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Efeitos da vibração transitória
no organismo dos atletas

   
*Profa. Dra. Departamento de Ed. Física, Laboratório de
Biomecânica CDS - Universidade Federal de Santa Catarina.
**Acadêmica Bolsista CNPq/PIBIC - Laboratório de
Biomecânica CDS - Universidade Federal de Santa Catarina.
(Brasil)
 
 
Saray Giovana dos Santos*
saray@cds.ufsc.br  
Tatiane Piucco**
tatianepiucco@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     Este estudo bibliográfico, realizado em um período de um ano, utilizou como referencial livros, artigos, material eletrônico, dissertações e teses e teve por objetivo apresentar os efeitos dos impactos (vibrações transitórias) no organismo de atletas, apontando formas de mensuração e limites de tolerância às vibrações. Com base no referencial levantado, considera-se que têm sido usadas diferentes metodologias para investigar o efeito dos impactos nos esportes, sendo que a maioria deles são considerados intensos, podendo causar lesões a curto, médio ou longo prazo. Estudos exploratórios propõem novas metodologias de medições e novos materiais para amenizar os efeitos das cargas repetitivas no organismo do atleta. Os critérios que determinam a tolerância do corpo humano aos impactos e às vibrações mostram que são necessárias mais investigações para que sejam elaboradas normas específicas para cada esporte, indicando variáveis como limites de tempo de exposição (tempo de prática por dia), número de repetições e intervalo para recuperação.
    Unitermos: Impacto. Lesões. Esportes.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 102 - Noviembre de 2006

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Introdução

    Muitos são os meios que podem levar o homem a se expor a vibrações mecânicas e que podem interferir no conforto, na performance da atividade realizada e, em alguns casos, na sua saúde e segurança (ISO 2631/1 1985). Com isso, o ser humano vem experimentando os efeitos das vibrações que são em alguns casos benéficos e necessários, mas em outros são desconfortáveis e deletérios.

    O controle das vibrações que afetam o homem é conseguido a partir do entendimento das causas e efeitos das forças então geradas (RAO & ASHLEY, 1976).

    A resposta de uma vibração pode se mostrar como uma combinação de várias funções harmônicas, cada uma com sua freqüência e amplitude. Se cada componente de freqüência é múltiplo inteiro de uma freqüência fundamental, a onda se repete após um determinado intervalo de tempo e é chamada de periódica. Se não há relação inteira entre os componentes de freqüência, não há periodicidade e a vibração é definida como complexa ou não-periódica. O impacto mecânico é uma excitação não-periódica, ou seja, tem a forma de pulso, caracterizando-se como um evento transitório e normalmente rápido (milissegundos).

    No corpo humano, quando ocorre uma determinada vibração que excita a freqüência natural do organismo, este entra em estado de ressonância e a amplitude da vibração aumenta, causando efeitos indesejáveis. Por isso existem normas (ISO 2631,1985; ISO 5349,1986; BS 6841,1987) que limitam o tempo de exposição do corpo humano às vibrações, relacionado ao tipo de excitação recebida.

    Deste modo, verifica-se a complexidade do estudo das vibrações, principalmente quando elas se relacionam aos seres humanos e mais ainda quanto são direcionadas a atletas de esportes cujos fundamentos exigem impactos, ou seja, são acometidos repetitivamente por vibrações transitórias.

    Assim, com o intuito de contribuir para melhor entendimento sobre o fenômeno impacto ou vibração transitória nos esportes, é que se realizou este estudo com o objetivo geral de apresentar os efeitos das repetitivas vibrações transitórias no organismo de atletas, e, mais especificamente abordar sobre as formas de medições e limites de tolerância às mesmas.

    Para isso, foi realizado um estudo do tipo bibliográfico, utilizando como fontes livros, artigos, material eletrônico, teses e dissertações.


Desenvolvimento

1. Vibração transitória e resposta do organismo

    Uma excitação é chamada de transitória ou livre quando ela começa e termina em um tempo relativamente curto (THOMSON, 1978) e pode durar por um tempo maior ou menor do que um ou vários períodos naturais de oscilação do sistema.

    De acordo com Griffin (1998), é difícil afirmar que tipo de dano ocorrerá e quais mecanismos estarão envolvidos no processo de excitação transitória. Mesmo assim, há mais de três décadas, Radin et al. (1998) consideram o carregamento impulsivo repetitivo no corpo humano uma possível causa de quebra de cartilagens e degeneração das articulações.

    Apesar do entendimento incompleto das causas e da natureza dos danos relacionados à prática de esportes, a crença de que a exposição repetitiva aos impactos pode induzir ao dano tem indicado um considerável interesse por parte de pesquisadores em biomecânica do esporte, como Gerberich et al (1987), Caster (1996), Zhang (1996), James (1996), Costa (1996), Orendurff (1997), Lockwood (1997), Mercer (1999), Santos (1993), Santos et al. (2005), entre outros.

     De maneira geral, qualquer tipo de impacto advindo dos esportes são eventos caracterizados pela ocorrência de forças com rápida desaceleração, isto é, forças impactantes, por exemplo, os impactos sofridos nos saltos de voleibol, nos arremessos com saltos no basquetebol, nas quedas do judô, entre outros.

    O grau de dano em eventos transitórios aumenta com o aumento da aceleração. Se o tempo de exposição ao impacto é curto, os limites de tolerância aumentam e se o tempo de exposição diminui até centésimos ou milésimos de um segundo, a resposta se torna mais e mais limitada e localizada no ponto de aplicação da força. A compressão elástica ou o dano causado dependerão da distribuição de carga sobre a área de aplicação, isto é, da pressão a qual o tecido estará submetido (HARRIS & CREDE, 1976).


2. Medição e limites de tolerância à vibração

    O transdutor mais utilizado atualmente para medir vibrações é o acelerômetro piezoelétrico. Esse transdutor é construído com cristal piezoelétrico que gera carga elétrica quando deformado dinamicamente, a partir das vibrações que lhe são impostas.

    De acordo com o manual de acelerômetros da Brüel & Kjaer, esse tipo de transdutor possui alta sensibilidade e freqüência de utilização muito ampla. É um equipamento robusto e suas características se mantêm estáveis por muito tempo, desde que não sofra choques acima do que tolera.

    Uma das vantagens do acelerômetro piezoelétrico é de ser autogerador, não necessitando de uma fonte de energia externa. Outra vantagem é a de não ter peças móveis que se desgastam. Seu sinal de saída, proporcional à aceleração que recebe na sua base, pode ser integrado de modo a fornecer sinais proporcionais à velocidade e/ou ao deslocamento.

    Existem vários tipos de acelerômetros, tais como aqueles com ampla faixa de uso, sendo de sensibilidade de 1 a 10 pC/ms-2, peso de 10 a 50 g e faixa de freqüência de 0 a 12000 Hz; os tipos miniatura, cuja sensibilidade varia de 0,05 a 0,3 pC/ ms-2, peso de 0,4 a 2 g e faixa de freqüência de 1 a 25000 Hz entre outros tipos que possibilitam medições triaxiais; acelerômetros utilizados para o controle permanente de máquinas industriais, para o controle de vibrações de superfícies com alta temperatura, para choques com altos níveis e uma nova geração de acelerômetros específicos para medições de vibração em humanos.

    Mesmo com todo a sofisticação da instrumentação utilizada para as medidas de vibrações e dos métodos utilizados para avaliar as magnitudes das vibrações, de acordo com Griffin (1990), ainda não está claro o intervalo de tempo no qual a exposição à essa se torna desconfortável, pois depende da gravidade de exposição e definições de limites de exposição baseados em dados de laboratórios e de campo, que vêm sendo desenvolvidos para aplicações específicas.

    A Norma ISO 2631/1 (1985) elaborada para a avaliação da exposição humana às vibrações do corpo inteiro, aplica-se, principalmente, para o caso de vibrações transmitidas para o corpo por meio de uma superfície de apoio.

    A ISO 5349 (1986) se refere à avaliação das vibrações mecânicas transmitidas aos membros superiores, que podem ser transmitidas para mãos, braços e ombros de operadores de ferramentas manuais.

    Os esportes de impacto, pertencente à classe de eventos vibratórios transitórios, não podem ser enquadrados na categoria de vibração do corpo inteiro (definida para corpos suportados em superfícies vibrantes), pois o Padrão Internacional 2631/1 (1985) está restrito a eventos de exposição à vibrações com duração maior que 1 minuto, o que não é o caso dos impactos esportivos.

    A Norma Britânica 6841 (1987), por sua vez, utiliza métodos que poderiam acessar movimentos transientes através do valor dose de vibração (GRIFFIN, 1990). No entanto, especificamente em impactos esportivos (saltos, aterrissagens, quedas), entendendo a duração do pulso como o tempo total de impacto, o único critério que se pode tomar como referência é o citado por Macaulay (1987) traduzido como sendo - Tolerância do corpo inteiro a vibrações.

    O referido critério foi criado mediante testes em militares voluntários e animais anestesiados, com algumas estimativas para acidentes de impactos, sendo também realizado para a pessoa sentada, com aceleração no sentido antero-posterior. Há uma tendência global de que, quanto menor a duração do impacto, maior é a aceleração que o organismo consegue suportar. Essa teoria aparece em três regiões de duração: de curta duração para tempos inferiores, em torno de 0,001 a 0,01 s; de longa duração para tempos maiores que 0,1 s e uma região intermediária. Cada região deste critério pode ser "plotada" em escala logarítmica e é possível verificar as linhas que apresentam a região de não ocorrência, ocorrência moderada e a ocorrência severa de lesão.

    De acordo com Duncan & Wegscheid (1985), para a avaliação da qualidade de um determinado evento vibratório, considerando seus efeitos no corpo humano, são definidas variáveis temporais, tais como pico de aceleração e pico da taxa de mudança da aceleração (pico da jerk) para caracterizar o evento.

    A taxa de mudança da aceleração fornece informações relacionadas com a severidade do movimento, considerando-se que os movimentos são suaves se os transientes de aceleração são mantidos em um mínimo (SCHNEIDER & ZERNICKE, 1989). Santos (2003) utilizou a jerk para apontar tatames menos desconfortáveis para os amortecimentos de quedas no judô.


3. Impacto nos esportes: estudos realizados

    Muitos pesquisadores têm apresentado os prejuízos causados aos desportistas, provenientes da repetitividade da prática e a somatória dos impactos ao organismo em função dessa repetitividade. Estes estudos vão desde os implementos utilizados em diferentes modalidades esportivas até as desordens músculo-esqueléticas acometidas pelo impacto, utilizando diferentes metodologias e instrumentos de medida. Vale enfatizar que eventos transitórios são investigados por muitos pesquisadores através das forças de reação do solo, através de plataforma de força, que mede três forças (Fx, Fy, e Fz) e três momentos de força (Mx, My e Mz) e permite o cálculo da posição do ponto de aplicação (Dx e Dy) da força resultante e o torque (Tz) ou momento livre aplicado em torno do eixo Z.

    Gerberich et al (1987), investigando atletas de voleibol, encontraram que a seqüência de salto e aterrissagem era responsável por 63% de todas as lesões, entre essas 61% na articulação do joelho. Aproximadamente 90% de todas as lesões sofridas pelos atletas foram concentradas nas extremidades baixas.

    Na ginástica aeróbica, em função do alto nível de impactos, Richie et al. (1985) encontraram lesões nas extremidades baixas de 76% dos instrutores e em 43% dos praticantes.

    Com relação à modalidade Judô, Serra (1993) comparou a força de reação do solo na projeção da técnica "Ippon-Seoi-Nague", entre judocas. A técnica foi executada sobre uma plataforma de força, e os resultados indicaram que houve diferença significativa na força de impulso vertical entre os judocas experientes e os judocas novatos na execução da técnica "Ippon-Seoi-Nague", sendo que os experientes apresentaram maiores magnitudes nas forças de reação.

    Caster (1996) realizou um estudo com o objetivo de avaliar as extremidades dos membros inferiores durante a finalização de uma aterrissagem e durante a preparação de um salto vertical subseqüente. Os resultados demonstraram que tanto nos grupos de atletas quanto não atletas, houve uma maior força de impacto no final da aterrissagem do que na preparação para o salto vertical. Ao se comparar o ângulo final da articulação para a performance do salto, os atletas apresentaram uma máxima extensão, enquanto que os não atletas apresentaram na articulação a influência da solicitação muscular usada na aterrissagem, opondo-se ao movimento otimizado para o desempenho do salto.

    Zhang (1996) investigou os mecanismos musculares e mecânicos das articulações do joelho e de tornozelo de atletas durante diferentes tipos de saltos em diferentes alturas, para explicar e justificar as causas de lesões nos joelhos. Os dados indicaram que a energia transportada via músculo biarticular da parte distal para a proximal durante a queda é devido à seqüência de mínimos segundos de forças dos músculos gastrocnêmio e reto-femural, daí a importância da preparação física visando o fortalecimento da musculatura mais solicitada para o movimento.

    James (1996) investigou os efeitos do uso excessivo das baixas extremidades propensas a lesões e a dificuldade da tarefa na variabilidade articular cinética. Os sujeitos saltavam sobre uma plataforma de força em três alturas, sendo 50, 100 e 200% do salto vertical máximo de cada sujeito. Ele concluiu que quanto maior é a dificuldade da tarefa (maiores alturas), maior propensão à variabilidade de forças nas articulações, ficando o sujeito exposto a lesões crônicas. Costa (1996) estudou as características de jogadores de basquetebol e o efeito biomecânico do calçado utilizado no basquetebol, ou seja, a absorção de impactos na aterrissagem após um salto bem como o movimento dos pés, utilizando para isso uma plataforma de força e acelerômetros. Os resultados mostraram que as lesões mais freqüentes foram torções no tornozelo afetando os ligamentos, e que, aumentando o suporte do tornozelo, o impacto na ponta do pé aumenta, além de limitar a amplitude do movimento de dorso-flexão do pé e flexão da perna.

    Wieczorek et al. (1997) realizaram um estudo da força de reação do solo (FRS) no movimento básico de step, utilizando duas plataformas de força, em duas alturas 20 e 30 cm e duas cadências musicais de 120 e 132 bpm (batidas por minuto). Os autores concluíram que não há diferenças estatisticamente significativas nos resultados da FRS em função das diferentes alturas e cadências testadas, mas a FRS na fase de descida foi estatisticamente maior do que na fase de subida no step. Concluíram também que o step apresenta valores médios semelhantes àqueles encontrados para o andar.

    Sidthilaw (1997) determinou as características cinéticas e cinemáticas de um chute no "Thai Boxing", utilizando um acelerômetro triaxial, colocado no cinto do atleta, e 3 câmeras operando com 120 quadros por segundo, para obter a velocidade angular do joelho, perna e pé projetado no plano horizontal. Na comparação dos chutes de diferentes alturas, a altura média gerou o maior pico de força e impulso, enquanto que na altura máxima ocorreu uma menor força e impulso. Os dados revelam que a força gerada por um chute no "Thai Boxing" pode facilmente causar prejuízos neurológicos, fraturas no crânio, nos ossos faciais e nas costelas.

    Lockwood (1997) descreveu os efeitos de repetidos impactos, tipo carga de treinamento, densidade mineral óssea e perfil biomecânico em skaters competitivos. Foi quantificada a força de impacto vertical absorvida pelo skater numa aterrissagem simples, salto duplo e triplo. Os resultados revelaram que as forças de impacto aumentam significativamente com adicional evolução e dificuldade da técnica; houve aumento na densidade mineral óssea no membro de aterrissagem de todos os skaters; o treinamento de impacto com carga induziu as respostas adaptativas no desenvolvimento do esqueleto.

    Mercer (1999) realizou um estudo com o objetivo de determinar o efeito da fadiga na atenuação do choque de impacto de corredores durante a corrida, pois o impacto do pé no chão resulta em uma desaceleração dos membros inferiores que é transmitida dos pés à cabeça através do corpo. Foram colocados acelerômetros na testa e na parte distal da tíbia em dois grupos de 10 sujeitos após os grupos terem realizado protocolos específicos para fatigar todo o corpo e apenas os quadríceps. Os resultados demonstraram que nos sujeitos mais fadigados a atenuação no choque aumentou na cabeça e reduziu nas pernas.

    Fantini & Menzel (2001) realizaram um estudo com o intuito de comparar a influência da experiência de atletas de diferentes modalidades esportivas nos impactos de aterrissagem de um salto, medidos numa plataforma de força. Os resultados demonstraram que 40% dos atletas profissionais e 50% dos atletas amadores e dos não atletas apresentaram um impacto médio acima de 5 vezes o peso corporal, apresentando elevado risco de lesões, o qual poderia ser minimizado através do uso da técnica adequada.

    Santos (2001) realizou um estudo no qual um dos objetivos foi o de analisar e comparar as características das forças de reação do solo em diferentes fases da execução do salto para o bloqueio no voleibol com atletas das categorias mirim e pré-mirim. Os atletas executavam o movimento do bloqueio sobre uma plataforma de força (AMTI) e os resultados demonstraram que os picos mais altos foram encontrados na fase de impacto na execução do salto para o bloqueio, cuja média para a categoria mirim foi de 3,4 vezes o peso corporal e na pré-mirim de 3,6 vezes.

    Panda (2001) verificou as influências dos tipos de passos do step training sobre a força de reação no solo, mediante a execução de dois diferentes passos em duas plataformas de força dispostas de forma que a plataforma superior teve a altura de 15 cm maior que a plataforma inferior. Os valores mais elevados no pico de força vertical ocorreram nos passos considerados como mais intenso (power avanço, power salto e power corrida) e na plataforma inferior, sendo 1,72 PC; 2,15 PC e 2,04 PC, respectivamente.

    Santos (2003) investigou as magnitudes de impacto medidos com acelerômetros em diferentes segmentos corporais no corpo do judoca ao serem projetados em diferentes tipos de tatames. Os judocas realizavam a técnica "Ippon-Seoi-Nage", sem o judogui e em ambiente laboratorial e, com o acelerômetro fixado no punho, quadril e tornozelo, obteve-se magnitudes médias respectivas de 260,56g; 12,08g e 284,16g, no eixo vertical. A autora concluiu que as magnitudes de impacto e seus respectivos tempos são dependentes do tipo de material utilizado, sendo que os mais densos se mostraram menos impactante e conseqüentemente os menos causadores de lesão.

    Sacco et al. (2004) investigaram sobre a influência de implementos para o tornozelo nas respostas biomecânicas do salto e aterrissagem no basquete. Eles concluíram que a bandagem potencializou a força direcionada ao salto vertical durante a impulsão, porém não estabilizou tanto quanto o Aircast os movimentos de inversão e eversão do pé. Durante a aterrissagem, os implementos não foram efetivos para reduzir a força médio lateral, mas com a bandagem, houve um tempo maior para absorção do impacto.

    Santos et al. (2005) investigaram as características de impacto nos membros inferiores (magnitude e número de repetições por treino) em atletas de voleibol realizando cortadas e bloqueios, associando-as com lesões (local e número) sofridas pelos mesmos. Não foi encontrada associação significativa entre magnitudes e local da lesão e entre magnitudes e número de lesões. Deste modo, o nível técnico da equipe amadora pode ter interferido nos resultados.


Considerações finais

    Com base nos objetivos propostos evidencia-se que as investigações sobre os impactos nos esportes têm sido tratadas com diferentes metodologias, sendo que a maioria delas tem demonstrado valores que são considerados altos e causadores de lesões quer seja a curto, médio ou longo prazo. Em outros casos, estudos exploratórios investigam o assunto, visando propor novas metodologias de mensurações, novos materiais para amenizar os efeitos das cargas repetitivas no organismo do atleta e novas metodologias de treinamento.

    Apesar de estarem sendo aplicadas novas tecnologias ao treinamento esportivo como implementos e planejamentos de treino seguindo os princípios científicos, isso não minimiza os efeitos das vibrações transitórias no corpo do atleta. Um critério específico para esportes com altos níveis de impactos possivelmente reduziria o número de atletas acometidos por lesões. Este fato aponta para a necessidade de investigações que gerem possibilidades de se elaborar uma norma que indique o limite de tempo de exposição (tempo de prática por dia), número de repetições do movimento específico e intervalo para recuperação do organismo do atleta, tais como apontam as normas supra citadas.

    Um fato interessante é que a grande maioria dos estudos apontados neste artigo se limita em investigar as magnitudes dos eventos de impacto, não se preocupando com a continuidade das pesquisas num sentido de apresentar os resultados das intervenções efetuadas, o que a literatura já afirmava.

    Por fim, vale ressaltar a importância da conscientização tanto do clube quanto, da comissão técnica e principalmente do atleta, quanto aos efeitos dos impactos transitórios quer seja a curto, médio e em longo prazo, pois em alguns casos, tipos de acometimentos advindos de impactos nos esportes chega a limitar o tempo útil de vida esportiva e até mesmo a própria vida, no caso, de ex-atleta.


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