80% do conhecimento ministrado pelo professor, já 53,34 % responderam que foi 70 % do conhecimento apreendido e 21,43% dos alunos entrevistados relataram que aprenderam menos de 70 %.
2. Quais dos recursos técnicos metodológicos utilizados pelo professor melhor facilitou a sua aprendizadoA aula prática como forma de aprendizagem contou com a preferência de 67,86 % dos acadêmicos entrevistados, porém as aulas expositivas também foram incluídas e preferidas por 32,15 % dos alunos, recursos tais como, data show e retro projetor também foram mencionados e contaram com a preferência de 28,58 % dos entrevistados e 21,43 % deles acharam que quaisquer destes recursos são bem vindos desde que devidamente utilizados.
3. Em sua opinião, seminário em grupos é uma técnica de estudo que facilita o aprendizadoDos alunos entrevistados 75 % responderam que somente assimilaram o conhecimento elaborado pelo próprio grupo e 50% relataram que o conhecimento trabalhado pelos outros grupos ficou superficial e somente 25% dos entrevistados responderam que assimilaram todos os conhecimentos trabalhados através do seminário. Dos acadêmicos que participaram do seminário 17,80 % responderam que não gostam da técnica de seminário como recurso pedagógico da forma aplicada. Foram feitos três tipos de sugestões para melhorar a aplicação desta técnica que serão comentadas nas considerações finais.
4. Em sua opinião, qual das atividades complementar contribuiu para a sua formação como futuro professorQuanto às atividades complementares, 25,03% dos alunos preferem projetos, e a mesma porcentagem também foi apontada por aqueles que acham todas as atividades válidas não tendo preferência por nenhuma delas, e 17,86 % dos alunos responderam que preferem as palestras, sendo que, apenas 7,15 % dos alunos preferem os cursos dentro da área como forma de atividades complementares. E dentre os entrevistados 25,03% preferiu não responder esta pergunta.
5. Você saberia pesquisar à respeito das temáticas estudadasDos alunos entrevistados 85,72% responderam que saberiam como e onde pesquisar (quais autores e conteúdos) e apenas 14,29% responderam que não saberiam quais autores procurar.
6. Você saberia utilizar os conhecimentos aprendidos para elaboração de aulasDos alunos entrevistados, 25% responderam que não tinham conhecimento suficiente para elaborar aulas mesmo pesquisando, porém 42,86 % dos alunos responderam que tinha esta capacidade, precisando melhor aprofundamento para elaboração de aulas, e 17,86% dos entrevistados responderam que tinham conhecimento suficiente e que saberiam utiliza-lo em outras situações e finalmente 14,29 % dos alunos entrevistados preferiram não responder esta pergunta.
Considerações finaisAs respostas emanadas dos sujeitos revelam que os conhecimentos foram em sua maior parte aprendidos da forma como foi facilitado seu aprendizado. A maioria das respostas encontra-se na faixa de 70% a 80% daqueles que admitem à assimilação do conhecimento. A preferência pelas aulas práticas demonstra uma das características do aluno, que valoriza mais as aulas práticas desprovidas de fundamentação teórica, que por sua vez dificulta a análise e reflexão na atuação profissional. Embora se constate um percentual menor de alunos que valorizam ambos as coisas desde que bem aplicadas, uma vez que valorizam o uso de vários recursos, tais como, multimídia, retro projetores e data show, este fato pressupõem que os alunos não gostam de aulas monótonas e buscam fazer atividades com muita ação, por outro lado, o professor precisa estar atento para a formação não ser a prática pela prática desprovido de fundamentação.
Em relação ao uso de seminários em grupos, é uma técnica muito usada no meio acadêmico tanto na graduação como em pós-graduação e trata-se de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate que estimula a aprendizagem e a pesquisa elementos importantes na construção do conhecimento. (LAKATOS, 2001).
É possível constatar nas respostas dos alunos entrevistados que a maioria admite que só aprende o conteúdo que o grupo vai expor e que os conteúdos expostos pelos colegas é assimilado de forma superficial. Somente uma minoria respondeu que assimilou o conteúdo de forma completa e há ainda aqueles que não gostam do conteúdo ministrado desta maneira.
Foram sugeridas pelos alunos adaptações na forma de ministrar o seminário em grupos, tais como, a) aplicar um questionário após a exposição de cada grupo para ser respondido na hora em sala de aula; b)todos os grupos estudar e preparar todo o conteúdo proposto e na hora ser sorteado pelo professor qual grupo que irá apresentar qual conteúdo; c) exigir que se estude todo o conteúdo dos outros grupos e dar valoração através de avaliações e questionários.
Percebe-se nestas respostas aspectos importantes no uso de seminários, através do fato revelado pelos alunos quando admitem não ter aprendido como deveriam o conhecimento trabalhado sugerindo desta forma, alternativas para o uso dos seminários no processo de ensino e aprendizagem, podemos ver assim a necessidade do professor organizar o seminário de acordo como sugere Lakatos (2001), primeiramente estuda-se o tema geral, tendo-se uma visão global a respeito da temática, depois cada grupo aprofunda a parte escolhida, assim todos possuem contato com todo o material.
No que se refere às investigações a respeito das atividades complementares houve uma preferência pelos projetos, pressupõe-se talvez pelo fato que projetos bem articulados efetivam tornando muito significativas a aprendizagem para os alunos, vinculando a construção de seu conhecimento com a realidade sócio-cultural e os problemas reais de sua profissão, sendo assim, prevê que os alunos se transformem em agentes sociais de sua aprendizagem, agindo em conjunto com outros colegas, na comunidade, auxilia o pensar e resolver problemas em situações reais. Embora a mesma porcentagem de alunos neste grupo tenham admitido que todas as atividades complementares são boas como instrumentos pedagógicos, há aqueles que ainda não vêm às atividades complementares como recursos de aprendizado e não valorizam sua aplicação.
Outro aspecto questionado refere-se quanto às recomendações bibliográfica básica e complementar utilizada na disciplina. Caso o acadêmico necessite sua utilização para pesquisa, estudo ou elaborar aulas se seria capaz de utilizar, a maioria dos alunos respondeu que saberia onde procurar demonstrando desta forma conhecer os livros recomendados. Porém quando fazem alusão, a saber, elaborar aulas a partir destas pesquisas muitos admitem que precisam de um maior aprofundamento no conhecimento trabalhado.
È muito difícil conceber uma avaliação de aprendizagem. Primeiro que não se deve pensar em avaliações apenas quantitativas da mesma, mas analisar até que ponto esta está modificando qualitativamente o desempenho dos alunos em termos de solucionar problemas. Tal observação vem ao encontro da necessidade de uma maior reflexão, pois se relaciona ao aproveitamento dos conhecimentos que não se exprime em palavras, mas que fica subentendido.
Finalmente, avaliar aprendizagem seja na visão do aluno ou do professor está longe de um consenso e assertividade, uma vez que a avaliação apresenta uma espécie de mosaico de conceitos e finalidades, por outro lado, qualquer iniciativa de se propor avaliar e refletir o ensino e aprendizagem sem dúvida desencadeia processos de leituras e reflexão o que promove amadurecimento aos envolvidos.
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Edições Lisboa, 1997.
GAMBOA, S. S. SANTOS FILHO, J.C. dos. Pesquisa Educacional: quantidade-qualidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002. (Coleção Questões da nossa Época; v. 42)
LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho Científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
ZEICHNER, K. Formando Professores reflexivos para uma educação centrada no aprendiz: possibilidades e contradições. In: ZACCUR, Edwiges (org). Professora-Pesquisadora: uma práxis em construção. Rio de janeiro, 2002 p. 25 - 54.
TRIVINÔS, A.N S. Introdução á Pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
revista
digital · Año 11 · N° 103 | Buenos Aires,
Diciembre 2006 |